Eu e minha casa serviremos ao Senhor
Qui, 23 de Agosto de 2012 12:53
Por Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém/PA
Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
A frase é de uma das maiores personalidades do século XX, Mahatma Gandhi, que conduziu
seu país, a Índia, assim como muitos outros, a encontrarem o caminho da independência e da
democracia, através da não violência ativa: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
Viver para servir! Proposta desafiadora, fonte de realização para todos os seres humanos,
caminho de felicidade. Parece-nos encontrar aí uma das muitas Sementes do Verbo de Deus
plantadas na sabedoria e na prática religiosa da humanidade, pois a própria Palavra Eterna do
Pai encarnada, Jesus Cristo, mostrou a que veio, abrindo perspectivas novas para seus
discípulos e para toda a humanidade: "Eu vim não para ser servido, mas para servir e dar a
vida por resgate de muitos" (Mc 10,45). Jesus Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do
Pai, para servir.
O Antigo Testamento reporta a história de Josué, a quem foi dada a tarefa de introduzir o Povo
de Deus na Terra prometida. Como havia acontecido na chamada Assembleia do Sinai,
quando Moisés, em nome de Deus, pediu ao povo, conhecido pela sua cabeça dura, a
definição de rumos, diante da Aliança estabelecida, também em Siquém se reúnem todas as
tribos de Israel (Js 24,1-18). A escolha de Josué, em nome de toda a sua família, é muito clara:
“Eu e minha casa serviremos ao Senhor”! Nas diversas etapas da história da Salvação, retorna
a provocação positiva que toca no mais profundo da liberdade humana. Trata-se de escolher o
serviço a Deus, optar pela fidelidade à sua Palavra, cumprir seus mandamentos, assumir a
missão confiada àquele povo escolhido. A resposta do povo de Deus a Josué é decidida: “Nós
também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus” (Js 24,18). Durante os séculos que
se seguiram, continuamente o Senhor enviou emissários que o chamaram de novo à fidelidade!
Veio Jesus, chamou discípulos, começou uma nova forma de viver, do meio deles escolhe
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apóstolos, cria relacionamento diferente, acolhe crianças, chama justos e pecadores, derruba
barreiras culturais e religiosas, abre a estrada da fraternidade. Também o Senhor, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, entra no maravilhoso jogo de provocação à liberdade humana.
Depois das primeiras etapas da pregação do Reino e da constituição de uma nova comunidade
de irmãos, os chamados evangelhos sinóticos pede aos discípulos uma definição: “E vós,
quem dizeis que eu sou?” (Cf. Mt 16,13-20; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21). Já o Evangelho de São
João, no texto que a Igreja proclama no vigésimo primeiro Domingo do Tempo Comum (Jo
6,60-69), traz uma pergunta altamente provocante, após a multiplicação de Pães e o Discurso
de Jesus sobre o Pão da Vida: “Vós também quereis ir embora?” Vem de Pedro a resposta que
continua a ressoar pelos séculos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.
Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus!” Os discípulos
aprenderam a seguir Jesus, a partir da fé professada naquele que é o Santo de Deus, Messias,
Cristo, Filho de Deus. A Igreja não se cansará de proclamar a mesma fé em Jesus Cristo, até o
fim dos tempos.
Após a Ressurreição e Ascensão de Cristo e o Pentecostes, foi chamado aquele que,
perseguidor implacável, veio a ser Apóstolo das gentes. É o próprio Paulo que conta, numa das
narrativas de sua conversão, a pergunta que brota no coração de todas as pessoas que se
encontram com Jesus Cristo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 22,10) A graça do
apostolado continua a se multiplicar na Igreja. Quantas pessoas são chamadas a servir ao
Senhor no anúncio da Boa Nova da Salvação, nos ministérios e serviços existentes nas
Comunidades Cristãs! Que profusão de carismas suscitados pelo Espírito no coração da Igreja,
através dos quais as palavras do Evangelho são postas em prática e “lidas” nas inúmeras
obras de caridade e de serviço existentes em toda parte! E como não reconhecer a beleza do
serviço prestado por homens e mulheres, adultos e jovens, que desempenham a missão de
catequistas em nossas Paróquias?
São todas pessoas que experimentaram a graça do seguimento de Jesus e não podem se
calar. São leigos e leigas que nos serviços internos da Igreja, nas inúmeras frentes de trabalho
apostólico e na caridade, podem dizer com o Apóstolo São Paulo: “Anunciar o evangelho não é
para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não
anunciar o evangelho!” (1 Cor 9,16). Por isso fixam os seus corações onde se encontram as
verdadeiras alegrias. Com todas estas pessoas, agradecemos a Deus pelo mês dedicado às
vocações. Em sua conclusão, temos o direito e o dever de acolher as novas e muitas vocações
para o serviço ao Senhor e à sua Igreja.
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