XII ENEJA Paulo Freire na EJA: 90 anos entre os discursos e as práticas Três décadas de caminhadas na EJA/AJA: da curiosidade ingênua a busca epistemológica em Freire [...] a fundamentação teórica da minha prática [...] se explica ao mesmo tempo nela, não como algo acabado, mas como um movimento dinâmico em que ambas, prática e teoria, se fazem e se refazem. Desta forma, muita coisa que hoje ainda me parece válido, não só na prática realizada e realizando-se, mas na interpretação teórica que fiz dela, poderá vir a ser superada amanhã, não só por mim, mas por outros (FREIRE, 1976, p. 17). Em busca de inspiração para a escrita/fala nessa mesa Sentimentos de alegria/prazer : encontrar os companheiros e dialogar X Tenções: responsabilidade; participar do encontro como “visita”; escasso tempo para pensar e produzir; polissemia do tema. Escutando sobre Freire e escutando Freire: • Primeira escuta sobre ele: “curiosidade ingênua”. • Escutando Freire: estimulo a curiosidade epistemológica. Procurando/buscando por Freire e em Freire • Freire presente nas ações de ensino, formação, extensão e pesquisa • Distanciamentos entre discursos e práticas alfabetizadoras • Aglutinando educadores em busca de Freire Convivência com Freire: curiosidade epistemológica aguçada • Inserção no doutorado: projeto de pesquisa • Redimensionamento a partir do olhar de Freire • Explicitação das categorias a partir de Ireland e Freire • Em Freire, Vygotsky e Ferreiro as contribuições teórico-metodológica às práticas • • • • Freire, “a pedra angular” na EJA e AJA Concepção de AJA Método como pesquisa ação Caracterização dos sujeitos alunos e educadores • Papel dos educadores Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Suas contribuições se dão tanto em nível de reflexões, como em nível de ação: definiu políticas, fez propostas, executou ações, criou um sistema para alfabetizar adultos que possibilitasse a estes a conscientização e a conseqüente intervenção para mudar a si mesmo e o mundo. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Oferece referências para compreendermos as condições particulares de formação e desenvolvimento do Estado brasileiro. • Mostra-se como um pensamento sempre aberto à universalidade dos temas de seu tempo. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Alerta-nos sobre os efeitos positivos e ao mesmo tempo excludentes do avanço da tecnologia - provocando o desemprego e a marginalização - a falta de ética reinante no mundo “moderno” e consumista e nos ilumina com uma concepção de educação e de escola problematizadora e transformadora. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Propõe uma série de “saberes” necessários para que o educador possa “ensinar certo”: um saber geral, que parta da consciência de que “mudar é difícil mas é possível”. A partir deste saber geral, saberes específicos que incluam conhecimentos precisos sobre as diferentes áreas do conhecimento; e, conhecimentos sobre as manhas com que os grupos humanos produzem a sua própria sobrevivência. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Mostra o papel do alfabetizador no sentido de levar o alfabetizando à compreensão de si mesmo enquanto sujeito cultural e, conseqüentemente, capaz de transformar a si mesmo e o mundo. • Com ele nos instrumentalizamos no sentido de fazer da avaliação uma constante autoavaliação, de forma que educadores/alfabetizadores e alfabetizandos possam se pôr como constantes refazedores de suas práticas e, conseqüentemente, aprendizes. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • As idéias e experiências de Freire, ao longo dos seus mais de 50 anos de produção, se tornaram formulações escritas concretas que passaram a ser socializadas ao mundo. • No entanto, mesmo as suas idéias e o método de alfabetização conseqüente consolidando-se na área da educação popular e tomando a dimensão nacional e internacional que teve e tem até hoje, eles nunca se tornaram hegemônicos, nem devidamente estudados e compreendidos. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • A complexidade e amplitude da concepção de alfabetização que Freire defende, ancorada numa postura política bastante definida, requerem por parte dos educadores uma formação teórica sólida envolvendo estudos multidisciplinares, além de um profundo conhecimento do seu pensamento e da sua teoria educacional. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Como esse estudo e compreensão nem sempre ocorrem, acreditamos que as leituras mal feitas ou as dificuldades de interpretação de Freire, têm levado muitos a tomarem as suas explicações e concepções de forma equivocada, defendendo a alfabetização como uma prática política que deve levar os sujeitos à transformação da realidade, assumindo atitudes ufanistas e messiânicas de que a alfabetização tudo pode. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele • Do ponto de vista institucional, ainda se ressente no pais de políticas públicas que garantam a institucionalização efetiva da EDA e da EJA; políticas de formação continuada para os educadores que possibilitem uma solida formação teóricometodológica garantidora de práticas pedagógicas de qualidade; condições Sempre em busca de Freire, nunca sem ele materiais adequadas ao processo de ensinagem. Essas ausências e carências impediram e impedem que o arcabouço teórico-metodológico de Freire possam se tornar hegemônicos e se efetivar na prática. Sempre em busca de Freire, nunca sem ele Concluímos nossas reflexões sempre alerta ao que nos diz Torres C. A: “[...] é possível concluir que há boas razões pelas quais na pedagogia da atualidade, podemos ficar com Freire ou contra Freire, mas não sem Freire” (In: GADOTTI E TORRES, 1994, p. 147). Referências • FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. - (Coleção Leituras). • _______. “Alfabetização Como Elemento de Formação da Cidadania”. São Paulo/Brasília, maio de 1987, p. 31-58. In: Política e Educação: ensaios. Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 1993. (Coleção questões da nossa época; v. 23). • _______. Educação Como Prática de Liberdade. 2a. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969. • GADOTTI, Moacir; TORRES, Carlos Alberto (Orgs.). Educação Popular: Utopia Latino Americana. São Paulo: Cortez; Editora Universidade de São Paulo, 1994. • GIROUX, Henry A. Pedagogia Radical: Subsídios. Tradução de Dagmar M. L. Zibas. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1983 (Coleção educação contemporânea). Referências • GIROUX, Henry A. “Alfabetização e a pedagogia do empowerment político” (Introdução). In: Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra. Paulo Freire e Donaldo Macedo; tradução Lólio Lourenço de Oliveira. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 1-27. • MOURA, Tânia Maria de Melo. A Prática pedagógica dos alfabetizadores de jovens e adultos: Contribuições de Freire, Ferreiro e Vygotsky. 1ª ed. Maceió: EDUFAL, 1999. • PAIVA, Vanilda Pereira. Educação Popular e Educação de Adultos. São Paulo: Loyola, 1983. OBRIGADA PELA ATENÇÃO!