MANEJO DE PASTAGENS E O CONSUMO DE FORRAGEM POR VACAS E NOVILHAS DE LEITE EM PASTOS TROPICAIS André Fischer Sbrissia, Henrique Mendonça Nunes Ribeiro-Filho Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Av. Luiz de Camões, 2090, CEP: 88520-000, Lages, SC, Brasil. E-mail: [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O manejo do pastejo tem sido, cada vez mais, reconhecido como uma poderosa ferramenta de intensificação de sistemas de produção animal em ambientes pastoris. Isso porque práticas de manejo adequadas, respeitando os limites de uso de plantas e animais em pastejo, tem permitido a construção de estruturas de pasto que permitam elevadas produções de forragem, com bom valor nutritivo e alto potencial de consumo a um custo relativamente mais baixo quando comparado com outros modelos de produção animal. No caso específico de pastagens de clima tropical, esse conceito torna-se particularmente importante, uma vez que espécies que vegetam neste ambiente apresentam crescimento rápido e vigoroso, o que, quando não devidamente monitorado, propicia um alongamento acelerado de colmos, componente que interfere negativamente nos processos de rebrotação dos pastos, bem como na busca e apreensão de forragem pelos animais em pastejo. Conceitualmente a pastagem ideal deve ter características nutritivas e atributos físicos semelhantes a uma dieta formulada para prover todos os nutrientes mantendo o funcionamento do rúmen (Wales, 2005). Dessa forma, o pasto ideal pode ser considerado aquele que possui plantas e/ou partes de plantas desejáveis, as quais possibilitam elevada velocidade de ingestão e aporte de nutrientes em sincronia para a produção de substratos essenciais para o rúmen e para os tecidos. A velocidade de ingestão e o consumo diário de nutrientes são afetados por variáveis comportamentais de curto prazo, como, a massa do bocado e o tempo por bocado e/ou por motivações de médio prazo (tempo de pastejo) as quais dependem de aspectos relacionados à sua estrutura (altura, massa de forragem, densidade, relação folha:colmo), quantidade ofertada e tempo de acesso a pastagem (Delagarde et al., 2011). Neste sentido, quando o sistema é planejado com o objetivo de 364 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle maximizar a ingestão de nutrientes a partir da forragem pastejada, as estratégias de manejo do pasto e animal devem buscar o oferecimento de estruturas facilmente apreensíveis, em quantidade adequada e sem restrições advindas do tempo de acesso dos animais às áreas destinadas ao pastejo. Em termos qualitativos, pode-se dizer que características estruturais, como, a relação folha:colmo são bem correlacionadas com atributos que definem o valor nutritivo da foragem ingerida, sendo o valor energético consequência da sua digestibilidade da matéria orgânica (DMO) e o valor protéico do teor de proteína bruta (PB) (INRA, 1989). Dessa forma, este trabalho irá abordar aspectos relacionados ao manejo do pasto e do animal no sentido de propor estratégias que possibilitem a maximização do uso da forragem pastejada como a principal fonte de nutrientes, em sistemas intensivos de produção de leite. ESTRATÉGIAS DE MANEJO DO PASTO PARA A MANUTENÇÃO DA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DE ELEVADA RELAÇÃO FOLHA:COLMO EM PASTOS DE CLIMA TROPICAL A proporção de folhas no estrato pastejado, ao longo da estação de desenvolvimento dos pastos, pode ser modulada por estratégias de manejo que minimizem o processo de alongamento de colmos. Se por um lado é praticamente inevitável (e, muitas vezes, desejável) que plantas alonguem o colmo no final de seu ciclo de seu desenvolvimento, resultado direto de respostas às condições ambientais, o inverso não é verdadeiro se o processo ocorre de forma acentuada ao longo do período de seu crescimento vegetativo. O alongamento de colmos durante a fase vegetativa é resultado direto de um ambiente competitivo por luz, aonde as plantas procuram posicionar as folhas em alturas maiores, com maior probabilidade de captura de energia radiante. Do ponto de vista ecológico, essa estratégia é extremamente funcional, porém em ambientes pastoris o alongamento de colmos influencia de forma negativa a composição química da forragem potencialmente colhível e pode impor restrições físicas ao processo de apreensão e colheita de forragem. Diversos trabalhos com plantas de clima tropical tem mostrado que esse processo pode ser minimizado com pastejos realizados em condições de pasto aonde o processo de competição por luz ainda não tenha atingido um nível crítico (Da Silva & Nascimento-Junior, 2007). IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite - 365 Esse ponto tem sistematicamente coincidindo com o momento em que o pasto intercepta 95% da luz incidente (corroborando resultados obtidos com azevém perene por Korte et al., 1982), e possui alta correlação com a altura do dossel, sugerindo que essa variável pode ser um guia prático de manejo aonde se busca a maximização da proporção de folhas no estrato pastejável (Da Silva & Nascimento-Junior, 2007). Se o crescimento do pasto avançar além de um determinado limite de altura a continuidade do alongamento de colmos pode ser controlada por meio de um pastejo severo ou roçada. Contudo, ambos os processos têm desvantagens, uma vez que uma alta severidade de pastejo imporia restrições ao consumo e, assim como a roçada, a área foliar residual seria muito baixa, o que prejudicaria a rebrota nos ciclos subsequentes. Além disso, não seria recomendado que em alturas de pasto superiores a uma determinada meta sejam adotadas estratégias de desfolha extremamente lenientes, pois permitiria que o colmo continuasse alongando. Cabe ressaltar, entretanto, que a maioria dos trabalhos que recomendam a utilização da altura como ferramenta condicionadora da qualidade do estrato pastejado, estão associados a protocolos experimentais que utilizaram alturas residuais fixas (e.g. IAF residual, disponibilidade de forragem) (Carnevalli et al., 2006; Zanini et al., 2012a), o que gerou, mesmo que inadvertidamente, níveis de desfolhação (severidades de pastejo) distintas. Isso abre uma janela interessante para reflexão quando se pensa em proporção de desfolha, pois alguns autores têm demonstrado que o nível de desfolhação é um indicador robusto de manejo para manutenção de elevada velocidade de ingestão (Fonseca et al., 2012) e consumo diário de forragem (Delagarde et al., 2001). Mais especificamente no trabalho de Fonseca et al. (2012), o comportamento ingestivo de bovinos em pastos de sorgo forrageiro, mostrou que a partir de aproximadamente 50% de rebaixamento da altura inicial a velocidade de ingestão caiu drasticamente (Figura 1). Esse resultado pode ser explicado em grande parte, pela grande presença de colmos na metade inferior da pastagem, os quais restringem o processo de ingestão, devido à barreira física que o mesmo impõe sobre o pastejo (Laca & Lemaire, 2000). Zanini et al. (2012b), em estudos com capim-aruana e azevém anual, mostraram que independente da espécie forrageira e da altura inicial do pasto aproximadamente 90% de todo colmo concentra-se na primeira metade 366 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle do dossel, comprovando que a presença deste componente é um complicador no processo de apreensão e captura de forragem (Figura 2). Figura 1 - Taxa de ingestão de matéria seca por novilhas em função de níveis de rebaixamento de pastos de sorgo forrageiro. Fonte: Adaptado de Fonseca et al., 2012 IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite - 367 1,2 A Percentual de colmo no estrato (%) 1,0 95/10 95/15 y=1,136-3,512/x y=1,111-3,303/x 2 2 R =0,98 R =0,99 P<0,01 P<0,01 0,8 0,6 98/15 y=1,092-3,885/x 2 R =0,96 P<0,01 98/15 98/15 98/10 98/10 95/15 95/15 95/10 95/10 98/10 y=1,095-3,761/x R2=0,97 P<0,01 0,4 0,2 1,1 B Percentual de colmo no estrato (%) 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 25/04 y=1,096-2,832/x 2 R =0,99 P<0,01 15/04 y=1,105-1,432/x 2 R =0,98 P<0,01 25/08 y=1,097-2,862/x R2=0,99 15/08 y=1,092-1,357/x R2=0,99 25/08 25/08 25/04 25/04 15/08 15/08 15/04 15/04 P<0,01 P<0,01 0,4 0 10 20 30 40 50 Altura do pasto (cm) Figura 2 - Relação funcional entre a altura do pasto participação relativa do componente colmo em pastos de capimaruana (A) e azevém anual (B). Fonte: Adaptado de Zanini et al., 2012b. 368 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle Assim, quando a severidade de pastejo imposta ultrapassa essa referência, o material colhido passa a ser constituído por quantidades cada vez maiores de colmos, reduzindo assim sua qualidade. Porém este padrão de resposta parece ser menos importante se uma alta severidade de desfolhação estiver associada à elevada frequência de uso, provavelmente em função da alta concentração de colmos jovens e tenros presentes nestes pastos (Tabela 1). Tabela 1 - Composição química e morfológica de pastos de capimelefante cv. Pioneiro (Pennisetum purpureum Schum.) submetidos a diferentes alturas de entrada (90 e 120 cm) associadas a duas severidades de pastejo (50 e 70% da altura inicial) 90cm/50% Composição química (% da MS) FDN (%) 62,95 FDA (%) 32,86 Lig (%) 2,67 PB (%) 14,26 Composição morfológica % folhas 60,97 Prod.folhas* 900,32 % colmos 37,70 Prod.colmos* 444,63 90cm/70% 120cm/50% 120cm/70% 64,06 33,52 2,60 11,97 63,01 32,86 3,01 13,03 67,72 36,26 3,12 9,54 61,67 1373,02 36,95 947,55 53,86 997,02 44,57 824,34 50,57 1696,16 49,19 1912,94 * Valores expressos em kg/MS/ha; Fonte: Schmitt (2012). Sendo assim, os dados acima sugerem que em severidades moderadas (50% da altura de entrada) a frequência de pastejo pouco influencia a composição morfológica e química da forragem ingerida e que eventuais diferenças em desempenho animal se devem às variações em estrutura/arquitetura do dossel. Além disso, ao se optar por altas severidades de pastejo (70%), a frequência de desfolha obrigatoriamente deveria ser maior (menores altura de pastejo), pois em baixas frequências (alturas maiores) há uma abrupta redução na qualidade do material ingerido. Voltolini et al. (2010a), estudando o efeito de dois critérios para definir intervalos de pastejo (95% IL e 26 dias) em capim-elefante cv. Cameroon (Pennisetum purpureum Schum.) na produção de vacas leiteiras, não encontraram diferenças na produção por animal. Essa IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite - 369 ausência de diferenças entre animais pode estar ligada a composição química da forragem oferecida, que apesar de diferir estatisticamente, não é capaz de justificar variações em sua produção (Voltolini et al., 2010b). Todavia, o intervalo entre pastejos de 95% de IL proporcionou maiores lotações, o que resultou em maiores produções por área com a adoção deste critério (Tabela 2). Tabela 2 - Alturas de entrada e saída, intervalo entre pastejos, composição química (% da MS) e variáveis zootécnicas de pastos de capim-elefante cv. Cameroon submetidos a duas frequências de utilização* Entrada (cm) Saída (cm) Intervalo (dias) FDN FDA PB** EE Taxa de Lotação (animal/ha) Prod./Animal** Prod./ha/dia 95% IL 103 62 19,4 65,07 35,88 14,24 2,70 8,27 16,72 114 26 dias 121 71 26 66,99 37,05 14,58 3,17 5,05 14,09 75 (*) Fonte: Adaptado de Voltolini (2010a e 2010b); (**) Valores não diferiram estatisticamente. Portanto, ao trabalharmos com proporções moderadas de desfolha, a altura de entrada ou frequência de desfolha passariam a ter caráter relativo no condicionamento de alterações na composição química da forragem ingerida, pois esta só passaria a determinar negativamente a qualidade da forragem se estivesse associada a altas severidades de pastejo devido a grande concentração de colmos no estrato pastejável (Tabela 1). ESTRATÉGIAS DE MANEJO PARA A OBTENÇÃO DE ELEVADA INGESTÃO DIÁRIA DE FORRAGEM Considerando que, independente do método de pastoreio adotado, a proporção de lâminas foliares e/ou de componentes estruturais do pasto no dossel podem afetar diretamente a eficiência do 370 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle processo de colheita de forragem e a ingestão diária de nutrientes, a biomassa residual de folhas é citada como um critério coerente para se determinar o grau de restrição a que os animais estão sendo submetidos (Penning et al., 1994). Contudo, esta é uma característica difícil de ser medida e utilizada como ferramenta de orientação em condições de sistemas de produção. Para contornar este problema, indicadores de manejo mais práticos de serem utilizados têm sido propostos (Delagarde et al., 2001), destacando-se entre eles (como já comentado) a proporção removida em relação à altura inicial, a altura residual de lâminas foliares e a porcentagem de perfilhos desfolhados até a bainha. Quanto à proporção removida em relação à altura inicial (severidade de desfolha), o trabalho de Delagarde et al. (2001) preconiza que a ingestão de forragem se mantém elevada quando esta não ultrapassa 40 a 50% da altura inicial, valores que se mostraram pertinentes em trabalhos conduzidos com azevém anual no Sul do Brasil (Ribeiro Filho et al., 2007, 2009a, 2009b, Miguel et al., 2012). Contudo, exceções devem ser consideradas, quando a altura inicial do pasto limita a apreensão devido a sua proximidade ao solo (Ribeiro Filho et al., 2005). De outra forma, remoções acima de 60% da altura pré-pastejo estariam associadas à imposição de uma condição de pastejo muito severo e, embora o tempo diário de pastejo não possa ser considerado um bom indicador do consumo (Ribeiro Filho et al., 2003; 2011; Pérez-Prieto & Delagarde, 2012), quando a severidade aumenta, reduções na ingestão de forragem de até 4,0 kg de MS podem ser claramente evidenciadas no momento em que o tempo diário alocado para a atividade de pastejo aumenta de 5,5 para 7,5 horas (Figura 3). Destaca-se, ainda, que entre as características estruturais do pasto, aquela que se mostrou mais bem correlacionada com o tempo de pastejo, independente do estágio de desenvolvimento do pasto, foi a altura residual de lâminas acima da bainha (Figura 4). Não obstante, a presença de folhas no dossel é uma variável estreitamente associada com respostas comportamentais de curto prazo, como, o tempo por bocado (Figura 5). IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite 18 - 371 500 480 17 16 440 420 15 400 14 380 Tempo de pastejo (min) Consumo de MS (kg/dia) 460 360 13 340 12 320 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Dia de ocupação Figura 3 - Efeito do tempo de ocupação do piquete (dias) sobre o consumo de MS (Ɣ, efeito quadrático = P < 0,05, R2 = 0,99) e o tempo de pastejo (ż, efeito linear = P < 0,07, R2 = 0,87) em vacas leiteiras (produção média diária no período de ocupação da parcela = 22 kg/vaca) pastejando azevém anual no método rotativo (Ribeiro Filho et al., 2011). Assim, quando a porcentagem de folhas é reduzida para menos de 34% da MS total do pasto, a velocidade de ingestão diminui (Guzatti, 2013). Recentemente, Pérez-Prieto & Delagarde (2012) constataram que o consumo de forragem é mais fortemente correlacionado com a velocidade de ingestão que o tempo de pastejo. 372 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle Figura 4 - Efeito da altura residual de lâminas foliares acima das bainhas sobre o tempo de pastejo em vacas leiteiras pastejando azevém anual no método rotativo (Adaptado de Ribeiro Filho et al., 2011). Considerando que os dados da Figura 5 foram todos obtidos na mesma altura de entrada e, invariavelmente, em situação de pastejo leniente (40% da altura inicial), é possível afirmar que para uma mesma altura e mesma severidade de desfolha, a velocidade de ingestão pode se alterar em função da proporção de lâminas foliares no estrato pastejado. Além disso, mesmo em situações onde esta diferença estrutural não é suficiente para provocar alterações em consumo de pasto, características nutricionais da forragem podem determinar diferenças significativas no desempenho de vacas leiteiras (Miguel et al., 2012). IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite - 373 Figura 5 - Efeito da porcentagem de MS de lâminas foliares no dossel em pastos de aveia, azevém e seu consórcio sobre o tempo para a formação do bocado em novilhas Holandês. Se: x 34, y = 0,97; se: x < 34, y = 0,97 + 0,018 x; R2 = 0,75 (Guzatti, 2013). Dessa forma, além de decisões de ordem tática, as quais devem garantir que o animal obtenha elevada ingestão diária de nutrientes em um determinado momento do ano, a otimização do uso da forragem pastejada como principal fonte de nutrientes para a vaca leiteira depende da adoção de estratégias de manejo que possibilitem a pastagem se manter em estágio vegetativo o maior período de tempo possível. Assim, as tomadas de decisão devem ser efetuadas considerando o impacto de uma determinada desfolha sobre a taxa de acúmulo de forragem no período subsequente e o prolongamento do período de crescimento do pasto em estágio vegetativo. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE LEGUMINOSAS EM PASTAGENS DE CLIMA TROPICAL Ainda com relação ao forrageamento do rebanho do ponto de vista estratégico (na escala do ano), a introdução de leguminosas de clima tropical em sistemas de produção de leite é um tema que merece ser melhor explorado. Neste contexto, o amendoim forrageiro (Arachis 374 - 2nd International Symposium of Dairy Cattle pintoi spp) é indubitavelmente uma das espécies mais promissoras devido a sua produtividade (VALENTIM et al., 2001), valor nutritivo (LASCANO, 1994) e tolerância ao pastejo (JONES, 1993). Contudo, algumas experiências de consorciação desta leguminosa com gramíneas perenes de clima tropical não têm se refletido em melhorias no desempenho animal. A principal razão apontada para estes resultados é a baixa participação da leguminosa na forragem ingerida, o que ocorre devido a sua baixa proporção na mistura (menos de 10% da MS total) (PARIS et al., 2009) ou em função da sua sobreposição por lâminas foliares de gramíneas com hábito de crescimento cespitoso (CRESTANI et al., 2013). Para contornar este problema a utilização de áreas onde a leguminosa é cultivada pura e pastejada por determinado período do dia foi recentemente testada por Andrade (2013) com bovinos de corte. Tabela 3 - Consumo de forragem e desempenho animal em bovinos de corte inteirospastejando capim-elefante anão estreme cv. Kurumi (CEA) ou consorciado e em pastejo horário com amendoim forrageiro cv amarillo (CEL) Parâmetro Consumo e desempenho animal Consumo (kg/dia)1 Ganho de peso (kg/dia) Tratamento CEA CEL 6,7 0,70 7,8 0,97 dpr Efeito (P<) 1,43 0,174 * *** * = P<0,05; *** = P<0,001. Fonte: ANDRADE (2013). Os resultados indicaram a possibilidade de incrementos no consumo de forragem e no desempenho animal de 12 e 14%, respectivamente (Tabela 3), sugerindo que o uso de leguminosas em áreas adjacentes àquelas ocupadas por gramíneas, com tempo de pastejo controlado, pode ser uma estratégia eficaz no aumento da produção e produtividade em propriedades leiteiras. IV Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite - 375 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando o potencial de plantas de clima tropical em produzirem estruturas de pastos com arquiteturas e composição química que permitam elevada ingestão de forragem é de fundamental importância conhecer os princípios e as ferramentas de manejo disponíveis para manipular a construção destas estruturas. Isto pode ser obtido a partir do uso de indicadores de manejo, como, a altura de entrada e a severidade de desfolha, os quais permitiriam aos pastos crescerem com um máximo de proporção de folhas. 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