1o semestre de 2010
DCC/ICEx/UFMG
1/7/2010
Demonstração de Teoremas
Professor: Newton José Vieira
Segunda Prova/Solução do professor
1. Suponha que R e S sejam relações reflexivas sobre A. Prove que R ◦ S é reflexiva.
Solução:
Seja x um elemento arbitrário de A. Como R e S são reflexivas, segue-se que xRx e xSx.
Portanto, (x, x) ∈ R ◦ S. Como x é elemento arbitrário de A, conclui-se que R ◦ S é
reflexiva.
2. Suponha que R seja uma ordem parcial sobre A e que B ⊆ A. Prove que R ∩ (B × B) é uma ordem parcial
sobre B.
Solução:
Inicialmente, observe que R ∩ (B × B) é uma relação sobre B, pois B × B ⊆ A × A.
1. R ∩ (B × B) é reflexiva. Seja b ∈ B arbitrário. Segue-se que (b, b) ∈ B × B e, como
B ⊆ A, b ∈ A. E como R é reflexiva, bRb. Assim, (b, b) ∈ R ∩ (B × B). Logo,
R ∩ (B × B) é reflexiva.
2. R ∩ (B × B) é antissimétrica. Sejam b1 , b2 ∈ B arbitrários e suponha que (b1 , b2 ) ∈
R ∩ (B × B) e (b2 , b1 ) ∈ R ∩ (B × B). Segue-se então que b1 Rb2 e b2 Rb1 e, como R
é antissimétrica, b1 = b2 . Conclui-se que R ∩ (B × B) é antissimétrica.
3. R ∩ (B × B) é transitiva. Sejam b1 , b2 , b3 ∈ B arbitrários e suponha que (b1 , b2 ) ∈
R ∩ (B × B) e (b2 , b3 ) ∈ R ∩ (B × B). Segue-se então que b1 Rb2 e b2 Rb3 e, como
R é transitiva, b1 Rb3 . E já que (b1 , b3 ) ∈ B × B, (b1 , b3 ) ∈ R ∩ (B × B). Portanto,
R ∩ (B × B) é transitiva.
3. Prove que para todo n ≥ 1,
Pn
k=1
(k + 1).2k = n.2n+1 .
Solução:
Por indução sobre n. Para n = 1, tem-se que nk=1 (k + 1).2k = (1 + 1).21 = 2.21 =
4 = 1.21+1 = n.2n+1 . Seja n ≥ 1 arbitrário. Suponha, como hipótese de indução, que
Pn
k
n+1 . Então:
k=1 (k + 1).2 = n.2
P
Pn+1
k=1 (k
+ 1).2k = ( nk=1 (k + 1).2k ) + (n + 2).2n+1
= n.2n+1 + (n + 2).2n+1
pela hipótese de indução
= (n + n + 2).2n+1
= (2n + 2).2n+1
= (n + 1).2n+2 .
P
4. Prove que em uma sequência de dois ou mais números reais, se o último for maior ou igual ao primeiro
elemento da sequência, então existem dois números x e y na sequência tais que y vem imediatamente após
x e y ≥ x.
Solução:
Por indução sobre o número de elementos da sequência. Para uma sequência de dois
elementos, o resultado é óbvio, visto que os dois elementos são consecutivos. Considere
uma sequência de n ≥ 2 elementos e suponha, como hipótese de indução, que se seu último
elemento for maior ou igual ao primeiro, então existem dois números x e y na sequência
tais que y vem imediatamente após x e y ≥ x. Seja agora uma sequência de n+1 elementos
k1 , k2 , . . . , kn+1 tal que kn+1 ≥ k1 . Dois casos:
Caso 1. kn ≥ k1 . Neste caso, pela hipótese de indução, existem x e y na sequência dos
primeiros n elementos tais que y vem imediatamente após x e y ≥ x. Esses mesmos dois
elementos satisfazem os requisitos para a sequência de n + 1 elementos.
Caso 2. kn < k1 . Segue-se, neste caso, que kn+1 > kn . Basta pegar x = kn e y = kn+1 .
5. Para cada número inteiro positivo n, seja An = {1, 2, . . . , n}, e seja
Pn = {X ⊆ An | X não contém dois inteiros consecutivos}.
Por exemplo, P3 = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 3}}. Prove que para todo n, o número de elementos em Pn é
Fn+2 , o n + 2-ésimo número de Fibonacci. (Por exemplo, o número de elementos em P3 é 5 = F5 .) Dica:
considere que elementos de Pn contêm n e que elementos não contêm n.
Solução:
Por indução sobre n. Seja n ≥ 1 arbitrário. Suponha, como hipótese de indução, que para
todo 0 < k < n |Pk | = Fk+2 . Tem-se 3 casos:
Caso 1. n = 1. Como P1 = {∅, {1}} e F3 = 2, |Pn | = Fn+2 .
Caso 2. n = 2. Como P2 = {∅, {1}, {2}} e F4 = 3, |Pn | = Fn+2 .
Caso 3. n ≥ 3. |Pn | = |Pn−1 | + |Pn−2 |, visto que (a) os elementos de Pn que não contêm
n são exatamente aqueles contidos em Pn−1 e (b) os elementos de Pn que contêm n não
contêm n − 1, sendo aqueles formados por algum conjunto de Pn−2 acrescido de n. Como
0 < n − 1 < n e 0 < n − 2 < n, segue-se pela hipótese de indução que |Pn−1 | = Fn+1 e
|Pn−2 | = Fn . Portanto, |Pn | = Fn+1 + Fn = Fn+2 .
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