Caso Clínico: Neurossífilis Apresentação: Pedro Henrique Silva Almeida Coordenação: Paulo R. Margotto/Raulê de Almeida Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) internato 2012/HRAS/SES/DF www.paulomargotto.com.br 10 de Setembro de 2012 Caso Clínico Identificação Nome: RN de .... Sexo: Masculino Data nascimento: 11/08/2012 Local: Hospital Materno Infantil de Brasília Caso Clínico Dados do Nascimento Tipo de parto: Vaginal CAPURRO: 37 semanas + 01 dia Líquido meconial: Fluido Eliminou mecônio e urina Manobras de Reanimação: Aspiração das VAS e estômago com saída de Liquido meconial fluido Peso ao nascimento: 2110g Estatura: 43 cm Apresentação: Cefálica Apgar 1° minuto: 07 Apgar 5° minuto:08 Placenta e anexos: Normais seguindo Obstetra Condições no Nascimento: regulares Cordão umbilical: 2 Artérias e 1 veia bastante calibrosa com uma placa esbranquiçada em sua parede Índice ponderal: 2,65 Perímetro Cefálico: 31 cm Classificação do RN: Termo ,PIG, simétrico e baixo peso Caso Clínico Dados maternos Idade: 22 anos História Obstétrica: G1 P0 C0 A0 Pré natal: 4 consultas com inicio no 4° mês Tipagem Sanguínea: O+ Gestação planejada/desejada: Não Fez uso de Sulfato ferroso e ácido Fólico Intercorrências na Gestação: 1)Leucorréia leitosa sem odor (não tratada) 2)ITU diagnosticada na última semana da gestação (não tratada) 3) Sífilis (SIC) Não tratada. A genitora informa que fez o teste da mamãe, no final da gestação, e que o resultado para sífilis foi positivo assim como o exame do companheiro , motivo pelo qual foi encaminhada para Goiânia e posteriormente para este hospital. Relata ainda após o diagnosticados dos progenitores não ter recebido tratamento. Caso Clínico Dados maternos Sorologias 1 Trimestre 2 Trimestre 3 Trimestre HIV Sem relato no cartão Sem relato no cartão Negativo VDRL Sem relato no cartão Sem relato no cartão Positivo Hepatite B Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão Hepatite C Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão Toxoplasmose Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão Rubéola Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão CMV Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão CHAGAS Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão HTLV Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão Outras Sem relato no cartão Sem relato no cartão Sem relato no cartão Vacina DT OK Hepatite B OK Influenza Sem relato no cartão Caso Clínico Exame físico Ectoscopia: postura hipoativa, reativa ao manuseio, cianótico, com acrocianose e sem icterícia ou edemas Aparelho respiratório: taquipneica e pulmões com MV rude Aparelho cardíaco: RCR 2T sem sopros, pulsos radiais e tempo de enchimento capilar normais Fácies: nariz em sela Teste do olhinho: normal Clavículas e coluna vertebral: normais Pele e anexos: descamação de extremidades (mãos e pés), Abdomen: hepatoesplenomegalia, macicez à percussão no espaço de Traube Neurológico: preensão palmar e plantar presentes Membros: flexão dos membros superiores e inferiores normais e simétricos e Ortolani negativo Genitália: normal Pálato e globos oculares: normais Ânus: tópico normal à ectoscopia Caso Clínico Conduta Diagnóstico: RN termo ,PIG ,simétrico ,baixo peso e sífilis congênita clínica Conduta: 1)Leite materno no seio 2)Rotina de sala de parto( Credê, Vacina Hepatite B e Vitamina K) 3)Tipagem sanguínea do RN 4)Placenta 5)Exames sorológicos: 5.1) Sangue do cordão: Toxoplasmose, Citomegalovírus ,Rubéola e Chagas 5.2) Sangue periférico do RN e da mãe: VDRL 5.3)Líquor do RN : VDRL 6)Ecografia de abdome total 7)Raio X de ossos longos 8)Infusão Venosa 9)Penicilina cristalina (150.000 UI/dia em duas doses) 10)Punção lombar com VDRL do liquor 11)Controle de DX 12) Raio X tórax 13) Hemocultura Caso Clínico Evolução 11/08/2012: Berço aquecido, HOOD, infusão venosa. Sem relato de eliminações. Confirmados os sinais clínicos de sífilis congênita. Mantido penicilina e acrescentado gentamicina. Exames: 1) Rx de tórax : normal 12/08/2012: Berço aquecido, ar ambiente, sem intercorrências. Não digeriu bem a dieta. Boa diurese. Tentar iniciar dieta oral. Penicilina D1 + Gentamicina. Exames: Rx de abdômen solicitado novamente devido dificuldade de análise. 13/08/2012: Berço aquecido, ar ambiente, sem intercorrências no período. Dieta oral zero, devido a distensão abdominal. Penicilina D2 + Gentamicina D2. Boa diurese. Evacuação presente. Iniciada dieta de prova 5ml de LHB. Caso Clínico Evolução 14/08/2012: Apresentou um episódio de cianose labial e acrocianose durante manuseio clínico. Penicilina D3 + Gentamicina D2 15/08/2012: Berço aquecido, ar ambiente, sem intercorrências no período. Aceitando bem a progressão da dieta. Boa diurese. Evacuação presente. Ontem foi realizado exames complementares (RX de ossos longos e US de abdome), sendo compatíveis com sífilis congênita. Penicilina D4 + Gentamicina D3 16/08/2012: Sugando seio materno, aceitou toda dieta por SOG. Eliminações sem alterações. Penicilina D5 + Gentamicina D4 Caso Clínico Evolução 17/08/2012: Sugando seio materno, aceitou toda dieta por SOG. Eliminações sem alterações. Apresentou mucosa oral ressecada. Boa digestibilidade pela sonda nasogástrica iniciado sucção ao seio materno. Penicilina D6+ Gentamicina D5 18/08/2012: Sugando seio materno, não aceita dieta no copinho. Eliminações sem alterações. Recebeu uma FR 20ml/kg ontem a noite. Diurese franca. Evacuações presentes. Penicilina D7+ Gentamicina D6 19/08/2012 até 24/08/2012: RN em ar ambiente, boa sucção ao seio, diurese e evacuações normais. Terminou 14 ° dia de tratamento para sífilis congênita. Recebeu alta hospitalar no dia 24/08/12 com orientações para retorno ambulatorial. Caso Clínico Exames Laboratoriais 12/08/12: LCR: Glicose: 28, Celularidade:105 , Proteína: 126,7 , Leucócitos: 0,0 Hemácias: 85/mm3 13/08/12: VDRL (Sangue RN ) , Material: Soro , Método: Floculação VDRL : Reagente ,Título: 1:256 Nota: Títulos inferiores a 1:2 devem ser repetidos a critério médico. Reação de VDRL (Liquor) ,Material: Líquor , Método: Floculação Reação de VDRL: Reagente , Título: 1:2 Nota: Títulos inferiores a 1:2 devem ser repetidos a critério médico. VDRL (Sangue mãe): Reação de VDRL: Reagente , Título: 1:128 Caso Clínico Exames Laboratoriais Hemograma Hemácia *106/uL 12/08/12 4,55 Leucograma 12/08/12 Hemoglobia g/dL Hematócrito % 14,6 43,0 Neutrófilos Totais % Promielócito s 40 0 % RDW % VCM fl 17,1 94,5 HCM pg 32,1 CHCM g/dL 34,0 NI NT NI/NT 0 3800 0 Segmentados % Eosinófilos % Leucócitos % Bastonetes % 0 0 40 0 9500 Mielócitos % Metamielócitos 0 Leucograma Basófilos % Monócitos % Linfócitos % Eritroblastos % Plaquetas /uL MPV fl 12/08/12 0 14 46 10/100 58*103 9,6 11/08/2012 - Rx rodado ,porém com parênquima pulmonar normal . 13/08/2012 – Abdômen: sem distensão, boa distribuição gasosa infiltrado peri hilar bilateral Faixas metafisiais transversas radiotransparentes Ossos com aumento da densidade Faixas metafisiais transversas radiotransparentes Ossos com aumento da densidade Caso Clínico Laudo Raio X 14/08/12 Resultado do RX de ossos longos : Visualizam-se faixas metafisiais transversas radiotransparentes nos fêmures proximais e distais nas tíbias proximais e distais, nas ulnas proximais e distais, nos rádios distais. Irregularidade da cortical na extremidade distal do úmero esquerdo. Impressão de ossos com aumento da densidade dos fêmures, úmeros, ulnas e rádios. Hipótese Diagnóstica: Sífilis congênita. OBS: o estudo das tíbias e fíbulas foi prejudicado devido a superposição dos ossos e não foi possível realizar outras incidências pois o RN apresentou desconforto respiratório e foi levado de volta rapidamente para a enfermaria. Caso Clínico Ultrassonografia de Abdômen 14/08/2012 Ecografia abdominal total: Fígado de textura e diâmetros normais. Vesícula biliar e paredes finas sem cálculo. Sinais de esplenomegalia. Pâncreas e rins sem alterações. Bexiga normal. Conclusão: esplenomegalia Sífilis, Avariose, Lues , Venéreo Em 1530 'Syphilis sive morbus gallicus’ ("Sífilis ou a Doença Francesa") Girolamo Fracastorii ( Verona, 1478 -1553) Sífilis Congênita Definição A sífilis congênita é uma infecção causada pela disseminação hematogênica do Treponema pallidum no concepto transmitida pela gestante infectada. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Epidemiologia A incidência de sífilis congênita manteve-se elevada em todo o período analisado, o que sugere deficiências na atenção pré-natal, em todas as regiões brasileiras. Admite-se que muitos casos da doença não sejam informados no sistema de notificação. Sífilis Congênita Epidemiologia Indica condições favoráveis à transmissão da doença e deficiências na atenção à saúde da mulher, especialmente no período pré-natal, quando as gestantes infectadas poderiam ser oportunamente identificadas e tratadas. Sífilis Congênita Epidemiologia Meta a ser alcançada é de uma incidência de menos de um caso por mil nascidos vivos Sífilis Congênita Agente Etiológico Treponema pallidum quem tem forma de espiral e mobilidade em “saca rolhas” Sífilis Congênita Em qualquer período da gestação e fase da doença OMS estima em 85% a taxa média de transmissão Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Quanto mais recente sífilis materna, maior a taxa de transmissão Mães adequadamente tratadas, a transmissão é reduzida a materna aproximadamente 1,5%. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Transmissão Fatores conhecidos para promover crescimento da placenta e do feto, bem como a sobrevivência fetal como um aloenxerto incidentalmente beneficiam a agente patológico Victoria Wicher and Konrad Wicher. Pathogenesis of Maternal-Fetal Syphilis Revisited . 2001 Transmissão vertical (mãe-concepto) faz-se através da disseminação do microorganismo através da placenta, das membranas e fluidos amnióticos. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Fisiopatogia das lesões Stuart M. Berman. Maternal syphilis: pathophysiology and treatment -Bull World Health Organ. 2004 Sífilis Congênita Placenta Histologicamente Vilosidades focais com proliferação endo e perivascular Imaturidade Tornam alargadas Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Sífilis Congênita Placenta Histologicamente Visualizar-se um processo inflamatório na matriz do cordão umbilical Treponemas podem ser visualizados com coloração de prata Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Sífilis Congênita Placenta Macroscopia: • Placenta ovóide medindo 19x17x2 cm e pesando 480g. A face fetal tem cor esverdeada com fibrinas em salpicos nos trajetos vasculares dos vasos de distribuição mista. Cordão umbilical medindo 49x1cm, com 3 vasos e inserção marginal. A face materna está íntegra com fibrinas em salpicos escassos. As membranas estão completas e opacas. Aos cortes o tecido vilositário habitual e esponjoso. Diagnóstico: Placenta de 3° trimeste gestacional com sinais de hipóxia intervilosa Crônica e infecção hematogênica sugestiva de Sífilis • Imaturidade Vilosa • Edema de Viloso • Vilosidade proliferativa focal necrótica multifocal. Sífilis Congênita Consequências A infecção na gestante pode resultar em abortamento espontâneo, morte fetal, prematuridade, feto hidrópico, recém-nascidos sintomáticos ou assintomáticos. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco 2006 , p. 429 Sífilis Congênita Sífilis Congênita Manifestações Sugestivas Sífilis congênita Precoce Prematuridade Baixo peso Lesões ósseas (osteocondrite, osteíte e periostite) (47 a 95%) Hepatoesplenomegalia (33 a 91%) Acometimento do SNC (40 a 60%) Lesões cutâneo-mucosas (15 a 60%) Lesões de mucosa nasal (4 a 50%) Lesões pulmonares (7 a 22%) Lesões renais(3 a 17%) Rinite serosanguinolenta Pneumonia Linfadenopatia generalizada ( epitroclear) Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Lesões cutâneo -mucosas COSTA, Mariana Carvalho et al. Doenças sexualmente transmissíveis na gestação: uma síntese de particularidades. 2010 Sífilis Congênita Rinite sifilítica Sífilis Congênita Rinite Serosanguinolenta Sífilis Congênita Fundo de Olho com lesão em “sal e pimenta” Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Há divergências a respeito da natureza e da extensão do envolvimento hepático nesta doença. Há uma inflamação intersticial, levando a um processo cicatricial que altera a arquitetura hepática. Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Está aumentado devido uma extensiva reação inflamatória não específica, assim como hematopoiese extramedular. Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Aumento do tecido conectivo no espaço interalveolar e intersticial, associado a colapso alveolar, explicando o aumento da densidade pulmonar. Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO ESTÔMAGOEE INTESTINO INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Infiltração por células mononucleares na mucosa e submucosa Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Intensa pancreatite, com infiltrado perivascular, congestão dos ductos e ácinos Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS RINS SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Glomerulonefrite se dá pela deposição de imunocomplexos Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SNC SISTEMA ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Com a resolução do processo inflamatório, podem ocorrer fibroses causando aderências no espaço subaracnóideo, levando a uma hidrocefalia ou paralisia de alguns pares cranianos. Sífilis Congênita Lesões Tissulares FÍGADO BAÇO PULMÃO ESTÔMAGO E INTESTINO PÂNCREAS RINS SNC SISTEMA SISTEMA ESQUELÉTICO ESQUELÉTICO Infectious diseases of the fetus e newborn infant,1995 Envolvimento generalizado é característica desta doença Sífilis Congênita Diagnóstico Pesquisa de T.pallidum Testes Sorológicos • Não treponêmicos • Treponêmicos Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Diagnóstico Pesquisa de T.pallidum Pesquisa direta não é um método de rotina Tendo em vista a impossibilidade de isolamento do T. Pallidum a partir de culturas. Pesquisa do material coletado de lesão cutâneo mucosa, de biópsia ou necropsia, assim como de placenta e funículo umbilical é um procedimento útil. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 FENÔMENO PRÓ-ZONA: GrandeSífilis quantidade de anticorpos do paciente infectado não Congênita ocorre a reação de aglutinação do teste e o resultado parecerá negativo ( falso negativo). Deve-se fazer, de rotina, a reação de VDRL com soro puro (1:1) e soro Diagnóstico diluído (1:10), e solicitar testes confirmatórios. Testes Sorológicos • Não Treponêmicos VDRL- venerall diseases research laboratory e RPR- reagina rápida plasmática Avaliam antígenos lipídicos não específicos sendo muito sensível. INTERPRETAÇÃO Os resultados são representados em títulos, sendo positivo 1/1. Quando persistentemente estáveis até 1/8 são considerados cicatriz sorológica. O tratamento é considerado eficaz caso haja queda de 4x dos títulos. Anticorpos passivos Se negativarem até os 3 meses de vida. Anticorpos ativos Não se deve esperar negatividade logo após o tto e sim queda dos títulos. A negativação dos títulos em paciente tratados se dá em média com 1 a 2 anos e meio. Resultados falso-positivos (1 a 2% ) em geral mostram títulos baixos, de 1:1 a 1:8 Resultados falso-negativos (menos de 2%) ocorrem em infecção 1ª na fase inicial, fase 2ª em gestantes HIV+ e no fenômeno prózona. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Diagnóstico Testes Sorológicos • Treponêmicos FTABS IgG e ELISA IgG Utilizam o treponema como antígeno com alta sensibilidade (99-100%) e especificidade (96-98%). Os resultados são qualitativos (positivo ou negativo) . Devem ser utilizados apenas para confirmação do teste não treponêmicos. FTABS IgM Tem baixa especificidade (20%) para a sífilis congênita, porém resultados negativos não a exclui. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Líquido Cefalorraquidiano • • A ocorrência de alterações no LCR é muito mais frequente nas crianças sintomáticas com outras evidencias de sífilis congênitas do que nas crianças assintomáticas apesar de infectadas. Caso não haja contraindicações, recomenda-se realizar punção lombar para a coleta de LCR para avaliar a celularidade, o perfil proteico e o VDRL, em todos os casos de sífilis em crianças, para exclusão do diagnóstico de neurossífilis. • A presença de leucocitose (mais de 25 leucócitos/mm³) e a elevada concentração de proteínas( mais de 150mg/dl) no LCR em recém – nascidos com suspeita de sífilis congênita devem ser consideradas como evidencias adicionais para o diagnóstico. • Criança com VRDL positivo no LCR deve ser diagnosticada com portadora de neurossífilis, independentemente de haver alterações na celularidade e/ou na concentração de proteínas do LCR. • Todo criança com diagnóstico ou com suspeita de neurossífilis deve ser tratada para neurossífilis. Conceição A. M. Segre; Helenilce de Paula Fiod Costa; Umberto Gazi Lippi- Perinatologia fundamentos e prática- SAIVIER , 2009 Sífilis Congênita Hemograma Anemia Trombocitopenia Leucocitose ( pode ocorrer reação leucemóide, linfocitose e monocitose) Ou leucopenia Sífilis Congênita Estudos de Imagem A avaliação de ossos longos apresenta grande importância diagnóstica. Alterações radiológicas indicativas de envolvimento de metáfise e diáfise de ossos longos(tíbia, fêmur e úmero) são encontradas em 75 a 100% das crianças que se apresentam com evidencias clínicas de sífilis congênita recente. Conceição A. M. Segre; Helenilce de paula Fiod Costa; Umberto Gazi Lippi- Perinatologia fundamentos e prática- SAIVIER , 2009 Sífilis Congênita Conduta Sífilis Congênita Conduta Sífilis Congênita Conduta Tratamento de RN de mães com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada, independentemente do resultado do VDRL do recém-nascido A – VDRL, Raio X de ossos longos, estudo do LCR (com pesquisa de VDRL), e outros exames dependendo da clínica apresentada pelo recém-nascido. A1 – se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas, mas não liquóricas: Penicilina Cristalina – 100.000 UI/Kg/dia, EV, dividida em 2 doses (menos que 7 dias de vida) ou 3 vezes (se tiver mais de 7 dias), por 10 dias; ou Penicilina G Procaína – 50.000 UI/Kg/dia, IM, por 10 dias; A2 – se houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser feito com Penicilina G Cristalina, na dose de 150.000 UI/Kg/dia, EV, em 2 vezes por dia (se tiver menos de 1 semana de vida) ou 3 vezes (se tiver mais de 1 semana de vida), por 10dias; A3 – se não houver alterações clínicas, radiológicas e/ou liquóricas, e a sorologia for negativa no recém-nascido: Penicilina G Benzatina, IM, na dose única de 50.000 UI/Kg/dia. O seguimento ambulatorial é obrigatório. Caso não seja possível garantir o acompanhamento, o recém-nascido deverá ser tratado como esquema A1. Obs: na impossibilidade de se realizar a análise liquórica, tratar como neurossífilis. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Conduta RN de mães adequadamente tratadas Realizar o VDRL de amostra de sangue periférico do recém-nascido. B1- se o título for maior que o materno e/ou na presença de alterações clínicas, realizar Rx de ossos longos e análise do LCR. Se não houver alterações liquóricas: seguir esquema A1. B2- se houver alteração liquórica: seguir esquema A2. B3- se o título do RN for não reagente ou titulação menor ou igual à da mãe e assintomático e Rx de ossos longos sem alterações, deve-se fazer seguimento ambulatorial. Caso não seja possível, tratar como em A3. Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Sífilis Congênita Seguimento VRDL positivo ao nascimento Caso o RN tenha sido tratado após o nascimento, o exame de VDRL deverá ser realizado com 1, 3, 6,12 e 18 meses e os resultados devem ser descendentes. Deverá ser feito acompanhamento oftalmológico, neurológico e audiológico nos casos confirmados de sífilis congênita. Anticorpos maternos (passivos) Recémnascido estava infectado Acompanhamento clínico inicial deverá ser mensal Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Caso o RN não tenha sido tratada após o nascimento, o resultado do VDRL deverá ser negativo aos 3 meses. Caso seja positivo, interpreta-se como sífilis congênita e faz-se o tratamento. Sífilis Congênita Retratar Considerado aumento ou queda de títulos valores 2 vezes > ou < (ex: ½ e 1/8). Títulos de ½ e ¼ são considerados iguais. Observação Alteração liquórica, a punção lombar deverá ser repetida a cada 6 meses. FTA-ABS positivo aos 18 meses de vida confirma-se, retrospectivamente, o caso de sífilis Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém- Nascido de Risco -2006 Referência Bibliográfica -Mello,L.C. e Suassuna, M.A. Sífilis Congênita. In. Margotto P. Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Hospital Anchieta, Brasília, 2ª Edição, 2006, p. 429-433 -Victoria Wicher and Konrad Wicher. Pathogenesis of MaternalFetal Syphilis Revisited -Clinical Infectious Diseases. 2001,33: 354-363 -Stuart M. Berman. Maternal syphilis: pathophysiology and treatment -Bull World Health Organ. 2004 June; 82(6): 433–438 -Ingall D, Sánchez PJ, Musher DM. Syphilis. In.Remington, J.S e Klein, J.O. Infectious diseases of the fetus e newborn infant, W.B. Saunders Company, Philadelphia, Fourth Edition, 1995, p.529-564 Referência Bibliográfica -Ministério da Saúde www.saude.gov.br. -Departamento de Vigilância Epidemiológica, 2005. -Data SUS http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2010/matriz.htm Rede interagencial de Informações para a Saúde , 2010. - COSTA, Mariana Carvalho et al. Doenças sexualmente transmissíveis na gestação: uma síntese de particularidades. An. Bras. Dermatol. [online]. 2010, vol.85, n.6, pp. 767-785. ISSN 0365-0596. http://dx.doi.org/10.1590/S0365 05962010000600002. -Conceição A. M Segre; Helenilce de Paula Fiod Costa; Umberto Gazi Lippi- Perinatologia fundamentos e prática- SAIVIER, São Paulo, 2° edição, 2009,p.246-252 Grato pela atenção Drs. Paulo R. Margotto, Raulê de Almeida e Pedro Henrique S. Almeida