75D5 B57=CB5@ GESTÃO DE PESSOAS EM TEMPO DE CRISE ›› A importância das pessoas e o seu papel no crescimento das empresas e na retoma da economia são cada vez mais evidentes. E o impacto profundo da crise sobre a força de trabalho empresarial provoca, também, uma maior atenção a esta temática. DCFH]h]5bU5acf]a6Uffcgc C ACTUAL CONTEXTO económico exige, na agenda dos CEOs, um maior foco nas políticas de gestão de pessoas e de desenvolvimento de talentos. Neste ambiente turbulento e desafiante é importante que o universo empresarial se concentre no crescimento, que continue a preocupar-se com a diferenciação, a investir nas pessoas e na criatividade. Este ambiente volátil exige que os gestores e líderes recriem e abandonem abordagens antigas. Horácio já dizia que “a adversidade desperta em nós capacidades, que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”. '$Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`ÔGYhYaVfc&$%$ Embora a forte recessão, que se abateu sobre a economia mundial – na sequência da eclosão da crise financeira internacional em 2007 –, estar a atenuar-se e muitos defenderem que estão provavelmente a começar a emergir de uma das crises financeiras, económicas e sociais mais sérias e complexas, a cautela ainda prevalece. O que mudou na gestão de RH das empresas no último ano em consequência da crise? A pergunta, esta pode parecer subjectiva, mas o actual contexto económico acabou por exigir um novo modelo de gestão de pessoas. A importância de alinhar a estratégia de capital humano com a estratégia de negócio da organização é o motor para assegurar o alto desempenho das empresas. A HR Portugal foi auscultar a opinião de gestores, administradores e especialistas de recursos humanos sobre este tema. Crise = riscos + oportunidades A crise trouxe a necessidade de pensar diferente a forma como a actividade das empresas é conduzida, colocando novos desafios a diversos níveis, incluindo na área de RH. Peter Druker sempre viu as crises como grandes oportunidades. Na verdade, chegava a afirmar que não há riscos, apenas oportunidades. No mesmo sentido, os chineses não têm uma palavra para crise, quando querem transmitir o conceito, escrevem dois símbolos um para risco e outro para oportunidade. E em grego antigo, krisis significa tempo de decisão. A PricewaterhouseCoopers (PwC) acompanha ao longo do ano, através do estudo Annual CEO Survey, as opiniões de CEOs e decisores acerca da evolução das tendências da economia e sociedade, sendo que a mais recente edição, publicada este ano, é esclarecedora do impacto da crise nas organizações. O ponto essencial revela uma posição consensual dos gestores e líderes no sentido de aproveitar as dificuldades criadas pelo ciclo económico adverso, como oportunidades para evoluir, processo em que as pessoas são essenciais para o sucesso. Neste sentido, as conclusões sugerem que existe uma forte Agenda de Pessoas no definir do novo caminho de crescimento e recuperação da crise. Maria Manuel Seabra da Costa, directora de Human Capital Advisory Services da PwC, sublinha: «O contexto exige maior valor nas intervenções das áreas de RH, que desempenham um papel determinante na execução da estratégia e concretização dos resultados de negócio. O grande desafio está em posicionar os RH de forma integrada com o modelo de negócio em quatro áreas essenciais – imagem de marca, 5UXjYfg]XUXYXYgdYfhU YabgWUdUW]XUXYg eiY YaW]fWibgh|bW]Ug ZUjcfzjY]g hYf]Ua ÑWUXcUXcfaYW]XUg GYhYaVfc&$%$Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`Ô '% 75D5 Paulo Alexandrino visão corporativa, performance financeira da organização e desempenho dos colaboradores – para que os RH consigam responder às necessidades de negócio de forma eficaz.» Por seu lado, os resultados do Barómetro Internacional de Estratégias de Recursos Humanos para Responder à Crise, de Outubro de 2009, apontam como principais preocupações dos gestores a redução de custos, a procura de novos mercados/produtos e as acções de reestruturação e reorganização. Hélio Moreira, director-geral da OptimHom, membro fundador do Assessment Circle Europe e um dos autores do Barómetro, avança que «infelizmente os temas ligados à gestão de pessoas não aparecem entre os mais citados, sendo o da avaliação de desempenho o único a ganhar relevo entre alguns dos inquiridos, que consideraram ser necessário introduzir melhorias nestes processos, aumentando o seu enfoque nos resultados». Acrescenta ainda: «A par com as tendências anteriores assistiu-se, igualmente, a um incremento da “centralização” da decisão com o presidente ou as administrações a definirem o que irá ser feito e como. Talvez por isso, algumas direcções de RH foram remetidas para um papel mais instrumental, tendo a seu cargo, sobretudo, a implementação de reestruturações ou de reduções de efectivos, em cuja decisão nem sempre participaram.» O Barómetro, apesar de revelar um menor investimento e grau de prioridade atribuído às questões RH pelas empresas portuguesas, aponta no mesmo sentido que o Survey da PwC, quanto às abordaNO SENTIDO DOS PONTEIROS DO RELÓGIO gens a seguir futuramente. A Agenda de Mário Ceitil, director associado da Cegoc; Pessoas irá ganhar força em aspectos que Maria João Martins, directora de RH do Grupo incluem a Liderança, a Gestão do Talenedp; César Santos, director-geral da Talenter; to, o Envolvimento dos Colaboradores e a Maria Manuel Seabra da Costa, directora de Responsabilidade Social. Human Capital Advisory da PwC Isabel Moisés, directora de RH da Heineken, defende que as expectativas e preocupações dos CEOs relativos ao tema pessoas durante a crise focam-se «na manutenção de equipas coesas, temendo que haja pessoas críticas Mário Ceitil, director associado da Cegoc e professor nas que abandonem o “barco”». Já para César Santos, director-geUniversidades Católica e Lusófona, salienta que «vivemos ral da Talenter, «a grande preocupação passa por perceber num tempo em que se começam a generalizar as ideias se têm as pessoas certas para enfrentar este período de de que não existe verdadeiro crescimento económico e AMOSTRA DO BARÓMETRO: crise». Por seu lado, Vítor Sevilhano, administrador desenvolvimento social sem uma boa gestão do “Ca560 empresas europeias, incluindo pital Humano”». Dito isto, o professor crê que a crise do Laboratório da Formação, especialista na gestão 85 empresas portuguesas, das estratégica, gestão de mudança e temas de RH, obobriga as empresas e as pessoas a tomarem decisões mais variadas dimensões e serva que «o maior desafio que se coloca, a todos sobre aqueles colaboradores que assumem a categosectores de actividade os que trabalham por conta de outrem, é manter o ria de “talentos”, obrigando a um maior rigor na gestão emprego. O pior que pode acontecer, na actual conjune a uma criteriosa avaliação dos contributos de cada um tura, a alguém é ficar no desemprego». Por outro lado, refere, para os resultados. Neste sentido, acredita que «a crise, para ainda, que para se manter a sanidade mental há que ter alteralém do esteio de coisas negativas que vai produzir, convoca nativas: «Como tal, numa conjuntura problemática e difícil, efeitos benéficos enquanto incentivadora da criatividade, da as pessoas devem procurar projectos próprios ou aumentar a inventividade, do espírito de luta e da resiliência nas pessoas e sua empregabilidade.» na organização. Já que, neste ambiente, em que o crescimento '&Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`ÔGYhYaVfc&$%$ económico apresenta indicadores de retracção, as empresas não apostam naturalmente em novas contratações». Sabemos que a crise traz desafios e oportunidades, para a directora de RH da Heineken, no Brasil: «Os momentos de crise servem muitas vezes para se voltar a ganhar foco no essencial do negócio, para se reanalisar a eficiência da estrutura produtiva ou de serviços.» César Santos, director-geral da Talenter, manifesta que é a mudança o principal desafio, «a oportunidade é essa, a hipótese de mudar, pois esta é uma boa altura para o fazer. Acresce que os momentos adversos são extremamente importantes para conhecermos melhor as pessoas que dispomos, para investir na identificação de talentos, principalmente internos. Estes períodos são clarificadores e regeneradores, obrigam-nos a “olhar para dentro” e a mudar o que está mal e a valorizar o que está bem». Tendências no mundo do trabalho Afinal o que mudou nos modelos de gestão de RH no último ano, em consequência da desaceleração da economia? Alguns especialistas falam que a crise trouxe um novo paradigma ao universo de RH, outros defendem formas globais de pensar o tema pessoas dentro da organização. Há ainda quem sustente que não existiram mudanças estruturais, apenas um decréscimo generalizado no investimento em desenvolvimento e treino. A PwC desenvolveu um estudo neste âmbito – Managing Tomorrow’s People – How the downturn will change the future of work? –, explorando diferentes cenários, no qual se definem três mundos ou modelos de negócio distintos que coexistirão no futuro. Como elementos comuns a estes cenários encontramos: a exigência de maior transparência e responsabilidade social na condução da actividade das organizações – tal irá afectar diversas áreas da gestão de RH, em particular a política de remunerações, para a qual já encontramos evidências na alteração da legislação; o aumento do enfoque na utilização de métricas para controlo da performance e produtividade, relacionado com a maior preocupação com a sustentabilidade e a eficiência de longo prazo; e a criação de oportunidades para novas formas de trabalho que flexibilizem as estruturas organizacionais, como o recurso a novas formas de trabalho assentes na tecnologia e que vão de encontro às realizações pessoais das novas gerações. Mas será que as nossas empresas estão preparadas para as mudanças? «Se estar preparado para a mudança significa reagir com novas estratégias e acções, julgo que sim. Se significa antecipar os efeitos de novas situações, agindo preventivamente, não. As empresas e os gestores portugueses são mais hábeis a “inflectir” do que a reflectir, não se faz um planeamento de forma estrutural, nem se tomam decisões de mudança antes de ser absolutamente crucial», diz Isabel Moisés. «Estas crises macro convocam, de facto, mudanças impor- 9ghYdYf cXcgYfzW]hUXc WcaciaacaYbhc\]ghf]Wc XYfYWcbWYd~cXYdUfUX][aUg XY[Ygh~cXUgcf[Ub]nUYg Os RH detêm um papel crucial na manutenção da motivação dos colaboradores e consequentemente na produtividade do capital humano tantes relativamente a alguns paradigmas da GRH. Esta crise denunciou e deixou a nu as limitações de modelos de gestão centrados na ganância voraz dos ganhos de curto prazo, trazendo para a ordem do dia a importância de questões como a confiança, o rigor, o respeito pela ética e a imperatividade de políticas de responsabilidade social. Neste sentido, creio que este período será citado, mais tarde, como um momento histórico de reconcepção de paradigmas de gestão das sociedades e das organizações. Como, por exemplo: a passagem de uma lógica de gestão centrada em funções e em carreiras assentes em factores consuetudinários para uma lógica centrada em competência e talentos, em que a carreira será muito mais vivida numa perspectiva de portefólio, ligada às performances individuais, parece-me inquestionável e uma das mudanças de paradigma mais importantes», vaticina Mário Ceitil. Há, realmente, tendências no mundo de trabalho que já se verificavam antes da crise, mas esta acentuou-as: o aumento da polivalência ou da multifuncionalidade dos trabalhadores; a valorização da mobilidade geográfica e da rotatividade de funções; o aperfeiçoamento dos métodos de avaliação de desempenho, para colocar mais equidade nas compensações e incentivar a meritocracia; o desenvolvimento das medidas de incentivo à melhoria da produtividade; a aposta numa formação contínua, de constante actualização de conhecimentos e de desenvolvimento de competências relacionais, nomeadamente nas de liderança e gestão pelos valores; a ideia de emprego para toda a vida passou a ser um mito, passando a ser regra a precariedade; até porque já se fala na diminuição do ciclo de vida das empresas; as empresas estão limitadas à BåA9FCGDCFHI;I9G9G » A taxa de desemprego ficou nos 10,6% no segundo trimestre, um valor igual aos três meses anteriores, mas, em termos homólogos, com um agravamento de 1,5 pontos (na prática isto deve-se ao número significativo de pessoas que deixaram de procurar emprego e passaram a contar como inactivas). » Governo reagiu aos números do desemprego, dizendo que a manutenção da taxa é boa notícia, Por seu lado, a oposição fala em tragédia para mais de 100 mil pessoas. » A meta do governo para este ano é de uma taxa de 9,8%. » Dados do INE: houve um aumento de 16,8% no segundo trimestre na população que está desempregada e procura um novo emprego e que representa um acréscimo de 77,1 mil pessoas face ao período homólogo do ano passado. De acordo com o INE, a maior parte destes desempregados são provenientes do sector dos serviços (44,3 mil) e da indústria, construção, energia e água (29,5 mil). GYhYaVfc&$%$Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`Ô '' 75D5 “regeneração genética”; multigeracional, por outro lado, há também a desvalorização do envelhecimento associado à sabedoria; progressivo aumento da idade da reforma... No caso da edp, a directora de RH do grupo, Maria João Martins, desvenda que inverteram o paradigma de que as pessoas com mais experiência são descartáveis, com o «”Programa Valorizar a Experiência”, respondendo assim a uma necessidade de bem gerir os mais experientes, potenciando o seu valor. Começamos por aceitar que o talento está presente em todos os segmentos da edp, desde os mais jovens aos seniores.» Vítor Sevilhano chama a atenção para a filosofia de Peter Drucker, que já na década de 90 prognosticava o fim do modelo vigente de contrato de trabalho, substituindo-o por uma ligação do tipo associado, «parecida à de sócio de um clube de futebol, onde as pessoas passam a aderir a um projecto empresarial porque lhes traz orgulho pertencer àquela equipa e não por um mero vínculo jurídico». Salienta, também, que a crise acentuou efeitos perversos na entrada no mercado de trabalho, nomeadamente o «uso e abuso de estágios não remunerados, que se prolongam, sem qualquer pudor ou vergonha». E ressalta, ainda, que a legislação laboral vai ter que acompanhar os sinais do tempo e acolher a noção de maior flexibilidade, em toda a linha. O alarme é accionado quando muitas organizações se focam nos “cortes” e a rubrica de custos com pessoal não foge à regra; para o director-geral da Talenter, é um passo infeliz «e um dos primeiros a ser equacionado, o certo é que este ciclo é gerador de pobreza: gera insegurança e associado a esta vem a desmotivação e, consequente e inversamente ao esperado, uma maior quebra nas vendas. É uma tendência a contrariar». A5BI5@D5F5;9F=F 9AH9ADC897F=G9 Dez Prioridades Fundamentais* %" Ter uma perspectiva realista da situação &"Aproveitar as oportunidades '"Comunicar com os stakeholders ("Reconhecer o valor das suas pessoas )"Planear diferentes cenários *"Ter informação de gestão fiável e actualizada +"Gerir os custos ,"Focar-se no que é verdadeiramente importante -"Assegurar liquidez %$"Actuar prontamente *fonte: PricewaterhouseCoopers Portugal '(Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`ÔGYhYaVfc&$%$ Mário Ceitil deixa o alerta: «Julgo que um impacto importante vai ser traduzido no facto de cada pessoa começar a assumir uma consciência mais clara de que a empregabilidade e a carreira estão cada vez mais dependentes do próprio e da sua capacidade de se tornar “atractivo”. Isto conduzirá a que cada pessoa invista cada vez mais tempo e dinheiro na sua formação e no desenvolvimento de competências que sejam procuradas pelo mercado de trabalho.» Qual o caminho? Para se ser bem sucedido num contexto de incerteza e assegurar uma posição competitiva forte e ágil no futuro, as lideranças precisam de identificar o que os seus negócios e colaboradores devem fazer de forma diferente. Segundo análises internacionais da PwC estima-se que as empresas que lidaram de forma menos cuidada com os temas pessoas, durante a crise, terão em média cerca de duas vezes mais dificuldade em conseguir recuperar, quer pela saída de quadros, quer pela consequente quebra de confiança nos mercados, clientes e investidores. Uma etapa crítica para os negócios é identificar o talento que não se pode perder, consolidando as competências. Garantir que os sistemas de remuneração são os correctos para que a força de trabalho se mantenha à frente dos seus competidores. Mário Ceitil afirma: «É o momento para que o dinheiro não seja o principal motor de envolvimento e motivação das pessoas. No que diz respeito às políticas de remuneração, as empresas devem ser muito prudentes, valorizando outras formas de recompensa e reconhecimento.» Uma das actuais vantagens competitivas da edp é o facto de ter como prioridade estratégica o desenvolvimento da sua equipa de profissionais, conta Maria João Martins: «Criámos o “Guia do Líder”, uma espécie de kit de boas práticas e comportamentos que garante a melhor gestão, e de forma proactiva, das suas pessoas.» O caminho a seguir implica, também, uma comunicação constante com os seus colaboradores, o que reforçará o compromisso com o negócio e aumentará a probabilidade de os reter. E o aumento da mobilidade nas organizações, enquanto factor indutor de maior capacidade dos colaboradores 5gYadfYgUg eiY`]XUfUaXY ZcfaUaYbcgWi]XUXUWcachYaU dYggcUg hYf~caU]gX]ÑWi`XUXY YaWcbgY[i]ffYWidYfUf NO SENTIDO DOS PONTEIROS DO RELÓGIO Hélio Moreira, director-geral da OptimHom; Isabel Moisés, directora de RH da Heineken, no Brasil; Vítor Sevilhano, administrador do Laboratório da Formação para a gestão de mudança e aumento da flexibilidade. Os RH detêm um papel crucial na manutenção da motivação dos colaboradores e consequentemente na produtividade do capital humano. A PwC chama a atenção para a aposta em estratégias que potenciem o esforço e a dedicação no desempenho das suas funções. Todas as estratégias devem ter visões inspiradoras, modelos de sociedade centrados numa perspectiva de sustentabilidade e devem estar alinhadas com os valores e cultura da organização. Para Maria João Martins, «trabalhar para a superação, potenciando o talento das equipas e acreditando nele, é talvez das principais lições desta época. É preciso estimular as equipas a assumirem um estilo “open mind” e a recriarem o seu projecto e mesmo o ambiente de trabalho, num quadro estratégico estimulante». «Em períodos de turbulência, a clareza e o conhecimento da estratégia é indispensável sobre qual o caminho a seguir. Paralelamente, devemos investir na fidelização dos clientes, procurar novos nichos de mercado, desenvolver e apresentar serviços e produtos inovadores. Para atingirmos este desiderato, temos que investir na qualidade das pessoas e da liderança. Em ambos os casos o desenvolvimento de competências é imprescindível. É inquestionável que motivar e reforçar a coesão e a auto-estima é fundamental em alturas difíceis. A «O maior desafio que se coloca, a todos os que trabalham por conta de outrem, é manter o emprego. O pior que pode acontecer, na actual conjuntura, a alguém é ficar no desemprego.» J hcf GYj]`\Ubc ADMINISTRADOR DO LABORATÓRIO DA FORMAÇÃO comunicação interna, a motivação e o teambuilding são alguns dos itens indispensáveis para retirar os 100% de uma equipa», avança o director-geral da Talenter. A empresa ideal é aquela que, mesmo em tempos conturbados, mantém os seus colaboradores. A imagem de bom empregador é importante para a atracção de novas pessoas, mas poderá ser determinante para a retenção das pessoas que lá trabalham. Esta imagem, também designada Employer Value Proposition, sintetiza os benefícios funcionais, económicos e psicológicos oferecidos pela empresa. Na perspectiva da PwC, o bom empregador é aquele que trata os seus colaboradores de forma justa e honesta, que gere as suas expectativas e aposta no desenvolvimento profissional e pessoal do Capital Humano. Ficou comprovado que a colocação de colaboradores com melhor desempenho em funções críticas é um factor diferenciador na recuperação da organização. Para a edp o importante nesta matéria é cuidar da felicidade dos seus colaboradores, «é uma empresa de cultura humanista, cria condições para as suas pessoas aprenderem, crescerem e se desenvolverem profissional e pessoalmente, através de medidas especificas que promovem a vida pessoal», salienta a DRH. César Santos sublinha que «no catálogo de preferências de um colaborador/talento, muitas vezes as questões económicas são as menos relevantes, destacando-se outras: um trabalho estimulante e apaixonante; as oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de carreira; a possibilidade de compatibilizar o trabalho com a vida pessoal; uma cultura empresarial compatível com os valores e crenças pessoais e muitas vezes, só depois, uma remuneração de acordo com o valor de mercado». Vítor Sevilhano realça: «Se a situação da empresa for complicada e esta tiver de levar a cabo reformas, por vezes duras, de resposta à crise, desde que explique com clareza o racional dessas medidas, as pessoas alinham. É preferível manter os postos de trabalho, nem que para tal tenha de se proceder a uma redução conjuntural dos vencimentos de todos, devidamente explicada, do que aderir ao processo fácil dos despedimentos, que trará ainda maior instabilidade. Claro está que isto implica que os gestores e os líderes sejam os primeiros a dar o exemplo, para ganharem credibilidade e conseguirem comportamentos solidários na implementação das medidas difíceis.» Conta, ainda que «as empresas mais bem sucedidas são as que contrariam o modelo de gestão e de liderança feudal, que se reflecte em demasiados níveis hierárquicos, devendo assentar em três princípios: descentralização, responsabilização e proximidade. O caminho é acentuarmos o trabalho de base intelectual. As empresas vivem hoje com uma dupla necessidade de sedução: seduzir os consumidores e seduzir os colaboradores». «A grande lição é que a gestão da mudança dita a sobrevivência dos mais fortes! E a mudança não depende nunca das estratégias, processos, logística ou tecnologia das organizações. Os agentes de mudança são as pessoas, pelo que concentrar esforços na sua preparação para um futuro de incertezas é um passo relevante na sustentabilidade das organizações!», salienta Maria Manuel Seabra da Costa. GYhYaVfc&$%$Ô<iaUbFYgcifWYgDcfhi[U`Ô ')