LEITURAS E LEITORES “POPULARES” DA
RENASCENÇA AO PERÍODO CLÁSSICO
Robert Chartier
A BUSCA DOS LEITORES POPULARES
Inventários por morte/ catálogos de venda das bibliotecas;
A descoberta de uma quantidade razoável entre artesãos e comerciantes;
LEITURAS PARTILHADAS
“Em toda parte , portanto, nas cidades da
Renascença, os livros não são alheios aos meios
populares. É certo que somente uma minoria os
possui, mas trata-se de uma minoria não
negligenciável que pode até constituir parte
importante da população considerada.”
O MERCADO POPULAR DO IMPRESSO
Estratégias dos livreiros:
1) Fórmula editorial que baixe os custos de fabricação;
2) Distribuição por meio de ambulantes;
3) Escolha de textos e gêneros capazes de reter o
maior número possível de leitores;
“Com a transformação formal e material de sua
apresentação, que modifica formato e paginação,
corte do texto e ilustração, os textos podem
ganhar novos públicos, mais amplos e menos
eruditos, e receber novas significações, distantes
das que foram desejadas por seu autor ou
construídas por seus primeiros leitores.”
pliegos
ocasionais
FÓRMULAS EDITORIAIS E REPERTÓRIOS TEXTUAIS
“Os pliegos e os ocasionais [...] ilustram, apesar de suas
diferenças, a validade de um método que parte dos próprios
objetos impressos e tenta reconstituir, de um lado, os tipos de
textos de que podem se tornar o suporte e, de outro, os leitores
(e as leituras) que seus editores supõem que terão.”
vestígios de uma leitura popular
documentos da Inquisição
imbricamento de um modo de ler popular e letrado
MANEIRAS DE LER
APROPRIAÇÕES EM CONTRASTE
Leitores populares: não há uma literatura
específica; os textos e livros circulam na
totalidade do corpo social e são
compartilhados por leitores de cultura e
condição muito variadas.
 Paul Ricoeur: “a leitura como um ato pelo qual
o texto ganha sentido e adquire eficácia. Sem o
leitor, o texto é apenas um texto virtual, sem
existência verdadeira”.

Dimensão individual
Uma interação dinâmica, uma resposta às
solicitações do texto, um trabalho de
interpretação
Leitura
Dimensão coletiva
Relação dialógica entre os sinais textuais
emitidos por cada obra em particular e o
horizonte de expectativa.
Devemos entender a leitura como uma
apropriação:
- Atualização das possibilidades semânticas
do texto
- Interpretação do texto como mediação
através da qual o leitor pode operar a
compreensão de si e a construção da
realidade.
 A forma da leitura também participa da
construção do sentido.

LER EM VOZ ALTA, LER EM SILÊNCIO
Séculos XV – XVII: A leitura em voz alta é
qualificada como o modo esperado da
apropriação das obras, seja qual for seu
gênero. Era usado para os gêneros poéticos
(romance, villanciscos, lírica cancioneril,
poemas épicos, poesia italianizante),
comédia humanista, romances de cavalaria,
romances pastoris, novelas cortas, textos de
história.
 A prática da leitura oralizada cira, pelo
menos na cidade, um vasto público de
“leitores”.

Reconhecimento da leitura silenciosa.
 Leitura silenciosa como “encantamento
perigoso
 Anulação da distância entre o mundo do
texto e o mundo do leitor.
 As proibições das autoridades castelhanas
contra a literatura de ficção devem ser
compreendidas em relação ao temor da
confusão, nos leitores, da fronteira entre o
real e o imaginário.

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Leituras e leitores *populares* da renascença ao período clássico