ESTRATÉGIA TOQUE DO LÍDER NO MARKETING Consolidar a área como alavanca para os negócios só acontece se os CEOs e outras lideranças realmente assumirem as rédeas 34 Revista ABA - ed. 158 A 17ª edição da pesquisa anual da PwC, realizada com 1.300 CEOs de 68 países, revela dados impactantes sobre as expectativas dos executivos com relação às oportunidades que suas empresas podem aproveitar para crescer. Um dado específico chama a atenção: apenas um terço dos que trabalham nos Estados Unidos acreditam que suas equipes de marketing e de gestão de marcas estão totalmente preparadas para aproveitar as tendências globais para alavancar os negócios. A pesquisa não faz, porém, a reflexão inversa: será que estas mesmas áreas estão recebendo dos CEOs e de outras lideranças o direcionamento de que precisam? Ou melhor: até que ponto os executivos se envolvem realmente com o marketing feito nas suas companhias? Reflexões como essas circularam pelo debate do Painel de Presidentes do ABA Summit 2014 (leia Matéria de capa), com o Grupo de Líderes da ABA. Em uníssono, João Campos (Unilever), Guilherme Loureiro (Walmart), Alberto Carvalho (P&G), Gino di Domenico (Brasil Kirin) e Luiz Carlos Dutra (Votorantim) assumiram que as mudanças no mercado de consumo e nos comportamentos dos consumidores exigem uma nova atitude da também das lideranças. Uma dificuldade, por exemplo, é ser capaz de agir como o guardião de um marketing mais coeso e integrado, sem descuidar da estratégia macro. Em suma, o líder deve ter também o “sentimento de dono” com relação ao marketing. “A demanda por especialização nos levou a esta condição e hoje temos problemas para integrar as iniciativas. Precisamos de profissionais mais completos, com visão holística do processo”, disse Loureiro. De corpo e alma pelo marketing Se o desafio maior é engajar os consumidores com as marcas, transmitindo coerentemente o seu propósito, tal comprometimento deve vir de cima. A conclusão da PwC vai nesta direção: “O desafio da liderança é ter certeza de que tem o talento para transformar a organização. Será que a equipe de gestão tem profissionais suficientes que sabem como desenvolver e executar novas experiências e inovações ou é superpovoada com aqueles que só otimizam o velho? Ambos são vitais, mas o trabalho do CEO é encontrar o equilíbrio entre executar os negócios de hoje e criar oportunidades para amanhã”. “Na P&G, retomamos o modelo estrutural do marketing adotado há sete anos e a mudança foi positiva. Conseguimos ter gestores com um perfil mais analítico, que entendem melhor do negócio de cada marca”, destacou Carvalho no ABA Summit. Por suas palavras, fica claro que não apenas os CEOs precisam se dedicar de corpo e alma ao fortalecimento do marketing nas empresas. Junto com eles, os gestores das marcas têm papel tão ou mais fundamental. Afinal, estão mais próximos do dia a dia das marcas e, principalmente, das palpitações do mercado. O mais importante é definir um foco e fazer com que todos remem na mesma direção. E que ninguém se desvie do caminho traçado pela companhia, mesmo em situações adversas, como a desaceleração da economia. (LR) o OBSTÁCULOS PARA O CRESCIMENTO Na mesma pesquisa realizada pela PwC, CEOs de todo o mundo apontam quais são, na sua opinião, as maiores ameaças para o crescimento dos negócios. Entre os 1.300 participantes do estudo, 72% apontam o excesso de regulamentação como maior entrave, seguido da responsabilidade fiscal (ou a sua falta) por parte do governo (71%), crescimento desacelerado ou negativo das economias desenvolvidas e aumento da carga fiscal (70%). Leia a pesquisa em goo.gl/bIjOk0 Revista ABA - ed. 158 35