MBA EM CONTABILIDADE DIGITAL M2 D1 - COMUNICAÇÃO E APRESENTAÇÃO CORPORATIVA GUIA DE ESTUDO PARTE I: A COMUNICAÇÃO CORPORATIVA E SUA EVOLUÇÃO PROFESSOR AUTOR: JOÃO CARLOS FIRPE PENNA PROFESSOR TELEPRESENCIAL: JOÃO CARLOS FIRPE PENNA COORDENADOR DE CONTEÚDO: FLÁVIO LÚCIO BRITO COORDENADORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO OUTUBRO/2011 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: COMUNICAÇÃO E APRESENTAÇÃO CORPORATIVA PARTE I: A COMUNICAÇÃO CORPORTIVA E SUA EVOLUÇÃO Prezado (a) estudante, Estamos dando início à disciplina “Comunicação e Apresentação Corporativa”. Nosso objetivo, a ser construído em conjunto ao longo dos trabalhos previstos, é perceber o papel da comunicação corporativa no contexto das organizações/instituições do Século 21. O Guia de Estudo está organizado em três partes, que abordam os seguintes temas: Parte I: A Comunicação Corporativa e sua evolução Parte II: Comunicação interna e comunicação externa – diferenciações e papéis estratégicos Parte III: Importância da Comunicação Integrada Como este texto dá início à disciplina, relembramos aqui a Metodologia Telepresencial da Escola Satélite,cuja compreensão é fundamental para seu desempenho no curso. A METODOLOGIA TELEPRESENCIAL A metodologia telepresencial da Escola Satélite compõe-se de: (i) aulas telepresenciais; (ii) estudo individual orientado (EIO); (iii) fóruns; (iv) seminários temáticos. As aulas telepresenciais As aulas telepresenciais destinam-se a apresentar e discutir os temas das disciplinas e servirão de referência para os Estudos Individuais Orientados -- EIO e para o Fórum. Os slides usados pelo professor telepresencial são disponibilizados para os alunos, logo após as aulas. As aulas da disciplina “Comunicação e Apresentação Corporativa” acontecerão às segundas-feiras, no horário de 18h30 às 20h20, durante o período de 24 de outubro a 28 de novembro de 2011. 1 O estudo individual orientado (EIO) O estudo individual orientado baseia-se em: (i) Guia de Estudo contendo orientação geral para a aprendizagem; (ii) textos complementares de leitura obrigatória, sendo um para cada parte da disciplina; (iii) listas de exercícios versando sobre todo o material lido. O Guia de Estudo O Guia de Estudo oferece a você um fio condutor para o desenvolvimento da aprendizagem. Está organizado em três partes, de acordo com a distribuição das aulas. Cada parte será disponibilizada no dia da aula telepresencial. Note que há relação entre o Guia de Estudo e o conteúdo das aulas, mas ambos são complementares, ou seja, assistir às aulas não dispensa a leitura dos textos e vice-versa. Embora não seja obrigatório, é desejável que, mesmo antes da aula, o estudante faça uma rápida leitura do texto correspondente, de modo a aproveitar ao máximo a apresentação do professor ou professora. Da mesma forma, os slides da aula devem ser consultados ao longo da realização dos EIO. Não se esqueça de que o estudo sistemático desse texto (o Guia de Estudo), assim como dos textos complementares de leitura obrigatória, é fundamental para sua aprendizagem. Os textos complementares de leitura obrigatória Os textos complementares de leitura obrigatória visam ao enriquecimento ou à exemplificação/contextualização dos temas tratados nas aulas ou no Guia de Estudo. Cada parte da disciplina implica a leitura de pelo menos um texto complementar. Os endereços eletrônicos dos textos complementares constam neste Guia de Estudo e nas Listas de Exercícios correspondentes. Se eventualmente houver algum problema de acesso, os próprios textos serão disponibilizados no Espaço do Aluno, no site do curso. As Listas de Exercícios A cada parte da disciplina corresponde uma Lista de Exercícios composta de cinco questões de múltipla escolha. As questões se baseiam no Guia de Estudo e no texto complementar de leitura obrigatória indicado para cada parte. Você deverá prestar muita atenção aos prazos para a resposta das listas. Nunca deixe para a última hora, pois a data final de entrega só será alterada se 2 ocorrer algum problema por parte da Escola Satélite/Pitágoras. Se houver algum atraso inevitável na postagem, a data final de resposta da lista será prorrogada por tempo igual. O Fórum O Fórum é uma atividade interdisciplinar vinculada a cada módulo. Portanto, há quatro fóruns, ao longo do curso. Durante o tempo de duração de cada um (aproximadamente três meses e meio), são postados quatro tópicos de discussão relacionados a aspectos polêmicos ou a atualidades da prática Contabilidade Digital. No fim da cada Módulo, são distribuídos 40 pontos, por ocasião do encerramento do Fórum. Para efeito de nota, o total de pontos obtidos pelo aluno é distribuído igualmente entre as quatro disciplinas do Módulo. Assim, se você obtiver o total de 40 pontos terá 10 pontos em cada disciplina. Se obtiver 36, serão 9 por disciplina. Se forem 32 pontos, serão 8 em cada disciplina e assim por diante. Você precisa postar pelo menos um comentário para cada um dos quatro tópicos e mais quatro comentários distribuídos pelos tópicos nos quais desejar aprofundar-se. Ou seja, esperamos que você poste oito comentários ao todo, para obter a pontuação máxima. Os Seminários Temáticos Os Seminários Temáticos, com duração de quatro horas, constituem oportunidade de enriquecimento do currículo pelo contato, em tempo real, com grandes nomes da área de Contabilidade Digital. Além disso, cumprem a função de provocar a interrelação das disciplinas do módulo e de promover articulação entre teoria e prática. Ao longo do curso, estão programados dois seminários temáticos. O primeiro deles está previsto para o dia 05 de dezembro de 2011. (confira o Calendário na Área do Aluno, ícone Cronograma). RECOMENDAMOS! Leia com atenção o Guia de Estudo e os textos complementares, tome notas e organize esquemas que o (a) ajudem a compreender os temas abordados e a pesquisar o assunto com a devida profundidade. Procure assistir a todas as aulas telepresenciais e resolver as Listas de Exercícios nos prazos assinalados. Não deixe para a última hora! Lembre-se de comentar os tópicos do Fórum. Você precisa postar oito comentários ao todo para obter a pontuação máxima. 3 O quadro a seguir mostra o calendário da disciplina. Datas Aulas Tele o Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória N Lista Data ExerPoscícios tagem Data Final 24 e 31 out 18h30 às 20h20 KUNSCH, Maria Margarida Krohling. Comunicação Organizacional – um exame de seu processo histórico no Brasil. Disponível em: http://books.google.com.br/books?hl=ptR&lr=&id=AZV uW83F43kC&oi=fnd&pg=PA11&dq=Comunica%C3%A Parte I 7%C3%A3o+Organizacional+Margarida+M.+Krohling+ Kunsch&ots=vUk9p7Kc5a&sig=4sSASGJMmp2Zc2rH PyEtP6nJMq8#v=onepage&q=Comunica%C3%A7%C 3%A3o%20Organizacional%20Margarida%20M.%20Kr ohling%20Kunsch&f=false 13 25 out. 07 nov. 7 e 14 nov. 18h30 às 20h20 Oliveira, Thiago Mainieri de. Apostar em comunicaParte II ção é estratégico? http://www.comtexto.com.br/artigotiagomainieri.htm 14 08 nov 21 out 15 22 nov 04 dez 21 e 28nov. 18h30 Parte III às 20h20 RIBEIRO, Emiliana Pomarico. Comunicadores como mestres-cuca. Disponível em: http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_ COLUNA=624&ID_COLUNISTA=79 Prova: 13 fev. 2012 4 PARTE I - A COMUNICAÇÃO CORPORATIVA E SUA EVOLUÇÃO OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Já dissemos que os objetivos apresentados em cada parte do Guia de Estudo norteiam o conhecimento desejado, indicando os aspectos que os responsáveis pelo curso consideram mais relevantes para sua formação no MBA de Contabilidade Digital. Leia cada um deles atentamente e verifique, ao longo das aulas e dos EIO, se está apresentando o desempenho esperado. Desse modo, você poderá monitorar seu progresso nos estudos. Como resultado do estudo da Parte I, esperamos que você possa: 1) Conceituar comunicação social e descrever sua importância no mundo de hoje; 2) Identificar seus instrumentos, sua dinâmica e sua relação com a sociedade e as empresas; 3) Descrever, de modo mais específico, a evolução da comunicação corporativa; 4) Explicar o papel e a relevância da comunicação nas organizações; 5) Explicar a comunicação corporativa como elemento estratégico nas instituições; 6) Conceituar comunicação corporativa e descrever suas características; 7) Conceituar público-alvo e identificar seu papel como relevante para a construção de um política de comunicação nas empresas; 8) Argumentar sobre a importância da formatação de um plano de comunicação específico como um ponto estratégico para a instituição; 9) Descrever os modos e os métodos para a construção de uma estratégia de comunicação na empresa; 10) Identificar e descrever os elementos que envolvem o conceito de comunicação, de modo geral, e o de comunicação corporativa, de modo específico: canais de comunicação, estrutura de texto, formas de direcionar a comunicação corporativa. 5 TEMÁTICA Dia 24 de outubro - Panorama geral da comunicação social: conceitos, formas, veículos • Imprensa oficial • Grande imprensa • Assessoria de Imprensa • Veículos de comunicação: evolução • Release, sugestão de pauta • Comunicação social hoje: Governo/poder público, empresas, grande imprensa, ONGs, redes sociais Dia 31 de outubro - Comunicação corporativa • Contextualização histórica • Conceitos básicos • Perspectiva da sociedade globalizada: o que esse novo contexto impõe às empresas? • Qual o papel das organizações nesse contexto? • Que mudanças esse cenário traz ao processo/modo de fazer da comunicação nas instituições? 6 INTRODUÇÃO Para compreendermos a comunicação corporativa, precisamos, antes, entender um pouco a comunicação social de maneira mais ampla e em suas várias nuances. Como salienta Bordenave (1997), a comunicação confunde-se, assim, com a própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos. Somente percebemos a sua essencial importância quando, por um acidente ou uma doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social. Como instrumento e ferramenta estratégica, a comunicação e seus meios evoluem e respondem às demandas contemporâneas. PANORAMA GERAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL A Comunicação Social é uma das áreas de conhecimento que mais passam por transformações na sociedade contemporânea. Por muitas décadas, no entanto, os avanços se deram de modo lento, diante das dificuldades do homem para dominar as tecnologias de informação. Da imprensa escrita em preto e branco e sem uso de fotografias para o rádio, depois para a TV, seguida da imprensa escrita com uso de policriomia (fotografias com uso das quatro cores básicas), pouco se avançou. A comunicação social se baseava em uma relação fria entre emissor e receptor, ligados por meio de mensagens. Isso fica bem evidente quando fazemos um breve histórico da comunicação. Anos 1980 Especialmente no Brasil, até meados dos anos 1980, a chamada grande imprensa era muito limitada e se alimentava de fatos e dados repassados por grupos seletos que detinham o monopólio da informação. Em outras palavras, apenas os grandes grupos econômicos tinham como fazer veicular suas ideias, em jornais que também pertenciam a esses grupos. Nada havia de democrático na relação entre a comunicação social e a sociedade como um todo, incluindo todos os segmentos econômicos, sociais e políticos. Era uma prática comum as grandes empresas – incluindo as estatais – terem jornalistas contratados em seus quadros, como assessores de comunicação – os mesmos que “largavam o trabalho” às 18 horas e iam complementar seus salários como editores dos jornais, com jornadas até o início da madrugada. 7 Assim, os releases (textos em formato jornalístico divulgados por uma organização) gerados nas grandes empresas ao longo do dia eram os mesmos que virariam notícia dos jornais no dia seguinte. Anos 1990 O início dos anos 1990 foi marcado por três grandes acontecimentos no contexto mundial que viriam mudar os rumos da Comunicação Social tradicional e conservadora. Primeiro, ocorreu o fim da Guerra Fria, com o colapso do Socialismo e a queda do Muro de Berlim. Esse acontecimento foi o precursor de outro ainda mais significativo – o advento da globalização do mercado, como consequência da ampliação do capitalismo e do surgimento de um maior número de economias. Paralelamente, o mundo vivia a revolução das tecnologias da informação, com o avanço espetacular das mídias digitais. Esses três acontecimentos mudaram todos os paradigmas da Comunicação Social e, por conseguinte, da Comunciação Corporativa. A diversidade de mídias e a possibilidade infinitamente maior de divulgar informações e reforçar a imagem das empresas fez com que as organizações passassem a investir pesadamente em seus setores de comunicação. Anos 2000 O início anos 2000 marcou, portanto, um salto sem precedentes no universo da Comunicação Social e a consolidação de uma nova perspecrtiva para a comunicação das empresas e organizações. A imprensa “oficial”, sempre atenta aos interesses das grandes empresas e governos, deixa de ser hegemônica e dominante. Hoje, há um equilíbrio muito maior – e democrático – entre os diversos agentes que influenciam o universo da comunicação. Além dos tradicionais atores citados anteriormente, surgiram outros, como as organizações da sociedade civil, as ONGs, as entidades de defesa ambiental, as organizaçoes de luta pela inclusão de minorias, os sindicatos organizados etc. Crescem e se profissionalizam as empresas de Assessoria de Imprensa, especializadas em “vender” bem seus clientes na grande imprensa – agora já representada por jornais impresssos, revistas, TVs abertas e por assinatura, portais na internet, sites, blogs, redes socais, dentre outros tipos de “veículos” (como o celular, por exemplo). Se no passado recente os grandes anunciantes disputavam ferozmente os espaços comerciais nos campos de futebol e nos cantos das telas de TV, durante os 8 grandes jogos, hoje eles dispõem de uma infinidade de mídias para divulgar suas marcas. Atualmente, temos um cenário ainda mais complexo e instigador com a Internet. Dizer que as novas mídias mudaram os rumos da comunicação já não é nenhuma novidade. Vejamos: ● universo de quase 50 milhões de pessoas conectadas, no trabalho ou em casa; ● 80% ligados a uma comunidade virtual; ● Brasil líder no ranking global de tempo de navegação por internauta (+ de 46h/mês); ● exigência de que o processo de comunicação seja eficaz, ágil e ético. Além do universo publicitário, o espaço editorial (para informação) disponível expandiu-se na mesma proporção das novas tecnologias. Hoje, empresas de qualquer porte podem ocupar espaço de destaque na imprensa, por meio da chamada mídia espontânea (quando a empresa, o produto, o serviço ou a marca viram notícia naturalmente, sem ter de fazer “lobby” para ocupar espaços). É nessa perpectiva que vamos analisar, no curso, as possibilidades que se abrem para as empresas de Contabilidade e áreas afins no universo da comunicação corporativa – independentemente do porte delas, da abrangência dos mercados que querem atingir e da natureza dos públicos com os quais pretendem conversar. Entre o velho emissor e o antigo receptor e a interatividade dos atores nas mídias digitais de hoje, há um abismo de dimensões inimagináveis. Vamos refletir, portanto, de maneira bem prática e real, sobre o que as empresas podem fazer para utilizar de maneira eficaz as técnicas de comunicação corporativa: o que, como, onde, quando e porque – seguindo as cinco perguntas básicas que compõem a essência da comunicação. COMUNICAÇÃO CORPORATIVA Num âmbito mais específico da comunicação social, vamos situar a comunicação corporativa e seu campo de abrangência, discutindo o seu papel nas organizações. A evolução do conceito e da prática da comunicação corporativa está intimamente ligada à transformação da sociedade – de uma sociedade formada por blocos para um mundo globalizado. E é exatamente nesse contexto que devemos pensar a comunicação nas organizações. 9 No sistema globalizado, as organizações passam a ter um novo perfil institucional, aumentando sua responsabilidade e sua maneira de comportar-se diante das transformações mundiais. Nesse sentido, é preciso repensar a comunicação no âmbito das instituições. O mundo é cada vez mais dinâmico. E esse é um desafio que se impõe também às empresas, pois os controles estão mais rígidos, exige-se ética e transparência nos negócios e as novas mídias estão revolucionando a interação e os processos comunicacionais Há também que se considerar a relação com a sociedade, com as comunidades, aspecto que era bastante negligenciado. Dessa forma, não é mais possível estruturar atuações estanques, em separado: a atuação interna e a externa estão imbricadas, com várias nuances nesse percurso. Por isso, não dá mais para as organizações separarem sua atuação interna da externa. As empresas, antes fechadas em si mesmas, agora têm de lidar com outro cenário, de interface e relacionamento com outros tantos setores e grupos. Hoje, a realidade é outra. Em um mundo globalizado, interessa a coparticipação, a troca de informações, uma abertura maior, o diálogo com TODOS os públicos. Entram em cena os canais de comunicação, muito relevantes nesse processo, e a consideração de públicos estratégicos. Alguns aspectos ajudam a refletir sobre um conceito de comunicação corporativa: • Ela é um conjunto de técnicas orientadas por uma estratégia e com um objetivo: consolidar o relacionamento da empresa com seus stakeholders • É um processo de interação humana, fundamental para a sobrevivência, o crescimento e a duração da empresa. • Funciona como instrumento de suporte ao entendimento comum nas elações internas e externas, de acordo com objetivos empresariais. Esses três aspectos ressaltados – estratégia com um objetivo, interação humana e suporte – nos dão a base para compreender a que se refere a comunicação corporativa/organizacional. Nesse sentido, Kunsch (1997) aponta que a comunicação empresarial é um setor estratégico que agrega valores e facilita os processos interativos da organização com seus diferentes públicos, a opinião pública e a sociedade em geral. Ela aponta ainda que a comunicação integrada – conceito que abordaremos posteriormente – é uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo, dessa forma, que haja uma atuação sinérgica dos setores. 10 Esse tema é muito significativo porque não há como pensar em comunicação corporativa sem considerar uma perspectiva de comunicação integrada, que seja capaz de alinhar todos os processos comunicacionais na empresa. É fundamental pensar a comunicação de forma integrada e como uma ferramenta estratégica. Nesse sentido, Torquato (2002) diz que a Comunicação organizacional é uma possibilidade sistêmica que, integrada, reúne as modalidades de comunicação cultural, administrativa, social e dos sistemas de informação. A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) ressalta que a comunicação organizacional compreende as várias “frentes de batalha” da comunicação no âmbito das organizações. Dessa forma, temos que: • essas frentes envolvem a mercadológica, administrativa; comunicação institucional, interna, • as relações se estabelecem na medida em que o sistema organizacional se relaciona com o ambiente externo e há trocas; • o ingrediente dessas relações é a comunicação entre as organizações e seus públicos estratégicos (stakeholders). É nesse processo que se estabelece a comunicação organizacional Nesse contexto, a comunicação organizacional adquire uma força estratégica, tornando-se uma peça tão importante que não se restringe mais apenas ao presidente e à diretoria – deve ser delegada a todos os funcionários da empresa. Ferramenta e suporte para todas as atividades da organização, a comunicação tem papel importante na leitura do ambiente social. É uma grande aliada da gestão quando trabalha os valores da empresa e atende ao desafio de transformar mudanças em resultados. Como processo social, ajuda as empresas a firmarem compromissos internos – quando é franca, aberta e autêntica, aumenta as chances de sucesso na implantação de estratégias. Sistematizando, podemos apontar, aqui, alguns atributos da comunicação no âmbito da empresa: • monitoramento do ambiente empresarial; • seleção de informações para decisões; • mapeamento dos públicos estratégicos; • velocidade nos relacionamentos; • formatação adequada das mensagens; • seleção de mídias; • habilitação de todos na empresa; • planejamento e avaliação. 11 UM PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO Segundo conceito estabelecido pela Aberje, a matéria-prima da comunicação é a diversidade cultural, em que a união de profissionais oriundos de diferentes espaços e tempos está na base do diálogo construtivo de toda iniciativa nesse campo estratégico de uma sociedade democrática. Seu fluxo multidirecional permite a interatividade entre os usuários da rede, estabelecendo diálogos entre as partes conectadas – interações essas que podem ocorrer em tempo real ou de forma assíncrona, sem prejudicar o conteúdo ou a atualidade da comunicação. Portanto, nesse contexto, o objetivo da comunicação organizacional é estabelecer relações fortes e duradouras da organização com seus públicos estratégicos, por meio de processos estruturados de diálogos plurais com esses grupos (ações personalizadas e segmentadas). O processo comunicacional utiliza veículos e meios os mais diversos. Torquato (1986) aponta que a comunicação permite à empresa falar de si mesma, dos seus planos e objetivos, criar ações voltadas para a comunidade, definir o seu papel social e demonstrar capacidade para entender as necessidades ou circunstâncias do meio em que está inserida. É, portanto, uma ferramenta mais que estratégica, e o contexto atual leva a uma nova relação entre empresa/mundo/sociedade, em que o mais importante, salienta Torquato, é gerar uma humanização da empresa. Margarida Kunsch (2003) chama atenção para um aspecto significativo da comunicação organizacional: ela se refere a uma edificação e retificação da imagem e da identidade corporativas. Ou seja, a imagem traduz o que a empresa “parece ser”, enquanto que a identidade traduz o que a empresa “realmente é”. Portanto, quando a edificação é feita de maneira eficiente, ela possibilita a formação de uma marca forte e positiva. Avaliando esses aspectos e refletindo um pouco sobre o contexto atual, podemos perceber que na comunicação praticada hoje pelas empresas, de maneira geral, falta um objetivo transversal – exatamente nesse sentido: que cruze, atravesse, passe por todos os referentes. O que mais se observa são ações pontuais e esparsas. Segundo Carlos Parente, professor da pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e da Aberje, trabalhar na comunicação das empresas é como administrar tribos (devido à grande diversidade cultural existente), sempre pensando nas estratégias, a partir do cliente. “A crise não é tanto da quantidade da comunicação, mas da sua falta de relevância”, afirma. É necessário, portanto, que a comunicação no âmbito das organizações seja capaz de empregar uma linguagem adequada, distribuindo informações que 12 realmente engajem os funcionários. Também é relevante entender o impacto da marca na geração de valor para o negócio, atraindo investidores, obtendo cobertura favorável de mídia, atraindo e retendo talentos, diminuindo o custo de capital e elevando o moral da equipe. Parente aponta a seletividade e a atratividade como principais demandas da comunicação. Segundo ele, passamos hoje do simples “comunicar” para a função de informar visando ao diálogo e ao compartilhamento – cada vez mais, as empresas priorizam os relacionamentos. Uma das formas de consolidar a reputação é a prática da responsabilidade social corporativa, construída por ações que levem em consideração cada um dos seus públicos e contribuam para o desenvolvimento do país. Em muitas empresas, essa estratégia já está relacionada às ações de comunicação. Em todo processo de comunicação há fatores críticos de sucesso: aderência, interatividade, segmentação, informalidade, atratividade, logística, flexibilidade e dinamismo. No seu planejamento, deve haver o alinhamento com os públicos preferenciais e a definição de premissas, além de um diagnóstico permanente. “O comunicador é o gestor do significado, que gera processos de dentro pra fora, de maneira corajosamente simples e extraordinariamente criativa”, conclui Carlos Parente. CONCLUSÃO A Comunicação é uma ferramenta estratégica e suporte de administração para todas as atividades da organização. Ela tem hoje um papel importante na leitura do ambiente social e é grande aliada ao trabalhar os valores da empresa e ao atender o desafio de transformar mudanças em resultados. Como processo social, ajuda as empresas a firmarem compromissos internos, visando a transformar propósitos em resultados. Quando é franca, aberta e autêntica, aumenta as chances de sucesso na implantação de estratégias. Como a mudança é um processo constante na vida das organizações, para atingir as metas de competitividade e resultados cada vez mais ambiciosos é preciso inserir a comunicação no planejamento, levando em conta a análise do clima e da cultura organizacionais. Todo esse processo precisa ser também devidamente avaliado, para corrigir sempre que necessário os rumos das ações voltadas para o relacionamento com os públicos preferenciais da empresa. 13 Referências BORDENAVE, Juan E. Dias. O que é comunicação? São Paulo, Editora Braziliense, 1997. Coleção Primeiros Passos. KUNSCH, Margarida M. K. Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. São Paulo: Difusão Editora, 2008. KUNSCH, Margarida M. Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003. NASSAR, Paulo. Conceitos e Processos de Comunicação Organizacional. In: TORQUATO, Francisco Gaudêncio. Comunicação empresarial e comunicação Institucional. São Paulo, Summus, 1986. 14