O tema foi desenvolvido pelo Doutor José Eduardo Borges de Pinho, professor da Universidade Católica de Lisboa. A sua abordagem incidiu em diversos aspectos sob os quais a liberdade humana poderá, hoje, considerar-se: antropológico, sociológico, religioso, eclesiológico, vivencial. Pudemos, assim, assistir a uma boa e sistemática dissertação que, partindo da conceção do ser humano como “projeto de liberdade” nos recordou que a liberdade humana é uma “liberdade ferida”, ambivalente. Nem sempre é exercida de modo linear nem se orienta para o bem em todas as suas expressões. Ser livre supõe um processo de maturação, passo a passo com a historicidade do ser humano e o seu viver. É, simultaneamente, dom e tarefa; abertura ao Bem e à Verdade; exigência de responsabilidade. A liberdade situa-se entre os valores sociais fundamentais, inerentes à dignidade da pessoa humana, e deve favorecer o seu autêntico desenvolvimento. A ideia moderna de liberdade é uma herança a acolher e desenvolver, mas tem limites e fracassos. Neste contexto, e baseando-se na Declaração Dignitatis Humanae, o conferente falou de liberdade de consciência e liberdade religiosa. Permanece a obrigação de se buscar a verdade como condição de realização pessoal e do sentido da própria vida. Mas a verdade não se impõe de outro modo senão pela própria força dessa mesma verdade (Cf. DH,1). O Mistério, que chamamos Deus, é a interpelação última e radical à liberdade humana. A fé, entendida como a mais radical decisão da liberdade humana e fruto - vivência de uma “liberdade libertada”, projeta a pessoa para a plenitude do ser livre. A educação para a fé deve ser também educação para a liberdade. É essencial saber propor e ajudar a uma decisão experimentada como verdadeiramente livre. A Igreja, hoje, é desafiada a ser verdadeiro espaço de liberdade e a saber situar-se no âmbito da diversificação da sociedade e do pluralismo democrático, procurando ser “sacramento de liberdade” no mundo e para o mundo. A nível de vivência pessoal a liberdade é interpelação concreta e contínua, supondo discernimento e expressando-se na doação aos outros, na coragem e sabedoria que brotam de uma experiência amadurecida do “ser verdadeiramente livre”, na resposta ao sentido da existência e à responsabilidade de construir um mundo mais humano.