Metastasectomia Hepática Felipe Martins de Souza R2 Cirurgia Geral Hospital Cardoso Fontes Chefe do Serviço Cirurgia Geral Dr. Antônio Marcílio Ferreira Neves Caso Clínico • Id:MMR, 33 anos, solteira, 1 filho, natural do Rio de Janeiro, reside no bairro Tanque, auxiliar de produção. • Em Outubro/2003 internou na Ginecologia devido a quadro de dismenorréia, fortes cólicas e aumento do volume abdominal no período pré-menstrual (em região de cicatriz de microcesária). Caso Clínico • Em 05/11/03 foi realizada ressecção da tumoração da parede abdominal + linfadenectomia inguinal. • Pós operatório sem intercorrências. • LHP: Parede abdominal – endometriose • LHP: Linfonodos – hiperplasia folicular reacional. Caso Clínico • Em Set/07 foi internada novamente pela ginecologia devido a aumento do volume abdominal e dor. • Ao Exame: hipocorada +/4, hidratada, afebril Abdome flácido com massa endurecida em FID dolorosa à mobilização. Caso Clínico • USG Abd: Formação expansiva FID até cicatriz umbilical de aspecto heterogêneo, predominantemente hipoecóico. Ao redor coleções líquidas c/ septações e plano de clivagem c/ útero. • Apresentava anemia, hemotransfundida antes do procedimento. Este realizado em 21/09/07 no qual Cirurgia Geral foi requisitada a intervir. Caso Clínico • Encontrado: – Lesão Tumoral hepática – Massa retroperitoneal Caso Clínico • Realizado: – Ileocolectomia direita com anastomose primária T-L. – Ressecção da massa tumoral – Linfadenectomia retroperitoneal Caso Clínico • Pós Operatório: – D1: Estável hemodinamicamente, afebril. CNG 500ml secreção clara. CD: Dieta zero, retirado CNG – D2: S/ Alterações, dieta zero mantida – D3: Dieta liquida de prova – D5: Alta hospitalar Caso clinico • LHP Peça: Cistoadenocarcinoma mucinoso, cólon transverso e íleo sem comprometimento tumoral. • LHP Linfonodo pré cava: adenocarcinoma mucinoso metastático • LHP Fragmento hepático: adenocarcinoma mucinoso metastático Caso Clínico • TC acompanhamento ambulatorial 10/10/07 – Fígado aumentado com lesão expansiva em lobo E, hipodensa, não captante de contraste, multiloculada de 8,5 x 6 cm • TC 02/02/08 – Volumosa massa segmentos II e III parede irregular conteúdo hipodenso, com septações no interior c/ pequena calcificações na periferia Caso Clínico • Realizada então bissegmentectomia hepática – D1 PO: Eupneica, hipocorada ++/4, hidratada. MV diminuído à esq. (pneumotórax). Penrose 130ml. Hct 28 Hb 9.4 – D2 PO: BEG, normotensa, eupneica, evolução da dieta – D3 PO: Retirada do acesso venoso, penrose 10ml – D5 PO: Alta Caso Clínico • Acompanhamento ambulatorial com Oncologia e Cirurgia Geral. • TC 30/05/08 cisto pélvico de 4cm comprimindo reto • Colonoscopia 16/07/08 Abaulamento extrínseco à junção retossigmóide Caso Clínico • Realizada laparotomia em 24/10/08 • Massa pélvica englobando junção retossigmóide, alça de jejuno aderida em 3 pontos e massa tumoral aderida aos vasos mesentéricos superiores. • Realizado retossigmoidectomia com anastomose T-T, enterectomia e anexectomia direita Caso Clínico • D1 PO: CTI acordada, eupneica, hemovac 200ml, CNG 700ml. • D3 PO: CTI CNG 1300ml, dieta zero mantida. • D5 PO: Iniciada dieta, toracostomia, transferência p UICIR. • D9 PO: Retirado dreno de tórax e alta hospitalar. Metastasectomia hepática • Órgão alvo • Há 2 décadas metástase hepática era considerada inoperável. • Capacidade de regeneração Metastasectomia hepática • Critérios para candidatos à hepatectomia – Metástase restrita ao fígado – Disease-free interval – Tipo histológico do tumor primário Metastasectomia hepática • Metástase hepática no tumor colorretal – Segundo CA em mortalidade EUA – Metade dos pacientes apresentam metástase hepática, destes 30% exclusivo do fígado. – Não tratado prognóstico reservado Metastasectomia hepática • Avaliação pré-operatória: Estudo radiológico – – – – – – – TC, RMN, USG, RX, Cintilografia, Colonoscopia, Laparoscopia Metastasectomia hepática • Hepatectomia parcial – 14.300 operados EUA – Sobrevida 5, 10, 20 anos em até 40%, 22% e 18% respectivamente Metastasectomia hepática • Metástases sincrônicas – Se assintomático ou metástase extensa é recomendada quimioterapia neoadjuvante – Procedimento em 1 ato Metastasectomia hepática • Fatores para pior prognóstico – – – – – – – Doença extrahepática metastática Comprometimento da margem da ressecção Tumor primário localmente avançado Metástases sincrônicas Mais de 1 lesão Lesão maior que 5 cm CEA maior que 200ng/ml Metastasectomia hepática • Acompanhamento – TC e CEA 3/3 meses por 2 anos, depois 6/6 meses – Recidiva Metastasectomia hepática • Ablação por radiofrequência, propõe a destruição do tumor devido ao aquecimento local. – Ainda é considerado tratamento paliativo, indicado para pacientes com tumor grande ou quando há contra-indicação à cirurgia. Metastasectomia hepática • Metástase hepáticas de outros sítios primários – Tumores neuroendócrinos, principalmente glucagonoma e gastrinoma nos quais em 40% há metástase hepática, ressecção parcial do fígado pode ser bem indicada devido a natureza indolente destes tumores Metastasectomia hepática • Outros sítios primários – Pouca experiência neste campo, entretanto pacientes não têm muitas opções terapêuticas e em alguns casos podem se beneficiar da hepatectomia parcial. Metastasectomia hepática • Trabalho Americano – 95 pacientes – 19 a 83 anos – 1 a 19 metástases – 1 a 14 cm Metastasectomia hepática • Decisão de submeter paciente à cirurgia dependia do julgamento individual de cada cirurgião, o que basicamente levava em conta a idade do paciente e a possibilidade de ressecção total da metástase. Metastasectomia hepática • Média do disease-free interval foi de 21 meses • 23 pacientes possuíam metástase extra-hepática • 69.5% metástase única • 30.5% mais de uma Metastasectomia hepática • Vida média após ressecção 36 meses • 1, 3, 5 anos 88.5%, 49.1%, 34.9% • Mortalidade em até 30 dias de PO, 2 pacientes • Comorbidades 19% • Tempo médio de internação hospitalar, 7dias (4-25) Metastasectomia hepática • Disease-free interval > 24 meses melhor prognóstico Metastasectomia hepática • Conclusão: Já é aceito que hepatectomia para tumores colorretais é bem indicada (16 a 58% em 5 anos). Apesar de poucos estudos e de muitos ainda relutarem em realizar hepatectomia em pacientes com tumores não colorretais e não neuroendócrinos já existem evidências que a metastasectomia hepática, em pacientes selecionados pode prolongar a sobrevida do mesmo e até curá-lo. Principal fator prognóstico é o tipo histológico do tumor primário. Bibliografia • J Am Coll Surg 2006; 203:436-446 • Annu Ver. Med 2005 56:139-56 • Adam R, Laurent A, Azoulay D, Castaign D, Bismuth H. Two-stage hepatectomy: A planned strategy to treat liver Tumors. AnnSurg. 2000;232(6):777-85. • Adam R. Tratamento das metástases hepáticas do câncer colorretal. In: Correia MM, Mello ELR, Santos CER, Cirurgia do câncer hepatobiliar. Rio de Janeiro: Revinter; 2003. p. 139-46. • Sabiston 17ª edição