Secretaria de Estado da Educação Superintendência da Educação Departamento de Políticas e Programas Educacionais Coordenação Estadual do PDE Profª PDE - MARIA FÁTIMA DE GASPARI GONÇALVES ORIENTADORA - Profª Ms. LEILA PESSÔA DA COSTA MATERIAL DIDÁTICO PARA O CADERNO PEDAGÓGICO O ENSINO DA LEITURA EM CLASSES DE 5ª SÉRIE INTRODUÇÃO As relações sociais são permeadas pela leitura e pela escrita como forma de comunicação e transmissão de cultura. A leitura é uma prática de resignificação, onde o leitor ao ler um texto, dará a ele uma significação de acordo com a sua vivência de mundo. Vygotsky concebe a leitura como uma atividade de construção do conhecimento pelo homem e um instrumento de ação humana consciente e intencional. A leitura é um processo de interação entre os sujeitos à medida que trocam suas experiências com o outro e é através dela que o indivíduo pode ter domínio da cultura, ser consciente e ter liberdade de agir para tornar-se um cidadão. Considerando a dificuldade de leitura compreensiva e da produção de textos pelos alunos da 5ª série do ensino fundamental, “as Diretrizes Curriculares Estaduais da Língua Portuguesa (2008) requerem, neste momento histórico, novos posicionamentos em relação às práticas de ensino, seja pela discussão crítica dessas práticas, seja pelo envolvimento direto dos professores na construção de alternativas”. Para analisarmos melhor a mediação do professor na formação de leitores, aplicamos um questionário onde percebemos que para estimular a formação de alunos leitores, o professor deve ser um modelo de leitor, demonstrando o seu conhecimento literário, domínio sobre a leitura, o prazer em ensinar e entusiasmo ao orientar as práticas de leitura. O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À FORMAÇÃO DO LEITOR Sabemos que nossos alunos têm um vasto campo de informações através da Internet, dos meios midiáticos e outros, os quais possibilitam acesso rápido à leitura, mesmo assim os resultados obtidos nas avaliações demonstram baixo desempenho do aluno em relação à compreensão dos textos que lê. Diante dessa realidade, e de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais da Língua Portuguesa, (2008): no processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. Desta forma, precisamos assumir um papel ativo, envolvendo o aluno na leitura com desenvoltura, prazer, entusiasmo e, principalmente, domínio sobre o assunto e não ser pressionado a ler apenas como tarefa a ser cumprida na resolução dos problemas. Assim, é papel do professor, mediar essa aprendizagem incentivando seus alunos como leitores, trabalhando junto a eles, envolvendo em leituras como um valor cultural para si e para seus alunos. É importante que o professor incentive seus alunos a utilizarem a biblioteca como um espaço de leitura e pesquisa, para que isso se torne uma realidade é preciso antes de mais nada que ele seja um leitor contínuo, entusiasmado, que tenha prazer na leitura para desenvolver um trabalho de reflexão e discussão frente aos textos produzidos em diferentes esferas sociais, para assim poder desenvolver junto aos alunos uma atitude crítica capaz de subsidiar o seu modo de pensar e agir sobre o mundo. Não é só o professor da Língua Portuguesa que precisa desenvolver no aluno a competência leitora, mas, conforme nos aponta Kleiman: quando os professores das demais matérias se envolvem com o ensino de leitura, como deveriam fazê-lo, as oportunidades de criar objetivos significativos para a leitura de diversos textos se multiplicam. As oportunidades de diversificação e ampliação do universo textual do aluno são ilimitadas, desde que a atividade de leitura seja deslocada de uma atividade meramente escolar, sem outra justificativa a não ser cumprir programa, até uma atividade para cujo desenvolvimento e realização a leitura sirva como instrumento importante. (2000:52). A FORMAÇÃO DE LEITORES CONSIDERANDO O NÍVEL CULTURAL Cabe à escola dar condições ao aluno, independente de seu nível cultural e socioeconômico, ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. No entanto, torna-se relevante repensar a função da escola na promoção das competências leitoras, intensificando as práticas de leitura no contexto escolar e de construção de hábitos de leitura no espaço social alargado, assumindo um papel insubstituível na construção de comunidades de leitores. Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não conseguiram realizar essa aprendizagem. (SOLÉ, 2008, 32). A maioria dos alunos da escola pública, principalmente aqueles das camadas menos favorecidas, têm na escola um importante local de ter um contato mais estreito com a leitura, com o mundo dos livros, com a literatura, os jornais, as revistas, os vídeos, e vários outros. Portanto, só fazem leitura quando solicitado em sala de aula. Para tanto, é preciso que a escola se transforme num espaço de leitura prazerosa, desenvolvendo a compreensão do aluno frente a diferentes gêneros textuais, sendo o professor o mediador entre o leitor e o texto, ultrapassando as práticas rotineiras de respostas prontas e de caráter didático. Assim, a escola contribuirá para a formação de leitores, além do espaço escolar e, conseqüentemente, para um efetivo avanço sociocultural, ampliando as formas de inserção do sujeito na sociedade. É necessário que a escola crie um espaço que possibilite ao aluno o contato a uma diversidade de recursos literários, onde ele, mediado pelo trabalho do professor, possa desenvolver sua competência leitora. Para que o aluno se torne um leitor, o professor precisa trabalhar dentro de sua realidade de sala de aula amenizando as dificuldades de leitura dos alunos, através do diálogo, com aulas dinâmicas, debates, discussões sobre as suas dificuldades, fazer análise e produções de outros textos além do conteúdo. É papel da escola instrumentalizar o aluno para a compreensão dos textos que lê. Porém, este é um trabalho de todas as pessoas envolvidas no processo do ensino-aprendizagem. Para Silva, “a promoção da leitura é uma responsabilidade de todo o corpo docente de uma escola e não apenas dos professores de língua portuguesa”. (1995, p.24). A escola enquanto instituição social tem o papel de propiciar condições para que o aluno possa adquirir um conhecimento significativo. Isto só será possível de se concretizar quando o professor assumir sua responsabilidade na formação de cidadãos com competência leitora. ATIVIDADES PROPOSTAS 1. Qual é o conceito de leitura no Projeto Político Pedagógico de sua escola ? 2. Que tipos de atividades a escola tem proporcionado para desenvolver o hábito de leitura em seus alunos, principalmente daqueles que provêm das camadas populares? 3. Que tipo de atividades e com qual freqüência você desenvolve em sala de aula atividades para trabalhar com os alunos as habilidades de leitura? O PAPEL DOS PAIS/FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DE FILHOS LEITORES Cabe à família o dever de educar os filhos dentro das normas morais e éticas para a sua vivência em sociedade, enquanto que a escola tem a função de garantir o acesso a novos conhecimentos e aqueles produzidos pela humanidade. O papel da família é o de se envolver no processo de desenvolvimento dos filhos, oportunizando-lhes um ambiente adequado para o hábito de leitura e ao mesmo tempo se dispondo a acompanhá-los nas atividades escolares. A sociedade vem se transformando nestas últimas décadas e a família, junto a estas mudanças, acabou assumindo muitos papéis devido às novas configurações da divisão do trabalho. A mãe que antes era a dona de casa responsável pela educação dos filhos e das tarefas domésticas, passou a trabalhar fora de casa e delegou seu papel a outros: creche, babá, avós, vizinha, e até faz o acompanhamento dos filhos pelo telefone. Diante dessa realidade, a família transferiu a responsabilidade de educar os filhos à escola e aos professores. Por sua vez, o professor também não está preparado a dar continuidade à educação familiar, ficando assim, uma lacuna entre o processo de ensino-aprendizagem e a educação para a vida. Considerando esta transição família-escola, faz-se necessário repensar os papéis de cada instituição. Para PAROLIN (2003:99) tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem as suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança. No entanto, ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo. Mesmo nesta sociedade tecnológica e de comunicação imediata, a família precisa assumir suas responsabilidades referentes à conduta comportamental, valores morais e acima de tudo respeito, acompanhando o processo do desenvolvimento escolar de seus filhos, participando de reuniões na escola, das tarefas escolares, cobrando o respeito de seus filhos com relação aos profissionais da educação, etc.. Desta forma escola e família juntas, poderão contribuir para a formação de alunos leitores. ATIVIDADES PROPOSTAS 1. Reflita com seu grupo sobre o papel dos pais/família na formação do filho leitor e explique como os pais poderão participar dessa tarefa na vida escolar do filho? 2. Como a escola poderá estar se organizando para envolver os pais/família no processo de construção da formação de competências leitoras em seus alunos? 3. Construa com seu grupo um plano de ação para envolver os pais/família na formação de alunos/filhos leitores.