CURSO RELÂMPAGO DO MÊS DA BÍBLIA
1ª aula
INTRODUÇÃO
(Textos retirados da Apresentação do livro “João” feita
pelo autor José Antonio Pagola)
Os cristãos das primeiras comunidades se sentiam,
antes de tudo, seguidores de Jesus. Para eles, crer em
Jesus Cristo é entrar por seu “Caminho” seguindo seus
passos. Um antigo escrito cristão, conhecido como Carta
aos Hebreus, diz que é um “caminho novo e vivo””. Não é
o caminho transitado pelo povo de Israel no passado,
mas um caminho “inaugurado por Jesus para nós” (Hb
10,20).
Este caminho cristão é um percurso que vai sendo feito,
passo a passo, ao longo de toda a vida..... Caminhar seguindo as pegadas de
Jesus é dar passos, tomar decisões, superar obstáculos, abandonar caminhos
falsos, descobrir horizontes novos ...Tudo faz parte do caminho. Os primeiros
cristãos se esforçavam para percorrê-lo “com os olhos fixos em Jesus”, pois
sabiam que só Ele “inicia e consuma a fé” (Hb 12,2).
Infelizmente o cristianismo, como é vivido hoje por muitos, não suscita
“seguidores” de Jesus, mas só “adeptos de uma religião”. Não gera discípulos
que, identificados com seu projeto, se dispõem a abrir caminhos ao reino de
Deus, mas membros de uma instituição que cumprem de modo melhor ou pior
suas obrigações religiosas. Muitos deles correm o risco de jamais conhecer a
experiência cristã mais originária e apaixonante: entrar pelo caminho aberto
por Jesus.
A renovação da Igreja está exigindo de nós, hoje, que passemos de comunidades
formadas em sua maioria por “adeptos”, para comunidades de “discípulos” e
“seguidores” de Jesus. Só assim vamos aprender a viver mais identificados com
seu projeto, menos escravos de um passado nem sempre fiel ao Evangelho e
mais livres de medos e imposições que podem impedir-nos de ouvir seu convite
à conversão.
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... Devemos esforçar-nos para colocar o relato de Jesus no coração dos crentes
(dos que acreditam) e no centro das comunidades cristãs. Precisamos fixar
nosso alhar em seu rosto, sintonizar com sua vida concreta, acolher o Espírito
que o anima, seguir sua trajetória de entrega ao reino de Deus até a morte e
deixar-nos transformar por sua ressurreição. Para tudo isso nada pode ajudarnos mais do que adentrar-nos no relato que os evangelistas nos oferecem.
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... Estes relatos nos aproximam de Jesus, tal como Ele era recordado com fé e
com amor pelas primeiras gerações cristãs. Por um lado, encontramos neles o
impacto causado por Jesus nos primeiros que são atraídos por Ele e o
seguiram. Por outro lado, foram escritos para gerar o seguimento de novos
discípulos.
Por isso os evangelhos convidam a entrar num processo de mudança, de
seguimento de Jesus e de identificação com seu projeto. São relatos de
conversão e, devem ser lidos, pregados, meditados e guardados no coração de
cada crente e no seio de cada comunidade cristã.
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EVANGELHO DE JOÃO
O Evangelho de João é bem diferente dos relatos evangélicos de Marcos, Mateus
e Lucas. Encontramos, certamente, algumas semelhanças importantes, mas o
enfoque do escrito, o marco da atividade de Jesus, sua linguagem e, sobretudo,
seu conteúdo teológico lhe dão caráter próprio. O Evangelho de João ilumina a
pessoa de Jesus e sua atuação com uma profundidade nunca antes
desenvolvida por nenhum outro evangelista.
O Evangelho de João vai recordando os ditos e os atos de Jesus “à luz de sua
ressurreição”. O autor nos diz que os discípulos descobriram o sentido do que
aconteceu "quando Jesus ressuscitou dentre os mortos” (2,22), ou quando Ele
foi glorificado” (12,16). Em termos mais concretos, explica que é o Espírito
Santo, enviado pelo Pai, que vai trazendo à memória dos discípulos tudo o que
Jesus lhes disse (14,26). Por isso, o autor o chama “Espírito da verdade”, que
dá testemunho fiel de Jesus (15,26). Portanto, devemos ler este relato de Jesus
à luz da ressurreição e deixando-nos guiar pelo Espírito. Ele pode “guiar-nos
para toda a verdade” que se encerra em Jesus (16,13-15)
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Além de revelador, o Evangelho de João apresenta Jesus como Salvador que
cumpre e supera ao mesmo tempo as esperanças humanas de salvação. Desde
o início, os discípulos dizem que encontraram o “Messias”, e Natanael confessa
que Jesus é o “Filho de Deus”. Mas o evangelista não se contenta com
identificar Jesus com os títulos tradicionais. Por meio de imagens bem
expressivas Ele nos dá a conhecer a força salvadora de Jesus Cristo que, como
enviado do Pai, responde plenamente às necessidades fundamentais da
existência humana.
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Bibliografia: “JOÃO”, volume da coleção “O Caminho aberto por Jesus”, José
Antonio Pagola – 2013 – Editora Vozes
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