AVALIAÇÕES CENTRADAS NOS PARTICIPANTES Capítulo 10 Origens • Excesso de preocupação com a formulação de objetivos e com a criação de modelos sofisticados de avaliação. • Descrença em avaliações focadas apenas em produtos-resultados. • Avaliações afastadas da realidade dos programas. • Os avaliadores não faziam visitas aos programas. • Os avaliadores faziam avaliações baseadas somente em dados documentais e entrevistas. Princípios • Abordagens baseadas na avaliação das atividades e do ambiente do programa (in loco). • Defendem a adoção de abordagens intuicionistapluralistas ou naturalista de avaliação. • Preconizam a participação ativa dos “participantes” da atividade que está sendo avaliada. • O julgamento do programa deve estar calcado em múltiplas perspectivas e valores de diferentes atores. • Os avaliadores envolvem os participantes em todas as etapas da avaliação e desempenham papel educativo. Características 1. Depende de raciocínio indutivo: a compreensão de um problema deriva da observação e descobertas feitas no ambiente do programa e não é o produto final de um plano de estudo predeterminado. 2. Adotam múltiplas fontes e tipos de dados: humanas, documentais, dados quantitativos e qualitativos. 3. Não seguem plano padronizado: a compreensão dos fenômenos é um dos resultados mais esperados. 4. Representam realidades múltiplas: nenhuma visão é aceita como a verdade. Todas as visões são corretas. O avaliador precisa captar essas realidades e retratálas com precisão. Quadro de referências das faces da avaliação - Stake • As duas faces da avaliação são: descrição e julgamento. • Quadro de referência: – Descrição do fundamento lógico do programa. – Lista de antecedentes significativos (insumos, recursos, condições existentes), transações (atividades e processos) e resultados. – Registro de antecedentes, transações e resultados (efeitos inesperados também são incluídos). – Define padrões (critérios, expectativas, desempenhos comparáveis de outros programas) para julgar antecedentes, transações e resultados. – Registra julgamentos feitos sobre antecedentes, transações e resultados . – O avaliador examina congruência entre intenções e observações e as dependências que os resultados têm dos antecedentes e das transações. – As avaliações são feitas com a aplicação dos padrões aos dados descritivos. Adaptado de Stake (1967) Matriz de Descrição Intenções Matriz de Julgamento Observações Padrões Congruência Congruência Contingências Antecedentes Contingências Fundamento Lógico Congruência Transações Resultados Julgamentos A AVALIAÇÃO ILUMINADORA PARLETT E HAMILTON (1976) • • • • • • • • • • Estudo intensivo de um programa: fundamento lógico, evolução, operações, realizações e dificuldades. Aplicável a programas de pequena escala. Baseada no paradigma da antropologia social e na abordagem de observação participante da psiquiatria e sociologia. Nasceu do desencanto com a abordagem agrícola-botânico. Trata-se de uma investigação naturalista. Baseada em descrição e interpretação. Não faz mensuração e previsão. A tarefa do avaliador é compreender a realidade complexa do programa (iluminar para provocar discussões). Não emite julgamentos de valor, documenta e discute a abrangência do programa e descreve o que é ser um participante do programa. Adota a focalização progressiva para direcionar e restringir o estudo a questões relevantes surgidas durante o processo avaliativo. Depende de observações, entrevistas, questionários, testes etc. Informações de diversas fontes são submetidas a triangulação. Três estágios: – Observação – Aprofundamento da pesquisa – Explanação A AVALIAÇÃO RESPONSIVA STAKE (1972, 1975, 1978 E 1980) • O foco é discutir preocupações e problemas de uma clientela. • Voltada diretamente para as atividades do programa e não para intenções. • Responde a exigências de informações dos interessados. • Contempla diferentes perspectivas valorativas sobre o programa. • O objetivo principal é aumentar a compreensão dos interessados sobre a entidade avaliada. • O objetivo, o quadro de referencia e o foco da avaliação surgem de interações com o público. Essa interações resultam na focalização progressiva de questões). A AVALIAÇÃO RESPONSIVA STAKE (1972, 1975, 1978 E 1980) RELÓGIO 1. Conversa com interessados 2. Identificação do alcance do programa 3. Revisão das atividades 4. Descoberta dos objetivos e preocupações 5. Conceituação das questões e problemas 6. Identificação da necessidade de dados 7. Seleção de observadores, juízes, instrumentos 8. Observação de antecedentes, transações e resultados 9. Tematização, preparo de retratos e casos 10.Validação, confirmação e tentativa de negação 11.Filtragem, formato para o uso dos interessados 12.Montagem de relatórios A AVALIAÇÃO NATURALISTA • O avaliador não faz perguntas. O avaliador fica quieto e faz de conta que não está observando. • Baseada na experiência do público-alvo. • Adota linguagem comum, cotidiana, não técnica. • Baseia-se na lógica informal e eventos do cotidiano. • Possui raízes na fenomenologia e na etnografia. • Valores da abordagem: preocupação com a credibilidade, checagem de fontes conflitantes, aplicabilidade dos resultados a outras situações, consistência, auditabilidade e confiabilidade. • Adota entrevistas, observações, análises documentais, pistas não verbais, arquivos. • Adota diários, anotações de campo, narrações. • O locus da avaliação está situado nos participantes do programa. Usos • Compreensão dos processos de trabalho e atividades do programa. • Avaliação formativa do programa. • Identificação de visões divergentes sobre o programa. • Identificação de necessidades de informação de múltiplos atores. PONTOS FORTES E LIMITAÇÕES • • • • • • • • • • Uso de múltiplas fontes e tipos de dados Enfatiza as necessidades dos atores do programa. Possibilita a análise de diferentes pontos de vista sobre o programa. Propicia informações ricas, verossímeis e compreensíveis aos interessados. Acentuam o elemento político da avaliação Dependência excessiva do avaliador e de suas percepções. Tendência de minimizar a importância de da instrumentação e dados de grupos. O trabalho etnográfico consome muito tempo. A focalização progressiva pode tornar a avaliação cada vez mais dependente das percepções do avaliador. As avaliações intuitivas podem transformar-se em descrições genéricas e pouco úteis.