Módulo 8 Leitos Fluidizados Leito de partículas assentes num distribuidor com fluido (gás ou líquido) em escoamento ascendente a uma velocidade superficial U U ΔPf ΔPf U Umf U Para valores de U baixos a queda de pressão no leito cresce e é dada pela equação de Ergum. Esta queda de pressão resulta de quê? De o fluido se escoar pelos interstícios perdendo energia mecânica e exercendo uma força de arrasto sobre as partículas, a qual não é suficiente para as “fazer mexer”. À medida que a velocidade U aumenta, maior é a força sobre as partículas e maior a queda de pressão. 1 Porém chega-se a um valor de U tal que a força exercida sobre as partículas é suficiente para as “suportar”/”suspender”. Esta força é igual ao produto da queda de pressão no leito pela área da secção recta do tubo ΔPf área da sec ção recta do tubo peso aparente das partículas A este valor de U chama-se velocidade mínima de fluidização e representa-se por Umf Se aumentarmos a velocidade, seria de esperar um acréscimo em DP, o que implicaria, de acordo com a 2ª lei de Newton, uma aceleração das partículas, para cima, e por conseguinte o seu escoamento. Mas não é isto que acontece. Em vez disto o leito expande ficando com uma porosidade maior enquanto que a queda de pressão se mantém igual ao peso aparente das partículas. Qual a razão? Como se irá ver, a força de arrasto depende da porosidade do leito. Quanto menos poroso, maior é a força de arrasto. Assim, quando se ultrapassa Umf, o leito entra em escoamento aumentando a sua porosidade, mas simultaneamente a força de arrasto diminui devido a este aumento de porosidade, voltando esta força a ser igual ao peso aparente das partículas. 2 Qual o resultado? Um aumento de porosidade do leito e uma queda de pressão igual à das condições mínimas de fluidização Velocidade mínima de fluidização Peso das partículas SV partículasg S g volume de coluna volume de partículas S g A L 1 volume de coluna Impulsão f V partículasg f g volume de coluna volume de partículas f g A L 1 volume de coluna Peso aparente S f g A L 1 3 No ponto mínimo de fluidização DP f A S f g A Lm f 1 m f O valor de mf varia entre 0,38 e 0,44 para esferas. Mas no ponto mínimo de fluidização a queda de pressão no leito é dada pela equação de Ergum 150 1 mf mf 3 2 μ U m f Lm f d p2 1,75 1 m f mf 3 U m f 2 Lm f s f g Lm f 1 m f dp Esta equação pode ser re-escrita: Ga 150 Rem f f d pU m f μ 1 m f mf 3 Rem f 1,75 1 mf 3 Rem2 f f d 3p s f Ga μ2 g 4 No caso de mf=0,4 resulta por substituição Remf 25,7 1 5,5310 5 Ga 1 Notar que Umf não depende nem da altura do leito nem do diâmetro do leito, apenas de Galileu e mf Expansão do leito Quando uma partícula se encontra num empilhamento, a presença das outras partículas altera o escoamento e faz com que, para uma determinada velocidade U do fluido, a força sobre uma partícula no empilhamento seja maior (tanto maior quanto menor for a porosidade) Verificou-se que a razão entre a força sobre uma partícula isolada e uma partícula no empilhamento é apenas função da porosidade isolada 2 CD F dp U 2 f ( ) 4 2 5 Como já se referiu , após o ponto mínimo de fluidização, a queda de pressão no leito continua a ser igual ao peso aparente do leito por unidade de área da secção recta. f S g A L 1 N isolada U 2 f N d 2p 1 CD f 2 4 volume de partículas 6 f S gdp g d 3p f S d 3p f 2 1 6 d 3p AL 3 isolada CD f U 2 f 4 2 2 2 3 isolada f U d p CD f 2 4 4 Ga isolada Re2 CD 3 f Resta saber qual a expressão para f () Segundo Wen e Yu (1966) f 4,7 6 f 11,21 1 2 3 Segundo Jerónimo 2,21 Usando a expressão de Wen e Yu 3 4 1 isolada 2 CD Re 4,7 Ga Esta expressão permite calcular a porosidade do leito para qualquer U>Umf O conhecimento de f() permite ainda determinar a velocidade mínima de fluidização (processo alternativo à equação de Ergun) isoladaRe 2 CD mf Ga m4f ,7 Ga m4f ,7 Ga m4f ,7 18 Re 2mf Ga m4f ,7 mf 3,6 ,687 18 Re mf 2,7Re1mf 18 Re mf 4 Ga 4 Ga 3 f mf 3 4,7 3,6 Ga 3,2 105 m4f ,7 Ga m4f ,7 3,2 105 7 Uma expressão alternativa para determinar a expansão de um leito fluidizado homogéneo foi estabelecida por Richardson e Zaki Para sólidos fluidizados por líquidos, o leito expande-se homogeneamente, i.e., as partículas distribuem-se mais ou menos uniformemente por todo o leito. Assim segundo Richardson e Zaki: U U ter m inal n em que n é uma constante empírica n 4,6 20 dp D 0 Re t 0,2 n dp 4,4 18 D 0.03 Re t n dp 4,4 18 D 0.1 Re t n 4,4 Re t 0.1 n 2,4 0,2 Re t 1 1 Re t 200 200 Ret 500 Re t 500 8 Limite máximo de fluidização Já vimos que a fluidização inicia-se no ponto mínimo de fluidização e que o leito expande para causais superiores. Há no entanto um limite máximo que corresponde ao ponto em que a velocidade superficial do líquido iguala a velocidade terminal das partículas. Acima deste valor as partículas são transportadas e entra-se na zona do transporte hidraúlico. Já referimos que a velocidade terminal é só função do número de Galileu e a velocidade mínima de fluidização da porosidade e de Galileu. No gráfico seguinte está representada a razão destas velocidades em função do número de Galileu para diversos valores da porosidade no ponto mínimo de fluidização. 100 Ut / U m f 70 m f 0,38 0,40 0,42 10 10-2 10 4 10 8 Ga 9 Características e vantagens de um leito fluidizado Estudámos leitos fluidizados homogéneos (líquido-sólido) que se caracterizam pela expansão da fase homogénea para velocidades superficiais acima da velocidade mínima de fluidização Em leitos homogéneos a fase líquido+partículas comportase como se de um líquido se tratasse. Assim se se inclinar a coluna, a superfície do leito mantém-se horizontal, um objecto mais denso que o leito “vai ao fundo”, se se abrir um orifício na parte lateral da coluna, a fase homogénea sai em jacto e o caudal de saída é bem previsto pela equação de Bernoulli Uma das grandes vantagens dos leitos fluidizados é, devido à mobilidade das partículas, promover uma rápida homogeneização da temperatura e concentração, no caso de haver zonas em que a produção de energia térmica ou de massa seja elevada. Os coeficientes de transferência de calor e massa num leito fluidizado são elevados (tipicamente h= 200-300 kcal/m2 hr ºC) 10 Finalmente resta referir o que se entende e qual o comportamento de um leito fluidizado heterogéneo (gássólido) Até ao ponto mínimo de fluidização o comportamento é semelhante. Acima do ponto mínimo de fluidização, o caudal de gás em excesso atravessa o leito soba forma de bolhas e a fase fluidizada mantém-se com uma porosidade próxima da observada no ponto mínimo de fluidização Umf U > Umf Bolhas de gás Umf U > Umf 11