1 FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA EWANNY DO SOCORRO CASTRO DA SILVA A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O DESENVOLVIMENTO DA DIMENSÃO AFETIVA: CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM. BELÉM 2013 2 EWANNY DO SOCORRO CASTRO DA SILVA A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O DESENVOLVIMENTO DA DIMENSÃO AFETIVA: CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA A PROMOÇÃO DA APRENDIZAGEM. Trabalho de Conclusão de Curso, tipologia Estágio apresentado às Faculdades Integradas Ipiranga como requisito obrigatório para obtenção do grau em Pedagogia. Orientadora: Profª Ma Elen Lisbôa BELÉM 2013 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente á Deus por proporcionar mais esta vitória em minha vida, me dando forças a cada momento o qual pensei não poder mais, sei que sem sua permissão esta vitória jamais seria possível. E a meu marido Claudinei Leão, por ter sido a primeira pessoa a ter confiado em meu potencial, por toda a sua paciência e companheirismo ao longo desta árdua caminhada, nem as palavras jamais serão capaz de expressar o quão sou grata a você. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço á Deus por estar á meu lado, me abençoando com a realização do sonho de concluir minha graduação. Agradeço á minha avó Maria Raimunda que mesmo não estando neste plano, foi e sempre será o esteio de minha vida e a razão desta vitória. Agradeço á minha mãe Perolina do Socorro, por cada oração e por acreditar em minha capacidade, e sempre esperar o melhor de mim, fator que sempre me impulsionou a novas conquistas. Agradeço á meu marido Claudinei Leão, por ter estado á meu lado acreditando em mim quando pensei que não podia, seu companheirismo e força foram fatores determinantes para que eu chagasse até aqui. Agradeço á meus professores do curso, pela contribuição na minha vida acadêmica e por tanta influencia em minha futura vida profissional, á minha orientadora Profa. Elen Lisbôa, e em especial á Professora Maria Lúcia Gonçalves Quintana e Creusa santos, Por exercerem a docência de forma tão espetacular e mágica. Agradeço aos amigos e familiares que direta ou indiretamente me apoiaram e deram forças ao longo destes anos. A todos o meu muito obrigada, e que Deus assim como me abençoou possa abençoá-los igualmente. 5 “Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes” (PAULO FREIRE) 6 RESUMO A escola exerce um papel muito importante para o desenvolvimento socioafetivo da criança, o professor por sua vez tem percebido o aluno de maneira fragmentada. Logo em sua maioria, o aluno é concebido como um sujeito passivo realizando em sala de aula tarefas voltadas apenas para o desenvolvimento do cognitivo. Nesse sentido, este estudo propõe um olhar de aproximação entre cognição e afeto, a importância desta relação para o contexto educacional, e principalmente quais os reflexos e dimensões dos aspectos afetivos para as relações interpessoais entre educadores e educandos. Assim, pesquisar o tema Afetividade e suas dimensões na relação professor-aluno, tem-se tornado muito necessário no contexto educacional. Palavras chave: desenvolvimento socioafetivo, cognição e afeto, relações interpessoais. 7 ABSTRACT The school plays a very important role in the socioaffective development of the child, On the other hand, the teacher has noticed a student in a fragmented manner. Soon, Most of the time, the student is seen as a passive person performing classroom tasks that are directed only to the development of the cognitive. In this sense, this study proposes a look of approximation between cognition and affect, the importance of this relation for the educational context, and especially what are the reflections and dimensions of the affective aspects for the interpersonal relationships between teachers and students. Thus, research about Affectivity and its dimensions in the teacher-student relationship has become very necessary in the educational context. Keywords: socioaffective development, cognition and affect, interpersonal relationships. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 09 2. OBJETIVOS..................................................................................................................... 11 2.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 11 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 11 3. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA............................................................................... 12 4. RELATÓRIO DESCRITIVO......................................................................................... 13 4.1. A FUNÇÃO DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO ENTRE EDUCANDO E EDUCADOR......................................................................................................................... 13 4.2. A DIMENSÃO AFETIVA: CARACTERISTICAS E REFLEXOS PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ................................................................ 18 4.3. AS IMPLICAÇÕES DA AUSÊNCIA DO AFETO PARA A PRÁTICA EDUCATIVA........................................................................................................................ 23 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 27 6. RECOMENDAÇÕES OU SUJESTÕES....................................................................... 28 REFERENCIAS ................................................................................................................. 29 9 1. INTRODUÇÃO Para o esclarecimento do tema afetividade, este trabalho vem ressaltar a imprescindível importância do aspecto afetivo na aquisição do conhecimento, e tem como base autores tais como Antunes (1999 e 1996), Wallon (1992), Vygotsky (1992). Ao longo da história da Pedagogia, um dos principais aspectos que envolvem o processo educacional refere-se a relação professor-aluno. No passado pensava-se uma educação alheia aos conflitos de ordem emocional, dissipando-se assim as emoções do contexto escolar, pensava-se na escola, como ambiente puramente racional, onde as emoções não tinham vez. Para Wallon (1992, p. 90): “a afetividade não é apenas uma das dimensões da pessoa: ela é também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica”. Portanto, na concepção Walloniana, quando se fala em afetividade na educação e por sua vez, na relação entre professor e aluno está se falando em como lidar com as emoções, com a disciplina e principalmente com a postura diante do conflito eu-outro, este por sua vez, não deve passar despercebido pelo professor, tendo em vista que o mesmo é uma importante ferramenta na construção da personalidade do aluno. O professor deve tornar-se conhecedor de suas responsabilidades como educador, pois o ambiente de sala de aula que historicamente apresenta-se como hostil, severo, frio aos alunos, deve ser primeiramente repensado para que possa ser reconstruído e reapresentado aos mesmos de forma mais branda, amigável e afetiva. A forma com a qual este professor trata os conflitos do cotidiano escolar passa a ser segundo a afetividade, essencial. Assim, na maioria das vezes os professores não sabem como lidar com as situações emotivas de sala de aula, pois elas podem ser imprevisíveis, e ao saber conduzir estas emoções, ele poderá fazer toda a diferença, o mesmo precisará se dar conta de que para que haja uma relação aberta e saudável com seus alunos, ele precisa ser conhecedor do contexto sócio-cultural ao qual este aluno está inserido. Nesse sentido, destaca-se a afetividade tema que vem sendo muito debatido tanto nos meios educacionais quanto fora dele, haja vista que no universo escolar há um consenso entre educadores, com base nas principais teorias do desenvolvimento, sobre a importância da qualidade das primeiras relações afetivas da criança, logo a afetividade implica diretamente no desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização, nas interações humanas e, sobretudo, na aprendizagem. 10 Segundo Antunes (1996, p. 56): “a relação professor-aluno deve ser baseada em afetividade e sinceridade”. Assim, entende-se que a relação entre professor e aluno depende fundamentalmente do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos e sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e os deles. Logo, essa relação é o ponto de partida para um bom desempenho no ensino-aprendizagem, pois nela estão inseridos elementos que irão resultar em produtividade para ambas as partes. 11 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Investigar o reflexo do aspecto afetivo para o bom desempenho escolar do educando, e as dimensões deste afeto para a relação entre professores e alunos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar as estratégias que o professor utiliza, no sentido de favorecer as relações interpessoais; Analisar a postura docente na relação entre cognição e afeto; Verificar até que ponto a ausência da afetividade no contexto escolar contribui para conflitos em sala de aula. 12 3. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA O Centro Educacional Clube do Pimpolho fica localizado na Travessa Alferes Costa nº 2007 Bairro da Pedreira Belém-Pá, trata-se de uma escola da rede particular, fundada no ano de 1997. Quanto a estrutura física, a escola atualmente funciona nos turnos da manhã e tarde, sendo no turno da manhã educação infantil do maternal ao 2º ano, e no turno da tarde do maternal ao 5º ano, possui 8 (oito) turmas pelo turno da manhã e 8 (oito) turmas pelo turno da tarde, tendo aproximadamente 15 alunos por turma, possui também, o espaço de brinquedoteca, Parquinho externo, área de lazer interna, banheiros adultos e infantis e salas climatizadas. É importante destacar que a instituição trabalha com a inclusão de crianças com limitações físicas e cognitivas, cada sala de aula possui um professor e um estagiário, exceto no maternal, onde o numero de estagiários aumenta para 4 (quatro), trabalha com disciplinas específicas tais como: Inglês, Espanhol, Artes, Música e Educação Física. A escola tem vários projetos, como Alimentação Saudável e Higiene bucal, que visa a interação e conscientização não somente dos alunos como também dos pais, há também projetos de xadrez, teatro e biblioteca itinerante. Observa-se que o corpo docente dessa instituição trabalha no sentido de transformar informações em conhecimento e contribuindo assim para a formação da cidadania de seus alunos. Quanto ao projeto político pedagógico da escola, este encontra-se em processo de construção, entretanto a escola possui excelente organização principalmente quanto as tarefas diárias, semanais, mensais e anuais, sendo que todo fim de ano, todos os que fazem parte do corpo profissional da escola (diretores, coordenadores e professores) fazem uma reunião, onde são colocados em pauta todos os projetos, aulas, entre outros métodos de ensino, ou seja, discutiu-se tudo o que foi trabalhado durante o ano, na eminência da melhoria tanto para a escola quanto para os alunos para o inicio de mais um ano letivo. A proposta de Educação do centro educacional Clube do Pimpolho, prioriza o processo de desenvolvimento e de comunicação entre educador e educando, preocupando-se com os vários níveis de conhecimento e expressão; buscando assim a abertura de novos caminhos, novas experiências, mas principalmente visa educar para a autonomia. 13 4. RELATÓRIO DESCRITIVO 4.1 A FUNÇÃO DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO ENTRE EDUCANDO E EDUCADOR. O estudo a respeito da afetividade propõe um olhar de aproximação entre cognição e afeto, a importância desta relação para o contexto educacional, e principalmente quais os reflexos e dimensões dos aspectos afetivos para as relações interpessoais entre educadores e educandos. Logo, o tema Afetividade e suas dimensões na relação professor-aluno, tem-se tornado muito necessário no contexto educacional. Durante muito tempo dissipou-se conhecimento de emoção permanecendo por longos anos a separação de razão e emoção, mas na atualidade e cada vez mais este tema tem estado em debate por educadores, professores, e grandes pesquisadores, na eminência de esclarecer a importância da afetividade na educação e na relação professor-aluno. Assim, para Simka e Meneghetti (2010, p. 92): a confiança, o respeito e a liberdade constituem características que surgem na relação entre professor e aluno quando o professor se coloca como partícipe do processo de interação, ao pautar sua atuação humano-pedagógica no tratamento proporcionando aos alunos que, em uma relação de reciprocidade, começam também a desenvolver as características acima apontadas. Nessa perspectiva, cabe ao professor o papel de conduzir as emoções em sala de aula, é ele também o responsável de tornar este ambiente visto historicamente como frio, hostil, e até mesmo opressor, um lugar mais digno e agradável, facilitando assim o processo de ensino e aprendizagem e o tornando desta forma mais eficaz para as crianças. Em relação a esta questão Simka e Meneghetti (2010, p. 90) dizem que: cabe ao professor, e ao futuro professor, parar por uns instantes o seu fazer diário para refletir acerca da poderosa influencia que exerce sobre os alunos, para tomar consciência desse seu poder, ainda que dele não tenha exatamente a dimensão, a fim de pensar com muito cuidado, com muito carinho, com muita atenção, de que maneira está desempenhando seu papel como educador no dia a dia de centenas de olhinhos. Entende-se que o afeto é um compromisso docente, e é a demonstração de preocupação com o aluno, compromisso este que influirá na formação de uma sociedade com 14 pessoas não só autoconfiantes como também atuantes e críticas, pessoas que buscam seus ideais, alunos que caminhem com liberdade de expressão e ação. Este docente por sua vez, deve pensar seu ensino além de conteúdos pré-estabelecidos, buscando inserir neste currículo atividades que contenham valores, alegrias, estímulos, e sentimentos. Este trabalho traz a importância da afetividade entre o professor e seu aluno onde autores como Antunes (1999) e Goleman (1995), trazem suas inúmeras pesquisas, e estudos, desta forma percebe-se que a educação afetiva deve ser vista não só como uma troca de carinho e maior atenção do professor com seu aluno, mas, como um importante instrumento de aprendizagem que deixará marcas permanentes nos educandos, assim, este afeto deve ser conduzido de maneira cuidadosa e inteligente pelo docente para que assim o ensino se torne eficaz. Neste sentido, Antunes (1999, p.17) afirma ainda que: considerando estudos e analisando-os através de uma perspectiva educacional, é possível afirmar que um trabalho com a aprendizagem significativa é mais eficiente para estimular o aprendizado do aluno do que um trabalho onde são usados apenas os recursos da aprendizagem mecânica. Afirma, portanto que somente o conteúdo torna-se significativo mediante o aluno se visto como centro da produção da aprendizagem, e que esta se constrói da interação entre as informações que o aluno já possui com as informações que chegam. Ainda a respeito da importância da afetividade para a educação Goleman (1995) afirma que: hoje é a neurociência que defende o levar a sério as emoções. As novas da ciência são encorajadoras. Dizem-nos, que se dermos mais atenção sistemática á inteligência emocional – ao aumento da autoconsciência, a lidar mais eficientemente com nossos sentimentos aflitivos, manter o otimismo e a perseverança apesar das frustrações, aumentar a capacidade de empatia e envolvimento, de cooperação e ligação social – o futuro pode ser mais esperançoso. Entretanto, alguns professores, não conseguem ter um bom relacionamento com seus alunos, deixando de lado a aprendizagem afetiva, ao longo dos tempos, o professor foi perdendo respeito e prestígio no contexto social, e que muitos deles colocam em pratica somente a pedagogia tradicional onde o aluno é visto como um livro em branco pronto para ser preenchido pelo professor dito “detentor do conhecimento”. Por outro lado observa-se que a perda do devido prestígio do professor pela sociedade acabou afetando sua posição dentro de sala aula, e a escola passa a ser vista como uma empresa, onde cada vez mais os responsáveis pela educação parecem estar preocupados 15 com a habilitação de profissionais para o competitivo mercado de trabalho. Para Simka e Meneghetti (2010, p 75) “A escola precisa ser um espaço capaz de gerar prazer no aluno, que precisa sentir desejo em querer estar na escola, gostar do ambiente, ficar “encantado” com tudo o que existe na escola”. Desta maneira, o professor da atualidade deve enxergar nas crianças suas potencialidades interiores, atuando como um facilitador no acesso ás informações, auxiliando assim o sujeito a conhecer o mundo e seus problemas, faz-se extremamente necessário que este professor repense suas atitudes, sua forma de interação com seus alunos, a forma como o seu fazer pedagógico é direcionado, pois um relacionamento de simpatia facilita o trabalho, mas o contrário pode prejudicar este mesmo trabalho. Assim em um relacionamento, é o tipo de afetividade que define a natureza da relação se é amistosa e de simpatias recíprocas, ou de antipatias e conflitos. A importância da relação professor-aluno, não se restringe somente aos conteúdos de ordem cognitiva, mas nas relações afetivas estabelecidas no campo que estabelece as condições para a aprendizagem. Somente assim, pode-se por em prática reflexões a respeito do processo de ensino aprendizagem. Tanto o professor quanto o aluno, passam por momentos emocionais durante o processo educacional dentro de sala de aula, porém muitas vezes o professor não sabe lidar com situações as quais envolve afeto, pois as emoções podem ser imprevisíveis. Sabe-se também que o professor deve estar sempre atento e levar em conta o estado emocional em que a criança se encontra, pois a escola exerce um papel de extrema importância no desenvolvimento do aspecto socioafetivo na criança, aspecto esse que para Simka e Meneghetti (2010, p.90) Significa que: ao parar para pensar em seu desempenho, o professor deve, em especial, indagar como tem se relacionado com os alunos, como os tem tratado, o que tem dito á eles, enfim, qual tem sido a sua postura, de modo que a interação edifique um momento especial, único, singular, e a aprendizagem se torne significativa, humanizadora. Assim, se o professor não se utiliza das emoções em sala de aula e não as utiliza á seu favor, poderá ter prejuízos para a sua ação pedagógica, pois na ausência de afeto não só o aluno é atingido, mas também ele próprio acarretando assim para ambos desgastes físicos e psicológicos. Portanto entende-se que: 16 o professor executará uma revolução na sala de aula, na medida em que começar a enfocar a humanização na relação professor e aluno, cuja hierarquia, estabelecida ao longo de anos, tem provocado, se não danos irreparáveis, pelo menos o abandono dos sentimentos de solidariedade, de afeição, que se devem alicerçar em uma relação entre humanos seres, antes de tudo (SIMKA E MENEGHETTI, 2010, p. 96). Então, o professor deve cuidar para que não seja apenas mais um profissional não comprometido com seu trabalho, que não procura investir em sua formação, tornando-se desta forma uma projeção do que foi seus professores, não sendo flexíveis á mudanças, tornando-se distante das reais necessidades do aluno. Logo, o professor que permite que o afeto flua em sua sala de aula, se compromete não só com o desenvolvimento sócio-afetivo do aluno, mas também com seu desenvolvimento global refletindo desta forma tais aspectos em toda a existência de seus alunos como mostram Simka e Meneghetti (2010, p. 110): Ser um professor neste novo tempo do conhecimento é desafiante. Ficarão na memória dos alunos e influenciarão sua forma de pensar aqueles que souberem transmitir competência e sensibilidade, que tiverem ideias marcantes, e que também tiverem presença marcante. Só esses é que se tornarão referencia em uma sociedade cada vez mais complexa e tecnológica Desta forma, o educador deve perceber que por meio da afetividade ele influencia diretamente na aprendizagem significativa do aluno, já que o aluno por sua vez é afetado diretamente pela forma com a qual este professor se porta em sala de aula, suas emoções sentimentos valores desejos e até mesmo em um simples modo de falar já contam como diferença no futuro deste aluno. Assim, o poder da afetividade é uma ferramenta importante de repercussão fundamental para o êxito ou total fracasso do aluno bem como do professor. Simka e Meneghetti (2010, p.108) explanam que: não há como criar receitas. Professores não são iguais e, certamente, não possuem igual teor de comprometimento. No entanto, um ponto que deve ser comum é a percepção de que não existe educação eficaz que não se paute na dimensão relacional afetiva. Neste sentido compreende-se que é na troca de experiências que o professor procura entender as dificuldades dos alunos procurando também os motivos, então para que o perguntar, expor, incentivar, executar, debater se tornem comportamentos sem embates, é necessário que os alunos se considerem como interlocutores, através do diálogo recíproco em 17 sala de aula na construção do conhecimento. Desta maneira, “O verdadeiro papel do educador consiste em buscar o caminho para os limites que não proíbam por proibir, porém os limites que libertam e ajudam a crescer” (SIMKA E MENEGHETTI 2010, p. 69). Desta maneira, é possível notar que a afetividade está em todas as decisões assumidas pelo professor em sala de aula, produzindo desta forma impactos positivos ou negativos, por tanto partindo do pressuposto pedagógico o aspecto afetivo é um dos principais determinantes na qualidade dos vínculos que se estabelecerão entre os sujeitos. A partir do exposto observa-se que alguns caminhos levam ao almejado sucesso do ensino e da aprendizagem, primeiramente jamais considerar a educação uma tarefa acabada pois o conhecimento uma vez aprendido coloca-nos em contato com a ignorância, desta forma, a aprendizagem nasce através da inquietude, pois são as impossibilidades da educação que a torna possível. E é na escola, ou seja, no campo pedagógico e através da relação professor-aluno que inteligência e afetividade se articulam, transformando-se em novas e infinitas possibilidades. 18 4.2 A DIMENSÃO AFETIVA: CARACTERISTICAS E REFLEXOS PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. Para falar de afetividade no processo de ensino e aprendizagem, é necessário primeiramente conceituar a palavra afeto, para então visualizá-lo em uma perspectiva pedagógica. “Afeto” que em latim significa afectus, e designa um estado de alma, um sentimento. É o afeto o responsável pelo significado sentimental de tudo o que se vivencia, e se uma situação é, agradável, prazerosa, causa medo, pânico ou satisfação. Segundo Ferreira (1999, p. 62) afetividade significa: Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. As primeiras aprendizagens das crianças ocorrem na primeira relação com a mãe (primeiras palavras, gestos...). Nesta relação à criança começa a construir seu estilo particular de aprendizagem, que sofrerá modificações à medida que a criança se relaciona com outros contextos, segundo Almeida (1999, p. 48). Desta maneira, verifica-se que a afetividade se desenvolve por meio da interação dos sujeitos, e na perspectiva pedagógica tem em foco a relação educativa que há entre discentes e docentes. A respeito do conceito de afetividade Simka e Meneghetti (2010, p.105) dizem que: o termo “afeto” deriva do latim afectus e significa, aquilo que toca, atinge e afeta. Para a psicologia, o afeto manifesta-se, sob a forma de emoções. Assim o papel do professor é fazer da educação um instrumento crítico de percepção e de compreensão do mundo, bem como das relações humanas, e não apenas um meio de formar engrenagens sociais ou mão de obra mecanicamente capacitada para o mercado de trabalho. Um meio eficaz para atingir estes propósitos é a educação mais humanizada e afetiva, a qual se constrói com respeito, reflexão critica, ética, bom senso e valorização da autonomia dos educandos. Portanto entende-se que no inicio de seu desenvolvimento, toda criança sofre influencia no meio em que vive, em especial três instituições são relevantes como a família, a igreja e a escola, mas cada ser particular logo relaciona-se com o outro num processo de desenvolvimento singular nas relações sociais, a afetividade é uma condição insubstituível de relacionamento do homem com o mundo, desta maneira, as emoções podem ser compreendidas como uma possibilidade de linguagem. Cada estágio da afetividade, das emoções, o sentimento e a paixão, pressupõem o desenvolvimento de certas capacidades, em que se revelam um estado de maturação. Portanto, 19 quanto mais habilidade se adquire no campo da racionalidade, maior é o desenvolvimento da afetividade. Sendo assim, as aprendizagens ocorrem, inicialmente, no âmbito familiar e, depois, no social e na escola. Podemos observar que existe uma grande dificuldade quando ocorre a separação da criança no meio familiar para o meio escolar. A escola exerce um papel muito importante para o desenvolvimento socioafetivo da criança, o professor por sua vez tem percebido o aluno de maneira fragmentada, ou seja, em duas partes: cognitiva e afetiva. Assim, o aluno é concebido como um sujeito passivo, realizando em sala de aula tarefas voltadas apenas para o desenvolvimento do cognitivo. Segundo Miranda (1994, p. 129), "há dois tipos de pedagogia a Pedagogia Tradicional que traz à educação ensino das normas e conteúdos morais contrariando a sua natureza selvagem". Portanto o professor torna-se assim o centro da aprendizagem, e a Pedagogia Nova que vê a criança como um ser pleno para a auto - realização, ela valoriza, ensina bem, mesmo que a minoria, trazendo credibilidade na escola. No âmbito escolar, o trabalho em equipe proporciona um enriquecimento para o desempenho do papel do professor e também, para a aprendizagem do aluno no aspecto afetivo, pois é este aspecto que direciona o professor e o aluno na busca de resultados produtivos. Desta forma o papel da escola na promoção da aprendizagem pautada em afeto para Simka e Meneghetti (2010, p. 102) dizem que: a escola ao priorizar aspectos do intelecto, menospreza o papel das emoções no processo do ensino e da aprendizagem, sem levar em conta que o ser humano, desde o seu nascimento, necessita de um ambiente que satisfaça suas necessidades básicas de afeto, segurança e comunicação. Somente assim, o homem é capaz de estabelecer os vínculos sociais. Neste aspecto a afetividade não só influi como também facilita o processo de aprendizagem, pois a interação do professor com o aluno, a troca de experiências expressando pontos de vista e fazendo questionamentos, torna o ato de ensinar significante para a construção de conhecimento, assim o educador, deve estar sempre aberto a atitudes que favoreçam o aprendizado do educando, como o dialogo e aliar seus conhecimentos ao afeto. Desta forma, não só o comportamento do professor deve estar investido de uma dimensão afetiva, mas também os conteúdos e as estratégias utilizados em aula devem possuir uma carga emocional. A seleção de textos e de referencias deve atender a realidade do 20 aluno, e as formas de transmitir esse conhecimento, devem ser acessíveis e interessantes á ele. (SIMKA E MENEGHETTI, 2010, p. 104). Resaltasse também que o aluno precisa ser reconhecido, ser elogiado, isso irá nutrir a afetividade do mesmo, pois demonstra o interesse do professor por este aluno, fazendo com que ele se sinta importante. A afetividade estimula a criança a ter êxito em seu processo de aprendizagem e a alcançar seus objetivos, por isso os aspectos afetivos devem estar inseridos na sua vida escolar, pois a cognição e o sentir não podem ser pensados separadamente este professor precisa também conscientizar-se de seu papel enquanto mediador do saber, devendo ser um facilitador do mesmo, e desta maneira compreender os diferentes sentimentos de seus alunos. Através desse processo de socialização vamos perceber como o meio pode proporcionar condições para a criança construir a sua personalidade. pois o professor competente poderá organizar uma ação adequada para as reais necessidades dos seus alunos. Nesta perspectiva, Simka e Meneghetti (2010, p. 103) dizem que, “ensinar e aprender são ações indissociáveis, e este processo não pode reduzir-se ao cognitivo. Ele envolve muitos outros aspectos, como a afetividade, a motivação a sensibilidade, ingredientes imprescindíveis á educação humanista”. Nesta perspectiva, Almeida (1999, p.50) afirma que “as relações familiares e o carinho dos pais também exercem grande influência sobre a evolução dos filhos, em que a inteligência não se desenvolve sem a afetividade”. Assim percebe-se que tanto a afetividade quanto a inteligência não aparecem prontas e tampouco são imutáveis, elas se modificam e evoluem no decorrer do desenvolvimento da criança, desta forma o papel do desenvolvimento tanto afetivo quanto cognitivo na criança, não cabe somente á escola, cabe também aos pais estarem presentes na vida dos filhos, pois o ato de contar uma história, sentar com eles, deixar que eles façam parte do seu mundo, brincar com esta criança e participar de seu dia-a-dia, pode não só ajudar como trazer inúmeros benefícios para a aprendizagem escolar da mesma. Quanto ao papel dos pais na construção da aprendizagem das crianças Simka e Meneghetti (2010, p 71) dizem que: as crianças precisam de referencias para um desenvolvimento equilibrado. Os pais deixam de ser referência quando não conseguem ter posições firmes, entretanto é mais cômodo dizer sim, ceder ao choro incontido, do que dizer não e abrir os braços para acolher e dar colo, é sem dúvida o mais atrativo, porém será o mais educativo? 21 Já Goleman (1995), destaca à respeito da família e seu papel na aprendizagem das crianças: A alfabetização emocional implica num mandato ampliado para as escolas, entrando no lugar de famílias com falhas na socialização das crianças. Essa temerária tarefa exige duas grandes mudanças: que os professores vão além de sua missão tradicional, e que as pessoas na comunidade se envolvam mais com as escolas. Desta forma, seja no ambiente escolar, em casa, ou em outro lugar a criança está se construindo como ser humano, e seja através do processo de educação, de experiências com o outro e na construção do real, com informações ou novos desafios sobre o mundo. O fato é que é de extrema importância que o aspecto afetivo esteja sempre presente em sua vida, e que se tenha principalmente não somente a visão, mas a postura docente no estabelecimento do processo afetivo em sala de aula. Assim para Miranda (1994, p. 131) o processo de socialização da criança é concretamente determinado pela sua condição histórico - social. Além disso, enquanto sujeito da história a criança tem a possibilidade de recriar seu processo de socialização e através dele interferir na realidade social. O processo ensino-aprendizagem é o recurso fundamental do professor: sua compreensão e o papel da afetividade nesse processo, é um elemento importante para aumentar a sua eficácia, sendo assim o grande desafio do professor que teve uma formação na qual sua integração não foi levada em conta, é enxergar seu aluno em sua totalidade e concretude. Acreditamos que a alfabetização emocional jamais nos tornará menos nós mesmos, mas ampliará os limites de nosso autoconhecimento e de nossas opções para que se trabalhe a empatia, a automotivação e outros processos emocionais. Antunes (1999, p.19). Entender que o homem é separado entre razão e emoção é assumir que o homem é um ser que ora pensa, ora sente, não havendo vínculos ou relações determinantes entre essas duas dimensões, assim, emoção e cognição coexistem no indivíduo em todos os momentos, embora, nas diversas etapas do desenvolvimento, Wallon (1994) nos diz que há um predomínio alternado entre as duas funções. Como lembra Almeida (1999, p. 29), "a inteligência não se desenvolve sem afetividade, e vice-versa, pois ambas compõem uma unidade de contrários". Se fala-se em afeto e conteúdos, cabe ainda neste estudo a questão da avaliação na perspectiva emocional. Nas atividades de ensino concentra-se, grande parte da carga afetiva 22 da sala de aula, através das relações interpessoais entre professores e alunos: posturas, olhares, conteúdos verbais, contatos, proximidade, formas de acolhimento, instruções, correções, etc. Desta forma a política de avaliação de ensino não pode ser um tema puramente individual, e ser decidida pelo professor isoladamente, mas exige diretrizes comuns, discutidas e assumidas por toda a instituição. Á respeito de avaliação no processo emocional Antunes (1999, p. 89) destaca que: a Alfabetização Emocional trabalha com outro paradigma de avaliação, que é justamente o conceito ótimo. Portanto, vale apenas o que o aluno progrediu em relação apenas a si mesmo. Neste contexto o trabalho e consequentemente a avaliação, são centrados na individualidade, ainda que desenvolvidos para uma coletividade. Seja no „ensinar‟, ou no „avaliar‟, o trabalho coletivo desenvolvido pelos docentes na instituição, constituem aspectos da trama de relações interpessoais que implicam em um grandioso poder de impacto afetivo no aluno, positivo ou negativo, dependendo da forma como essas interações são vivenciadas. Aquino (2000, p. 29) ressalta que: Cabe questionar o que tem se priorizado como foco da atuação profissional: as nuanças e vicissitudes do processo ensino-aprendizagem ou a avaliação dos resultados formais? E a que se tem prestado as práticas avaliativas: a confirmar os prognósticos fatalistas sobre a clientela, ou ao coroamento de nossos esforços cotidianos? Mesmo porque numa reprovação final, Algo de todos nós está sendo colocado sub judice. Daí a relevância da alfabetização emocional, afinal, ela se refere às formas concretas como as relações face a face são vividas e percebidas em sala de aula. 23 4.3 AS IMPLICAÇÕES DA AUSÊNCIA DO AFETO PARA A PRÁTICA EDUCATIVA. O aspecto afetivo e suas implicações com o ensino tem sido um tema crescentemente abordado no ambiente acadêmico. Obviamente, as emoções e os afetos sempre foram objetos das grandes teorias psicológicas, entretanto muito mais como preocupação teórica do que como objeto de produção de pesquisas científicas. A sociedade e o indivíduo historicamente são vistos como sistemas complexos e dinâmicos, submetidos a ininterruptos e recíprocos ciclos de desenvolvimento e transformação. Entretanto, falar em desenvolvimento humano é falar em seu contexto cultural assim, a chamada “indisciplina escolar” resulta de um processo de interação entre pessoas e outros elementos da cultura onde os sujeitos estão inseridos. Desta maneira, entende-se que o ser humano deve ser visualizado como ser singular, á respeito do assunto, Aquino (2000, p. 31) diz que: é bastante comum ouvirmos que um grupo de alunos nem sempre consegue ter uma conduta mediante as regras acordadas. O fantasma da “minoria que sabota” parece perseguir grande parte dos educadores, inclusive aqueles que prezam por um diálogo aberto, e por um caminho construído passo a passo. Observa-se que um dos maiores obstáculos na atualidade dentro do ambiente escolar tem sido a conduta, da falta de limites, desrespeitos, mau comportamento, entre outras, e ainda se depara com outro tipo de problema que é a falta de preparo dos professores para enfrentarem tais situações o que tem gerado um descaso pelo ato de lecionar por parte de muitos professores e assim o relacionamento afetivo entre professor e aluno tornou-se um problema. Em relação a este assunto Aquino (2000,p.82) Afirma que: pesquisas sobre o Cotidiano escolar testemunham que a questão disciplinar constitui-se, atualmente, como uma das queixas principais dos educadores quanto ao trabalho pedagógico. Segundo ele, o ensino teria como um de seus obstáculos centrais a conduta desordenada dos alunos, traduzida em termos como “bagunça”, “tumulto”, “descontrole”, “falta de limites”, “comportamentos inadequados”, “desrespeitos generalizados” etc... Mas, o que o educador deve perceber é que o laço afetivo o qual ele tem com seu aluno, interfere significativamente na formação pessoal e em seu comportamento, logo, se a educação quer mudanças, a mesma deve começar pelo próprio sistema e pelos educadores, primeiramente o professor deve educar com afeto e carinho, pois cabe a ele conhecer de perto 24 seus alunos, assim para Simka e Meneghetti (2010, p. 107): está claro que o professor enfrenta enormes desafios para exercer suas funções, mas uma verdade é que não se faz bem aquilo que não se gosta. Ser educador não é tarefa fácil, uma vez que exige esforços tanto de quem ensina como de quem aprende. Na visão dos autores, um professor não pode se abster de preparar seus alunos para o mercado profissional, porém antes de qualquer coisa este professor deve prepará-lo para a vida, pois apesar da praticidade e da crescente tecnologia existentes no mundo moderno a educação não pode ser mecanizada e ater-se somente á proposta de suprir o mercado, pois corre o risco de tornar-se também mercadoria. No século atual com o avanço tecnológico as pessoas encontram cada vez mais rápidas informações, entretanto essas informações só passarão a ser conhecimento se forem devidamente instruídas por um educador, desta forma um dos grandes problemas da indisciplina estão nos conteúdo escolares, onde tem pouco ou nada do aspecto emocionais envolvidos neles e a escola parece preparar alunos tão somente visando o mercado de trabalho, desta maneira: por mais que o trabalho ocupe lugar de destaque na sociedade capitalista, não se pode perder de vista que este está atrelado a projetos de vida, uma vez que se sustenta nas relações humanas e possibilita suprir as necessidades sociais do indivíduo. (SIMKA E MENEGHETTI, 2010, p.108). Nesse contexto, mais do que ensinar fazer trabalhos e ensinar conteúdos, o educador deve ajudar o aluno na construção das questões ligadas a moral e a vida em sociedade, e estas devem ser tratadas como conteúdos de ensino, para desta forma desenvolver no aluno o diálogo, e a compreensão para eliminar ou amenizar possíveis conflitos, gerando assim um campo propício para a aprendizagem. Nenhum professor é um livro que detém todo o saber, mesmo que este tenha estudado bastante, ele nunca é completo, portanto não enxergar-se como “dono do saber”, ao ignorar isto, o professor pode criar dificuldades de aprendizagem para os alunos, o que poderá resultar em possíveis conflitos. Nesta perspectiva, Antunes (1999, p. 25) faz os seguintes questionamentos: hoje nos deparemos com valores contrastantes. Será que é bem mais importante saber se decoraram a última definição de ciências do que constatar se estão vivos ou mortos amanhã? Será que podemos assistir estarrecido o aumento da violência juvenil, o descalabro da indisciplina, o desrespeito em sala de aula e o assustador 25 crescimento de suicídios entre jovens sem nos manifestarmos? Será que o compromisso da educação é com o conhecimento e não com a felicidade pessoal ou a harmonia social? Afinal de contas será que o conhecimento ainda vale alguma coisa? Desta forma, se a interação em sala de aula for desestruturada, implicará no comportamento do aluno. Um exemplo disso é o índice de violência que tem aumentado consideravelmente em nossa sociedade, onde observa-se que até mesmo as novas tecnologias que são tão apreciadas pelas crianças e jovens tem se transformado em novas formas de violência dentro da própria escola. Neste contexto, muitas vezes o educador se mostra um alvo fácil de ser atingido pelos alunos, pois em algumas situações isso ocorre pela falta de aproximação do professor com as emoções, ficando alheios as expressões que são emitidas pelos alunos em sala de aula. a visão, hoje quase idílica, da escola como lugar de florescimento das potencialidades humanas, parece ter sido substituída, boa parte das vezes pela imagem de um campo de pequenas batalhas civis- Pequenas mas visíveis o suficiente para incomodar. (AQUINO 2000, P. 82). Assim, entende-se a ausência de afeto nas relações em ambiente pedagógico, como um tema imprescindível aos professores, aos pais e a todos de alguma forma envolvidos com o desenvolvimento do aluno. O comportamento indisciplinado do aluno dependerá, portanto, de suas experiências e relações com o grupo social, e sua época histórica. Então, o ato tido como disciplinado ou indisciplinado resulta da soma do contexto social e cultural, no qual os alunos estão inseridos, pois é através deles que os mesmos constroem suas relações. . Assim a questão não é como o indivíduo se socializa, mas como a sociedade socializa com este indivíduo. a idéia de uma essência humana pré-social concebe a personalidade humana individual como um caso particular da personalidade humana básica, o que pressupõe que cada indivíduo possui características que são universais e independem de influencia do meio social. [...] Daí a idéia corrente de ajustamento social aplicada á psicologia e á educação. Os padrões de comportamento a serem ensinados ou modificados, correspondem á perspectiva da classe dominante, que os torna universais e portanto, compulsórios (LIBÂNEO, 1984, P. 158) 26 É fato que tem sido cada vez mais difícil manter uma postura reflexiva e de ação frente à invasão permanente de novas formas de relações, de crenças e de valores minando o cotidiano escolar. a nosso ver, uma saída possível reside no coração mesmo da relação professor aluno, isto é, em nossos vínculos cotidianos e, principalmente, na maneira como nos posicionamos perante nosso outro complementar. Afinal de contas, o lugar do educador é imediatamente relativo ao do educando, e vice-versa. Vale lembrar que, guardadas as especificidades das atribuições de agente e clientela, ambos são parceiros de um mesmo jogo. E nosso rival é a ignorância, a pouca perplexidade, e o conformismo diante do mundo. (AQUINO, 2000, P. 95). Cabe ainda aos pais e aos professores construírem o papel de afetividade no desenvolvimento do aluno, uma vez que a ausência de uma educação que aborde as emoções tanto na sala de aula quanto na família traz prejuízos que não poderão ser corrigidos pela ação pedagógica resultando em grandes dificuldades de aprendizagem por parte do aluno, o contrário, sendo trabalhadas as emoções de forma prazerosa, obtêm-se o resultado do trabalho com essas emoções podendo assim resultar em grandes aprendizagens significativas, seja ela no âmbito escolar ou familiar. 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS As funções das escolas são as de facilitar a adaptação das características sociais, formar cidadãos reflexivos, críticos e participativos, ela também tem o objetivo de introduzir na criança competências, categorias mentais, e termos científicos. Segundo Miranda (1994) há uma nova pedagogia que vê a criança como um ser pleno para a auto realização, ela valoriza e ensina bem, mesmo que a minoria, trazendo credibilidade na escola. Esta nova pedagogia tende a ver o homem em processo de desenvolvimento contínuo, pois o mesmo nunca está pronto e acabado. O modelo de pedagogia socioafetivo preza ainda pelas relações familiares, o carinho dos pais como fator influente na evolução do aluno, traz ainda em sua linha de pensamento, que a inteligência não se desenvolve sem a afetividade, assim, estar presente na vida dos filhos é muito importante, sentar com eles, contar as vitórias e as derrotas da vida, contar histórias, deixar que eles façam parte do seu mundo, é muito importante também que os pais brinquem com seus filhos, rolem no tapete, joguem bola, participem do seu dia a dia, são atividades que podem trazer inúmeros benefícios para a aprendizagem escolar da criança. Desta forma pode-se dizer que a pedagogia exerce um papel fundamental no desenvolvimento socioafetivo da criança. Segundo Almeida (1999, p. 99). Portanto, todo processo de educação significa também, a constituição de um sujeito, e seja na escola, em casa ou em qualquer outro lugar, está se constituindo como ser humano, através de suas experiências com o outro, naquele lugar, naquele momento. A construção do real acontece através das informações e desafios sobre as coisas do mundo, mas o aspecto afetivo nesta construção continua sempre presente. Para tanto é de extrema importância que se analise como o fator afetivo vem sendo trabalhado nas salas de aulas. Uma vez que as relações entre os sujeitos sejam profundamente marcadas pela dimensão afetiva, o impacto desta relação pode causar aproximação ou distanciamento entre estes sujeitos, daí a necessidade do professor está não somente preparado como qualificado para saber mediar as relações, para que as mesma não se transformem em conflitos em sala de aula. Prioritariamente, e para que bons resultados possam ser vistos no ambiente escolar, o professor deve inicialmente conscientizar-se de que cada sujeito é único na construção do conhecimento, e que todos têm suas particularidades, lançando assim uma visão única e igualmente particular para cada um, tendo em vista que este aluno já chega em sala de aula com suas próprias construções do mundo exterior. 28 6. SUGESTÕES Sugere-se que o aluno seja o centro do processo, logo, o professor precisa dialogar com a criança no sentido de perceber seus anseios e dificuldades, seja no conteúdo ou no pessoal. Expor as produções elaboradas pela criança, no sentido de promover a autoestima e a valorização da mesma, desta forma o professor demonstra o interesse pelo aluno, fazendo com que ele se sinta reconhecido, elogiado e principalmente importante. Promover atividades relacionadas com a interação entre alunos, pois através deste processo de socialização o professor irá perceber como o meio pode proporcionar condições para a criança construir sua personalidade. O professor deve levar em consideração os estados emocionais no contexto de sala de aula, pois o excesso ou a falta desta atenção pode revelar a presença de um estado emocional seja boa ou ruim. 29 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. R. S. emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999. ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional: novas Estratégias. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. AQUINO, Julio Gorppa. Do cotidiano escolar. São Paulo: Summus, 2000. FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio XXI: o dicionário da Língua Portuguesa. 3 ed. Totalmente revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva. 1995. LIBÂNEO, J.C. Psicologia educacional: uma avaliação crítica. In: CODO, W.; LANE, S. T. M. (orgs) Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, PP. 15480. 1984. MIRANDA, G. M. O processo de Socialização na escola: a evolução da condição social da criança. In: LANE, Silva. Social o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1994. PIAGET, VIGOTSKY, WALLON: Teorias psicogenéticas em discussão/ Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira, Heloísa Dantas. São Paulo: Summus, 1992. SIMKA, Sergio e MENEGHETTI, Ítalo (orgs). A relação entre professor e aluno. Rio de Janeiro: Wak, 2010. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1994.