COMUNICAÇÃO
MEDIAÇÃO CULTURAL: EXPANDINDO CONCEITOS ENTRE TERRITÓRIOS DE
ARTE&CULTURA
Grupo de Pesquisa em Mediação Cultural:contaminações e provocações estéticas.
Coordenação: Profa Dra Mirian Celeste Martins (Universidade Presbiteriana
Mackenzie)
Membros: Doutoranda Rita de Cássia Demarchi (Universidade Presbiteriana
Mackenzie); Doutorando Francione Oliveira Carvalho (Estácio Uniradial); Me. Maria Lucia
Bighetti Fioravanti (Pesquisadora CONDEPHAAT); Me. Ana Carmen F. Nogueira (Hórus
Ateliê de Artes e Arteterapia); Prof. Ariclaudio Francisco da Silva (Secretaria Municipal de
Educação-SME/SP); Me. Bruno Fischer Dimarch, Fundação Padre Anchieta); Prof. Daniela
de Souza Martins (SEE/SP);Me. Estela Pereira Batista Barbero (Centro Universitário Ítalo
Brasileiro de São Paulo);Me. Fabiano Ramos Torres (SEE/SP); Prof. Daniela de Souza
Martins (SEE/SP); Prof. Gisa Picosque (Rizoma Cultural); Me. Jorge Wilson da Conceição
(SEE/SP); Prof. Lívia Regina Costa Serrano (SEE/SP); Prof. Maria José Falcão (Faculdade
Integração Tietê); Me. Maristela Sanches Rodrigues (Rede particular de ensino); Me. Pio de
Sousa Santana (SEE/SP e Universidade Santa Cecília); Doutoranda Sílvia Regina Gregoris
(Universidade Presbiteriana Mackenzie); Me. Solange Utuari (Universidade Cruzeiro do
Sul).
Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
RESUMO
No contexto da contemporaneidade, como pensar sobre a ação mediadora cultural nos museus, nas
escolas, nas ONGs e em diferentes espaços sociais? Como pensar a acessibilidade cultural junto a públicos com
repertórios, interesses e necessidades diversas? São estas as questões que tem instigado as nossas reflexões e
estudos no grupo de pesquisa que estuda a mediação cultural como provocação e contaminação estética,
coordenado por Mirian Celeste Martins no Programa de Pós-graduação Educação na Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Neste trabalho, apresentamos uma cartografia da mediação cultural inserida no conceito de rizoma
(DELEUZE e GUATARI, 1995) e de territórios de arte&cultura (MARTINS e PICOSQUE, 2010). O objetivo é
expandir o conceito de mediação cultural na contemporaneidade, mapear seus múltiplos olhares, além de
focalizar a ação mediadora e suas potencialidades. As questões em cada território abrem fendas para estudos e
pesquisas e podem ser ampliadas, como ondas que se multiplicam e interconectam entre territórios. Assim, os
territórios formam uma grande cartografia que desvela por si mesma o modo como para eles olhamos e o nosso
desejo de continuar a pensar sobre a mediação cultural com os parceiros do CONFAEB.
PALAVRAS-CHAVES: mediação cultural; rizoma; territórios de arte&cultura.
Mediação cultural: expandindo conceitos entre territórios de arte&cultura
Yanagi. Wandering Position – Alcatraz, 19971.
O caminho de uma formiga foi pacientemente registrado por Yukinori Yanagi2, na 23ª
Bienal Internacional de São Paulo em 1996. Aquela anônima formiga buscava incessantemente a
saída, muito mais atenta às margens do que ao centro. Reconhecia o limite e presumia que perto
dele a saída estaria aberta?
Como pesquisadores, somos todos como as formigas de Yanagi. Rodeamos os limites
com persistência, mas muitas vezes nos perdemos no centro de algo que é muito maior do que
nossa possibilidade de horizonte. Circundamos os limites, mas é sempre difícil encontrar a
distância para uma perspectiva mais geral. Enredamo-nos nas malhas das amarras pessoais,
misturados e melados com o objeto de conhecimento que tentamos desvelar. Enredamo-nos
também nas amarras teóricas que, se por um lado iluminam o que podemos ver de nosso objeto,
por outro nos confrontam com o que ainda não sabemos, com ângulos inusitados, o que às vezes
nos causa vertigens conceituais.
Como pesquisadores, vamos atrás de nosso próprio desenho, vislumbrando em alguns
momentos com mais clareza e em alguns com absoluta perdição, os trajetos teóricos e práticos
percorridos. E, por mais que a pergunta seja clara e objetiva, novas e ambíguas questões nos
empurram para outras dimensões.
Em minha trilha de pesquisadora/educadora de arte, quando a clareza da pergunta se
coloca, percebo que há outra anterior, mais funda, mais escura, mais intocada. A transparência
possível pela tranqüilidade da descoberta, depois de tanta procura nas águas turvas, parece deixar
mais claro a profundidade de algo que ainda precisa ser revelado.
(MARTINS, 1998, p. 2)
Como pesquisadores somos formigas trilhando campos desconhecidos. Como grupo,
somos um coletivo à procura de aprofundar nossos estudos e perceber o que há debaixo das
águas ainda turvas. Foi o desejo de compartilhar trilhas que fez nascer o grupo formado por
educadores atuantes em diversos níveis e contextos, cujas formações e interesses perpassam a
área de arte. A primeira fase de nossos estudos se iniciou em 2003 no Instituto de
Artes/UNESP, reunindo alunos e ex-alunos da pós-graduação e se estendeu até 2007 no
Grupo de Pesquisa Mediação: arte/cultura/público. Foram publicados dois livros, artigos,
conceituados alguns termos como curadoria educativa e objetos propositores, além de outros,
houve a participação em congressos nacionais e internacionais, além da organização de um
Seminário no SESC Pinheiros (2007). A partir de 2008, o grupo foi alocado junto ao
Programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Alguns integrantes da primeira fase permaneceram e outros
educadores se juntaram à nova configuração: Grupo de Pesquisa em Mediação Cultural:
provocações e contaminações estéticas.
Na primeira fase, as diversas investigações e propostas tiveram como pressuposto a
compreensão de que a mediação é um processo que extrapola a ideia de “ponte que une dois
pontos”. Consideramos a mediação como um rico processo, como um espaço onde o
mediador (educador, professor), o fruidor e a obra de arte, dialogam e criam uma fecunda rede
de relações, um “estar entre muitos” que:
Implica em uma ação fundamentada e que se aperfeiçoa na consciente percepção da
atuação do mediador que está entre muitos: as obras e as conexões com as outras obras
apresentadas, o museu ou a instituição cultural, o artista, o curador, o museógrafo, o desenho
museográfico da exposição e os textos de parede que acolhem ou afastam, a mídia e o
mercado de arte que valorizam certas obras e descartam outras, o historiador e o crítico que a
interpretam e a contextualizam, os materiais educativos e os mediadores (monitores ou
professores) que privilegiam obras em suas curadorias educativas, a qualidade das
reproduções fotográficas que mostramos, o patrimônio cultural de nossa comunidade, a
expectativa da escola e dos demais professores, além de todos os que estão conosco como
fruidores, assim como nós mediadores, também repletos de outros dentro de nós, como vozes
internas que fazem parte de nosso repertório pessoal e cultural. (Grupo de Pesquisa em
Mediação: arte/cultura/público, 2005, p. 54-55).
Em sua segunda etapa, o grupo prossegue com as investigações acerca da mediação e
seus processos, porém, a mudança do nome para Grupo de Pesquisa em Mediação Cultural:
provocações e contaminações estéticas testemunha outra configuração conceitual, marcada
tanto pelo acréscimo do termo “cultural” à mediação, quanto pela expansão e ampliação das
fronteiras e redirecionamentos do estudo das relações entre arte, cultura e público, seja nas
instituições culturais ou educacionais. Neste novo grupo, os estudos já realizados se
encaminham para proposições: provocações e contaminações estéticas.
Uma pesquisa nos reuniu para pensar os Cadernos de Alunos da proposta curricular do
Estado de São Paulo como instrumento de mediação. A pesquisa já apresentada em outros
congressos gerou grandes discussões e análises da potencialidade da arte e das imagens,
especialmente com relação à arte contemporânea. Na continuidade de suas ações traçamos
aqui uma cartografia, sempre mutante, levantando territórios e problematizações para seguir
estudando e pesquisando. A cartografia da mediação cultural, inserida nos conceitos de
rizoma (DELEUZE e GUATARI, 1995) e de territórios de arte&cultura (MARTINS e
PICOSQUE, 2010) expande um modo de pensar mediação cultural. A partir da operação
destes conceitos, levantamos questões para prosseguir nossos estudos. Compartilhar este
momento da pesquisa abre espaço para trocar inquietações na busca por mapear seus
múltiplos olhares e seus estudiosos, além de focalizar a ação mediadora e suas potencialidades
na formação de professores a partir de nossas próprias vivências e pesquisas individuais,
possibilitando aproximações e diálogos com os diversos âmbitos da cultura e experiências que
nos marcam e ressoam ao longo da vida.
Minha primeira lembrança de um museu é a de um palazzo veneziano, aonde minha avó
me levou para um passeio quando eu tinha cinco anos. Lembro dos grandes salões e dos tetos
altos, da luz de um tom dourado de cinza que iluminava a poeira das salas e de uma impressão
esmagadora de estar em uma casa habitada por ogros gigantes. Mas lembro também de uma
pintura grande, uma cena de batalha, com homens pequeninos fervilhando como formigas no navio
em um mar verde-escuro, e das linhas entrecruzadas dos ramos. E lembro dessa pintura em
detalhes vívidos, como parte de uma história de aventuras extraordinária cujo começo eu não
ouvira e cujo fim iria perder. O castelo dos ogros era um lugar que visitava com minha avó, e com
pequenos bandos de turistas nos seguindo de sala em sala. A pintura era minha, uma batalha que,
daquele dia em diante, vi repetidamente em meus sonhos e a que só eu tinha acesso.
(MANGUEL, 2000, p.159-160)
As imagens retidas na memória do pequeno Alberto na visita realizada com sua avó, o
fizeram escrever Uma história da leitura (1997) e Lendo imagens?(2001). Talvez seja
impossível responder a estas questões, contudo ponderamos sobre a importância da dimensão
cultural e dos mediadores que nos impelem a adentrar neste campo rico e complexo.
Neste artigo, nossa provocação é um convite para caminhar por uma possível
cartografia tendo como estopim as ideias de Deleuze e Guattari. Elas configuram uma
alternativa que permite a expansão do pensamento e a reflexão sobre nossa área de estudos
inserida no contexto da contemporaneidade.
1. De cartografias e rizomas
O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de
receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de
qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. Pode-se
desenhá-lo numa parede, concebê-lo como obra de arte, construí-lo como uma ação política ou
como uma meditação.
(DELEUZE E GUATTARI, 1995, p. 22)
Contribuindo para a conexão entre campos, com múltiplas entradas, um mapa é uma
performance. Em sua mutabilidade, marca trajetos, linhas de força, potencialidades. Seu
pensamento se faz como rizoma. Assim como a ação das formigas na obra de Yanagi que
resultam em um itinerário imbricado, um mapa, onde o caminhar é crucial.
Da botânica vem o termo, pois rizoma é um tipo de caule que, mergulhando no solo e
voltando à superfície, se espalha em diversas direções. Por opor-se à noção estrutural de
árvore, verticalizada, bifurcada que se reflete em um pensamento arborescente – no tronco da
“árvore do saber”, Deleuze e Guattari (1995) em Mil platôs o tomam emprestado. Silvio Gallo
(s/d, p. 8 e 9) sintetiza os seis princípios básicos deste paradigma rizomático:
a. Princípio de conexão: qualquer ponto de um rizoma pode ser/estar conectado a qualquer outro;
no paradigma arbóreo, as relações entre pontos precisam ser sempre midiatizadas obedecendo a
uma determinada hierarquia e seguindo uma “ordem intrínseca”.
b. Princípio de heterogeneidade: dado que qualquer conexão é possível, o rizoma rege-se pela
heterogeneidade; enquanto que, na árvore, a hierarquia das relações leva a uma homogeneização
das mesmas, no rizoma isso não acontece.
c. Princípio de multiplicidade: o rizoma é sempre multiplicidade que não pode ser reduzida à
unidade; uma árvore é uma multiplicidade de elementos que pode ser “reduzida” ao ser completo e
único árvore. O mesmo não acontece com o rizoma, que não possui uma unidade que sirva de pivô
para uma objetivação/subjetivação: o rizoma não é sujeito nem objeto, mas múltiplo. “As
multiplicidades são rizomáticas, e denunciam as pseudo-multiplicidades arborescentes”
d. Princípio de ruptura a-significante: o rizoma não pressupõe qualquer processo de significação,
de hierarquização. Embora seja estratificado por linhas, sendo, assim, territorializado, organizado
etc., está sempre sujeito às linhas de fuga que apontam para novas e insuspeitas direções. Embora
constitua-se num mapa, como veremos a seguir, o rizoma é sempre um rascunho, um devir, uma
cartografia a ser traçada sempre e novamente, a cada instante.
e. Princípio de cartografia: o rizoma pode ser mapeado, cartografado e tal cartografia nos mostra
que ele possui entradas múltiplas; isto é, o rizoma pode ser acessado de infinitos pontos, podendo
daí remeter a quaisquer outros em seu território. O paradigma arborescente remete ao mesmo
porque “toda a lógica da árvore é uma lógica da cópia, da reprodução”. O rizoma, porém,
enquanto mapa possui sempre regiões insuspeitas, uma riqueza geográfica pautada numa lógica do
devir, da exploração, da descoberta de novas facetas.
f. Princípio de decalcomania: os mapas podem, no entanto, ser copiados, reproduzidos; colocar
uma cópia sobre o mapa nem sempre garante, porém, uma sobreposição perfeita. O inverso é a
novidade: colocar o mapa sobre as cópias, os rizomas sobre as árvores, possibilitando o
surgimento de novos territórios, novas multiplicidades.
Pensando rizomaticamente produzimos cartografias. Nelas, territórios são como
direções, mais do que pontos ou espaços rigidamente estabelecidos. Como mapas conectáveis,
podem decalcar árvores-territórios, fazendo nascer novos territórios. Assim, “operar com o
campo da arte&cultura fazendo rizoma é criar um modo aberto de ligação entre os diferentes
conteúdos, num sistema acêntrico, não hierárquico, com infinitas possibilidades de transitar
entre eles, sem nenhum vestígio de hierarquia”, dizem Martins e Picosque (2010, p. 191). A
proposta cartográfica de territórios vem sendo traçada e desdobrada por elas desde 2004,
ganhando performances diversas3, assim como a partir de 1990 Yanagi têm desdobrado vários
projetos, inclusive com a participação na 8ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre em 2011.
Yanagi Yukinori. Eurasia 2001. 2000/2001. Formigas, areia colorida, caixas, tubos e canos de plástico. 25 x 36,5 x 91 cm (cada
peça).
Inserida neste pensamento, desdobra-se uma cartografia da mediação cultural e seus
territórios.
2. De territórios e vetores da mediação cultural
Os territórios da mediação cultural podem ser compreendidos como campos difusos,
de fronteiras e bordas evanescentes, requerendo do público, do artista, do crítico, do
mediador, a imersão em territórios não mais estritamente relacionados às velhas categorias
que até então serviram de norte para uma orientação no e do pensamento sobre as artes e a
cultura. Ocorre que o esvanecimento do objeto artístico, bem como das categorias utilizadas
para a classificação das obras, conduzem a uma consequente desorientação do pensamento e
convocam artistas, mediadores e público a uma atitude frente ao fluxo do presente: é
necessária, para se transitar nesse território, a invenção de novas categorias, a cada vez.
A sociedade contemporânea opera na construção/invenção de mundos estruturados
multisensorialmente: dos objetos cotidianos, passando pela propaganda e pelo marketing,
pelas formas de vida, pelas relações interpessoais e até mesmo pela organização do trabalho.
Observa-se um fenômeno de estetização da vida cotidiana. Trata-se da heterogeneidade de
estilos de vida, do baralhamento entre o real e a ficção, do simulacro, da aparência, do fluxo
de informações e imagens volatilizadas, inconstâncias das fronteiras entre aquilo que pode ser
considerado arte e não-arte, tal qual Duchamp preconizou. Esse processo de generalização
estética da vida e do mundo transforma o mundo num museu aberto e contínuo, tornando
obsoleta a maneira de se operar apenas a partir de cânones previamente estabelecidos e fixos.
Uma obra de arte envolve muito mais do que sua materialidade, incorporando
elementos, atitudes e procedimentos de outros territórios e campos de significação, como a
Antropologia, a Filosofia, a Psicanálise, os Estudos culturais e etc. Por outro lado, abrem-se
fendas para novos conceitos como os de desmaterialização, esvaziamento, evanescência e
fluidez - conceitos presentes, por exemplo, nas dez últimas Bienais, seja em Veneza ou São
Paulo.
A ação do mediador cultural, nos territórios da mediação cultural, se refere a um
trabalho de contaminar e provocar, na escola ou no museu, o público ingênuo, principiante,
aprendiz ou especialista. Franz (2003) aponta que para o publico ingênuo não existe
conhecimento prévio da arte, prevalecendo concepções intuitivas e místicas sem criar relações
entre seu cotidiano e o que aprende na escola ou espaços culturais. O principiante, por sua
vez, mistura suas crenças intuitivas com os conhecimentos adquiridos, e tem dificuldade de
fazer conexões entre o que sabe e a obra de arte. O aprendiz possui algum conhecimento e
ideias sobre arte e usa do seu conhecimento e intuição para ler a imagem. O público
especialista possui um alto grau de conhecimento prévio sobre arte e a obra analisada e utiliza
de seu conhecimento para construir, discutir e reconstruir seu conhecimento.
A ação mediadora, como nós a entendemos, pretende contaminar e provocar os
diferentes públicos, tornando-o capaz de passar ao ato de executar a obra em si mesmo, como
nos fala Pareyson (1989). Ação mediadora que convoca a atitude necessária à compreensão
dos diversos elementos da cultura e da arte na contemporaneidade, passando pela estética do
cotidiano, o design de objetos, móveis e embalagens, pela diversidade de narrativas,
linguagens, pela multiplicidade de cores, matizes, tonalidades, traçados que hoje envolve a
vida de todos. Trata-se de um saber transitar, articular e produzir pensamento sobre e através
dos signos da cultura. É necessário, cada vez mais, um trabalho de mediação que ative as
sensibilidades disseminadas na pele da vida.
“Problematizando, fazendo perguntas sobre nossas práticas, podemos abrir uma fenda
para romper com a lógica do reconhecimento daquilo que já sabemos, nos movendo a um
processo de cognição impulsionador da construção de outros modos de fazer-se professor”,
dizem Martins e Picosque (2010, p. 186). Os conceitos de rizoma, cartografia, multiplicidade
de Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995, 1992), ideias como fenda, aprendizagem inventiva,
desaprendizagem trazidas por Kastrup (2007), artista e mediador propositor são alguns dos
conceitos que podem ser úteis ao trabalho da mediação cultural, convidando-nos a pensar os
novos territórios e vetores que hoje se fazem necessários conhecer.
Se os territórios não são hierarquizados, então não se pode falar de um território
central que servisse como referência aos outros territórios. Por serem rizomáticos, os
territórios são fugidios, múltiplos, fazendo sempre referência a outros territórios. O fluxo
entre os territórios se realiza por meio dos vetores que podem ser compreendidos como linhas
de atravessamento e contaminação na medida em que não são posições fixas, mas movimento,
processo: cada território é atravessado por uma multiplicidade de vetores.
Em nossos estudos, na movediça construção rizomática de territórios de arte e cultura,
percebemos cada vez com mais clareza estes vetores, tais como os tubos que conectam as
bandeiras de Yanagi. O diálogo, a conversação, a problematização, a experiência estética, a
contaminação e a provocação são compreendidos aqui como vetores porque não se deixam
capturar por um território específico, não sendo propriedade de nenhum deles. Assim,
podemos falar de vetor dialógico, de conversação, vetor de contaminação, vetor de
provocação, vetor da experiência estética, vetor da nutrição estética, e..., e,.., e... Isso
significa que, como vetores, cada uma dessas atitudes e procedimentos, estão em movimento
constante, seguindo direção e sentido variados, entrecruzando-se. Pode-se mesmo concebê-los
como forças interterritorias. Ao atingir um território, um vetor traz consigo impregnações de
outros territórios, contaminando-o. Essa contaminação possibilita o início de uma experiência,
compreendida como aquilo que possibilita uma transformação, uma mudança de orientação e
sentido.
São os vetores que forçam a entrada num território, são eles que abrem fendas,
rasgam, invadem, contaminam, atravessam um território, desestabilizam suas configurações,
forçam cada território ao exercício permanente de invenção e reelaboração, num processo de
autoconstrução. Neste sentido, pode-se mesmo falar em processos de territorialização e de
desterritorialização, ou seja, processos por meio doa quais os territórios são construídos.
Nessa dinâmica, o papel dos vetores é estratégico: cada questionamento, cada provocação,
forçam o pensamento a um exercício de pensamento sobre si mesmo, de tal modo que cada
território se volta para si num exercício de reflexão. Porém, como cada território pode ser
compreendido como território contaminado por outro, cada território, no exercício de reflexão
encontra em si ecos de outros territórios. Os vetores são moduladores do pensamento
territorial. Um modulador é um dispositivo que intervém na dinâmica dos territórios. Assim,
intervindo num território qualquer, os vetores o fazem variar, diferir de si mesmo,
promovendo estranhamentos, deslocamentos, mudança.
Assim, ao concebermos a mediação cultural enquanto produtora de fendas de acesso
estamos concebendo que ela também é inseparável de uma dinâmica dos vetores: cada
pergunta, cada nova referência, cada nutrição estética, o dissenso e o conflito no interior de
um território e entre os territórios; cada tentativa de entendimento através da conversação
confere movimento aos territórios.
O movimento interno em cada território e os vetores que os atravessam os tornam
territórios vibráteis. Não há estabilidade no território pois o movimento em seu interior, as
fronteiras líquidas entre eles e a agitação dos vetores transforma cada território numa usina de
produção. Não mais mero teatro da representação, mas usina de pensamento, desejo,
invenção, conexões, forças que se chocam, dão nascimento ao novo, a leituras e releituras
inusitadas, desterritorialização no movimento de saída de um a outro território. Evidente que
aqui não se trata de um sistema fechado: sim, os vetores abrem fendas. Mas se o sistema é
aberto, então onde são abertas essas fendas de acesso? Elas são abertas, a todo momento, onde
quer que exista a ameaça de estabilidade, rigidez, burocratização, estagnação – como por
exemplo, toda vez que um currículo escolar se pretenda estático, portador de verdades,
fechado, acabado, finalizado.
Os vetores funcionam, ao mesmo tempo como arranjadores e desarticuladores de
territórios. Articulam novas possibilidades, estabelecem novas formas, arranjos que pode ser
compreendidos como uma verdadeira ruptura com um território estabelecido para a invenção
de outros.
3. Mediação cultural: territórios e vetores cartografando-se
O verbo do título pode parecer estranho, mas ele afirma a processualidade que
vivemos em nossos estudos e que hoje, neste texto, tornam-se mais visíveis. Retomando
estudos já realizados, dialogamos a partir dos artigos publicados pelo grupo como Mediação:
Provocações Estéticas (2005) e Mediando [con]tatos com arte e cultura (2007), e também
por Mirian Celeste e Gisa Picosque (2008 e 2010) e por Ana Mae Barbosa e Rejane Coutinho
(2009) entre outras publicações e dissertações, algumas das quais apontadas nas referências
bibliográficas. Nossos estudos se concretizam por meio de textos vão abrindo fendas em
nossos próprios modos de pensar em territórios e vetores e geram em nós problematizações:
De quais territórios e vetores falamos nós quando concebemos a mediação cultural? A
sua composição pode oferecer diferentes paisagens e direções para seu estudo? Quais
articulações e conexões são possíveis entre os saberes e campos de estudo?
Assim, nasceu uma cartografia com seus territórios e vetores que se conectam e se
articulam.
Embora para alguns a princípio possa parecer, não se trata de uma fragmentação, pois
todos os territórios e vetores fazem parte de um todo. Se concordamos com Gibson (1974, p.
300) para quem “não aprendemos a ter percepções, mas a diferenciá-las”, os territórios
apontam diferenças, muitas vezes sutis, como campos difusos, de fronteiras e bordas
evanescentes.
Neste movimento de estudo, no momento em que apresentamos esta comunicação,
levantamos questões que nos inquietam em cada território. Estão em ordem alfabética, pois
não há hierarquia, pode-se entrar por qualquer um deles... Em cada um, questões nos
inquietam:
 Ação mediadora
Como operacionalizar proposições de mediação junto aos diferentes grupos?
Como compreendê-los em seus diversos contextos para aflorar a percepção, a
sensibilidade e a inventividade diante dos fenômenos da arte e da cultura?
 Acesso cultural
Como dar acesso à arte e cultura para todos? Como os espaços culturais e a
cidade precisam ser preparados para este acesso irrestrito? No caso de portadores de
necessidades especiais, quais devem ser os cuiddaos?
 Cultura visual
Enxergamos aquilo que queremos ver ou o que nos fazem enxergar? Como
elaborar uma proposta educativa de cultura visual, seleção de imagens e experiências,
que ajude a contextualizar o que enxergamos e a desenvolver um pensamento crítico?
 Curadoria Educativa
Que obras/músicas/danças/peças de teatro escolhemos para trabalhar com os
nossos alunos? Por que escolhermos e de onde vêm essas imagens estáticas ou em
movimento? O que desvelam de nossas próprias maneiras de viver arte e cultura? Qual
espaço de escolha é dado aos aprendizes?
 Espaços culturais na escola
Existem espaços expositivos nas escolas? Como é feita a curadoria, a escolha do
professor? Existem auditórios nas escolas? Como são utilizados? Há análises da
reação dos alunos e suas relações neste espaço? O espaço espelha os instrumentos e
aparatos das instituições culturais (legendas, cartazes da exposição, livro de registro
das presenças, convites, etc)?
 Formação docente
A dimensão cultural está presente na formação inicial e contínua dos
professores? Como ser da cultura o professor freqüenta espaços culturais? Sua
formação possibilita a compreensão e trânsito entre as manifestações artísticas, para
que se perceba como um mediador cultural?
 Interculturalidade: a mediação expandida
Como pensar uma mediação intercultural que vai além de transformar a cultura e
a arte dos diversos povos em mera curiosidade, sem cair num discurso ideológico e
maniqueísta sobre as diversas práticas culturais?
 Leitura de imagem: metodologias
Quais relações se podem estabelecer entre as várias metodologias que focalizam
leitura de obras - entre elas a de Ott (1997) e Feldman (1970)? Que questões
provocadoras nos ajudam a ampliar a potencialidade de mediações culturais?
 Leitura de imagens: camadas interpretativas
Qual o espaço para a percepção das várias camadas interpretativas de uma
imagem ou obra de arte? Como em uma mediação podemos ampliar a percepção
destas camadas? Trazendo vozes de vários leitores, especialistas, historiadores,
críticos, educadores e outros aprendizes?
 Mediação cultural nos museus e instituições culturais
Qual o papel do museu na formação cultural? Como os setores educativos têm
lidado com a mediação cultural nos museus e instituições culturais Como o museu
pensa contexto, interatividade e agência em seus discursos e ações, articulando entre a
curadoria, a museografia, a ação educativa e seus educadores-mediadores?
 Movimento estético do espectador
Como conhecer os movimentos estéticos do espectador? Como os estudos de
Parsons (1992), Housen (1983) e Rossi (2003) e Franz (2003) podem ampliar nossa
compreensão daqueles que conosco vivem uma mediação cultural?
 Objetos propositores
De que modo a criação de objetos e jogos podem se tornar propositores
provocando encontros com a arte e a cultura? Quais as qualidades necessárias de um
material educativo para que seja um efetivo instrumento de mediação cultural?
 Patrimônio Cultural
Quando vamos a uma exposição ou espaço cultural vemos apenas as obras, as
apresentações ou também percebemos o lugar onde estão expostas? Nossos alunos
sabem o que é patrimônio cultural material e imaterial e o valorizam? Como percebem
o seu entorno em relação à arte e cultura?
 Políticas, produção e práticas culturais
De que maneira as atuais políticas públicas favorecem a produção e as práticas
culturais? Quais os espaços de reflexão sobre elas? As políticas favorecem a
participação de todos nos diferentes eventos de produção cultural, possibilitando todos
os tipos de manifestações artísticas e culturais? Como estas questões se interligam à
mediação cultural?
 Tecnologias interativas
Como transitar e tirar partido dos meios digitais e dos ambientes virtuais, a fim
de viabilizar conexões com a arte e a cultura de uma maneira ampla? Como podem as
tecnologias interativas mediar processos de aproximação com a arte e a cultura? É
possível utilizar as visitas virtuais a museus e sua mediação na escola? Como?
 Recepção
Temos percebido como se dá a recepção às obras de arte, aos espetáculos de
teatro e de dança, aos concertos, às mídias? Há estudos que podem nos ajudar neste
olhar? Que pesquisas podem ser feitas nesta área para compreender processos de
mediação cultural em diferentes públicos?
 Silêncios
Qual espaço de silêncio é oferecido aos interlocutores frente à arte e à cultura?
Como um “bloco de sensações”, a arte precisa de mediação cultural?
 Zarpando
Que outras tantas perguntas animam nossa inquietação sobre mediação cultural?
Que outros territórios poderiam ser inventados como ilhas vibráteis e interconectadas
de aprofundamento?
As questões em cada território abrem fendas para estudos e pesquisas e podem ser
muito ampliadas, como ondas que se multiplicam e interconectam entre territórios. Assim, os
territórios formam uma grande cartografia, ainda não tornada visível por formas e cores, mas
desenhada em nossa imaginação. Eles também possibilitam múltiplos olhares.
Acesso cultural; Cultura visual; Curadoria Educativa; Espaços expositivos na escola;
Formação docente; Leitura de imagem: metodologias; Leitura de imagens: camadas
interpretativas; Mediação cultural nos museus e instituições culturais; Movimento estético do
espectador; Objetos propositores; Patrimônio Cultural; Políticas, Produção e Práticas
culturais; Recepção estética; Silêncios; Tecnologias interativas; e o Zarpando para outras
linhas de fuga...
Terrritórios vibráteis transpassados pelas fendas de vetores: vetor dialógico, de
conversação, vetor de contaminação, vetor de provocação, vetor da experiência estética, vetor
da nutrição estética, e..., e,.., e... em ativação cultural expandindo a potência da arte.
A cartografia aqui exposta, sempre em movimentação em nossos estudos, desvela por
si mesma o modo como para eles olhamos, ou melhor, como agimos frente à mediação
cultural: são contaminações e provocações estéticas para continuar a pensar sobre a mediação
cultural.
4. Provocações para mergulhos em novos estudos e pesquisas
A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo „ser‟, mas
o rizoma tem como tecido a conjunção „e... e.... e...‟ Há nesta conjunção força suficiente para
sacudir e desenraizar o verbo ser. Para onde você vai? De onde você vem? Aonde quer chegar?
São questões inúteis. [...] Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma
para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as
carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duas margens e adquire velocidade no
meio.
(DELEUZE E GUATTARI, 1995, p. 37).
O mediador cultural provoca escolhas, ajuda a escolher, a elaborar interpretantes, a
expandir análises, sem esquecer que arte é um “bloco de sensações, isto é, um composto de
perceptos e afectos”, como afirmam Deleuze e Guattari (1992, p.213). Como tal, é preciso
oferecer o tempo da experiência. Um tempo de silêncio, de escuta do outro, de imersão, de
realizar a obra em si mesmo. Longe de serem práticas homogêneas, a mediação cultural
aparece como prática intersemiótica dependente de seus contextos, mas também os
esgarçando.
Como professores/educadores/mediadores, e também como cidadãos e cidadãs, é
importante que analisemos em nossas próprias formações e histórias de vida, como nossa rede
cultural foi e é tecida ao longo de nossa existência, pois nossas experiências dizem muito
sobre quem somos e como agimos no mundo.
Afinal, acreditamos como Deleuze (1992b, p. 156) que:
O essencial são os intercessores. A criação são os intercessores. Sem eles não há obra.
Podem ser pessoas – para um filósofo, artistas ou cientistas. Para um cientista, filósofos ou artistas
– mas também coisas, plantas, até animais, como em Castañeda. Fictícios ou reais, animados ou
inanimados, é preciso fabricar seus próprios intercessores. É uma série. Se não formamos uma
série, mesmo que completamente imaginária, estamos perdidos. Eu preciso de intercessores para
me exprimir, e eles jamais se exprimiriam sem mim: sempre se trabalha em vários, mesmo quando
isso não se vê. E mais ainda quando é visível: Félix Guattari e eu somos intercessores um do
outro.
Nossas questões viabilizam a composição de uma cartografia de territórios e vetores
de mediação cultural, no diálogo com práticas culturais, teóricos e saberes já existentes, que
aqui participam como intercessores. Assim somos impelidos a outras direções,
aprofundamentos na dinâmica do próprio grupo e nas conexões com outros grupos de
pesquisas. Assim também, este texto gerará novas questões e aprofundamentos, como um
ritornelo, um retorno depois de distanciamentos, de territorializar e desterritorializar, que
nunca retorna ao mesmo.
Como formigas de Yanagui lá vamos nós, para uma longa viagem entre territórios e
vetores inquietantes, de fronteiras líquidas, de conexões múltiplas entre nós e nossos
parceiros, certos de que depois do turbilhão de tantas perguntas encontraremos na
transparência, possível pela tranqüilidade das descobertas, novas questões ainda mais fundas,
mais escuras, mais intocadas. E prosseguiremos... e... e... e...
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1
Obra de Yanagi: peça do chão : 270,0 x 150,0 cm. Formiga, cantoneira, e giz de cera ou crayon. Peças da
parede: pastel, pigmento de cera de abelha e lápis sobre o papel. Disponível em
<http://www.yanagistudio.net/works/wanderingposition01_view_eng.html>. Acesso em 16 set 2011.
2
Yanagi Yukinori (Japão, 1959). Vive em Tóquio, Japão, e Nova York, Estados Unidos. Esteve presente 23ª
Bienal de São Paulo em 1996 e na 8ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre em 2011. Interessado nas questões de
enquadramento das pessoas, identidades étnicas e nacionais por sistemas sociais, ele utiliza o trabalho de
formigas: desenha seus trajetos em espaços confinados, as coloca em caixas de areia coloridas representando
bandeiras de países e tubos que as interconectam para que elas misturem as cores, como os movimentos
migratórios criando uma outra bandeira única. Para Canclini, a metáfora sugere que as migrações maciças e a
globalização transformariam o mundo atual em um sistema de fluxos e interatividade onde se dissolveriam as
diferenças entre as nações. (CANCLINI, Néstor García A globalização imaginada São Paulo: Iluminura, 2007, p.
48).
3
A proposta cartográfica de territórios foi utilizada na produção de material educativo para 162 documentários
da Dvdteca Arte na Escola (2004-2010); na Fundação Bradesco (2004); nas escolas da Associação Cultura
Franciscanas (2005), na Proposta Curricular de Arte da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (200809), no projeto Por trás da Cena selecionado pela Petrobras Cultural (2010), nos estágios de observação no
Curso de Pedagogia Mackenzie (2011). Para cada projeto uma proposição cartográfica, sempre aberta e
conectável dentro de suas especificidades e fronteiras.
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