UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS LETÍCIA PERIN KOLLING A MATRIZ BOSTON CONSULTING GROUP NA DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE UMA EMPRESA DE BENS DE CAPITAL JOINVILLE - SC - BRASIL 2014 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS LETÍCIA PERIN KOLLING A MATRIZ BOSTON CONSULTING GROUP NA DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE UMA EMPRESA DE BENS DE CAPITAL Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira de Produção e Sistemas. Orientador: MSc.Valdésio Benevenutti JOINVILLE - SC - BRASIL 2014 2 LETÍCIA PERIN KOLLING A MATRIZ BOSTON CONSULTING GROUP NA DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE UMA EMPRESA DE BENS DE CAPITAL Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheira do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: ________________________________________________ Professor MSc. Valdésio Benevenutti Membro: ________________________________________________ Professor Dr. Lírio Nesi Filho Membro: ________________________________________________ Professor Dr. José Oliveira da Silva Joinville (SC), 05 de junho de 2014 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir viver esse momento, e por me guiar com sabedoria ao longo do caminho percorrido. Por me dar força para superar os momentos difíceis e esperança para acreditar que nada é por acaso. Aos meus pais e irmãos sou eternamente grata pelos ensinamentos e pelo apoio nas horas em que precisei. Vocês são meus exemplos de dedicação e princípios. É por vocês que eu cheguei até aqui e me tornei o que sou. Àquele que me apoiou ao longo dessa jornada, me encorajou a enfrentar os medos e desafios, mostrando outra forma de enxergar a vida. Aos amigos e colegas, que assim como eu, passaram por momentos de dificuldades, a dedicação e parceria ao longo do curso. A uma pessoa em especial que acreditou no meu potencial e me deu a oportunidade para novos aprendizados; possibilitou que eu me tornasse uma melhor profissional, sendo fonte de inspiração tanto pessoal como profissional. Aos amigos e colegas de trabalho pelos momentos de descontração e pela troca de experiência. Às pessoas que contribuíram de alguma forma para que eu chegasse até aqui. Aos professores que compõem o corpo docente do Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas pelo conhecimento transmitido. Ao Prof. MSc. Valdésio Benevenutti pela atenção e compreensão ao orientar o desenvolvimento deste trabalho. A todos, muito obrigada! 4 “No que diz respeito ao desempenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz”. (Ayrton Senna) 5 LETÍCIA PERIN KOLLING A MATRIZ BOSTON CONSULTING GROUP NA DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE UMA EMPRESA DE BENS DE CAPITAL RESUMO No atual cenário globalizado, a disputa acirrada pelos mercados consumidores eleva o nível de competitividade entre as empresas, tornando-se indispensável a utilização de uma ferramenta vital para a sobrevivência e desenvolvimento de qualquer organização, o Planejamento Estratégico. Esta ferramenta é aplicada na organização como um todo para então ser desdobrada em vários níveis, sendo um deles a área de marketing. Como auxílio na elaboração do Planejamento Estratégico de Marketing, visando a gestão do portfólio, certas ferramentas de análise e tomada de decisão foram desenvolvidas, dentre elas a Matriz Boston Consulting Group (BCG). A partir dessa perspectiva, o presente estudo objetiva aplicar o modelo de análise de negócios denominado Matriz Boston Consulting Group (BGC) no produto A, a fim de identificar o seu posicionamento e obter argumentos para a elaboração de ações, bem como informações para o planejamento estratégico de marketing da organização. A metodologia foi baseada em um estudo exploratório, sendo coletados os dados para elaboração das Matrizes BCG referentes aos anos de 2011 a 2013 visando comparar a participação de mercado da empresa em estudo ao longo do período, como também, analisar o comportamento do mercado e as tendências para o mesmo. Os resultados mostraram que o produto A foi classificado como vaca leiteira no ano de 2011 devido à retração do mercado. Em 2012, o mercado obteve um crescimento representativo, estando o produto A posicionado no quadrante estrela. No ano de 2013, o mercado voltou a diminuir, retornando o produto à posição de vaca leiteira. Por fim, através da análise das matrizes, foi possível elaborar sugestões de ações de marketing para o produto A. Portanto, o estudo fornece uma ferramenta analítica que possibilita um melhor planejamento das estratégias a serem desenvolvidas e uma melhor distribuição de recursos, considerando os aspectos financeiros e mercadológicos. PALAVRAS-CHAVE: Bens de Capital. Estratégia. Matriz BCG. Planejamento Estratégico de Marketing. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Processos de planejamento, implementação e controle estratégicos ...................... 13 Figura 2 – O processo de planejamento estratégico de unidades de negócios ......................... 15 Figura 3 – Curva de experiência ............................................................................................... 18 Figura 4 – Matriz de Crescimento-Participação do Boston Consulting Group – Matriz BCG 18 Figura 5 – Etapas do Desenvolvimento do Estudo ................................................................... 25 Figura 6 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2011 ................................ 34 Figura 7 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2012 ................................ 35 Figura 8 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2013 ................................ 36 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Comparativo Quantidade Importada versus Quantidade Vendida ......................... 27 Tabela 2 – Tamanho do Mercado em 2010 .............................................................................. 28 Tabela 3 – Tamanho do Mercado em 2011 .............................................................................. 28 Tabela 4 – Tamanho do Mercado em 2012 .............................................................................. 29 Tabela 5 – Tamanho do Mercado em 2013 .............................................................................. 30 Tabela 6 – Taxa de Crescimento do Mercado (%) ................................................................... 30 Tabela 7 – Quantidade vendida pela empresa e seu principal concorrente nos anos de 2011 a 2013 .......................................................................................................................................... 31 Tabela 8 – Participação de mercado relativa à do principal concorrente ................................. 32 Tabela 9 – Faturamento (em R$) do produto A ....................................................................... 32 Tabela 10 – Área da circunferência (unidade de área) ............................................................. 33 Tabela 11 – Variáveis-chave para elaboração da Matriz BCG referente ao produto A ........... 33 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 13 2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................ 13 2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO CORPORATIVO E EM NÍVEL DE DIVISÃO .... 14 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA UNIDADE DE NEGÓCIOS ........................... 14 2.4 PLANEJAMENTO DE PRODUTO .................................................................................. 15 2.4.1 Gestão de Portfólio .......................................................................................................... 16 2.4.1.1 Matriz BCG .................................................................................................................. 17 2.4.1.1.1 Vantagens na utilização da Matriz BCG ................................................................... 20 2.5 ESTRATÉGIAS ................................................................................................................. 21 2.5.1 Estratégias para a Matriz BCG ........................................................................................ 21 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 24 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................... 24 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 27 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 27 4.2 COLETA DOS DADOS..................................................................................................... 27 4.2.1 Tamanho do Mercado ...................................................................................................... 27 4.2.2 Crescimento do Mercado ................................................................................................. 30 4.2.3 Participação de Mercado ................................................................................................. 31 4.2.4 Participação de Mercado Relativa ................................................................................... 31 4.2.5 Faturamento ..................................................................................................................... 32 4.2.6 Área da Circunferência .................................................................................................... 32 4.3 ELABORAÇÃO E ANÁLISE DA MATRIZ BCG ........................................................... 33 4.4 ELABORAÇÃO DE PROPOSTA ..................................................................................... 36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 38 9 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 40 10 1 INTRODUÇÃO O cenário globalizado e em constante mutação eleva o nível de competitividade entre as organizações, tornando essencial a busca constante por um diferencial competitivo que assegure o desenvolvimento, o crescimento, a manutenção e a sobrevivência das empresas no mercado. Para o desenvolvimento de um diferencial, é necessário que as organizações estejam cientes do ambiente onde estão inseridas e das mudanças que ocorrem nele, para que assim possam traçar objetivos e estratégias de acordo com a dinâmica do mercado onde atuam. Portanto, é de extrema importância para as organizações que desejam se manter e expandir seus negócios, realizar o planejamento estratégico. Para Etzel, Walker e Stanton (2001, p.56), “Após concluir o planejamento estratégico para a organização como um todo, a administração precisa estabelecer planos para cada área funcional importante, como marketing [...]. Certamente, o planejamento para cada função deve ser guiado pela missão ampla da organização e pelos objetivos”. Conforme afirma Andrade (2009), para o estabelecimento de estratégias específicas de um plano de marketing se faz necessária uma análise mais detalhada dos produtos do negócio e da posição da empresa. Portanto, com o intuito de auxiliar as decisões estratégicas relacionadas ao portfólio de produtos, algumas ferramentas de análise e tomada de decisão foram desenvolvidas a partir dos finais da década de 50. Dentre elas, o modelo do Boston Consulting Group considerado o método de planejamento de portfólio mais conhecido na atualidade (KOTLER e ARMSTRONG, 2007). Dessa maneira, o presente trabalho propõe-se à realização do estudo do posicionamento de um determinado produto, utilizando a Matriz Boston Consulting Group (BCG). O propósito desta análise é fornecer informações aos tomadores de decisão da empresa, através de argumentos que possibilitem definir ações relacionadas ao referido produto, visando um melhor gerenciamento dos recursos financeiros. A aplicação do modelo citado foi realizada em um determinado produto que compõem o portfólio da organização identificado como produto A, cuja participação em volume de vendas é bastante representativa, além disso, observa-se que ao longo dos anos houve o aumento do número de concorrentes no segmento de vendas deste produto. Diante do exposto, qual o posicionamento do produto A no modelo do Boston Consulting Group também conhecido como Matriz Crescimento-Participação? Quais estratégias de marketing adotar de acordo com a sua classificação? 11 Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar o posicionamento do produto A no modelo de análise de negócios, a Matriz Boston Consulting Group (BCG). Os objetivos específicos são: Realizar levantamento das informações necessárias para a construção da Matriz BCG; Elaborar a Matriz BCG para o produto A; Identificar o posicionamento do produto A na Matriz BCG; Sugerir estratégias de marketing para o produto A com base na análise da ferramenta aplicada. Para tanto, foram elaboradas duas hipóteses que serão verificadas no desenvolvimento da pesquisa: Há perspectiva de crescimento do mercado no qual o produto A atua. Existe oportunidade de aumento da participação relativa de mercado para o produto A. A partir do histórico de vendas e da identificação de novos entrantes será feita a análise do crescimento do mercado e da participação relativa de mercado para o produto A. Com isso, o estudo permitirá entender se há ou não possibilidade de crescimento da participação do produto analisado, sua condição e posicionamento atual, e quais ações tomar para manter e/ou promover sua permanência no mercado. O desenvolvimento deste trabalho será realizado por meio de uma pesquisa exploratória e descritiva, baseada na análise e aplicação da Matriz BCG como ferramenta de gestão do Planejamento Estratégico de Marketing de uma empresa de bens de capital. A pesquisa exploratória será feita a partir do levantamento de referenciais bibliográficos visando compreender as teorias e metodologias existentes para estudo e desenvolvimento da Matriz BCG, utilizada como ferramenta analítica fornecedora de informações para o plano estratégico de marketing da organização. A etapa descritiva será realizada através de um estudo de caso, iniciando com a coleta de dados que possibilitarão a elaboração da Matriz BCG e o desenvolvimento da proposta de estratégias de marketing para o produto A. O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro é a introdução, que visa apresentar o assunto, definir o problema da pesquisa, expor os objetivos geral e específicos, as hipóteses, a justificativa, a delimitação e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo refere-se à fundamentação teórica, elaborada a partir de uma pesquisa bibliográfica, 12 contemplando o conteúdo relacionado ao problema, que será a base para o desenvolvimento desta pesquisa. No terceiro capítulo é descrita a metodologia empregada para coleta e análise dos dados. Na sequência, no quarto capítulo será realizado o estudo de caso e a análise dos resultados obtidos. No quinto são descritas as considerações finais e sugestões para outros trabalhos. E por fim são listadas as referências utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos definidos pelos autores estudados que servem como base para o desenvolvimento deste trabalho. 2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O planejamento estratégico é uma das funções básicas para o bom desempenho de uma organização. Segundo Kotler (2000), o planejamento estratégico é o processo gerencial de desenvolver e manter um equilíbrio entre objetivos, habilidades e recursos de uma organização e as oportunidades de um mercado. Para Tavares (2000), planejamento estratégico é uma técnica administrativa que visa manter a organização integrada a seu ambiente, identificando oportunidades e ameaças, pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão. Thompson Jr. e Strickland III (2002) afirmam que o planejamento estratégico é constituído pelo desenvolvimento da missão e visão estratégica, pelo estabelecimento de objetivos e estratégias que indicarão o rumo da organização. Segundo Kotler e Keller (2006), as grandes organizações adotam quatro níveis para o planejamento estratégico: nível corporativo, nível de divisão, nível de unidade de negócios e nível de produto (Figura 1). Figura 1 – Processos de planejamento, implementação e controle estratégicos Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 43) 14 Conforme afirmam Koltler e Keller (2006), os objetivos desenvolvidos no nível corporativo devem ser desdobrados para os níveis inferiores, sendo assim, elaborados os planos estratégicos das divisões, das unidades de negócios e os planos de marketing, a fim de atingir os objetivos de longo prazo. Os planos são implementados nos níveis apropriados da organização, sendo monitorados os resultados e adotadas ações corretivas quando necessário. 2.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO CORPORATIVO E EM NÍVEL DE DIVISÃO No planejamento estratégico corporativo a matriz da empresa estabelece definições de missão e políticas, que baseiam, juntamente com a análise do cenário, a elaboração de metas e estratégias corporativas, delineando, dessa forma, a estrutura na qual as divisões e unidades de negócios preparam seus planos (KOTLER e KELLER, 2006). Ainda segundo os autores, a matriz define as unidades de negócios (UENs) que compõem a organização, estipula as quantidades de recursos que serão alocados a cada UEN e, ainda, avalia as respectivas oportunidades de crescimento, envolvendo o planejamento de novos negócios, bem como a redução ou a extinção de negócios superados. Churchill Jr. e Peter (2005, p. 94) definem unidade estratégica de negócio (UEN) como “uma parte da empresa que tem uma missão distinta, seus próprios concorrentes, vende um produto ou um grupo de produtos similares e pode ter um planejamento independente de outras unidades da empresa”. Conforme Churchill Jr. e Peter (2005), as decisões referentes à distribuição de recursos entre as UENs de uma empresa formam o plano de portfólio da organização. Esse plano especifica quais unidades estratégicas a empresa deseja ampliar, manter ou eliminar. Após identificar as unidades estratégicas de negócios da empresa, é possível desenvolver estratégias separadas e alocar adequadamente os recursos. Para isso, a alta administração necessita de ferramentas analíticas para classificar seus negócios de acordo com o potencial de lucros (KOTLER e KELLER, 2006). 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA UNIDADE DE NEGÓCIOS Cada UEN deve conduzir seu próprio planejamento estratégico de negócios, que consiste em um processo de oito etapas (Figura 2). 15 Figura 2 – O processo de planejamento estratégico de unidades de negócios Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 43) Para Etzel, Walker e Stanton (2001, p.56), “Após concluir o planejamento estratégico para a organização como um todo, a administração precisa estabelecer planos para cada área funcional importante, como marketing [...]. Certamente, o planejamento para cada função deve ser guiado pela missão ampla da organização e pelos objetivos”. Cada unidade de negócios e produtos desenvolve planos de marketing e outros planos departamentais detalhados que apoiem o plano geral da empresa. Assim, o planejamento de marketing apoia o planejamento estratégico da empresa com planos mais detalhados para oportunidades de marketing específicas (KOTLER e ARMSTRONG, 2007). 2.4 PLANEJAMENTO DE PRODUTO Kotler e Keller (2006) afirmam que a partir dos planos estabelecidos em níveis superiores da organização, são elaborados planos de marketing para produtos individuais, linhas de produtos, marcas, canais ou grupos de clientes, visando atingir suas metas. O processo de planejamento estratégico demonstrado por Churchill Jr. e Peter (2005) inicia com a definição da missão, os objetivos, a elaboração das estratégias baseadas na matriz produto/mercado e SWOT (acrônimo em inglês de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), realizando na sequência, a análise do portfólio baseada nos modelos do Boston Connsulting Group e da General Electric, para então elaborar o plano de marketing. O processo de desenvolvimento do plano de marketing é composto por quatro etapas: exame do plano estratégico organizacional, análise ambiental, desenvolvimento de objetivos e estratégias de marketing e determinação dos custos e benefícios financeiros (CHURCHILL JR. e PETER, 2005). 16 2.4.1 Gestão de Portfólio As empresas muitas vezes atuam em mais de uma linha de negócios, possuem um grupo ou portfólio de unidades de negócios, assim como um investidor pode ter um portfólio de ações (CHURCHILL JR. e PETER, 2005). A gestão de portfólio possui um papel de extrema relevância na análise estratégica das empresas. Esta técnica possibilita o alinhamento estratégico entre projetos e a visão de negócios de uma organização (CARVALHO e LAURINDO, 2003). Cooper, Edgett e Kleinschmidt (2001) relatam que a gestão de portfólio, como ferramenta analítica de negócios, pode ser utilizada como instrumento de gestão corporativa, de tecnologia, de marketing e vendas, de operações e de produção. A gestão de portfólio é um processo de decisão dinâmico, no qual uma lista dos projetos de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos é constantemente atualizada e revisada. Neste processo novos projetos são avaliados, selecionados, e priorizados; os projetos existentes podem ser acelerados, abortados ou despriorizados; e os recursos são alocados e realocados aos projetos ativos (COOPER, EDGETT e KLEINSCHMIDT, 2001). De acordo com Killen, Hunt e Kleinschmidt (2008), a gestão de portfólio é uma ferramenta que auxilia na seleção de projetos a serem desenvolvidos dentro de um programa organizacional. Segundo a visão de Closs et al. (2008), a gestão de portfólio é o estudo e a análise dos produtos que compõe o portfólio de uma companhia, com a finalidade de identificar quais são os melhores e piores produtos, para que ações sejam elaboradas e implantadas de forma a alcançar os objetivos da empresa. Sertek, Guindani e Martins (2009), apud Andrade (2009) afirmam que os modelos mais utilizados pelos estrategistas para realizar a análise de negócios são: ciclo de vida do produto (CVP), análise da matriz produto-mercado, abordagem de portfólio (Matriz BCG) e a análise SWOT. Andrade (2009) considera oportuno o uso do ciclo de vida do produto (CPV) e da abordagem de portfólio (Matriz BCG) como modelos de análise de negócios. Segundo Kotler e Armstrong (2007) o método de planejamento de portfólio mais conhecido é o modelo do Boston Consulting Group. 17 2.4.1.1 Matriz BCG A Matriz BCG (Matriz Crescimento-Participação) é uma ferramenta analítica que objetiva classificar os produtos de uma determinada empresa, de acordo com o seu potencial de lucro. Dessa maneira, a Matriz BCG permite à empresa analisar seu portfólio de produtos, visando uma melhor distribuição de seus recursos (KOTLER, 2000). A Matriz BCG foi desenvolvida em meados dos anos 60, por Alan J. Zakon, executivo do BCG – Boston Consulting Group e por William W. Wommack, executivo da Mead Corporation (AMBRÓSIO e AMBRÓSIO, 2005). Esta matriz foi inspirada na área financeira, mais precisamente na atividade de administração de títulos e valores disponíveis para investimento, sendo, posteriormente, identificada sua aplicabilidade como ferramenta analítica na gestão das organizações. Pois, do mesmo modo como é difícil para um investidor equilibrar os recursos entre os diversos títulos existentes no mercado financeiro, para o executivo da empresa é difícil indicar o mix ideal das linhas de produtos ou serviços, e a quantidade correta de recursos que serão alocados entre as diversas linhas de produtos ou serviços (OLIVEIRA, 2009a). A Matriz é utilizada para gerenciar a carteira ou portfólio de produtos e tem sido aplicada, com maior frequência, na criação de políticas de investimento e administração de caixa em empresas que comercializam diversos produtos (PEREIRA, 2007). Wong et al. (2013) comentam que uma ferramenta útil para o desenvolvimento dos objetivos de marketing é a matriz portfólio de produtos do Boston Consulting Group (BCG). Esta matriz proporciona uma representação gráfica para que as empresas diversificadas tomem decisões sobre a alocação de seus recursos no suporte de unidades de negócios específicas. Sendo possível analisar unidades de negócios, linhas de produtos, marcas ou produtos individuais. Porter (2009, p. 378) afirma que “uma análise deste tipo se faz necessária para determinar a posição competitiva de uma unidade empresarial a fim de traduzir essa posição em uma estratégia concreta”. A Matriz BCG é baseada no volume de vendas da empresa, sendo este representado pela área dos círculos; na participação de mercado relativa ao principal concorrente; e na taxa de crescimento do mercado (OLIVEIRA, 2009a). Ambrósio e Ambrósio (2005) relatam que a Matriz BCG é sustentada pelo conceito da curva de experiência que apresenta uma relação entre o custo unitário e a produção total acumulada, conforme Figura 3. Com base nesse conceito, os autores entendem que os 18 produtos com elevada participação relativa no mercado deveriam apresentar, uma vantagem competitiva em comparação aos seus concorrentes, relacionada ao custo. Figura 3 – Curva de experiência Fonte: Oliveira (2009a, p. 258) A Matriz BCG relaciona o crescimento do mercado com a participação relativa de mercado. Esses aspectos podem ser considerados em dois níveis: alto e baixo, gerando dessa maneira, quatro quadrantes (Figura 4) que permitem classificar os produtos, serviços ou negócios (OLIVEIRA, 2009a). Figura 4 – Matriz de Crescimento-Participação do Boston Consulting Group – Matriz BCG Fonte: Kotler (2000, p. 91) 19 A matriz crescimento-participação apresenta no eixo vertical a taxa de crescimento do mercado, que varia de 0 a 20 por cento; neste caso, uma taxa superior a 10 por cento é considerada alta. E no eixo horizontal apresenta a participação relativa de mercado, que indica a razão entre a participação do produto pertencente à empresa em estudo e a do seu principal concorrente. Uma participação relativa de 0,1 indica que o volume de vendas dessa empresa é apenas 10% do volume de vendas do líder; uma participação relativa de 10 significa que a companhia é líder em 10 vezes o volume de vendas do maior concorrente. O eixo é dividido no ponto em que a parcela é 1,0, de forma que alta participação relativa (parcela) significa a liderança do mercado, tendo como valor máximo dez unidades (KOTLER, 2000; OLIVEIRA, 2009a). A fim de facilitar a identificação dos componentes de cada quadrante, Oliveira (2009a) relata que foram designados nomes específicos para os ocupantes da matriz crescimentoparticipação, sendo: estrelas, vacas leiteiras, pontos de interrogação, e abacaxis também designados por cães ou animais de estimação. Cada uma das quatro categorias apresentam características e alternativas de estratégias distintas. Produtos, serviços ou negócios classificados como estrelas caracterizam-se por estarem presentes em um mercado de alta taxa de crescimento e alta participação relativa. Representam um desafio para a empresa: geram lucros significativos, mas, ao mesmo tempo, exigem grandes investimentos em comunicação, pesquisa e desenvolvimento, além de custos fixos e operacionais para manter sua liderança no mercado (OLIVEIRA, 2009a; WONG et al., 2013). Quando o crescimento de um setor diminui para abaixo de 10 por cento e a empresa continua líder no mercado, as estrelas tornam-se vacas leiteiras. Normalmente geram caixa excedente, ou seja, acima das suas necessidades de investimento. A empresa pode utilizar os recursos excedentes para investir em outros produtos, serviços ou negócios em desenvolvimento (KOTLER, 2000; PORTER, 2004; OLIVEIRA, 2009a). Os pontos de interrogação são negócios posicionados em um mercado altamente competitivo, com alta taxa de crescimento, mas têm baixa participação relativa, exigindo elevados investimentos para manter a participação, e ainda mais, para aumentá-la. Além disso, geram pequenos volumes de caixa devido à sua posição competitiva insatisfatória. Portanto, cabe à empresa analisar a permanência desses produtos, serviços ou negócios em seu portfólio (KOTLER, 2000; PORTER, 2004; OLIVEIRA, 2009a). Os abacaxis são aqueles com baixa taxa de crescimento de mercado e baixa participação relativa. Geram baixos lucros ou até prejuízos, tornando-se armadilhas de caixa 20 devido à sua fraca posição competitiva. Nesse caso, a empresa deve avaliar as razões para manutenção desses negócios: espera de uma reviravolta na taxa de crescimento do mercado, uma nova chance para conquistar a liderança ou por razões sentimentais (KOTLER, 2000; PORTER, 2004; SILVA et al., 2006). Na lógica da Matriz de Crescimento-Participação, as vacas leiteiras financiam os outros negócios em desenvolvimento na empresa, suas receitas excessivas são empregadas para transformar pontos de interrogação em estrelas. Uma vez estrela, um negócio torna-se uma vaca leiteira quando o crescimento de mercado diminui. Os pontos de interrogação que não foram escolhidos para investimento devem ser colhidos, ou seja, administrados para gerar caixa até que se tornem abacaxi. Os abacaxis devem ser colhidos ou retirados do portfólio. Uma empresa deve administrar seu portfólio de acordo com a Matriz BCG, de tal modo fique em equilíbrio de caixa (PORTER, 2004). 2.4.1.1.1 Vantagens na utilização da Matriz BCG Oliveira (2009a) identifica as principais vantagens advindas da utilização do modelo proposto pelo BCG – Boston Consulting Group, como sendo: a) A simplicidade do modelo possibilita a classificação dos produtos, serviços ou negócios da empresa em quatro categorias distintas, cuja denominação indica a situação do item ali posicionado, e facilita a análise do composto da organização. b) A dinâmica da Matriz BCG está em relacionar simultaneamente suas variáveis, permitindo uma melhor alocação de recursos, bem como a identificação dos caminhos que serão percorridos pelos produtos que compõem o portfólio da empresa. c) A geração de estratégias torna fundamental a análise do portfólio de produtos no processo de planejamento da empresa, pois através desse modelo é possível elaborar um número relevante de alternativas estratégicas para a organização. d) A integração, pois o autor considera um erro administrativo a análise de produtos, serviços e negócios como se fossem iguais, ou seja, tivessem o mesmo comportamento, ou ainda, considerá-los independentes entre si; assim como considerar as decisões de alocação de recursos como eventos independentes. 21 2.5 ESTRATÉGIAS Segundo Barney (2002), estratégia é uma teoria de como uma empresa deve competir para ser bem-sucedida e ter vantagem competitiva para suas ações criarem valor econômico. A estratégia organizacional constitui o mecanismo através do qual a organização interage com seu contexto ambiental (MINTZBERG et al., 2004). Oliveira (2009b, p. 181) define estratégia como “um caminho, ou maneira, ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente de maneira diferenciada, as metas, os desafios e os objetivos estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente”. 2.5.1 Estratégias para a Matriz BCG Objetivos e estratégias podem ser definidos com base na análise da Matriz BCG. De acordo com a localização dos produtos são sugeridas diversas opções estratégicas (WONG et al., 2013). Kotler (2000) e Churchilli Jr. e Peter (2005) determinam quatro tipos de estratégias: a) A estratégia de construir objetiva transformar um ponto de interrogação em estrela, através do aumento a participação de mercado, mesmo que signifique renunciar a lucros de curto prazo. Ações como propaganda intensiva, maior disponibilidade de produtos ou preços baixos podem ser estabelecidas. b) Manter objetiva preservar a participação de mercado. É adequado para vacas leiteiras fortes, caso se deseje que continuem rendendo grandes fluxos positivos de caixa. A ação indicada é a retenção de clientes. c) A estratégia de colher objetiva aumentar o fluxo de caixa de curto prazo, independentemente do efeito a longo prazo. A esperança é reduzir custos a um ritmo mais intenso do que o de qualquer redução potencial nas vendas, o que pode resultar em um aumento no fluxo de caixa positivo. Essa estratégia é adequada para vacas leiteiras fracas, cujo futuro é pouco claro e exige mais fluxo de caixa, podendo ser utilizada em pontos de interrogação e abacaxis. Esta estratégia determina ações como diminuir as verbas de promoção para obter o lucro máximo. d) A decisão de abandonar ou liquidar unidades de negócios que representam um peso para os lucros da empresa como os abacaxis e pontos de interrogação, 22 levam a ações de venda ou interrupção da comercialização de um produto ou marca, disponibilizando recursos para oportunidades mais atraentes. Para Oliveira (2009a), há necessidade de se estabelecer estratégias distintas de acordo com a classificação do produto na Matriz BCG: a) As estratégias definidas para os produtos estrelas são proteger participação atual, por meio do reinvestimento dos lucros, sob forma de redução de preço, aperfeiçoamento do produto, melhor cobertura do mercado, aumento de eficiência da produção, etc; preparar a sustentação necessária para que se tornem produtos vacas leiteiras, quando a taxa de crescimento do mercado se tornar lenta; obter grande participação de novos usuários, ou novas aplicações; e maximizar os lucros e o fluxo de caixa a curto prazo, em detrimento da participação no mercado a longo prazo. b) Para as vacas leiteiras são indicadas estratégias de manter o domínio do mercado, inclusive os investimentos em tecnologia; manter a liderança, tomando cuidado na definição dos preços; e não realizar elevados investimentos, a não ser que as perspectivas para o aumento da demanda sejam extraordinárias; c) Aos pontos de interrogação definem-se estratégias como realizar elevados investimentos, para aumentar a participação nas novas vendas; aumentar a participação de mercado, através da aquisição de concorrentes, levando o produto à categoria estrela; sair do negócio; e segmentar o mercado, somente se possível a identificação de um nicho e se houver disponibilidade de recursos para obter significativa participação no mercado. d) Com os abacaxis indica-se reduzir os problemas sem desinvestir; descobrir alternativas para tornar o desinvestimento atraente; e abandonar o produto. De acordo com Wong et al. (2013), as estratégias e ações definidas pela classificação dos produtos na matriz são: a) Nas estrelas buscar investir para crescer. Os investimentos podem ser feitos através de atividades de comunicação, pesquisa de mercado, acréscimo de pesquisa e desenvolvimento sobre produto e seus benefícios, aumento da produção e crescimento das redes de distribuição. Estratégias de marketing para produtos estrela devem ser agressivos com vendas, propaganda, preços e promoções de vendas de alto nível. 23 b) As vacas leiteiras requerem administração para reter sua capacidade de gerar receita. As estratégias de marketing devem buscar manter a participação de mercado ao promover e estender linhas de produto bem-sucedidas e eliminar as linhas ou os itens sem sucesso. As campanhas de comunicação devem ser voltadas para a diferenciação e a manutenção ou o aumento do conhecimento da marca e lealdade do mercado. Além disso, é indicado manter os preços estáveis através de liquidações e atividades promocionais periódicas. c) Os pontos de interrogação devem ser selecionados para investimentos seletivos. Eles são capazes de proporcionar um bom retorno sobre o investimento se tornando estrelas. No entanto, sem investimento podem se tornar abacaxis. Estratégias de marketing devem incluir identificação de segmentos de mercado de nicho ou emergente e quais atividades de comunicação realizar. d) Os abacaxis situados próximo às vacas leiteiras devem ser cultivados ou vendidos para empresas menores como produtos de mercado de nicho. Os abacaxis genuínos devem ser reduzidos, minimizando os gastos com marketing e eliminando itens. 24 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos que orientaram esta pesquisa. Segundo Gil (2007), pesquisa é definida como o “procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Com o intuito de que os objetivos propostos sejam atingidos, os mesmos devem estar apoiados em uma metodologia, para que sejam conduzidos de forma adequada. Quanto aos meios de realização da pesquisa, e à conduta em relação aos dados, este trabalho pode ser dividido em duas etapas: exploratória e descritiva. Conforme Gil (2007), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema através do aprimoramento dos conceitos, a fim de torná-lo mais explícito. Para Malhotra (2012) a pesquisa exploratória pode ser adotada para identificar rumos alternativos de ação ou obter informações adicionais, antes que se possa desenvolver uma abordagem ao problema. Segundo Gil (2007), este tipo de pesquisa envolve, em sua maioria, levantamento bibliográfico e análise de exemplos que possibilitem o entendimento do problema. Já a pesquisa descritiva, segundo Malhotra (2012), é um tipo de pesquisa conclusiva que tem como principal objetivo descrever algo, normalmente são características ou funções de mercado. Essa pesquisa apoia-se na estatística descritiva para realizar as descrições da população (mediante amostra probabilística) ou do fenômeno, ou relacionar variáveis. São exemplos de pesquisa descritiva: estudos de caso, análise documental, pesquisa ex-post-facto. Gil (2007) define estudo de caso como estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Para Yin (2005), a investigação, por meio de um estudo de caso, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir à coleta e à análise de dados. 3.1 MATERIAIS E MÉTODOS O desenvolvimento do estudo foi elaborado em cinco etapas, conforme Figura 5. Na primeira etapa, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, buscando em livros e periódicos, a fundamentação teórica do objeto de estudo. 25 Figura 5 – Etapas do Desenvolvimento do Estudo • Elaboração da Fundamentação Teórica • Coleta dos Dados • Construção da Matriz BCG • Análise da Matriz BCG • Formulação de Ações de Marketing Fonte: Primária, 2014 Para a aplicação da Matriz BCG no estudo de caso, primeiramente, foi necessário definir qual negócio, linha de produto ou produto seria analisado, sendo escolhido um produto cuja participação nas vendas é expressiva, denominado como produto A. Após definido o produto, foram levantados os dados referentes às variáveis-chave necessárias para a elaboração da Matriz BCG. Segundo Oliveira (2009a), a Matriz BCG relaciona três variáveis principais: 1. A taxa de crescimento do mercado; 2. A participação de mercado relativa à do principal concorrente; e 3. O volume de vendas da empresa, representando pela área dos círculos no gráfico da Matriz BCG. Ficou estabelecida a coleta e análise dos dados referentes ao período de 2010 a 2013 a fim de fornecer maiores informações e possibilitar uma análise do comportamento do mercado, auxiliando na definição de ações relacionadas ao referido produto. Segundo Ambrósio e Ambrósio (2005), a Matriz BCG é elaborada a partir de uma planilha preenchida com dados reais, que objetiva calcular as variáveis-chave para elaboração da Matriz. A partir dos dados coletados na empresa foi elaborada uma planilha em Excel com as seguintes informações: o volume de vendas (em unidades físicas) do mercado ao qual o produto A pertence, a participação de mercado do produto A e do seu principal concorrente e o faturamento do produto A. A taxa de crescimento de mercado do produto A, a participação de mercado relativa e a área de circunferência foram calculadas a partir destas informações. 26 Por fim, a partir do cálculo das variáveis-chave foi possível elaborar as Matrizes BCG para cada ano de estudo, possibilitando sua análise e elaboração de ações de marketing para o produto A. 27 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA A fim de preservar a identidade da empresa e garantir o sigilo e a confidencialidade das informações, o nome da empresa não foi citado. Contudo, pode-se dizer que a empresa, localizada no estado de Santa Catarina, atua no segmento de bens de capital, fornecendo máquinas e equipamentos destinados ao uso industrial, profissional e doméstico. 4.2 COLETA DOS DADOS 4.2.1 Tamanho do Mercado A fim de obter a taxa de crescimento do mercado foram tabulados e analisados os dados de importação, obtidos através de fonte secundária (Receita Federal), possibilitando identificar os concorrentes e as quantidades importadas pelos mesmos, pois é de conhecimento da empresa que os players presentes no mercado utilizam a estratégia de importar o produto. Como não foi possível identificar o volume de vendas das empresas concorrentes, o mesmo foi então estimado a partir da taxa de conversão de vendas do produto A no período analisado (Tabela 1). Tabela 1 – Comparativo Quantidade Importada versus Quantidade Vendida Ano Quantidade Importada Quantidade Vendida 2010 2011 2012 2013 Total 48.576 60.652 53.628 109.960 272.816 52.742 55.097 67.646 65.733 241.218 Taxa de Conversão de Vendas 108,58% 90,84% 126,14% 59,78% 88,42% Fonte: Primária, 2014. Analisando a taxa de conversão de vendas da Tabela 1, verifica-se que 88,42% das unidades importadas do produto A foram efetivamente vendidas no período. Com base neste valor, foi admitida para as empresas concorrentes uma taxa de conversão de 90% (o que implica afirmar que do total importado, 90% foi convertido em vendas físicas). Para a empresa em estudo, foram considerados os dados das unidades vendidas, tanto produtos 28 importados quanto fabricados. As taxas de conversão de vendas superiores a 100% são justificadas em função de estoque remanescente. Com isso, foi possível determinar o tamanho do mercado do Produto A durante o período de 2010 a 2013. Na Tabela 2 são apresentados o volume de vendas (físico) e a participação de mercado de cada empresa participante do mercado no ano de 2010. Tabela 2 – Tamanho do Mercado em 2010 Marca Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Empresa E Empresa X Empresa F Empresa G Mercado Quantidade Vendida Participação de Mercado 72.170 27.369 18.434 13.356 9.166 5.130 450 226 49,33% 18,71% 12,60% 9,13% 6,26% 3,51% 0,31% 0,15% 146.300 100,00% Fonte: Primária, 2014. Observa-se que, em 2010, estavam presentes no mercado oito empresas, sendo a empresa A (objeto de estudo) a líder de mercado – com 49,33% de market share. A Tabela 3, a seguir, apresenta os dados de 2011. Tabela 3 – Tamanho do Mercado em 2011 Marca Empresa A Empresa C Empresa D Empresa B Empresa E Empresa F Empresa G Empresa H Mercado Quantidade Vendida Participação de Mercado 70.098 22.059 13.032 5.040 2.700 2.505 2.070 161 59,57% 18,75% 11,08% 4,28% 2,29% 2,13% 1,76% 0,14% 117.665 100,00% Fonte: Primária, 2014. 29 Constata-se na Tabela 3 que não houve alteração na quantidade de empresas participantes do mercado, tendo a saída da empresa X e a atuação de uma nova empresa, a empresa H. Observa-se, ainda, que a empresa A aumentou sua participação de mercado passando de 49,33% em 2010 para 59,57% em 2011, mesmo com a queda nas vendas totais em comparação ao ano de 2010. No ano de 2012, o mercado mostrou recuperação, sendo a quantidade total vendida superior aos anos de 2010 e 2011 (Tabela 4). Tabela 4 – Tamanho do Mercado em 2012 Marca Empresa A Empresa C Empresa D Empresa B Empresa I Empresa E Empresa H Empresa J Empresa K Empresa L Mercado Quantidade Vendida Participação de Mercado 80.143 29.124 15.955 13.889 10.350 7.200 2.124 1.166 900 257 49,74% 18,08% 9,90% 8,62% 6,42% 4,47% 1,32% 0,72% 0,56% 0,16% 161.108 100,00% Fonte: Primária, 2014. Verifica-se a partir dos dados da Tabela 4 a atuação de quatro novos players no mercado: empresa I, empresa J, empresa K e empresa L. Este fato ocasionou maior competição no mercado, afetando diretamente as vendas da empresa A, cujo market share recuou de 59,57% em 2011 para 49,74% em 2012. No ano de 2013, houve novamente a entrada de novos players (Tabela 5), tendo mais três novos atuantes: empresa M, empresa N e empresa O. Ocorreu retração de mercado, ou seja, o volume de vendas diminuiu em comparação a 2012, permanecendo maior em relação aos anos de 2010 e 2011. Devido aos fatores de aumento da concorrência e diminuição das vendas totais, a empresa A teve, assim como no ano anterior, redução na sua participação de mercado de 49,74% em 2012 para 49,50% em 2013. Já sua principal concorrente, a empresa C obteve crescimento na sua participação de mercado passando de 18,08% em 2012 para 18,94% em 2013. 30 Tabela 5 – Tamanho do Mercado em 2013 Marca Empresa A Empresa C Empresa I Empresa B Empresa D Empresa M Empresa N Empresa K Empresa G Empresa O Empresa E Empresa J Empresa H Empresa L Mercado Quantidade Vendida Participação de Mercado 75.177 28.768 16.560 7.560 6.971 4.500 3.107 2.621 2.169 1.350 1.287 1.058 594 162 49,50% 18,94% 10,90% 4,98% 4,59% 2,96% 2,05% 1,73% 1,43% 0,89% 0,85% 0,70% 0,39% 0,11% 151.883 100,00% Fonte: Primária, 2014. Analisando as vendas no período, constata-se que entre os anos de 2010 e 2013 oito novos concorrentes passaram a fornecer um produto similar ao produto A, e as empresas F e X deixaram de fornecê-lo. 4.2.2 Crescimento do Mercado A partir do tamanho do mercado (unidades físicas vendidas), foram calculadas as taxas de crescimento do mercado conforme mostra a Tabela 6, tendo como base os dados dos anos de 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 através da seguinte fórmula: Tabela 6 – Taxa de Crescimento do Mercado (%) 2010/2011 -19,6% 2011/2012 36,9% Fonte: Primária, 2014. 2012/2013 -5,7% 31 Analisando os dados da Tabela 6, percebe-se que no ano de 2011 houve retração do mercado (-19,6%), no entanto no ano de 2012 o mercado expandiu significativamente (36,9%), tendo nova queda no ano de 2013 (-5,7%). 4.2.3 Participação de Mercado Para calcular a participação de mercado relativa à do principal concorrente são necessárias as unidades físicas vendidas pela empresa em estudo (empresa A), bem como o volume vendido pelo seu principal concorrente (empresa C). Com base nestas informações é calculada a participação de mercado relativa conforme mostra a Tabela 7. Tabela 7 – Quantidade vendida pela empresa e seu principal concorrente nos anos de 2011 a 2013 Ano 2011 2012 2013 Marca Quantidade Vendida Empresa A 70.098 Participação de Mercado Relativa 59,57% Empresa C Empresa A 22.059 80.143 18,75% 49,74% Empresa C 29.124 18,08% Empresa A 75.177 49,50% Empresa C 28.768 18,94% Fonte: Primária, 2014. A partir da análise do volume de vendas, percebe-se que o principal concorrente da empresa (empresa C) permanece o mesmo no período de 2011 a 2013. Além disso, é possível constatar que a participação de mercado da empresa A diminuiu ao longo do período de 2011 a 2013, sendo 59,57% em 2011, 49,74% em 2012 e 49,50% em 2013. Já a empresa C teve redução da sua participação de mercado de 18,75% em 2011 para 18,08% em 2012, tendo não apenas recuperado, mas superado sua participação para 18,94% em 2013. 4.2.4 Participação de Mercado Relativa A partir dos dados de vendas da empresa A e do seu principal concorrente (empresa C), foi calculada a participação de mercado relativa dos anos de 2011 a 2013 (Tabela 8) através da seguinte fórmula: 32 Tabela 8 – Participação de mercado relativa à do principal concorrente 2011 3,18 2012 2,75 2013 2,61 Fonte: Primária, 2014. Como reflexo da redução da participação de mercado da empresa A, o índice de participação relativa de mercado também diminuiu ao longo do período de 2011 a 2013. Por este índice entende-se que, por exemplo, em 2011, a empresa teve um volume de vendas 3,18 vezes maior que o seu principal concorrente. Dessa forma, a cada ano o volume de vendas da empresa C vem se aproximando da empresa A, mostrando a ameaça do concorrente e o aumento da rivalidade entre as empresas. 4.2.5 Faturamento A fim de calcular a área da circunferência do gráfico da Matriz BCG, foram levantados os dados de faturamento relativo ao produto A dos anos de 2011 a 2013 conforme mostra a Tabela 9. Tabela 9 – Faturamento (em R$) do produto A Ano Faturamento (em R$ 1.000.000,00) 2011 2012 2013 17,15 19,83 18,95 Fonte: Primária, 2014. Acompanhando as vendas, o faturamento aumentou em 2012 comparado a 2011 e diminuiu em 2013. 4.2.6 Área da Circunferência A partir dos dados de faturamento, foram calculadas as áreas dos círculos (Tabela 10) através da equação (1): 33 (1) AC = Área da Circunferência π = 3,141592654 Tabela 10 – Área da circunferência (unidade de área) 2011 2,34 2012 2,51 2013 2,46 Fonte: Primária, 2014. A área da circunferência é plotada no gráfico da Matriz BCG e tem como objetivo representar o volume de vendas (em unidades monetárias) de determinado produto, linha de produto ou unidade de negócio da empresa. 4.3 ELABORAÇÃO E ANÁLISE DA MATRIZ BCG A partir dos dados calculados, foi elaborada a Tabela 11 que mostra as variáveis de apoio envolvidas na elaboração da Matriz BCG: crescimento de mercado no ano em estudo, a participação da empresa no mercado total, a participação de mercado do maior concorrente, o faturamento e a área da circunferência. Tabela 11 – Variáveis-chave para elaboração da Matriz BCG referente ao produto A Participação Índice de Área da Crescimento Participação de mercado Participação Faturamento circunferência Ano de mercado de mercado do maior de mercado (em R$ (unidade de (%) (%) concorrente do maior 1.000.000,00) área) (%) concorrente 2011 2012 2013 -19,6% 36,9% -5,7% 59,57% 49,74% 49,50% 18,75% 18,08% 18,94% 3,18 2,75 2,61 17,15 19,83 18,95 2,34 2,51 2,46 Fonte: Primária, 2014. De posse destes dados, foram elaboradas as Matrizes para cada ano em estudo. Por meio de cada Matriz, será possível realizar análises detalhadas do produto A, bem como avaliar sua participação no mercado e a taxa de crescimento do mercado. 34 Conforme Ambrósio e Ambrósio (2005), por meio do método proposto, o pesquisador passa a ter disponível uma ferramenta de análise tanto qualitativa quanto quantitativa. É importante relembrar, ainda, o que, normalmente, cada um dos quadrantes da Matriz BCG significa: Estrela: investimento alto e faturamento alto; Vaca leiteira: investimento baixo e faturamento alto; Ponto de interrogação: investimento alto e faturamento baixo; Abacaxi: investimento baixo e faturamento baixo. A seguir, são apresentadas as análises específicas das Matrizes BCG geradas. O gráfico referente ao período de 2011 (Figura 6) apresenta a participação de mercado relativa à do principal concorrente no eixo “x” de 3,18, e no eixo “y” a taxa de crescimento do mercado, com valor de -19,6%. Figura 6 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2011 18,0% 13,0% 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 8,0%0,50 0,00 3,0% -2,0% -7,0% -12,0% -17,0% 3,18; -19,6% -22,0% -27,0% Fonte: Primária, 2014. Conforme Kotler (2000) e Oliveira (2009a), uma taxa de crescimento inferior a 10%, como no caso do ano de 2011 sendo de -19,6%, é considerada baixa. E uma participação de mercado relativa superior a 1, como neste caso de 3,18, significa a liderança do mercado. Portanto, no período de 2011, o produto A enquadrou-se como elemento vaca leiteira. Produtos classificados como vaca leiteira geram caixa excedente, ou seja, geram mais dinheiro do que pode ser investido de forma lucrativa em suas operações. Como a taxa de 35 crescimento do mercado é baixa, não é necessário financiar expansões de capacidade. Além disso, os custos de marketing tornam-se menores, pois a empresa já possui clientes fidelizados. Assim, a empresa pode utilizar os recursos excedentes para investir em outros produtos em desenvolvimento (KOTLER, 2000; CHIAVENATO e SAPIRO, 2003; PORTER, 2004). A Matriz BCG referente ao ano de 2012 (Figura 7) apresenta a participação de mercado relativa à do principal concorrente no eixo “x” de 2,75, e no eixo “y” a taxa de crescimento do mercado, com valor de 36,9%. Figura 7 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2012 45,0% 40,0% 2,75; 36,9% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 10,0% 1,00 5,0% 0,50 0,00 0,0% Fonte: Primária, 2014. Com uma taxa de crescimento do mercado superior a 10%, sendo de 36,9% e uma participação de mercado relativa à do principal concorrente maior que 1, sendo de 2,75, o produto A no ano de 2012 classificou-se como um elemento estrela. Produtos caracterizados como estrela rendem altos lucros, no entanto, por estarem em um mercado com elevado crescimento, exigem grandes montantes de caixa para sustentar esse crescimento, ou seja, os lucros precisam ser reinvestidos. Dessa forma, podem estar quase em equilíbrio de caixa. Investimentos em marketing são agressivos para que o produto mantenha ou aumente sua parcela de mercado. (KOTLER, 2000; CHIAVENATO e SAPIRO, 2003; PORTER, 2004) O gráfico referente ao período de 2013 (Figura 8) apresenta no eixo “x”, referente à participação de mercado relativa à do principal concorrente, o valor de 2,61 e no eixo “y”, relativo à taxa de crescimento do mercado, o valor de -5,7%. 36 Figura 8 – Matriz BCG aplicada ao produto A referente ao ano de 2013 0,0% 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 -1,0% 0,00 -2,0% -3,0% -4,0% -5,0% 2,61; -5,7% -6,0% -7,0% Fonte: Primária, 2014. Assim como no ano de 2011, em 2013 a taxa de crescimento de mercado foi inferior a 10%, sendo de -5,7%, e a participação de mercado relativa à do principal concorrente foi superior a 1, sendo de 2,61, estando, neste caso, o produto A classificado como um produto vaca leiteira. 4.4 ELABORAÇÃO DE PROPOSTA Para o desenvolvimento das sugestões de ações referentes ao produto A, primeiramente, é importante relembrar as estratégias abordadas pela literatura para os produtos classificados como estrela e vaca leiteira. As estratégias definidas para os produtos estrelas envolvem proteger a participação atual, por meio do reinvestimento dos lucros, sob forma de redução de preço, aperfeiçoamento do produto, melhor cobertura do mercado, aumento de eficiência da produção, entre outros. Além disso, obter grande participação de novos usuários, ou novas aplicações. Portanto, as estratégias de marketing devem ser agressivas com vendas, propaganda, preços e promoções de vendas de alto nível (OLIVEIRA, 2009a; WONG et al., 2013). Para as vacas leiteiras são indicadas estratégias de manter o domínio do mercado ao promover e estender linhas de produto bem-sucedidas e eliminar as linhas ou os itens sem sucesso. As campanhas de comunicação devem ser voltadas para a diferenciação e a manutenção ou o aumento do conhecimento da marca e lealdade do mercado. Além disso, é indicado manter os preços estáveis através de liquidações e atividades promocionais 37 periódicas e não realizar elevados investimentos, a não ser que as perspectivas para o aumento da demanda sejam extraordinárias (OLIVEIRA, 2009a; WONG et al., 2013). As principais constatações realizadas a partir da análise dos resultados foram o crescimento expressivo do número de concorrentes atuantes no mercado e a diminuição da participação de mercado da empresa na qual foi realizado o estudo. Portanto é de extrema importância elaborar ações que visem atuar sobre tais constatações buscando a recuperação e aumento da participação de mercado a fim de evitar a transformação do produto A em um produto abacaxi. O posicionamento do produto A como vaca leiteira nos anos de 2011 e 2013 é justificado, pois o produto já é consolidado no mercado pela empresa, sendo um produto tradicional tanto no mercado quanto no portfólio da empresa, e, ainda, possui um volume expressivo de vendas. Estando o produto classificado como vaca leiteira, utiliza-se a estratégia de manter a participação de mercado, dessa forma, são sugeridas algumas ações para o produto A: Realizar investimentos em marketing visando a manutenção ou o aumento do conhecimento da marca; Desenvolver um programa de retenção de clientes; Aumentar a cobertura de mercado; Identificar novas aplicações para o produto A. 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como objetivo aplicar o modelo de análise de negócios, a Matriz Boston Consulting Group (BCG) no produto A a fim de determinar o seu posicionamento e sugerir algumas estratégias de marketing que poderão ser adotadas pela empresa no futuro. Para alcançar o resultado final do estudo, foi necessário, primeiramente, atingir os objetivos específicos. Atendendo ao objetivo específico de realizar o levantamento das informações necessárias para a construção da Matriz BCG o primeiro passo foi identificar as variáveischave necessárias para elaboração da Matriz, sendo elas, taxa de crescimento do mercado, participação de mercado relativa à do principal concorrente e a área de circunferência. Posteriormente, obtiveram-se os dados necessários para cálculo das variáveis-chave, para tanto foram tabuladas e analisadas as bases de dados disponibilizadas pela Receita Federal, sendo identificados os concorrentes que atuam no mercado e as quantidades importadas pelos mesmos e, ainda, coletados os dados de faturamento em unidades físicas e monetárias da empresa em estudo através do Departamento Comercial. Atendendo ainda aos objetivos específicos de elaborar a Matriz BCG para o produto A e analisar o seu posicionamento, a partir dos dados necessários para a construção das matrizes, foi gerada uma tabela em Excel e elaborados os gráficos. Com isso, foi possível analisar o posicionamento do produto A nas matrizes referentes ao período de 2011 a 2013. Em 2011 o produto A atuou como vaca leiteira, o que significa um baixo crescimento de mercado e uma elevada participação relativa à do seu principal concorrente. Em 2012, o mercado apresentou um crescimento representativo que juntamente com a alta participação de mercado relativa, o produto A passou a atuar como estrela. Já em 2013, houve retração do mercado, retornando o produto A à classificação de vaca leiteira. Para conclusão dos objetivos específicos, foram sugeridas estratégias de marketing para o produto A com base na análise da ferramenta aplicada. Através da análise das matrizes verificou-se o aumento significativo do número de concorrentes no mercado e a redução na participação de mercado da empresa em estudo ao longo do período. Essas constatações serviram de base para a elaboração da proposta de ações relacionadas ao produto A. Com os objetivos geral e específicos alcançados, foi possível analisar as hipóteses elaboradas. 39 A primeira hipótese de que há perspectiva de crescimento do mercado no qual o produto A atua não foi validada, pois através da análise das matrizes, verificou-se que o mercado teve um comportamento instável nos últimos anos, deste modo, não é possível determinar se há ou não perspectiva de crescimento. Já a segunda hipótese de que existe oportunidade de aumento da participação relativa de mercado para o produto A foi validada. A partir da análise dos dados e das matrizes considera-se que existe oportunidade de aumento da participação relativa de mercado para o produto A. Através de investimentos em marketing visando a manutenção ou o aumento do conhecimento da marca, e o crescimento das redes de distribuição é possível obter crescimento nas vendas e consequentemente na participação de mercado relativa. O estudo, por fim, apresentou resultados positivos, pois: Mensura a participação de mercado do produto A. Mostra os concorrentes atuantes, bem como suas respectivas participações de mercado. Retrata o comportamento instável do mercado. Possibilita a análise das tendências de mercado. Fornece argumentos para a elaboração de ações referentes ao produto A. Por fim, pode-se verificar que a Matriz BCG se configura como uma ferramenta auxiliar ao Planejamento Estratégico de Marketing da empresa, pois fornece argumentos concretos aos gestores para a definição de ações referentes ao produto. Como recomendação para estudos futuros sugere-se avaliar o impacto das ações propostas nas vendas do produto A; aplicar a ferramenta nos demais produtos ou linhas de produtos do portfólio da organização, a fim de verificar o seu equilíbrio; e realizar a análise das limitações da Matriz BCG. 40 REFERÊNCIAS AMBRÓSIO, A.; AMBRÓSIO, V. A Matriz BCG Passo A Passo. Revista da ESPM, São Paulo, v. 12, 2005. 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