“O MUNDO NÃO É,
O MUNDO ESTÁ
SENDO”
PAULO FREIRE
(1921-1997)
Paulo Freire:Vida e Obra
Reflexos para a
formação do professor
de matemática
PAULO REGLUS NEVES FREIRE
NASCEU EM NO DIA 19 DE
SETEMBRO DE 1921, NO RECIFE,
PERNAMBUCO.
SUA MÃE REGISTROU NO LIVRO DO BEBÊ, ESCRITO
POR ELA, ESPECIALMENTE PARA ELE:
“Paulo nasceu numa segunda-feira de tristeza e aflições,
pois o seu Papá estava muito mal, sem esperanças de
restabelecer-se, quasi que o Paulinho seria órphão ao
nascer, porém, o bom Jesus livrou-o dessa desaventura,
presenteou-o restituindo a saúde ao seu Papá".
MUDOU-SE PARA JABOATÃO (NA GRANDE RECIFE)
AOS 10 ANOS E AOS 13 ANOS PERDEU O PAI, COM
QUEM TINHA UMA RELAÇÃO INTENSA E A
FAMÍLIA PASSOU A ENFRENTAR DIFICULDADES
FINANCEIRAS.
FOI EM JABOATÃO QUE PAULO FREIRE INICIOU
SUA
VIDA
ESCOLAR,
LEMBRANDO
DE
SUA
PRIMEIRA PROFESSORA:
“Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma
jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda
percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com
relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho hoje,
e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e
particularmente os da linguagem brasileira, a chamada
língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse,
mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena:
"Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente
tem de falar!..." É como se ela me tivesse chamado”.
CASOU-SE, EM 1944, COM A PROFESSORA PRIMÁRIA
ELZA MAIA COSTA OLIVEIRA, COM QUEM TEVE
CINCO
FILHOS:
MARIA
MADALENA,
MARIA
CRISTINA, MARIA DE FÁTIMA, JOAQUIM
E
LUTGARDES. AINDA NESSE TEMPO, TORNOU-SE
PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA DO COLÉGIO
OSWALDO CRUZ, EDUCANDÁRIO QUE O TINHA
ACOLHIDO NA ADOLESCÊNCIA.
VIÚVO, CASOU-SE NOVAMENTE EM 1988.
FICOU PRESO DURANTE 70 DIAS ANTES DE SE
EXILAR NO CHILE.
EM 1968, ESCREVE SEU LIVRO MAIS CONHECIDO:
PEDAGOGIA DO OPRIMIDO.
FORMOU-SE EM DIREITO, MAS ENCAMINHOU SUA VIDA
PROFISSIONAL PARA O MAGISTÉRIO.
TRABALHOU INICIALMENTE NO SESI (SERVIÇO SOCIAL
DA INDÚSTRIA) E NO SERVIÇO DE EXTENSÃO CULTURAL
DA UNIVERSIDADE DO RECIFE.
ELE FOI QUASE TUDO O QUE DEVE SER COMO
EDUCADOR, DE PROFESSOR DE ESCOLA A CRIADOR DE
IDÉIAS E "MÉTODOS"
SUA
FILOSOFIA
EDUCACIONAL
EXPRESSOU-SE
PRIMEIRAMENTE EM 1958 NA SUA TESE DE CONCURSO
PARA A UNIVERSIDADE DO RECIFE, E, MAIS TARDE,
COMO PROFESSOR DE HISTÓRIA E FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO DAQUELA UNIVERSIDADE, BEM COMO EM
SUAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DE ALFABETIZAÇÃO
COMO A DE ANGICOS, RIO GRANDE DO NORTE, EM 1963.
TESE: EDUCAÇÃO E ATUALIDADE BRASILEIRA
PROJETO DE ALFABETIZAÇÃO EM ANGICOS – RN
1963
PAULO
FREIRE
E
SUA
EQUIPE
CONSEGUIRAM
ALFABETIZAR 300 PESSOAS EM UM MÊS.
PAULO FREIRE REJEITAVA A IDÉIA DE QUE TINHA CRIADO UM
MÉTODO. PARA ELE, TINHA PRODUZIDO UMA REFLEXÃO SOBRE
A EDUCAÇÃO.
MESMO ASSIM, PODE –SE DESTACAR QUE NA TEORIA
FREIRIANA HÁ TRÊS MOMENTOS CLAROS DE APRENDIZAGEM:
1- O EDUCADOR SE INTEIRA DAQUILO QUE O ALUNO CONHECE
PARA TRAZER A CULTURA DELE PARA A SALA DE AULA;
2- EXPLORAÇÃO
DISCUSSÃO E
DE
QUESTÕES
RELATIVAS
AO
TEMA
EM
3- PROBLEMATIZAÇÃO – AÇÕES PARA SUPERAR IMPASSES DA
PRÁTICA.
PRESSUPOSTOS DO MÉTODO PAULO FREIRE
DE ALFABETIZAÇÃO
-VALORIZAÇÃO DA CULTURA;
-HOMEM É UM SER HISTÓRICO E, PORTANTO,
INACABADO;
-EDUCAR PARA A CONSCIENTIZAÇÃO;
-LER A PALAVRA PARA LER O MUNDO, COMPREENDENDO
SUA CONDIÇÃO DE OPRIMIDO;
-BINÔMIO: EDUCADOR-EDUCANDO,
EDUCANDO-EDUCADOR
-RELAÇÕES AFETIVAS, DEMOCRÁTICAS
E OMBREADAS.
- COERÊNCIA
ETAPAS DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NO
MÉTODO PAULO FREIRE
1- CODIFICAÇÃO – CÍRCULO DE CULTURA
2- DECODIFICAÇÃO E
MÉTODO PAULO FREIRE)
3- ANÁLISE E SÍNTESE
4- FIXAÇÃO DA LEITURA
5- PROBLEMATIZAÇÃO
DESCODIFICAÇÃO
(
PRÓPRIO
DO
EXPERIÊNCIA DE PAULO FREIRE NA ALFABETIZAÇÃO DE
TRABALHADORES QUE TRABALHAVAM NA CONSTRUÇÃO
DE BRASÍLIA:
NO CÍRCULO DE CULTURA, OS EDUCANDOS RESPONDEM
ÀS QUESTÕES PROVOCADAS PELO COORDENADOR DO
GRUPO, APROFUNDANDO SUAS LEITURAS DO MUNDO.
QUÊ? POR QUÊ? COMO? PARA QUÊ? POR QUEM? PARA
QUEM? CONTRA QUÊ? CONTRA QUEM? A FAVOR DE
QUEM? A FAVOR DE QUÊ?
AS ATIVIDADES DE ALFABETIZAÇÃO EXIGEM A
PESQUISA DO QUE FREIRE CHAMA "UNIVERSO
VOCABULAR MÍNIMO" ENTRE OS ALFABETIZANDOS.
É TRABALHANDO ESTE UNIVERSO QUE SE ESCOLHEM AS
PALAVRAS QUE FARÃO PARTE DO PROGRAMA.
ESTAS PALAVRAS , MAIS OU MENOS DEZESSETE, CHAMADAS
"PALAVRAS GERADORAS", DEVEM SER PALAVRAS DE GRANDE RIQUEZA
FONÊMICA E COLOCADAS, NECESSARIAMENTE, EM ORDEM CRESCENTE
DAS MENORES PARA AS MAIORES DIFICULDADES FONÉTICAS, LIDAS
DENTRO DO CONTEXTO MAIS AMPLO DA VIDA DOS ALFABETIZANDOS E
DA LINGUAGEM LOCAL, QUE POR ISSO MESMO É TAMBÉM NACIONAL.
A DECODIFICAÇÃO DA PALAVRA ESCRITA, QUE VEM EM SEGUIDA À
DECODIFICAÇÃO
DA
SITUAÇÃO
EXISTENCIAL
CODIFICADA,
COMPREENDE ALGUNS PASSOS QUE DEVEM, RIGOROSAMENTE SE
SUCEDER.
A PALAVRA UTLIZADA EM BRASÍLIA FOI
TIJOLO
1º.) APRESENTA-SE A PALAVRA GERADORA "TIJOLO" INSERIDA NA
REPRESENTAÇÃO
DE
UMA
SITUAÇÃO
CONCRETA:
HOMENS
TRABALHANDO
NUMA
CONSTRUÇÃO;
2º.)
ESCREVE-SE
SIMPLESMENTE
TIJOLO
A
PALAVRA
3º.) ESCREVE-SE A MESMA PALAVRA COM AS SÍLABAS SEPARADAS:
TI - JO - LO
4º.) APRESENTA-SE A "FAMÍLIA FONÊMICA" DAS SÍLABAS:
TA - TE - TI - TO - TU
JA - JE - JI - JO - JU
LA - LE - LI - LO - LU
5º.) APRESENTAM-SE AS "FAMÍLIAS FONÊMICAS" DA PALAVRA QUE ESTÁ
SENDO DECODIFICADA:
TA - TE - TI - TO - TU
JA - JE - JI - JO - JU
LA - LE - LI - LO – LU
ESTE CONJUNTO DAS "FAMÍLIAS FONÊMICAS" DA PALAVRA
GERADORA É DENOMINADO DE "FICHA DE DESCOBERTA" POIS ELE
PROPICIA AO ALFABETIZANDO JUNTAR OS "PEDAÇOS", ISTO É,
FAZER DESSAS SÍLABAS NOVAS COMBINAÇÕES FONÊMICAS QUE
NECESSARIAMENTE DEVEM FORMAR PALAVRAS DA LÍNGUA
PORTUGUESA.
6º.)
APRESENTAM-SE
AS
A - E - I - O - U .
VOGAIS
:
EM SÍNTESE, NO MOMENTO EM QUE O(A)
ALFABETIZANDO(A) CONSEGUE, ARTICULANDO
AS SÍLABAS, FORMAR PALAVRAS, ELE OU ELA,
ESTÁ ALFABETIZADO (A).
O
PROCESSO
REQUER,
EVIDENTEMENTE,
APROFUNDAMENTO,
OU
SEJA,
A
PÓSALFABETIZAÇÃO.
A EFICÁCIA E VALIDADE DO "MÉTODO" CONSISTEM EM
PARTIR DA REALIDADE DO ALFABETIZANDO, DO QUE ELE JÁ
CONHECE, DO VALOR PRAGMÁTICO DAS COISAS E FATOS DE
SUA VIDA COTIDIANA, DE SUAS SITUAÇÕES EXISTENCIAIS.
RESPEITANDO O SENSO COMUM E DELE PARTINDO, FREIRE
PROPÕE A SUA SUPERAÇÃO.
“EU AGORA DIRIA A NÓS, COMO EDUCADORES E
EDUCADORAS: AI DAQUELES E DAQUELAS, ENTRE NÓS,
QUE PARAREM COM SUA CAPACIDADE DE SONHAR, DE
INVENTAR A SUA CORAGEM DE DENUNCIAR E DE
ANUNCIAR. AI DAQUELES E DAQUELAS QUE, EM LUGAR DE
VISITAR DE VEZ EM QUANDO O AMANHÃ, O FUTURO, PELO
PROFUNDO ENGAJAMENTO COM O HOJE, COM O AQUI E
COM O AGORA, AI DAQUELES QUE, EM LUGAR DESTA
VIAGEM CONSTANTE AO AMANHÃ, SE ATRELAREM A UM
PASSADO DE EXPLORAÇÃO E ROTINA”.
PAULO FREIRE
“SE
A
EDUCAÇÃO
SOZINHA
TRANSFORMA
A
SOCIEDADE,
SEM
TAMPOUCO A SOCIEDADE MUDA”
NÃO
ELA
PAULO FREIRE
PAULO FREIRE E A
EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
Ms. Andréia Dalcin
Contribuições para a Educação Matemática
-Compreensão epistemológica
-Compreensão de liberdade
- Fundamentação teórica em pesquisas,
projetos de extensão e formação
- Olhar próprio para o interior da sala de
aula
-Possibilidades de ações pedagógicas
efetivas
-Alfabetização matemática
Compreensão epistemológica
A epistemologia de Freire está em
oposição ao paradigma positivista que vê o
conhecimento como neutro, livre de valor e
objetivos.
Para
Freire
o
conhecimento
é
continuamente criado e recriado tal como
pessoas refletem e agem no mundo.
Conhecimento não é fixo, é um processo
dinâmico,
produzido
coletivamente,
buscando dar sentido ao mundo. Nesse
sentido o conhecimento não existe separado
do como e porquê é usado, no interesse de
quem.
-
Compreensão epistemológica
- O propósito do conhecimento é as pessoas
se humanizarem, superando a desumanização
através da resolução da contradição
fundamental da nossa época: aquela entre
dominação e libertação.
- Teoria: relação entre
oprimido e opressor
Compreensão de Liberdade
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se
liberta sozinho: os homens se libertam em
comunhão”( Paulo Freire, 1987,p.54)
- Através do diálogo crítico, libertador
que leva a reflexão e ação.
Fundamentação teórica em pesquisas,
projetos de extensão e formação
* Respeito a identidade cultural do outro
“ A minha convicção é a de que a gente têm de partir
mesmo da compreensão de como o ser humano com quem
a gente trabalha compreende. Não posso chegar a área
indígena e pretender que os indígenas que estão lá
compreendam o mundo como eu o compreendo com a
experiência que tenho, não dá. Perguntaram-me qual
era a minha experiência acadêmica, de ajuda, de
compreender a compressão dele. Não vale a minha
experiência acadêmica, minha sabedora “pifa” no
momento em que eu não sou capaz de compreender a
sabedoria do outro” ( Paulo Freire, 2003. p. 129)
Mas respeitar a cultura do outro não
significa manter o outro na ignorância sem
necessidade, mas fazê-lo superar sua
ignorância não significa ultrapassar os
sistemas de interesse sociais e econômicos
da sua cultura. É como se houvesse gente
inteligente no outro planeta, noutro lugar,
noutro universo, e viesse aqui, agora, e
dissessem a mim que eu devo pensar da
forma absolutamente contrária àquilo que
penso, pois lá já se pensa diferente. Não
posso me submeter a uma coisa dessas”
“
(Paulo Freire, 2003. p. 131).
Olhar próprio para o interior da sala de aula
-Diversidade cultural
-Educação bancária (sistema de
avaliação – provas, ENEM,
ENADE...)
-Relação oprimido-opressor
-Movimento de reflexão e ação
-Busca por temas geradores
(projetos)
-Valorização da curiosidade que
motiva
Possibilidades de ações pedagógicas
efetivas
-Colocação
de Problemas e não apenas resolução
de problemas. Para Freire o desenvolvimento de
uma consciência crítica emerge a partir de uma
educação dialógica de colocação de problemas.
-Análise de situações problema
-Explorar a não neutralidade das estatísticas
“Matemática Crítica”
Alfabetização Matemática
Alfabetização matemática
- Diversidade de linguagens e
práticas
- Linguagem imagética
-Língua materna – oralidade
e escrita
-Linguagem matemática
Afinal de contas os homens e as
mulheres, num determinado momento
de sua experiência, longa experiência
milenar e histórica, se tornaram
capazes de intervir no mundo e
compreender a sua agonia. Em todo o
processo de compreensão do mundo, há
um
processo
de
produção
e
compreensão do conhecimento. Em todo
o
processo
de
produção
do
conhecimento,
está
implícita
a
possibilidade de comunicar o que foi
compreendido, o que você faz não só
apenas com a linguagem oral, mas faz
também com desenhos e com várias
outras linguagens (PAULO FREIRE,
2003, p. 128)
Referências
BOLEMA. Conversa com Paulo Freire.
Ano 16, n. 20, 2003 pp. 127-137
FRANKENSTEIS, Marilyn. Educação
matemática crítica: uma aplicação da
Epistemologia de Paulo Freire.
In:BICUDO, Maria A. Educação
Matemática. São Paulo: Centauro, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.17
ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987.
PARA SABER MAIS...
LIVROS DE PAULO FREIRE DISPONÍVEIS NA
BIBLIOTECA DA UNEMAT:
1- EDUCAÇÃO E MUDANÇA
2- PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
3- PEDAGOGIA DA ESPERANÇA
4- EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE
5- PROFESSORA SIM, TIA NÃO
6- PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
7- A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER
SÍTIOS:
www.paulofreire.org (INSTITUTO PAULO FREIRE)
www.paulofreire.ufpb.br (BIBLIOTECA PAULO FREIRE)
www.pucsp.br/paulofreire (CÁTEDRA PAULO FREIRE)
Contatos:
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Camila: [email protected]
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PAULO FREIRE, 2003, p. 128