2.1) Conceitos básicos de Capital de Giro 2.2) Os ciclos de operações de uma empresa x Capital de Giro 2.3) Princípios básicos da Administração do Capital de Giro 2.4) Apresentação do Filme: Administração Financeira em Tempos de Crise. 2.1) CONCEITOS BÁSICOS DE CAPITAL DE GIRO: I) O capital de giro é também conhecido ou chamado de Ativo Circulante ou Ativo Corrente, e representa uma parcela ponderável dentre as aplicações de recursos de uma empresa. II) Em geral o capital de giro compreende os saldos mantidos por uma empresa nas contas: disponibilidades,investimentos temporários , contas a receber , estoques de matériaprima, mercadorias para venda, produção em andamento e produtos acabados. A soma desses saldos, em qualquer momento considerado, representa o montante então investido pela empresa em capital de giro. III) Deve-se distinguir o capital de giro no sentido bruto, que será aqui utilizado, do capital de giro líquido, que resulta na subtração de todos os compromissos a curto prazo da empresa para com fornecedores, funcionários, fisco, etc , do total dos itens que compõem o capital de giro bruto, ou seja, disponibilidades + investimentos temporários + contas a receber + estoques. IV) Segundo a curto prazo é definido como sendo um período de 180 dias. V) Segundo os artigos 179 e 180 da Lei 6.404 ( 15.12.76 ). - Lei das Sociedades por Ações, o curto prazo é delimitado por um período igual ao de um exercício social ou seja, um ano, na maioria dos casos. VI) Afirmamos que os ativos correntes, constituem o capital da empresa que circula, até transformar-se em dinheiro, dentro de um ciclo de operações. Em vista disso, o curto prazo, como duração desse ciclo de operações, varia conforme a natureza das operações da empresa considerada. VII) Curto prazo é o tempo exigido para que uma aplicação de dinheiro em insumos variáveis gire inteiramente, desde a compra de matérias-primas e o pagamento de funcionários, até o recebimento correspondente à venda do produto ou serviço proporcionado ao cliente, a partir do emprego de tais recursos. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ESQUEMÁTICA DE UM CICLO DE OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA. RECEBIMENTOS DE CLIENTES CAIXA CONTAS A RECEBER VENDAS A PRAZO COMPRAS DE MATÉRIA-PRIMA ESTOQUE DE MATÉRIA-PRIMA PRODUTO ACABADO PRODUÇÃO Obs: evidentemente, não só é difícil olhar para uma empresa real em funcionamento e examinar o processo pelo qual as etapas são vencidas nesse ciclo, como certamente uma empresa como esta, terá vários ciclos em andamento simultaneamento, e em etapas distintas a cada momento considerado. 2.2) CICLO DE OPERAÇÕES DE UMA EMPRESA X CAPITAL DE GIRO . A) Observações: I) Este exemplo, mostra as diversas etapas do ciclo, onde também é analisado do ponto de vista dos seus efeitos sobre a liquidez da empresa. II) É importante sempre ter em mente que o capital de giro é mantido pela empresa para sustentar um dado volume de operações. III) Os investimentos em cada item , decorrem da natureza das operações às quais a empresa se dedica, bem como das peculiaridades do setor em que opera. IV) O exercício apresentado a seguir, também mostra como o investimento em capital de giro, visando atender às exigências de um volume de operações em crescimento, pode exercer pressões sobre a liquidez da empresa. B) QUADRO DE ACOMPANHAMENTO ÍNDICE C.G.L. I.L.C. END. ETAPAS //////////////////////////////////////////////// 1a. 2a. 3a. 4a. 5a. C) FÓRMULAS DE CÁLCULO CGL = AC - PC ILC = AC / PC END = PC / PT C) EXERCÍCIO : 1a.Etapa : Uma empresa é constituída, com um capital de R$ 100.000,00 sendo 50% em dinheiro e 50% em bens e equipamentos. ATIVO ATIVO TOTAL PASSIVO PASSIVO TOTAL Obs: para melhorar a análise sub-sequente, pode-se observar que nesse momento, os ativos correntes que já estão em dinheiro ou poderiam ser transformados em numerário, dentro do ciclo normal de operações, cobrem da melhor maneira possível eventuais compromissos, pois esses ainda não existem. No ILC a cobertura é máxima ou perfeita. 2a.Etapa : A empresa recebe um pedido para fabricar e, para atendê-lo, adquire matérias-primas a prazo, no valor de R$ 30.000,00, a pagar em 30 dias. Também contrata operários com os quais gasta, à vista, R$ 15.000,00 ficando um saldo de R$ 5.000,00 á pagar, ainda em decorrência desse pedido. ATIVO ATIVO TOTAL PASSIVO PASSIVO TOTAL Obs: segundo a medida de liquidez, definida na 1a. Etapa, a relação entreos ativos correntes e os itens exigíveis a curto prazo é agora de 2,43x. Além disso, as operações da empresa agora estão sendo “financiadas” também com recursos de terceiros, além do capital inicial, devido à própria mudança de composição dos ativos, em função das operações em andamento. Do capital total em uso, indicado pelo passivo global de R$135.000,00, 25,9%são agora devidos a terceiros. Isso dá uma idéia de endividamento assumido pela empresa. 3a.Etapa : A empresa gasta à vista, mais R$ 30.000,00 com mão-deobras e R$ 5.000,00 em serviços diversos de terceiros, para completar as unidades encomendadas. Como o saldo de numerário é de exatamente R$ 35.000,00 e a empresa deseja manter um nível mínimo de R$ 5.000,00 para qualquer eventualidade, recorre a um banco para obter esses fundos contra a emissão de uma nota promissória, mas sem outras garantias. ATIVO ATIVO TOTAL PASSIVO PASSIVO TOTAL Obs: verifica-se que o ILC cai para 2,25x e o uso relativo de capital de terceiros sobe para 28,6%. Observa-se também que a empresa acaba de cumprir mais uma etapa do ciclo de operações, avançando da compra e do processamento de materiais, para a conclusão desse processamento encontrando-se agora com um estoque de produtos acabados ( EPA ). 4a.Etapa : É efetuada a entrega da encomenda ao cliente, que também recebe 30 dias de prazo para pagar os R$ 120.000,00 faturados. Nesse momento a empresa deve saldar os seus compromissos para com fornecedores de matérias-primas e pagar os salários ainda devidos. Como o dinheiro produzido pela venda ainda demorará pelo menos 30 dias para ser recebido, os R$ 35.000,00 necessários para pagar essas contas serão obtidos com a emissão de mais uma promissória ao banco, mantendo-se assim o saldo mínimo de caixa de R$ 5.000,00. ATIVO ATIVO TOTAL PASSIVO PASSIVO TOTAL Obs: é nessa etapa, segundo as condições deste ciclo ilustrativo, que as necessidades de financiamento da empresa chegam ao máximo, pois ela aplicou recursos em ativos correntes, indo de disponibilidades a estoques de produção em andamento, destes a estoques de produtos acabados e finalmente a contas a receber, sem ainda auferir o produto da venda que proporcionará um lucro de R$ 35.000,00 sobre uma receita de R$ 120.000,00, ou seja, uma margem de 29, 2 %. 5a.Etapa :Completa-se o ciclo com o recebimento do valor de venda e o pagamento da dívida para com o banco. ATIVO ATIVO TOTAL PASSIVO PASSIVO TOTAL Conclusão final : 1. Pode se observar neste exemplo, a mecânica do ciclo de caixa. 2. São visíveis as pressões sofridas por uma empresa em crescimento, em termos dos investimentos exigidos, da administração da sua liquidez e do custo dos recursos utilizados. 2.3) PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO --> A Administração das aplicações em ativos correntes, envolve a tomada de decisões; essas decisões referem-se à três dimensões : 1a) A liquidez dos ativos correntes da empresa, em face da composição dos prazos de vencimento de suas dívidas. Os ativos correntes da empreas, têm além de um prazo para transformarem-se em dinheiro, um risco de transformação efetiva do dinheiro. O risco aumenta não só com a natureza das operações da empresa ( seus clientes, regime de concorrência, influência de oscilações da economia ), mas com esse mesmo prazo de transformação dos ativos correntes em dinheiro ( a duração do ciclo de caixa ), em face das datas de vencimento das dívidas da empresa a curto prazo, tendem a dar mais importância ao fluxo de recursos ( ciclo de caixa ) e aos índices de giro ( estoques e contas a receber - eles denotam a velocidade com que a empresa utiliza os seus estoques, bem como transforma as suas contas a receber em dinheiro ) , do que aos lucros obtidos pela empresa em suas operações. 2a) O CONFLITO ENTRE A LIQUIDEZ E A RENTABILIDADE. - Os ativos correntes representam um investimento indispensável para sustentar um dado volume de vendas. O seu retorno direto, em particular no caso de disponibilidades e investimentos temporários, é tipicamente inferior ao investimento em ativos fixos. Indiretamente, contudo, pode ser afirmado que contribuem para o objetivo rentabilidade ao cumprirem a sua função de sustentação de um nível de vendas. Nesses ativos, está a concentração de esforços da empresa para manter a sua liquidez. Nos termos de um “conflito” com o objetivo rentabilidade, quanto mais for aplicado em ativos correntes, para manter a liquidez, dado um volume de operações, menos restará para aplicações com retorno mais atraente. - Para melhor esclarecer este aspecto, consideremos o exemplo a seguir: Uma empresa, com vendas de R$ 1.000.000,00 por ano, pode adotar 3 políticas distintas de manutenção de saldos de ativos correntes: POLÍTICAS DADOS Vendas Anuais LAJIR Ativos Correntes Ativos Fixos GIRO DO ATIVO ( 1 ) TAXA DE RETORNO ( 2 ) A B C 1.000.000 1.000.000 1.000.000 100.000 100.000 100.000 60.000 80.000 100.000 200.000 200.000 200.000 FÓRMULAS DE CÁLCULO: VENDAS GIRO DO ATIVO ( 1 ) = TOTAL DO ATIVO LUCRO TAXA DE RETORNO( 2 ) = TOTAL DO ATIVO OBSERVAÇÕES : A) As três alternativas refletem atitudes diferentes quanto ao risco de falta de caixa, estoques, ou quanto ao volume de crédito, a ser dado aos clientes. B) É feita a hipótese de que o mesmo volume de vendas, pode ser suportado por qualquer das alternativas de investimento em ativos correntes. C) Na alternativa C, o risco que a empresa está disposta a assumir é menor do que nos outros casos; isso significa uma posição de liquidez mais sólida, mas dado o mesmo volume de vendas, uma taxa de retôrno sobre o investimento - rentabilidade - menor do que nas outras possibilidades. É em situações como estas que se diz haver o conflito entre a liquidez e rentabilidade. 3a) Na administração dos ativos correntes, mais claramente nos casos de disponibilidades e estoques, o dilema enfrentado é entre a manutenção de saldos excessivos, com investimentos e custos mais altos e a manutenção de saldos insuficientes com investimentos e custos menores, com a comtra-partida de riscos maiores. No caso os riscos são : falta de caixa porque não se desejou manter os saldos necessários à primeira vista ociosos; falta de estoques para reduzir os custos de estocagem, havendo uma procura ou utilização superior à esperada.