TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ALIADA A GESTÃO DO CONHECIMENTO NA MELHORIA DA ESTRATÉGIA E DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Artur Alves de Moura* Tarcisio Campanholo** Resumo O conhecimento dentro das organizações se tornou um ativo estratégico capaz de gerar vantagens competitivas e diferenciais de mercado, fazendo com que essas organizações se esforcem para criar, armazenar, transferir e aplicar o conhecimento. É nesse contexto que a Gestão do Conhecimento se transforma em valioso recurso estratégico, posto que a globalização da economia, impulsionada pelo avanço tecnológico e pelas comunicações, é uma realidade da qual não se pode escapar. Nesse cenário que a Tecnologia da Informação se faz importante, pois através de recursos tecnológicos e computacionais a organização é capaz de melhorar a qualidade e a disponibilidade de informações e conhecimentos inerentes ao seu crescimento e sua diferenciação no mercado. Palavras-‐chave: Gestão do Conhecimento. Organização. Tecnologia da Informação. INTRODUÇÃO O conceito de Gestão do Conhecimento parte do princípio de que todo o conhecimento existente na empresa, no intelecto das pessoas, nos processos criados e nos departamentos existentes, é parte integrante da organização e, em contrapartida, os colaboradores devem contribuir para a geração do conhecimento, bem como usufruir dele. Sendo assim as organizações atuais estão preocupadas em analisar e organizar dados, de forma que sejam disponibilizados como informação, com valor agregado, para subsidiar os processos de tomada de decisão, pois o atual ambiente de negócios sofre influência de fatores que são decorrentes de inovações sociais, econômicas, políticas, organizacionais, tecnológicas e institucionais, fazendo com que a criação e * Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Uberlândia e Especialista em Gestão Organizacional e Desenvolvimento de Talentos Humanos pela Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail [email protected]. ** Doutorando em Administração pela Universidad de La Empresa - UDE - Montevidéo - Uruguay. Mestrado em Biotecnologia e Gestão Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Pós Graduação em Segurança da Informação pela União Educacional de Minas Gerais. Graduado em Ciências Contábeis pela Faculdade de Itapiranga-FAI. E-mail [email protected] a disseminação da informação e do conhecimento passem a desempenhar um papel estratégico nas organizações. De fato, o mundo atual passa por uma verdadeira Revolução Tecnológica, e para Castels (1999) não é a centralidade de conhecimento que caracteriza essa revolução, e sim um ciclo de realimentação cumulativo entre inovação e seu uso. Com o grande volume de informações que é difundido pelos meios de comunicação, surge a necessidade de melhorar o gerenciamento dessas informações com o intuito de contribuir para a gestão do conhecimento dentro das organizações. Nesse contexto, surge a oportunidade de aliar as tecnologias da informação e as tecnologias de gestão, fazendo com que as duas sejam executadas em paralelo tendo como ponto comum a gestão do conhecimento. A Tecnologia da Informação (TI) oferece um leque de ferramentas para auxiliar o gestor a implantar a Gestão do Conhecimento, de forma satisfatória e coordenada dentro da organização, contudo esse gestor deve estar ciente de que apenas as TI, quando implantada, não gerará uma melhoria do desempenho organizacional e nem criará vantagem competitiva, que é o que toda empresa espera. O presente artigo é composto de uma pesquisa bibliográfica que aborda os principais conceitos sobre a Gestão do Conhecimento, mostrando como o conhecimento é criado, como ele transita dentro das organizações e de que forma ele pode ser mensurado. Além disso, o artigo também exibe uma pesquisa bibliográfica sobre como a Tecnologia da Informação pode ser relevante para a estratégia de uma organização. E por fim o artigo exibe três pesquisas realizadas em diferentes países que mostram como a gestão do conhecimento pode aliar-se à tecnologia da informação. 2. A GESTÃO DO CONHECIMENTO Em face do tema a ser discorrido neste artigo, cabe aqui, inicialmente, esclarecer alguns conceitos chave, como o que se entende por dados, informações, conhecimento e gestão do conhecimento. Segundo alguns autores, entre eles Motta (1999), o termo gestão é genérico e sugere a idéia de dirigir e decidir. Druker (1993), em sua obra sobre a sociedade pós-capitalista, aborda o conhecimento no contexto de uma revolução gerencial, onde a aplicação do conhecimento é sinônimo de gerência eficaz, sendo que, em sua visão o gerente é o “responsável pela aplicação e pelo desempenho do conhecimento”; ainda nesta obra Druker (1993) afirma que o conhecimento nos dias atuais é o único recurso com significado, pois os recursos tradicionais como terra (recursos naturais), mão-de-obra e capital se tornaram secundários, pois podem ser obtidos facilmente, desde que o conhecimento exista. Para Davenport e Prusak (1998) dados, informações e conhecimento estão intimamente relacionados, formando uma hierarquia entre eles, esses autores explicam que o conhecimento é decorrente da informação, que, por sua vez, deriva de um conjunto de dados. Para os autores dados são registros sem significado, que se transformam em informações ao adquirirem algum significado. As informações são dados que possuem relevância e propósito e o conhecimento pode ser visto como o conjunto de informações reconhecidas e integradas pela pessoa dentro de um esquema pré-existente, ou seja, o conhecimento é gerado apenas no momento em que as pessoas reconhecem as informações e as aplicam em suas ações cotidianas para a obtenção de algo. Da mesma forma, a hierarquia reversa também pode ser considerada, o conhecimento ao ser explicitado, difundido através de meios físicos ou virtuais, se torna uma informação ou um conjunto delas, que ao serem desmembradas se tornam um conjunto de dados, a Figura 1 ilustra essa hierarquia para transformação dos dados em informação, informação em conhecimento e vice-versa. Nesse sentido, Davenport e Prusak (1998) afirmam que o conhecimento está relacionado ao uso inteligente da informação, podendo ser avaliado pela qualidade das ações ou das decisões a que leva. Alguns autores ainda definem o conhecimento a partir do conceito de realidade como construção social, é o caso de Berger e Luckmann (1966), que buscaram na obra de Marx, o argumento de que a origem do conhecimento é o trabalho humano, de forma que esses autores afirmam que o conhecimento é construído socialmente, à medida que o homem em suas atividades cotidianas, se depara com algum tipo de problema, ou seja, enquanto não ocorrem problemas, aceita-se a realidade como certa e o conhecimento como verdadeiro. Neste sentido, só há aprendizagem quando o ser humano, em suas interações com o mundo, supera desafios e transforma a realidade. De forma coerente com a visão de conhecimento como construção social, Polanyi (1983) identifica dois tipos de conhecimento, o tácito e o explícito, onde o conhecimento explícito ou codificado é passível de transmissão sistemática por meio da linguagem formal, relacionado a eventos e objetos, independente do contexto; já o conhecimento tácito é pessoal, relacionado a um contexto específico e difícil de ser formalizado e comunicado, representa o conhecimento produzido pela experiência de vida, incluindo elementos cognitivos e práticos. Mais tarde dois autores japoneses, Nonaka e Takeuchi (1997), utilizariam estes conceitos de conhecimento tácito e explícito para formular uma teoria sobre a criação do conhecimento. Figura 1 – Hierarquia de transformação de dados em informação e conhecimento Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak (1998) Após o entendimento dos conceitos de dados, informação e conhecimento, a gestão do conhecimento pode ser entendida como o processo pelo qual uma organização consciente e sistematicamente coleta, organiza, compartilha e analisa seu acervo de conhecimento para atingir seus objetivos (FALCÃO e BRESCIANI FILHO, 1999). Já na visão de Schultze e Leidner (2002) a gestão do conhecimento é a geração, representação, estoque, transferência, transformação, aplicação, incorporação e proteção do conhecimento; e para essas autoras a gestão do conhecimento está intimamente ligada a conceitos como: aprendizagem organizacional, organização de aprendizagem, memória organizacional, compartilhamento da informação e trabalho colaborativo. Ainda na conceituação da Gestão do Conhecimento, é imprescindível apresentar uma das principais abordagens sobre essa gestão na literatura, que consiste na teoria da criação do conhecimento, exposta no livro “Criação de Conhecimento na Empresa” (Editora Campus), escrito por Nonaka e Takeuchi (1997), onde essa teoria busca examinar os mecanismos e processos pelos quais o conhecimento é criado. Os autores Nonaka e Takeuchi buscaram suporte para a teoria da criação do conhecimento na obra de Platão (século IV a.C.), na qual o conhecimento é definido como “crença verdadeira justificada”, e a partir dessa definição fundamentaram sua teoria em duas dimensões: epistemológica e ontológica, sendo a dimensão epistemológica baseada na distinção feita por Polanyi (1983) entre conhecimento tácito e explícito, onde essas duas formas de conhecimento, tácito e explícito, devem integrar-se permanentemente, por meio de símbolos, metáforas e analogias para a criação do conhecimento nas organizações. Já na dimensão ontológica, Nonaka e Takeuchi (1997) consideram o conhecimento como uma criação individual, que se expande pela organização através de uma espiral do conhecimento, formando uma rede de conhecimentos. No que concerne a gênese do conhecimento na organização, Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que está identificada na interação das duas perspectivas discutidas anteriormente, por meio da integração das duas formas de conhecimento, tácito e explícito, onde são considerados quatro processos de conversão do conhecimento que permeiam essas duas formas: • socialização, que consiste no processo de compartilhamento de conhecimento tácito, por meio da experiência (Tácito à Tácito); • externalização, que consiste no processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos, por meio de metáforas, analogias, símbolos, slogans ou modelos (Tácito à Explícito); • combinação, que consiste no processo de sistematização de conjuntos diferentes de conhecimento explícito (Explícito à Explícito); • internalização, que está intimamente relacionada aos processos de aprendizagem na prática, de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito, por meio da aplicação do conhecimento formal nas atividades de trabalho (Explícito à Tácito). O processo de conversão do conhecimento ocorre por meio de processos colaborativos promovido por um grupo de pessoas ou por iniciativa de um único indivíduo. Nesse caso, o conhecimento é criado, recriado e ampliado, tem seu escopo mais abrangente, num processo circular, formando a famosa Espiral do Conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), conforme ilustra a Figura 2. Figura 2 – Espiral do Conhecimento Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997) A teoria da criação do conhecimento é apresentada, de forma geral, por Nonaka e Takeuchi (1997) como uma crítica ás práticas das empresas do ocidente, pois os ocidentais tendem a enfatizar o conhecimento explícito, empresa é vista como uma máquina processadora de conhecimento, em que enfatiza o conhecimento explícito, formalizado; já os japoneses tendem a ressaltar o conhecimento tácito, empresa é vista como um organismo vivo, onde se destaca o conhecimento como uma criação social. A visão oriental (japonesa) da gestão do conhecimento está explicitada principalmente nas obras de Nonaka e Takeuchi, já no contexto ocidental o trabalho de Davenport e Prusak (1998) é considerado referência, pois esses autores realizaram um amplo estudo em empresas ocidentais de grande porte, no qual identificaram dificuldades e as condições de sucesso dos modelos de gestão do conhecimento. As principais dificuldades referem-se à gestão do conhecimento tácito e as condições de sucesso, são determinadas quando a organização possui uma cultura organizacional favorável ao conhecimento e a utilização de sistemas de informação. Neste mesmo contexto, as autoras Alavi e Leidner (2001) destacam a necessidade de sistemas de informação para a gestão do conhecimento, especificamente voltados para apoiar a criação, a transferência e a aplicação do conhecimento nas organizações. A gestão do conhecimento aliada à tecnologia da informação confere às organizações uma perspectiva ampla e promissora, pois viabiliza a geração de inovações de forma duradoura, o que permite vislumbrar a conquista de vantagem competitiva. 2.1 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES O conceito de Tecnologia da Informação é mais abrangente do que o de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve aspectos humanos administrativos e organizacionais (KEEN, 1993). Muitos autores, entre eles Alter (1992), fazem a distinção de Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação, restringindo à primeira expressão apenas os aspectos técnicos, enquanto que a segunda corresponderia às questões relativas ao fluxo, pessoas e informações envolvidas. Já outros, como Henderson & Venkatraman (1993), usam o termo tecnologia da informação abrangendo ambos os aspectos. A informação, de acordo com Davenport e Prusak (1998) pode ser descrita como uma mensagem de comunicação audível ou visível, em geral apresentada sob a forma de documento, que envolve um emitente e um receptor e, cuja finalidade é mudar o modo como o destinatário vê algo ou exerce algum impacto sobre o seu julgamento e comportamento. Diferente dos dados, a informação tem significado e se organiza tendo em vista algum fim. Porter e Millar (1985) acreditam que nenhuma empresa pode escapar dos efeitos da revolução causada pela informação. Os gestores cada vez mais gastam recursos com a tecnologia da informação e se envolvem em sua gestão. Segundo Freire (2000) e Santos (2001), a empresa deve ter consciência de que a informação é um requisito tão importante quanto os recursos humanos, pois é dela que depende o sucesso e o fracasso das decisões tomadas por seus responsáveis e também por todos os seus colaboradores. A informação é um elemento primordial para estabelecer nas organizações, condições para atingir seus objetivos e aumentar sua competitividade. No que diz respeito à estratégia empresarial, a informação apóia as estratégias e processos de tomada de decisão, pois possibilita um maior controle das operações empresariais e pode ser utilizada para interferir no processo de gestão, com a possibilidade de provocar mudanças organizacionais, uma vez que este uso afetaria os diversos elementos que compõem tal sistema (BEUREN, 2000). A gestão dessa informação engloba a sinergia entre a tecnologia da informação, comunicação e os recursos/conteúdos informativos, visando o desenvolvimento de estratégias e a estruturação de atividades organizacionais. Portanto, essa gestão implica mapear as informações necessárias, fazer sua coleta, avaliar sua qualidade, proceder ao seu armazenamento e à sua distribuição e acompanhar os resultados de seu uso (MARCHIORI, 2002). A gestão estratégica da informação significa o uso da informação com fins estratégicos para obter vantagem competitiva (LESCA e ALMEIDA, 1994). A tecnologia da informação alterou o mundo dos negócios de forma irreversível. Desde que foi introduzida sistematicamente, em meados da década de 50, houve uma mudança radical no modo de operar das organizações (MCGEE e PRUSAK, 1994). Antonialli (1996) concorda que fortes tendências e fatores tecnológicos são os responsáveis por contínuas adaptações da postura estratégica empresarial. Essa tecnologia abrange uma gama de produtos de hardware e software capazes de coletar, armazenar, processar e acessar números e imagens, usados para controlar equipamentos e processos de trabalho e conectar pessoas, funções e escritórios dentro das empresas e entre elas (WALTON, 1993). De forma correspondente, segundo Balarine (2002) essa tecnologia pode ser entendida como objetos (hardware) e veículos (software) destinados a criar sistemas de informações que resultam na implementação da TI (Tecnologia da Informação) através do uso de computadores e da telecomunicação. E ainda, de um modo mais amplo, pode-se afirmar que essa tecnologia refere-se ao conjunto de hardware e software, já citados, com a função de processamento de informações, que implica coleta, transmissão, estocagem, recuperação, manipulação e exibição de dados, tarefas essas que podem estar incluídas em computadores, mainframes, scanners, planilhas eletrônicas ou banco de dados, além de outros (CAMPOS FILHO, 1994). Albertin (1996) apresenta também uma abrangente definição da tecnologia da informação, uma vez que a conceitua como tudo aquilo com que se pode obter, armazenar, tratar, comunicar e disponibilizar a informação. Investimentos em TI são expressivos e as empresas esperam, através destes, ampliar a relação de objetivos gerenciais que venham a influenciar o desempenho. A tecnologia da informação é considerada relevante para as organizações, pois proporciona a inovação de muitos produtos e serviços, viabilizando o surgimento de importantes capacidades dentro das organizações, como por exemplo, a entrega online de informações, o acesso eletrônico a serviços, a habilidade de solicitar e obter serviços específicos, o pagamento e a apresentação eletrônica de contas e a habilidade de utilizar vários produtos de software sem que seja preciso realimentar os dados (ALBERTIN, 2000). Trata-se de uma das maiores influências no planejamento das organizações, podendo inclusive colaborar com a estratégia competitiva das empresas, por oferecer vantagens competitivas, diferenciar produtos e serviços, melhorar o relacionamento com os clientes, facilitar a entrada em alguns mercados, possibilitar o estabelecimento de barreiras de entrada, auxiliar a introdução de produtos substitutos e permitir novas estratégias competitivas com o uso de sua própria tecnologia (ALBERTIN, 2001); além disso, a TI também é responsável pelo armazenamento de dados provenientes do ambiente externo, sendo que, para isso, a ferramenta mestra a ser utilizada é o banco de dados – repositório central de todas as informações pertinentes ao relacionamento de uma empresa com seus clientes e/ou fornecedores (NEWEL, 2000). É notória a importância da TI, contudo não basta apenas coletar e armazenar dados, é essencial transformá-los em informações relevantes ao processo de gestão estratégica. Sendo assim, para garantir o sucesso e a viabilidade de seu emprego, principalmente em empresas pequenas, é necessário utilizar uma ferramenta que forneça respostas rápidas aos usuários finais da maneira mais simples e econômica possível. Para implantar com êxito uma tecnologia da informação, as empresas precisam levar em conta algumas condições básicas, como: integrá-la a outras ferramentas de gestão, considerando que adotá-las é apenas uma variável de decisão estratégica, e ter consciência de que os benefícios realmente significativos virão a médio e longo prazo (SILVA e FISCHMANN, 2002). Walton (1993) ressalta que, para facilitar a implementação da tecnologia da informação na empresa, é necessário criar uma visão estratégica, isto é, uma visão que, no contexto estratégico, seja não só capaz de alinhar as estratégias de negócios, de organização e de tecnologia da informação, mas também de abranger a estratégia competitiva e os modelos organizacionais que poderão direcionar o sistema de tecnologia da informação ou ser direcionados por ele. Para o autor, a TI abrange três ângulos que formam o denominado triângulo estratégico. Para Laurindo et al. (2001) é necessário utilizar a tecnologia da informação sob o enfoque da eficácia de seu emprego, comparando e analisando os resultados de sua aplicação no negócio das organizações, os impactos de seu uso na operação e estrutura das empresas. Na atual economia de informação, a concorrência entre as empresas baseia-se em sua capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz (MCGEE e PRUSAK, 1994). A tecnologia da informação, quando associada à gestão do conhecimento, pode ser um fator importante no aperfeiçoamento do uso da informação estratégica presente no ambiente, informação esta capaz de criar grande valor e manter as organizações unificadas. Na próxima seção será apresentado de que forma a gestão do conhecimento aliada à tecnologia da informação podem influenciar na estratégia e no desempenho das organizações. 2.2 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ALIADA À GESTÃO DO CONHECIMENTO Segundo Toumi (2001) o sucesso dos negócios está ficando cada vez mais dependente da inovação e do conhecimento, que estão mudando as formas tradicionais de organizar negócios nas empresas. As suposições tradicionais em coordenação, controle e apropriação de recursos estão perdendo sua relevância, e as habituais formas de administrar as organizações estão se tornando inadequadas. Com o surgimento da Tecnologia da Informação (TI), novas formas de rede de organização estão emergindo e a importância de redes informais dentro e entre organizações está se tornando amplamente concebida. Na rede da sociedade do conhecimento, as empresas terão novos tipos de profissionais, considerados experts, e os gerentes de negócio precisam estar cientes de que deverão entender de diferentes sistemas de valor. Essas mudanças implicam no design organizacional, na estratégia, nas práticas de gestão e tecnologias organizacionais, conduzindo às novas teorias e práticas de Gestão do Conhecimento (GC). Para Toumi (2001), novas informações, comunicação e tecnologias computacionais estão mudando fundamentalmente a organização e o conteúdo de trabalho, enfatizando que pelos menos para alguns membros da sociedade, carreiras de trabalho de longa vida estão se tornando um mosaico, onde o trabalho produtivo, o aprendizado e o desenvolvimento de competência são inseparáveis. Esse quadro de integração do trabalho produtivo, aprendizado e competências, geram para a organização vantagens competitivas e oportunidades de melhorar a estratégia empresarial, a integração entre a GC e TI aparece como um imperativo para atender esses requisitos que são importantes para toda empresa. Contudo essa integração é extremamente complexa, pois envolve tanto a gestão de ativos intangíveis de diferentes naturezas – pessoas, conhecimentos tácitos, explícitos, individuais, organizacionais e de redes – quanto conhecimentos estruturais, que servem de base tecnológica para estocagem, para melhoria e para o fluxo dos bens intangíveis, e sistemas de informação com aplicativos que possibilitem o aumento da interação entre pessoas nos ambientes interno e externo, agregando fornecedores e clientes à cadeia de valor das organizações. Diante dessa complexidade, Júnior (2004) destaca que as TI têm-se tornado o centro nervoso das empresas, um fator estratégico de competitividade e sobrevivência. Embora essa afirmação esteja correta, as empresas precisam ter precaução para que não cometam o erro de considerar a TI, em si, como a solução para o sucesso das organizações. Davenport e Prusak (1998) afirmam que algumas organizações, equivocadamente, presumiram que a tecnologia poderia substituir a qualificação e o julgamento de um trabalhador humano experiente, o que se tem revelado falso. Esses autores destacam que a informação se movimenta pelas organizações por redes hard e soft. As redes hard têm uma infra-estrutura definida, formada por fios, utilitários de entrega, antenas parabólicas, centrais de correio, endereços, caixas postais eletrônicas. Envolvem conhecimento estruturado, qualificações técnicas e experiência profissional. Já as redes soft são menos formais e visíveis; são circunstanciais; envolvem um claro senso dos aspectos culturais, políticos e pessoais do conhecimento, da transferência do conhecimento. A integração adequada entre ambas é o que permite o bom posicionamento da empresa no mercado, sua resposta acertada às demandas. Para Davenport e Prusak (1998), o objetivo das ferramentas de GC é modelar parte do conhecimento existente nas cabeças das pessoas e nos documentos corporativos, disponibilizando-o para toda a organização. A mera existência do conhecimento na empresa é de pouco valor, se ele não estiver acessível e não for utilizado como um dos seus recursos mais importantes. Com essas ferramentas, almeja-se que o conhecimento possa fluir por meio de redes de comunidades, transformando a tecnologia em um meio e o conhecimento em um capital, em uma mensagem. A expressão gestão do conhecimento pode assumir diversos significados. Com o advento da TI e com o avanço nas práticas de gestão organizacional, a GC tem sido entendida sob a forma de diferentes estratégias, a partir das quais as organizações lidam com o conhecimento, interna e externamente, para obter vantagens competitivas. Tal é a constatação de renomados autores na área, como Davenport et al. (1996), por exemplo. A GC pode ser sintetizada, segundo Salim (2001), como um processo articulado e intencional, destinado a sustentar ou promover o desempenho global de uma organização, tendo como base a criação e a circulação de conhecimento. Existe uma forte tendência em correlacionar a GC com desempenho organizacional em sentido amplo, o que tem sido comprovado em diversas pesquisas realizadas com métodos diferentes, junto a empresas de distintos perfis, portes e locais. Três estudos recentes a esse respeito feitos por amostragem quantitativamente significativa, detalhando as relações entre CG, TI e desempenho organizacional, apontam-nas como positivas. O primeiro desses estudos, conduzido por Maier e Remus (2002), descreve como empresas alemãs utilizam a GC. Este estudo investigou o estado-da-arte dos sistemas de gestão do conhecimento (Knowledge Managment System – KMS), utilizados nas 500 maiores firmas da Alemanha e nas 50 mais importantes companhias dos setores bancário e de seguros do país, sendo que para esse estudo foram enviados questionários, que revelaram, conforme Maier e Remus (2002), que a GC, embora pareça absorver todos os tipos de abordagens teóricas e práticas, muitas vezes não leva em consideração o valor estratégico ou de negócios. Sendo assim, os autores concluíram que “os esforços de GC das organizações respondentes, em média, ainda têm elementos para ir até os mais avançados benefícios que podem ser colhidos”, e concluíram também que a “(...) GC, na prática, parece ser um esforço que compreende todos os tipos de atividades, medidas e tecnologias”. Para Maier e Remus (2002), as estratégias de GC são afetadas pelo uso de tecnologias de informação e comunicação que influenciam todos os níveis de intervenção, isto é, a cultura corporativa subjacente, a estrutura organizacional, as funções e processos, classificados como tecnologias que suportam a GC, e isso permite inferir que as tecnologias de informação utilizadas são, de alguma forma, a partir de certas instâncias, confundidas com estratégias de GC ou que estratégias têm dimensão secundária como ações integrativas em um sistema de GC. O segundo estudo, realizado por Leite (2004), analisando as relações entre GC e estratégia, GC e gestão de competências e GC e resultados, em 99 empresas brasileiras a partir de um amplo referencial teórico. Entre os 16 conceitos de GC revisados pela autora, a maioria traduz a expressão como processos, fluxos ou redes de valor, para que as empresas possam chegar a uma posição superior em relação à concorrência. Ela adotou o conceito de Weggman (1997), que considera a GC como um processo contínuo, relacionado à criação de valor em uma cadeia de produção, o que segundo esse autor, confere-lhe dinamicidade. Entre as principais conclusões de Leite (2004), destaca-se que em muitas organizações as iniciativas para a GC parecem iniciativas isoladas de áreas funcionais, não sendo raro observar esforços de departamento de recursos humanos ou de tecnologia da informação tentando desenvolver ou implementar projetos de GC, ou seja, a cúpula da maior parte das empresas ainda não apóia as iniciativas de GC, nem tampouco os empregados compreendem o que significa GC. Acrescenta ainda que a potencial contribuição da TI não chega a ser um destaque, restringe-se ao desenvolvimento e uso dos registros dos ativos intelectuais e dos sistemas de processamento. Leite (2004) concluiu que “(...) as empresas brasileiras ainda possuem poucas práticas que relacionam a gestão do conhecimento à estratégia empresarial, gestão de competências e de resultado...”. Inferiu também que essas empresas não enfrentaram obstáculos que se impõem à implementação da GC. O terceiro estudo foi efetuado por McKeen et al. (2006), com o objetivo de verificar até que ponto as organizações acoplam em particular, práticas de GC positivamente relacionadas com desempenho organizacional e se desempenho organizacional é, em troca, positivamente relacionado a desempenho financeiro. Os autores elaboraram um quadro com 12 práticas de GC, a partir de 30 pesquisas anteriores, que também relacionaram GC com desempenho organizacional. Pode-se afirmar que a base conceitual dos autores está assentada em uma revisão bibliográfica que permite identificar, com expressivo grau de profundidade, os problemas associados à implantação das estratégias de GC. McKenn et al. (2006) elaboraram um questionário para estudar as relações entre GC e desempenho organizacional em empresas do Canadá e Estados Unidos. Com base nos resultados obtidos, concluíram que a GC deixou de ser um conceito emergente para tornar-se uma função comum nas organizações. Mesmo assim, indicam que na prática ainda há problemas a resolver. Mencionam, que a cultura talvez seja o fator mais influente na promoção ou inibição de práticas de GC. O autor McKenn et al. (2006) confirmaram o vínculo entre GC e desempenho organizacional, já referido por pesquisas quantitativas e qualitativas, e certa relação positiva, ainda que fraca, entre desempenho organizacional e desempenho financeiro. Esses autores concluíram, mais especificamente, que as práticas de GC estão diretamente relacionadas a várias medidas intermediárias de desempenho organizacional estratégico (proximidade do consumidor, liderança em produto e excelência operacional) e que essas medidas intermediárias estão associadas ao desempenho financeiro. Eles ainda mencionaram, com base na pesquisa bibliográfica realizada, que há uma espécie de desequilíbrio entre o desenvolvimento de pesquisas teóricas nessa área e a falta de estudos empíricos que comprovem ou não as hipóteses acadêmicas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao analisar o cenário das organizações citadas neste artigo foi possível perceber que o conhecimento tácito ainda não aparenta ser tão creditado pelas organizações, quanto o explícito. Parece haver dificuldade para geri-lo no âmbito da socialização entre as pessoas. Organizações que valorizam seus empregados pelos que eles sabem, recompensando-os por compartilhar seus conhecimentos, criam um clima mais favorável à GC e conseguem melhor desempenho. Apesar de alguns obstáculos que impedem o melhor entendimento da função da GC, já existe um grande número de iniciativas de GC nas organizações. Elas combinam várias abordagens, atividades singulares diferentes e tecnologias, que supostamente entregam valores de negócios, pela melhoria do modo como as organizações alavancam o conhecimento. A GC está intimamente relacionada ao fator de sucesso na tomada de decisões, o qual tende a aumentar à medida que aumenta a interação entre GC e TI, pois a TI desempenha um papel de infra-estrutura na GC, é utilizada como ferramenta de apoio à análise de mercado e suporte à tomada de decisão, funciona como instrumento para desenvolver e implantar tecnologias que apóiem o mapeamento, a extração, a codificação, a modelagem, a disponibilização, o compartilhamento do conhecimento e a comunicação empresarial. Além disso, a TI é um instrumento facilitador da rápida mobilidade do conhecimento no interior das organizações, um fator estratégico de competitividade e sobrevivência nas empresas. Contudo, é preciso cautela para que não se cometa o equívoco de julgar que a TI, em si, seja a solução para o sucesso das organizações. Dessa forma as organizações devem estar atentas para todos os possíveis gargalos que impedem o crescimento e o desenvolvimento da GC, pois a boa gestão do conhecimento aliada a tecnologia da informação permite o bom posicionamento da empresa no mercado e permite que essa empresa possa dar respostas acertadas a todas as demandas que lhe forem apresentadas. Referências CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Campus, 1999. DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1993. DAVENPORT, Thomas; PRUSAK, Laurence. Working knowledge: how organizations manage what they know. Boston: Havard Business School Press, 1998. BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. The social construction of reality. New York: Anchor, 1966. POLANYI, M. The tacit dimension. Gloucester: Peter Smith, 1983. NONAKA, I; TAKEUCHI, H. 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