Pré-sal pode ser maior que o imaginado
A estratégia das empresas de ir cada vez mais fundo na exploração de petróleo pode
levar o governo a ampliar o mapa do pré-sal. Em perfuração recorde no País, a Repsol
está explorando um poço com objetivo de atingir 7,5 mil metros de profundidade, numa
área que ainda não é considerada pré-sal pela União, mas sim pela empresa
espanhola e por especialistas do setor. Paralelamente, Shell, Anadarko e Petrobras
fazem descobertas sob a camada de sal longe de Tupi, localizado na chamada
picanha azul, na Bacia de Santos – onde todos os blocos já explorados apresentaram
indícios de hidrocarbonetos.
A Repsol aposta na existência de petróleo abaixo de uma camada de sal que,
segundo uma fonte do setor, pode superar 3 mil metros de espessura no bloco ES-T737, localizado entre as bacias de Campos e Espírito Santo. Detalhe: em Tupi e na
maioria das áreas já conhecidas do pré-sal, a camada de sal possui em média dois mil
metros. Antes de alcançar a espessa camada, a sonda Stena Drill Max, que está
perfurando o bloco do Espírito Santo, percorreu uma lâmina dágua de 2.160 metros e
atravessou um trecho de quase dois quilômetros de sedimentos e rochas marinhas na
camada do pós-sal.
A Repsol começou a perfurar o bloco em fevereiro, mas, com problemas mecânicos
(natural para tamanha profundidade), teve de interromper a atividade e reiniciá-la em
outro poço. O objetivo deve ser atingido até agosto. O ES-T-737 fica entre as bacias
de Campos e Espírito Santo, a cerca de 87 quilômetros ao nordeste de Jubarte,
campo com reservas abaixo da camada de sal localizado ao Sul do Espírito Santo,
próximo ao limite do que atualmente é considerado pré-sal.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de
Minas e Energia (MME), Marco Antônio Martins Almeida, admitiu ao iG que um
resultado positivo da Repsol no bloco ES-M-737 pode fazer o governo mudar o mapa
do pré-sal. O polígono do pré-sal - a área sob concessão considerada até então como
tal - vai do Norte de Santa Catarina ao Sul do Espírito Santo.
Se ocorrerem, as mudanças no mapa do pré-sal não vão interferir no direito de
exploração e produção das áreas já licitadas, como o bloco da Repsol, mas podem ser
consideradas pelo governo na hora de definir os futuros leilões de petróleo. O projeto
de lei que prevê o regime de partilha não mapeia os blocos que serão regidos pelo
novo modelo. O governo vai escolher áreas de elevado potencial no pré-sal e
consideradas estratégicas para os leilões de partilha, pelo qual a Petrobras será
operadora única e as empresas privadas poderão entrar como sócias, vão concentrar
as melhores áreas do País.
Fonte: Último Segundo
Em, 13-07-2010.
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