A GESTÃO PARTICIPATIVA NO COTIDIANO ESCOLAR Josiana Rodrigues dos Santos Lydiene Moreira Fonseca RESUMO Acredita-se que a gestão participativa é a melhor opção de ter bons resultados em uma instituição de ensino. A Escola Sesqui Centro Estadual Experimental de Ensino – Aprendizagem Sesquicentenário – CEEEA é identificada como modelo de escola com Gestão Participativa que desde 1992 trabalha envolvendo a realidade de gestores, cooperativa de pais de alunos, o Conselho Escolar e a Representação de Pais. Analisar a opinião dos componentes da comunidade escolar sobre a prática da gestão participativa na escola campo e relacionar as experiências que estão sendo vivenciadas pelos mesmos com o conceito de gestão participativa objetivou a pesquisa. Para a coleta de dados optamos por trabalhar com uma pesquisa qualitativa, com amostras de alunos, professores e gestores através de questionários para levantarmos as informações necessárias à análise. A gestão participativa faz a diferença para os alunos, integrandoos à sociedade, nessa escola a teoria e a prática dessa gestão se apresentam em distâncias consideráveis, reconhecemos que não é fácil, mas a ela está crescendo dentro desta perspectiva, o que pode ser visto no desempenho escolar dos alunos e na produção da equipe pedagógica. Palavras-Chave: Escola; Gestão Participativa; Teoria e prática. 2 RESUMEN Los estúdios comproban que la gestión participativa trae resultados positivos. En nuestra ciudad el Centro Experimental de Enseñanza - Aprendizaje Sesquicentenario – CEEEA/SESQUI aparece como un modelo de gestión participativa que desde 1992 funciona bajo la dirección de los gestores de la escuela, de los padres de los alumnos, de un Consejo Escolar, y de un grupo de padres representantes. Con nuestro trabajo de investigación buscamos analizar como se relaciona el grupo de representantes frente a las cuestiones relacionada a la práctica de la gestión participativa. Para la recogida de los datos hemos decidido trabajar con una investigación de tipo cualitativa, así que nuestra investigación trae, a través de encuestas, lo que dicen los estudiantes, los profesores y los gestores, acerca de nuestro tema de estudio. A pesar de los estúdios que comprovan que la gestión participativa es positiva, comprovamos que en el SESQUI la propuesta no fue puesta en practica. Es importante decir que, ademas de las dificuldades, la propuesta de una gestion participativa seguramente puede traer resultados positivos, tanto a lo que se refiere a los ganos de los alumnos, cuanto a los ganos del equipo de trabajo, es decir, los gestores, los profesores, y los padres representantes. Palabras clave: Escuela; Gestión Participativa, Teoría y práctica. 3 A GESTÃO PARTICIPATIVA NO COTIDIANO ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO Acredita-se que a gestão participativa1 é a melhor maneira de ter bons resultados em uma instituição de ensino, colocando os funcionários cientes dos problemas e buscando deles também as possíveis soluções, uma vez que, por estarem dentro dela diariamente conhecem a rotina podendo expor ideias inteligentes e criativas para a solução de problemas tanto quanto os diretores e gestores, cada um agregando valores diferentes levando a melhores resultados, fazendo com que todos sintam que fazem parte dela, participando das suas vitórias, sentindo orgulho do trabalho que fazem, como fazem, onde fazem e para que fazem, pois o clima muda quando existe um objetivo comum, motivando a querer fazer mais para que o resultado positivo seja alcançado com rapidez e eficácia. Os fundamentos teóricos e metodológicos colocados em prática principalmente sobre a gestão participativa podem ser observados nas ações de como incentivar e orientar o aperfeiçoamento, estar sempre aberto ao diálogo tanto para solucionar problemas como para elogiar quando a equipe consegue atingir os objetivos propostos, mobilizar a energia, o dinamismo e o entusiasmo, tendo como consequência o contágio da equipe de trabalho sobre o comprometimento profissional aumentando a qualidade da produção profissional. Participação2 significa ser responsável não somente pelas decisões, mas também pela execução e avaliação, propondo um espaço de bem estar, convivência e realização, partindo do pressuposto que cada escola possui uma realidade específica. Essa interação consciente pode fazer toda a diferença, levando a resultados incríveis em relação ao ensino-aprendizagem e na vida pessoal de cada um, benefícios que podem ser observados em um curto espaço de tempo tanto na vida dos professores, 1 Por gestão participativa entende-se normalmente como uma forma regular e significante de envolvimento dos funcionários de uma organização, no seu processo rescisório. (LIKERT, 1971; XAVIER & AMARAL & MARRA, 1994 apud LÜCK, 2005, p. 17) 2 Segundo Lück (2005, p. 17) “do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, ou seja, do trabalho associado de pessoas analisando as situações, decidindo sobre o seu encaminhamento e agindo sobre elas, em conjunto.” Para Gandin (2004, p. 28-29) “participação significa não apenas contribuir com uma proposta preparada por algumas pessoas, mas representa uma construção conjunta (...). Significa, também, a participação no poder que é o domínio de recursos para realizar sua própria vida, não apenas individualmente, mas grupalmente.” 4 quanto na dos funcionários, gestores e alunos, alcançando inclusive a vida dos pais desses alunos. Ao trazer a comunidade escolar para dentro do processo, ela pode ajudar de acordo com diversas capacidades e produzir um trabalho muito maior, pois várias cabeças pensam melhor do que uma. 2 SOBRE A GESTÃO PARTICIPATIVA Na gestão participativa o gestor da escola não é mais visto como um “gerente” que vê os pais e os alunos como clientes que compram um produto a prazo, o novo perfil deste seria proporcionar uma abertura para a comunidade, ou seja, haveria maior envolvimento dos pais/responsáveis, dos professores e dos funcionários na administração da escola, sanando o isolamento profissional que causa a baixa produtividade. Uma gestão escolar participativa propaga a garantia de um bom currículo escolar considerando a realidade da comunidade, uma melhor qualidade pedagógica no processo educacional, motivando uma maior participação da comunidade nas escolas e implicando em um ambiente estimulador para o trabalho e para a aprendizagem, em que a opinião de todos é levada em consideração, analisada e colocada em prática de acordo com a necessidade da escola e dos alunos. Algumas teorias3 afirmam que a gestão participativa tem bons resultados, aumenta a qualidade de ensino, entre outros benefícios para a escola e para o aluno. Qualquer currículo funciona melhor se for implantado com entusiasmo. O ambiente da escola, de uma maneira geral, pode ser visto como fator fundamental para a eficácia pessoal dos seus funcionários... A interação dos funcionários e o planejamento de objetivos pedagógicos específicos de modo participativo ajudam a formar um consenso sobre os valores e metas, que tornam o clima de realizações auto-sustentável. (MACKENZIE, 1983, apud LÜCK, 2005, p. 28) O ambiente geral da escola influencia e reflete no currículo escolar que foi implantado, este, como enfatizou Mackenzie (1983), precisa de entusiasmo e de 3 Como exemplo da abordagem teórica sobre a gestão participativa, Lück (2005) afirma que esta é capaz de afetar positivamente a qualidade escolar, proporcionando um ambiente de aprendizagem mais eficaz. Além disso, apresenta uma cultura de reforço mútuo das expectativas: confiança, interação, entre os funcionários e a participação de seus objetivos pedagógicos, curriculares e da prática em sala de aula. Gandin (2004) afirma que com a participação no planejamento e na gestão todos podem crescer juntos, transformando a realidade, criando o novo, em proveito de todos e com o trabalho coordenado. 5 englobar as necessidades da escola-comunidade. O envolvimento dos funcionários com o planejamento de objetivos pedagógicos específicos constrói um equilíbrio sobre os valores e as metas que devem ser alcançados. Todo indivíduo possui um poder de influência sobre o contexto social de que faz parte, ou seja, o gestor pode criar um ambiente estimulador à participação da comunidade e dos funcionários na gestão escolar, promovendo um ambiente com clima de confiança, com espírito de cooperação e de conjunto, focando as iniciativas e as ideias, e não as pessoas, valorizando suas ações, para que os objetivos sejam alcançados com sucesso. 3 PERFIL DO GESTOR PARTICIPATIVO Na gestão participativa o trabalho é coletivo, mas o gestor da escola precisa ter um caráter de líder participativo para que o exemplo de descentralização venha do topo da pirâmide da hierarquia escolar, que sirva de incentivo aos demais funcionários a se adequarem ao modo de gestão escolar para que desenvolvam habilidades e motivações necessárias para alcançar os objetivos da escola. O gestor com o caráter de líder participativo deverá apresentar, segundo Lück (2005), características específicas como ela demonstra no quadro abaixo: QUADRO 1 – CARACTERÍSTICA DO LÍDER PARTICIPATIVO • Facilitador e estimulador da participação dos pais, alunos, professores e demais funcionários, na tomada de decisão e implementação de ações necessárias para a sua realização. • Promotor da comunicação aberta na comunidade escolar. • Ator como referência pessoal de orientação pró-ativa. • Construtor de equipes participativas. • Incentivador e orientador da capacitação, desenvolvimento e aprendizagem contínua dos professores, funcionários e alunos. • Criador de clima de confiança e receptividade no ambiente escolar e comunitário. • Mobilizador de energia, dinamismo e entusiasmo. • Norteador e organizador do trabalho conjunto. 6 • Mentor e coordenador de ação de capacitação contínua em serviço como ação coletiva e de conjunto. Fonte: Lück (2005, p. 34-35) Este quadro apresentado por Lück (2005) nos dá uma visão sobre o papel de um gestor comprometido com o coletivo, que entende que não se pode trabalhar para um coletivo sem que este faça parte do processo. É necessário que o gestor quebre as barreias impostas, muitas vezes até inconscientemente e por ele mesmo, em relação ao trabalho coletivo. Coletivamente todos ganham mais, desde que possam superar os conflitos e as divergências, por mais que tenham como objetivo encontrar um denominador comum, as diferenças sempre vão existir, às vezes sutis em outras de maneira gritante, mas, se todos souberem ceder em prol do coletivo, e não perderem o foco do que realmente importa, poderão ter resultados significativos com uma quantidade de erros mínima, quiçá imperceptível. A avaliação realizada pelo gestor com relação aos professores/funcionários pode ser feita através do feedback em reuniões periódicas que significa rever os fatos, com os erros e os acertos, refletir sobre eles e aprender com os mesmos, superando as dificuldades. Ele deve ser usado na avaliação profissional como um degrau para o crescimento, é essencial vê e usá-lo como ponto positivo, para refletir sobre erros a fim de consertar e superá-los, tendo sempre o objetivo de uma melhoria contínua. 4 ESCOLA CAMPO A Escola Sesqui Centro Estadual Experimental de Ensino – Aprendizagem Sesquicentenário – CEEEA, localizada no bairro Pedro Gondim, é identificada como modelo de escola com Gestão Participativa, porque desde 1992 trabalha envolvendo a realidade de gestores, cooperativa de pais de alunos, o Conselho Escolar e a Representação de Pais. Segundo Mélo & Gomes & Silva (2002), no ano de 1991, pais que desejavam participar ativamente da vida escolar dos seus filhos e faziam parte da primeira Associação de Pais, que tinham como objetivo lutar pelo bem estar dos seus filhos no que envolvia tanto melhores mensalidades nas escolas como discutir sobre a linha pedagógica que a escola seguia, uniram-se a pais de alunos de escola particular que 7 estavam preocupados com as altas mensalidades e a baixa qualidade do ensino, para buscar mais qualidade para seus filhos. Essa questão era motivo de debates e conflitos entre pais e proprietários de escola por envolver interesses variados o que levou esse grupo de pais a querer lutar para sanar esses conflitos e contribuir para uma maior qualidade para o processo de aprendizagem. A Escola Sesqui Centro Estadual Experimental de Ensino – Aprendizagem Sesquicentenário – CEEEA é formada por 1.884 alunos matriculados no Ensino Fundamental e Médio, funciona nos 03 turnos e funciona com 130 funcionários e 80 professores. A maioria das famílias dos alunos faz parte de uma comunidade de classe média-baixa e classe baixa, e trabalham como domésticas, pedreiros, artesãos, comerciários, comerciantes, artesãos, etc. Analisar a opinião dos componentes da comunidade escolar sobre a prática da gestão participativa na escola campo e relacionar as experiências que estão sendo vivenciadas por seus agentes (pais ⁄responsáveis, professores, alunos, funcionários) com o conceito de gestão participativa objetivou a pesquisa. 5 CONVERSANDO COM OS ALUNOS Cem (100) dos alunos do 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, responderam um questionário com perguntas relacionadas ao desempenho escolar, a visão deles sobre a relação escola-comunidade, o interesse pela escola, o desempenho dos professores, o desempenho dos gestores e o desempenho da comunidade. Primeira questão: Como você, aluno, classifica o seu desempenho escolar diante da gestão participativa? Nenhum aluno considerou seu Desempenho Escolar péssimo, sendo assim zero por cento (0%) de resposta; apenas sete por cento (7%) consideraram ótimo; trinta e cinco por cento (35%) consideraram regular e, destacamos que cinquenta e sete por cento (57%) consideraram o seu desempenho escolar bom. Esse resultado mostra indiretamente o grau de consciência dos alunos sobre o nível e a qualidade da sua aprendizagem refletida no desempenho escolar. Segunda questão: Como você analisa a relação escola-comunidade? Zero por cento (0%) dos alunos consideraram inexistente essa relação; dez por cento (10%) consideraram intensa; vinte por cento (20%) consideraram fraca e 8 enfatizamos que setenta por cento (70%) consideraram essa relação moderada. Esse resultado mostra que a relação entre escola-comunidade ainda precisa encontrar um equilíbrio para ocorrer uma melhora significativa nessa relação. Terceira questão: Em sua opinião, como você classificaria o seu interesse para com a escola diante da gestão participativa? Um por cento (1%) dos alunos consideraram esse interesse péssimo; três por cento (3%) consideraram ótimo; quarenta e um por cento (41%) vê o interesse de forma regular; mas cinquenta e cinco por cento (55%) consideraram bom. A diferença de quatorze por cento (14%) entre regular e bom, deixa claro que se precisa um pouco mais de trabalho do gestor, professores e demais funcionários para estimularem os alunos a se interessarem na gestão participativa, fazendo com que eles se envolvessem em assuntos além da sua sala de aula. Quarta questão: Como você indica o desempenho dos professores na gestão participativa? Na opinião dos alunos, zero por cento (0%) consideraram péssimo; nove por cento (9%) consideraram ótimo; vinte e sete por cento (27%) consideraram regular; e sessenta e quatro por cento (64%) consideraram bom. Os professores envolvidos na gestão participativa se motivam e sentem segurança com relação a sua postura e posição profissional, sendo isso refletido no seu comportamento dentro e fora da sala de aula. Quinta questão: Como você indica o desempenho dos gestores na gestão participativa? Apenas dois por cento (2%) dos alunos acharam o desempenho dos gestores ótimo; sete por cento (7%) responderam péssimo; quarenta e quatro por cento (44%) consideraram bom; e quarenta e sete por cento (47%) consideram regular. Com uma diferença de apenas três por cento (3%) entre bom e regular, podemos considerar que os gestores estão tentando progredir no perfil participativo, buscando meios para envolver alunos, professores, funcionários, pais/responsáveis e representantes da comunidade na gestão participativa, com o objetivo de melhorar a qualidade do processo ensinoaprendizagem. Sexta questão: Como você indica o desempenho da comunidade na gestão participativa? Só dois por cento (2%) dos alunos acham o desempenho da comunidade péssimo; três por cento (3%) consideraram ótimo; trinta e quatro por cento (34%) qualificaram como bom; e sessenta e um por cento (61%) consideraram o desempenho 9 regular. Está evidente, pelo menos na visão dos alunos, que a comunidade não participa efetivamente da gestão escolar, o que pode influenciar na aprendizagem do aluno, pois rompe à comunicação e a relação escola-família, o que pode dificultar a solução de problemas do aluno com a escola devido à ausência da família nesta. Sétima e última questão: Em sua opinião, a sua participação é importante para o desempenho da escola? Apenas três por cento (3%) dos alunos acham que sua participação não é importante para o desempenho da escola; já quatorze por cento (14%) considera que sua participação seja talvez importante para a escola; mas, oitenta e três por cento (83%) consideram importante sim sua participação para o desempenho da escola. A maioria dos alunos acredita que a sua participação é importante para o desenvolvimento deles e da escola como um todo, assim, como Libâneo (2004) afirma em seu discurso quando define que a participação da comunidade propicia melhoria para a qualidade da escola. Apesar dos alunos reconhecerem a participação de todos na gestão participativa, surpreende o fato de 47% de que eles considerem como regular a participação dos gestores, já que a escola afirma adotar a gestão participativa. Segundo Lück (2005) essa gestão deveria ser pensada de acordo com a “visão” que todos deveriam ter da escola como um todo e relacioná-la com o objetivo da escola. 6 CONVERSANDO COM OS GESTORES, SUPERVISORES, COORDENADORES E/OU TÉCNICOS PEDAGÓGICOS As entrevistas aplicadas aos gestores, supervisores, coordenadores e/ou técnicos pedagógicos observamos que dos cinco (05) entrevistados, um (01) considerou a relação escola-comunidade diante da gestão participativa ótima, principalmente por conta da “presença constante dos pais na escola, muitos disponibilizam tempo só para dedicação na escola” (entrevistado A), colocando-a inclusive como atividade fixa em sua agenda, disponibilizando horários exclusivos para isso; dois (02) consideraram essa relação boa, afirmando a importância da harmonia escola-comunidade para que as necessidades dos alunos sejam acolhidas, vividas e resolvidas. Além disso, destacaram que “através das reuniões pedagógicas e gerais, os pais são ouvidos como também a qualquer momento que os pais desejam vim à escola” (entrevistado B). Os outros dois (02) entrevistados consideraram esta relação regular, afirmando que “precisa-se melhorar, acontecer maior interação entre escola-comunidade para que haja maior desenvolvimento, um ensino de 10 qualidade.” (entrevistado C), onde a harmonia e interação poderiam ser maiores, podendo influenciar direta e positivamente no desenvolvimento de um ensino de qualidade e significativo. Em relação às estratégias utilizadas para aproximar a comunidade, vimos que a escola busca isso desde a matrícula, para que os pais se envolvam até o final do ano. A escola também utiliza para isso as reuniões pedagógicas e gerais que contam com uma comissão de pais que auxiliam nesse e em todos os setores da escola, inclusive em conversa com a coordenadora pedagógica ela afirmou que os problemas relacionados ao financeiro são passados para os pais/ responsáveis e funcionários. A escola também busca acolher os projetos vindos da comunidade, promovendo vários eventos e projetos com as ideias familiares como os jogos participativos, semana da criança, bienal, entre outros eventos. Este interesse de aproximação também parte dos pais, mães, avós e tios compromissados com os seus estudantes, que é o caso da grande maioria. Apenas um dos técnicos pedagógicos entrevistados considerou que a escola possui poucas estratégias, destacando apenas as reuniões de pais. Assim como em vários setores da vida em sociedade, inclusive na gestão participativa, são encontradas dificuldades. Os gestores, supervisores, coordenadores e/ou técnicos pedagógicos destacaram a falta de comunicação por parte da escola, falta de diálogo com a cooperativa, o poder que a cooperativa de pais possui provocando uma divisão política entre os gestores e a cooperativa, o aceite da exposição de ideias de pais, alunos e professores na gestão, lidar com um grande número de opiniões e desejos diferenciados e ainda encontrar um horário para atingir um número maior de pais para as reuniões. Como pontos positivos os gestores, supervisores, coordenadores e/ou técnicos pedagógicos destacaram o aumento da freqüência dos alunos, o acompanhamento dos pais nas tarefas de casa, o auxílio maior da família para lidar com os problemas encontrados, os benefícios das reuniões pedagógicas, assessoramento e planejamento dos trabalhos, a participação da comunidade escolar e dos pais, o acesso dos funcionários aos gestores com a descentralização do poder, os funcionários não tem mais medo de chegar à escola, expor suas ideias e sugerir opiniões. Além disso, também houve o consenso em diversos segmentos da escola, embora não em todos os setores necessários e pretendidos. Como incentivo à participação os pais e responsáveis são convidados a colaborar com a escola, para tanto várias questões são expostas a eles para que estes se sintam 11 livre e parte da instituição. A escola compartilha com os pais questões financeiras, rotatividade de professores, dificuldades de aprendizagem, indisciplina, participação na eleição dos gestores, ações que dificultem o processo de ensino-aprendizagem o que gera de fato um efeito positivo, pois muitos pais circulam e frequentam a escola. Assim como num corpo humano tem vários membros, o corpo escolar possui vários setores, que podem ser considerados os órgãos que são responsáveis por funções distintas e que juntos podem transformar a realidade. Seguindo este preceito colocamos os professores em pé de igualdade com os demais profissionais da escola, bem como com os alunos. As entrevistas aos professores e equipe técnica foram aplicadas em um único dia, em uma reunião pedagógica que reuniu professores e técnicos para que juntos pudessem resolver questões sobre a “I Bienal de Artes do Sesquicentenário: ‘em vivo contato’”. 7 CONVERSANDO COM OS PROFESSORES Os professores que se dispuseram a nos auxiliar na pesquisa, consideraram a relação escola-comunidade boa ou ótima, afirmando que o Sesquicentenário se mostra uma escola aberta e organizada pedagogicamente, dialogando com toda a comunidade escolar, “pois em, praticamente, todos os eventos, assembleias e decisões a serem tomadas, pais, alunos, professores e funcionários são consultados e participam ativamente” (entrevistado A) De acordo com os professores, o corpo discente da escola possui interesse e participa ativamente das ações da gestão participativa, principalmente o ensino médio, opinando e executando as ações, como afirmou o entrevistado B “sim, todos em sua maioria (principalmente ensino médio) participam das ações da gestão participativa”. O trabalho em busca de melhorar uma realidade encontrada visando maior envolvimento de todos e qualidade no ensino não é fácil, contar com a participação da comunidade para chegar a determinadas decisões proporciona uma maior segurança aos professores, pois mostra que eles não estão sós, mesmo sabendo que essa participação ainda não conta com o apoio de cem por cento dos pais. O nível de compreensão e participação dos alunos em relação à gestão participativa foi considerado bom ou ótimo, pois muitos participam das reuniões de interesse da comunidade escolar como eleições na escola, cooperativa, direção, entre 12 outras, mostrando-se bastante atuantes em suas opiniões, querendo de fato fazer parte do processo. Com base no entrevistado A, “das experiências que já vivi como professor, aqui encontrei alunos que realmente têm compreensão que devem participar conjuntamente nos processos de gestão”. A gestão participativa, na visão dos professores, influencia muito na qualidade do processo de aprendizagem, “pois torna os alunos mais participativos e críticos com a realidade escolar” (entrevistado B), eles não só aprendem os conteúdos das disciplinas, mas também executam papéis de cidadãos, aprendem atitudes responsáveis, tornando-se mais participativos e críticos com a realidade escolar. Para eles, as maiores dificuldades encontradas dentro da escola são “as divergências de pensamento entre cooperativa, e direção⁄professor” (entrevistado B) o que influencia diretamente no trabalho deles e a falta de respeito por essas diferenças de opiniões. A prática vivida, planejada e questionada na vida profissional, foi de fundamental importância para a visualização de outros pontos de vista teóricos e interpretação dos mesmos, aumentando a compreensão de como a gestão participativa influencia e é importante para o cotidiano escolar. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante disto, com base no referencial teórico e com as respostas dos questionários aplicados, concluímos que a gestão participativa na Escola Sesqui Centro Estadual Experimental de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário – CEEEA está ainda a caminho de encontrar o seu equilíbrio. O que faz a gestão participativa se desenvolver e crescer, dentro da escola, é a interação entre comunidade e escola, o que exige de ambas as partes esforço e trabalho significativo o que será refletido no desempenho escolar dos alunos. Destacamos que a relação entre escola-comunidade precisa de ajustes, pois foi considerada moderada segundo os alunos, e boa, mas com restrições, de acordo com a equipe pedagógica, falando que essa relação precisa de mais harmonia apontar com clareza as reais necessidades do aluno no processo de aprendizagem. Com base na coleta de dados dos questionários direcionados aos alunos, vemos que consideram bom o desempenho dos professores na gestão participativa, já com relação aos gestores e a comunidade consideram regular. Concluímos que, os professores empenham-se, ou pelo menos demonstram isso, em prol do 13 desenvolvimento da gestão participativa, já os gestores e a comunidade estão deixando a desejar nesse processo, os gestores devem não estar proporcionando a abertura necessária à comunidade, com isso, esta se sente desestimulada a ir participar da escola. Segundo Lück (2005), todo indivíduo possui um poder de influência sobre o contexto social em que vive, ou seja, o gestor tem o seu papel de incentivar e orientar, com seu caráter de líder, toda a comunidade escolar ao desenvolvimento da escola, promovendo um ambiente com clima de confiança, de coletividade ao trabalho, sendo um estimulante a produção profissional, pois o isolamento profissional reduz esta produção. O gestor não administra mais sozinho a escola, mas ele é o principal responsável pelo perfil que a escola aderir, pelo comportamento de sua equipe pedagógica e de seus demais funcionários. Ao saber ouvir, irá saber onde se pode melhorar. A gestão participativa faz a diferença para os alunos, principalmente porque os integra à sociedade, nesta escola, porém, a teoria e a prática da gestão participativa se apresentam em distâncias consideráveis, reconhecemos que não é fácil, mas a escola está crescendo dentro desta perspectiva, apresentando influências no cotidiano escolar, que podem ser visto no desempenho escolar dos alunos e na produção profissional da equipe pedagógica. De acordo com Lück (2005, p.28), “para resumir, a pesquisa sobre educação, efetivamente, amplia a nossa compreensão de como a gestão participativa é capaz de afetar positivamente a qualidade escolar”. Concluímos que a gestão participativa merece invadir e se desenvolver não só na Escola Sesqui Centro Estadual Experimental de Ensino-Aprendizagem Sesquicentenário – CEEEA, mas em todas as escolas que teem o compromisso com a boa qualidade de produção profissional, consequentemente resultando em um melhor desempenho escolar dos estudantes. 14 REFERÊNCIAS CAMPOS. Roselane Fátima; SCHEIBE, Leda. Sala ambiente projeto vivencial. In.: BRASIL. Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB/CAFISE, 2006. DALMAS, Ângelo. Planejamento Participativo na Escola. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 1994. FONSÊCA, Lydiene Moreira. SANTOS, Josiana Rodrigues dos. A Gestão Participativa no cotidiano escolar. João Pessoa: Monografia (Graduação) – UFPB – CE, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. 35ª ed. – São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura) GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo na escola. 12.ed. 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