ANÁLISE DA GERAÇÃO DE VIAGENS DE RESÍDUOS PORTUÁRIOS Breno Tostes de Gomes Garcia¹ Departamento de Engenharia de Transportes Universidade Federal do Rio de Janeiro Marcelino Aurelio Vieira da Silva¹ Departamento de Engenharia de Transportes Universidade Federal do Rio de Janeiro 1 - Centro de Tecnologia Bloco H - Sala 106 - Cidade Universitária - RJ – Brasil - CEP 21949-900 RESUMO Os resíduos sólidos são um problema a ser administrado por todas as entidades, público ou privado. Desta forma, o setor portuário tem a obrigação legal de gerenciar os resíduos sólidos gerados, uma vez que foi publicado, na forma de lei nº 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A partir deste novo cenário, a geração de viagens dos portos vem mudando, deixando de ser basicamente de cargas para transportes de resíduos. O objetivo deste artigo é apresentar a relação entre a quantidade de resíduos gerados e quantidade, em toneladas, de contêiner movimentado nos portos do Rio de Janeiro, Paranaguá e Itaguaí. O processo metodológico foi por meio de artigos publicados em revistas, teses e dissertações com o intuito de buscar informações acerca do tema, bem como sua legislação, normas e entre outros. Os resultados evidenciaram a relação das categorias de resíduos gerados quando comparados com a movimentação de contêiner nos respectivos portos ABSTRACT Solid waste is a problem to be managed by all entities, public or private. Thus, the port sector has a legal obligation to manage solid waste generated, since it was published in the form of Law No. 12,305 / 2010, the National Policy on Solid Waste (PNRS). From this new scenario, the trip generation of ports is changing, no longer primarily of charges for waste transport. The objective of this paper is to present the relationship between the amount of waste generated and amounts in tonnes of container handled in the ports of Rio de Janeiro, Paranaguá and Itaguaí. The methodological process was through articles published in journals, theses and dissertations in order to seek information on the subject as well as their laws, rules and among others. The results showed the ratio of generated waste categories when compared with the container handling at its ports PALAVRAS CHAVES Resíduo portuário, Geração de viagens, Movimentação de carga portuária 1 INTRODUÇÃO A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), publicada na forma de lei n. 12.305/2010, apresenta os principais conceitos, ferramentas, diretrizes, atores, responsáveis, entre outros acerca da gestão de resíduos sólidos no Brasil. Desta forma, segundo a PNRS, o setor portuário é um dos atores a serem considerados, pois suas atividades geram resíduos sólidos. Os dados utilizados foram declarados pelos portos em estudo (Rio de Janeiro, Paranaguá e Itaguaí) a partir de um projeto em parceria com a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) e o Programa Planejamento Energético (PPE) em parceria com o Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG). Por meio desses dados foi possível identificar a relação de resíduos gerados na comparação com a carga movimentada nos anos que compreendem entre 2012 e 2013. O objetivo geral deste trabalho é apresentar a relação entre os resíduos gerados e a carga movimentada nestes portos. Para alcançar este objetivo, faz-se necessário; Evidenciar os conceitos e diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS); Apresentar os conceitos de resíduos sólidos por meio de artigos científicos, legislação, instrumentos normativos, entre outros documentos fidedignos disponíveis pela rede de internet; Apresentar os conceitos acerca de geração de viagens e polos geradores de viagens; Apresentar na forma de tabelas e gráficos, as quantidades de resíduos sólidos gerados por tais portos, assim como as respectivas cargas movimentadas no período entre 2012 e 2013; Identificar a relação entre os resíduos sólidos gerados e a quantidade de contêineres movimentados nos respectivos portos; O capítulo 2 do artigo apresenta a revisão bibliográfica acerca do tema, explorando conceitos, legislações e normas disponíveis. O capítulo 3 apresenta o estudo de caso aplicado nos portos do Rio de Janeiro, Paranaguá e Itaguaí, apresentando as respectivas características de movimentação de carga e as de resíduos, assim como a relação entre os resíduos gerados e o tipo de carga movimentada escolhida. O capítulo 4 apresentam as conclusões acerca do tema e sugestões para futuros estudos. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A definição de resíduos sólidos apresentada pelo artigo 3º inciso XVI da PNRS (lei 12.305/2010) define resíduos sólidos por: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; (Brasil, 2010). Segundo o PNRS, os resíduos sólidos são classificados quanto à sua origem e quanto ao grau de periculosidade. Entretanto, para o presente artigo limita-se em apresentar o artigo 13o inciso I alínea j da lei 12.305/2010 (PNRS) que determina que os resíduos sólidos oriundos de atividade portuária sejam conhecidos por “resíduos de serviços de transporte” (Brasil, 2010). A periculosidade dos resíduos é apresentada pelo inciso II da mesma lei (lei no 12.305/2010) por; a) “Resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;” (Brasil, 2010) b) Resíduos não perigosos: todos os resíduos que não são originados por atividades domésticas urbanas; (Brasil, 2010) No Brasil, Ibama (2012) por meio de sua instrução normativa (IN) nº 13, publicada em 2012, apresenta à Lista Brasileia de Resíduos Sólidos – com 1.010 tipos de resíduos sólidos catalogados – “a qual será utilizada pelo Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras (...)” (IBAMA, 2012). Este último é apresentado pela Política Nacional de Meio Ambiente, sancionada na forma de lei no 6.938/1981, por meio do artigo 9o inciso XII, como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente. (Brasil, 1981). Segundo Brasil (1981), o registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras é obrigatório para as “pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente (...)”(Brasil, 1981). A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) é o órgão que atua nos portos organizados e em suas instalações, conforme determinado pela lei no 12.815/2013, no artigo 23, inciso II. (Brasil, 2013). Desta forma, ANTAQ (2004) orienta os portos brasileiros à utilizarem o Manual Detalhado de Instalações Portuárias para Recepção de Resíduos, elaborado pela MARPOL 73/78 (convenção internacional para a prevenção da poluição por navios) como referência no que se refere ao gerenciamento dos resíduos sólidos gerados nas atividades portuários. Este último não apresenta os tipos de resíduos a serem considerados, e sim, a categoria dos mesmos a partir dos anexos I, II, III, IV e V do documento. (ANTAQ, 2004) Apesar disso, os portos em estudo não apresentaram um método para classificar os resíduos sólidos gerados. Com isso, não foi possível utilizar as tipologias adotadas por estes portos para as análises, utilizando as categorias de resíduos sólidos adotado por SEP e UFRJ-b (2014), conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1: Descrição das categorias de resíduos sólidos adotado por SEP e UFRJ (2014) Categoria Descrição Categoria Lixo Comum Perigoso Não Reciclável Perigoso Reciclável Reciclável Classe II Resíduos de Construção Civil Não identificado Demais Resíduos Descrição Todo resíduo declarado como lixo comum ou resíduos misturados. Resíduos que não apresentam condições físico-químicas para passar por nenhum processo de reciclagem. Resíduos que, apesar da sua condição, podem passar por algum processo de reciclagem. Resíduos não perigosos que apresentam condições de serem reciclados. Resíduos oriundos da construção civil ou de demolição. Resíduos que não apresentam informações que possibilitem sua identificação. Resíduos que aparecem em baixa escala e que não se encaixa nas categorias anteriores. As categorias de resíduos sólidos apresentados na Erro! Fonte de referência não encontrada. são compostos por uma lista de 82 tipos de resíduos sólidos catalogados. (SEP e UFRJ-a, 2014). 2.1 Gerenciamento de resíduos portuários O gerenciamento de resíduos sólidos consiste, de forma geral, em etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento de destinação final ambientalmente adequado. (Brasil, 2010). Tais etapas devem ser vinculadas entre si, formando um sistema integrado. (Murta et al., 2012). As etapas do gerenciamento de resíduos sólidos iniciam por identificar as principais fontes geradoras de resíduos sólidos, os tipos de resíduos sólidos gerados (classificação de resíduos) e suas respectivas quantidades Estas etapas são cruciais para estabelecer os procedimentos operacionais adequados para o tratamento ambientalmente adequado. (Pereira et al., 2014). A partir desta etapa, os resíduos devem ser segregados e acondicionados temporariamente a partir do tipo de resíduo. Desta forma, será possível proporcionar o tratamento ambientalmente adequado para cada tipo de resíduo gerado nos portos. (Pereira et al., 2014). No caso do setor portuário, os resíduos são gerados nos terminais, em navios e nos veículos transporte. (Murta et al., 2012). 2.2 Geração de viagens Segundo Campos (2014), a geração de viagens tem por objetivo estimar o número total de viagens que se iniciam ou terminam em cada zona de tráfego, dado o ano de projeto. A quantidade de viagens produzidas ou atraídas em cada zona de tráfego está “relacionado com as atividades desenvolvidas nestas (...)”. (Campos, 2013). Ao analisar o transporte de resíduos sólidos nos portos em estudo, é possível afirmar – a partir da definição de geração de viagens – que o porto é um polo gerador de viagens, pois, tanto a movimentação de carga, quanto os resíduos sólidos gerados precisam ser transportados para os seus respectivos destinos. 2.3 Polo gerado de viagens A definição de polos geradores de viagens (PGVs) é apresentada por diversos autores. Desta forma, PGVs é definido como “empreendimentos de distintas naturezas que têm em comum o desenvolvimento de atividades em um porte e escala capazes de gerar um contingente significativo de viagens”. (Portugal e Goldner, 2003). Contudo, Jacques et al. (2010), complementa a definição apresentando a definição de PGVs como; “(...) embora de diferentes naturezas, têm em comum o potencial de atrair e produzir um número de viagens que impactam os sistemas viários e de transportes da região onde se localizam”. (Jacques et al., 2010). A partir disso, os PGVs são caracterizados conforme o seu tipo e porte. O tipo de PGV é a atividade que o mesmo desenvolve no local. O porte do PGV representa o seu “tamanho e está diretamente ligado à magnitude da demanda de viagens que o empreendimento” atrai ou produz. (Grieco e Portugal, 2010). Os municípios brasileiros têm autonomia para definirem os parâmetros a serem utilizados na identificação dos polos geradores de viagens. Sendo assim, conforme apresentado por Denatran (2001), o município de Curitiba considera um polo gerador de viagens todo empreendimento que apresente área igual ou superior a 5.000 m2. (DENATRAN, 2001). 3 ESTUDO DE CASO O estudo de caso deste trabalho ocorreu em três portos; Rio de janeiro, Paranaguá e Itaguaí. O critério de escolha para os portos foi dado de forma aleatória. Com isso, faz-se necessário apresentar a relação de carga movimentada, em toneladas, no período entre 2012 e 2013, a partir de uma lista com 29 portos brasileiros, cujo objetivo é determinar à importância do porto no cenário brasileiro, conforme apresenta pela Figura 1. Figura 1: Porcentagem de carga movimentada a partir de uma amostra de 29 portos brasileiros entre 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (ANTAQ, 2015). A categoria “Demais portos” é representado pelos portos que obtiveram menos de 1% da quantidade de cargas movimentadas na comparação com os demais portos. Os portos que compõe esta categoria são; Macapá (Santana), Mucuripe, Santarém, Natal, Ilhéus, Antonina, Imbituba, Areia Branca, Cabedelo, Recife, Maceió, Pelotas, Forno, Niterói e Estrela. Os três portos de maior representatividade na movimentação de carga são Itaqui (21,70%), Santos (16,92%) e Itaguaí (15,73%). Os portos de Paranaguá (6,89%) e do Rio de Janeiro (4,81%) aparecem na quarta e na sétima posição, respectivamente, conforme visto na Figura 1. Entretanto, a Figura 2 apresenta a relação de resíduos sólidos gerados, em toneladas, no período entre 2012 e 2013, a partir dos dados declarados pelos portos, conforme determinado por SEP e UFRJ-a (2014). Com isso, o porto do Rio de Janeiro detém 53,15% do total de resíduos sólidos gerados no período considerado, quando comparado com outros portos. O porto de Itaguaí (5,72%) e de Paranaguá (4,76%) representam, respectivamente, o quarto e o quinto com maior geração de resíduos sólidos da amostra. (SEP e UFRJ-a, 2014). Figura 2: Porcentagem de resíduos portuários gerados entre 2012 e 2013 nos portos. Fonte: Adaptado de (SEP e UFRJ-a, 2014) 3.1 Porto do Rio de janeiro O porto do Rio de Janeiro está “localizado na costa oeste da baía de Guanabara, na cidade homônima ao porto e é administrado pela Companha Docas do Rio de Janeiro (CDRJ)”. (SEP e UFRJ-a, 2014). A movimentação de carga do porto do Rio de Janeiro é predominante por combustíveis e óleos minerais e produtos, representando 48,62% do total movimentado nos anos entre 2012 e 2013. A carga em contêiner representou no mesmo período 18,74% e a carga produtos siderúrgicos representou 12,93% considerando o mesmo período (Figura 3). Figura 3: Quantidade e tipos de carga movimentada no porto do Rio de Janeiro nos anos entre 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (LabTrans/UFSC, 2015) As informações contidas na Figura 3 determinam as características do porto e, possivelmente, os resíduos gerados nas operações de carga e descarga dos navios, bem como das áreas administrativas dos terminais (terra). A Figura 4 apresenta os resíduos gerados no porto do Rio de Janeiro no período mesmo período supracitado, utilizando dados declarados pelo porto. Figura 4: Porcentagem de resíduos gerados no porto do Rio de Janeiro nos anos entre 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (SEP e UFRJ-a, 2014) A partir da Figura 4, é possível identificar que a categoria Perigoso Reciclável (43,98%) representa quase metade da quantidade de resíduos sólidos gerados do porto no período em questão. Esta categoria, conforme apresentado na Tabela 1, é composta pelos “resíduos que, apesar da sua condição, podem passar por algum processo de reciclagem”. (SEP e UFRJ-a, 2014). Desta forma, os tipos de resíduos presentes nesta categoria, em geral, são produtos oriundos de petróleo (óleo lubrificante, resíduo oleoso líquido, graxa, resíduos contaminados com óleo e/ou produtos químicos, entre outros). Com isso, o tipo de resíduo com maior quantidade de geração foi o resíduo oleoso líquido, representando 38,27% da geração total de resíduos no mesmo período. (SEP e UFRJ-a, 2014). A segunda categoria de resíduos de maior quantidade é a de resíduos de construção civil. Esta última tem uma particularidade, pois, em geral, este tipo de resíduo é originado em obras e reformas nas instalações do porto. Sendo assim, a quantidade de resíduo desta categoria está sujeita a projetos de melhorias na infraestrutura dos terminais e dos portos, não sendo atribuído diretamente as operações de carga e descarga dos navios. (SEP e UFRJ-a, 2014). A análise a ser considerada neste artigo para os portos é a relação entre as categorias de resíduos sólidos gerados e a quantidade – em toneladas - de contêineres movimentados entre 2012 e 2013. Desta forma, é possível identificar a relação de resíduos sólidos gerados a partir das operações portuárias para este tipo de carga em particular. O critério de escolha para a carga movimentada foi aleatório. Com isso, a relação entre as categorias dos resíduos gerados e da carga movimentada (contêiner) no porto do Rio de Janeiro é apresentada na Tabela 2. Tabela 2: Relação entre a quantidade de resíduos gerados e a quantidade de contêiner, em toneladas, movimentados no porto do Rio de Janeiro entre 2012 e 2013. Categoria de Resíduos Perigoso Reciclável Resíduo de Construção Civil Demais Resíduos Reciclável Classe II Lixo Comum Não Identificado Perigoso Não Reciclável Total 2012 0,0045238 0,0129419 0,0003652 0,0043278 0,0002599 0,0000862 0,0000103 0,0225153 2013 Total 0,0166165 0,0105011 0,0008824 0,0069810 0,0061614 0,0032302 0,0010493 0,0027073 0,0003795 0,0003190 0,0001783 0,0001317 0,0000016 0,0000060 0,0252689 0,0238764 Conforme é possível observar na Tabela 2, a categoria de resíduo Perigoso Reciclável, no ano de 2013, obteve o maior valor (aproximadamente de 0,0166) na comparação com as outras categorias no mesmo ano. Isto ocorre, pois, a quantidade de resíduos gerados para esta categoria, em 2013, representou 65,76% da quantidade total de resíduos gerados no respectivo ano. Por outro lado, no ano de 2012, a categoria de Resíduo de Construção Civil obteve o valor aproximado de 0,0129, pois, a geração de resíduos desta categoria representou 57,48% da quantidade total de resíduos gerados no respectivo ano. 3.2 Porto de Paranaguá O porto de Paranaguá está localizado na margem sul da Baía de Paranaguá, na cidade de Paranaguá, no Estado do Paraná. (SEP e UFRJ-b, 2014). A movimentação de carga no porto de Paranaguá é apresentada por fertilizantes e adubos (17,63%), contêineres (16,94%) e soja (16,63%), conforme apresentado na Figura 5. (ANTAQ, 2015). Figura 5: Quantidade de carga movimentada, em toneladas, no porto de Paranaguá no período entre 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (ANTAQ, 2015) A Figura 6 evidencia que a categoria Reciclável Classe II representa 52,41% do total de resíduos declarados pelo porto de Paranaguá nos anos entre 2012 e 2013. Do total gerado para esta categoria, 50,12% foi representado pelo resíduo orgânico, totalizando 11.963,25 toneladas no período. (SEP e UFRJ-b, 2014) Figura 6: Quantidade de resíduos gerados, em toneladas, no porto de Paranaguá no período entre 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (SEP e UFRJ-b, 2014) A segunda categoria com maior geração de resíduos é dada pelo Lixo Comum (15,67%), dado o mesmo período. (SEP e UFRJ-b, 2014) A relação entre a quantidade de resíduos gerados e a quantidade de contêiner movimentado é apresentada na Tabela 3. A categoria Reciclável Classe II é a que teve o maior valor (0,0008643) quando comparado com o total de resíduos gerados e a quantidade, em toneladas de contêineres movimentados. A segunda categoria, Lixo Comum é representado por 0,0004811 do total, tendo o maior valor atribuído ao ano de 2013 (0,00088). Tabela 3: Relação entre a quantidade de resíduos gerados e a quantidade de contêiner, em toneladas, movimentados no porto de Paranaguá entre 2012 e 2013. Categoria de Resíduos Reciclável Classe II Lixo Comum Perigoso Reciclável Demais Resíduos Resíduo de Construção Civil Não Identificado Perigoso Não Reciclável Total 2012 0,0007996 0,0000005 0,0002310 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0000000 0,0010311 2013 0,0009181 0,0008809 0,0002518 0,0001090 0,0000019 0,0000015 0,0000000 0,0021633 Total 0,0008643 0,0004811 0,0002424 0,0000595 0,0000010 0,0000008 0,0000000 0,0016492 3.3 Porto de Itaguaí O porto de Itaguaí está situado “na costa norte da baía de Sepetiba a sudeste da Ilha da Madeira”, no município de Itaguaí localizado no estado do Rio de Janeiro.(SEP e UFRJ-c, 2014). O perfil de movimentação de carga é predominante por minério de ferro, representando 92,1% do total de cargas movimentadas nos anos entre 2012 e 2013. As cargas conteinerizados aparecem com, apenas, 4,41% (Figura 7). (SEP e UFRJ-c, 2014) Figura 7: Quantidade de cargas movimentadas, em toneladas, no porto de Itaguaí entre os anos de 2012 e 2013. Fonte: Adaptado de (ANTAQ, 2015) Os resíduos gerados no porto, considerando o mesmo período (2012 e 2013), são apresentados na Figura 8. Conforme é possível observar, a categoria Recicláveis Classe II representa 63,63% do total do resíduo declarado no período supracitado. A categoria dos resíduos de construção civil aparece com 31,57%, totalizando 9.061,74 toneladas. (SEP e UFRJ-c, 2014) Figura 8: Quantidade de resíduos gerados, em toneladas, no porto de Itaguaí entre os anos de 2012 e 2013. Fonte: adaptado de (SEP e UFRJ-c, 2014) A partir do total de resíduos declarados pelo porto, 32,58% é representado pelo resíduo orgânico, cuja tipologia faz parte da categoria Reciclável Classe II. Os resíduos de construção civil/entulho representam 31,57% do total de resíduos gerados no período em questão. (SEP e UFRJ-c, 2014) O valor da relação entre a quantidade de resíduos gerados e a quantidade de contêineres, em toneladas, no período é apresentado na Tabela 4. Como é possível observar, o valor da categoria de Recicláveis Classe II (0,0021) é o mais elevado quando comparado com o total das outras categorias. Tabela 4: Relação entre a quantidade de resíduos gerados e a quantidade de contêiner, em toneladas, movimentados no porto de Itaguaí entre 2012 e 2013. Categoria de Resíduos Reciclável Classe II Resíduo de Construção Civil Não Identificado Perigoso Reciclável Lixo Comum Perigoso Não Reciclável Demais Resíduos Total 2012 0,0026677 0,0009835 0,0000139 0,0000627 0,0000313 0,0000008 0,0000000 0,0037600 2013 Total 0,0016130 0,0021223 0,0011178 0,0010530 0,0001106 0,0000639 0,0000403 0,0000511 0,0000572 0,0000447 0,0000000 0,0000004 0,0000000 0,0000000 0,0029388 0,0033354 4 CONCLUSÃO O artigo apresentou na revisão bibliográfica os conceitos sobre resíduos sólidos, aliado com a PNRS (2010) e outras normas publicadas por entidades de notório saber, proporcionou um esclarecimento do entendimento sobre resíduos sólidos. Ao longo da revisão bibliográfica foi evidenciado que estes portos não apresentaram um padrão de classificação dos tipos de resíduos gerados nas respectivas operações e instalações, apesar da legislação brasileira determinar que toda pessoas física ou jurídica que desempenhe uma atividade potencialmente poluidora faça o registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras. (IBAMA, 2012). O artigo apresentou os conceitos sobre geração de viagens e, desta forma, apresentou o setor portuário como um polo gerador de viagens. Entretanto, faz-se necessário um estudo mais aprofundado acerca do tema, apresentando, assim, uma possível nova abordagem na caracterização do porto como um gerador de viagens. Sendo assim, para este artigo, o porto foi caracterizado a partir da quantidade de carga movimentada no período, pois, desta forma foi possível evidenciar sua natureza como unidade produtiva. No presente artigo, adotou-se explorar a quantidade de contêiner movimentado com o intuito de analisar a quantidade de resíduos gerados para este tipo de carga. O presente estudo não apresentou o valor da relação significativo, pois, nos três portos em estudo, o contêiner não foi à carga predominante. No caso do porto de Itaguaí, conforme apresentado, o contêiner representa apenas 4,41% da movimentação de carga no período, o que é muito pouco quando comparado com o minério de ferro (92,1%). Sendo assim, faz-se necessário ampliar o foco da discussão, apresentando esta relação para os tipos de carga de maior expressividade para os portos em estudo. 5 REFERÊNCIAS ANTAQ. (2004) Manual detalhado de de instalações portuárias para recepção de residuos - IMO -. ANTAQ. (2015) Sistema de Informações Gerenciais. Obtido 13 de maio de 2015, de http://www.antaq.gov.br/sistemas/sig/AcessoEntrada.asp?IDPerfil=23 Brasil. Lei no 6.938/1981 - Política Nacional de Meio Ambiente. (1981). Brasil. 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