Maria João Ceitil Maria João Ceitil A AUTORA Pôr o Corpo a Pensar I S P A MARIA JOÃO CEITIL, Licenciada, Mestre e Doutora em Filosofia pela Universidade de Lisboa, Professora Auxiliar no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, sócia-fundadora da AFFEN, Associação de Filosofia Fenomenológica. T E S E S I S P A 2 0 0 3 PÔR O CORPO A PENSAR Investigação em Filosofia Contemporânea, Psicanálise e Literatura, com diversos trabalhos publicados em revistas científicas sobre o corpo, o pensamento, o desejo, a negatividade, o anónimo, a pulsão de morte, e a relação entre a Filosofia, a Psicanálise e a Literatura. Neste trabalho de investigação existe a permanência de alguns autores: Georges Bataille, Marquês de Sade, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Sigmund Freud e Jacques Lacan. PÔR O CORPO A PENSAR é um texto de auto-interrogação da Filosofia. Há uma interrogação de fundo que percorre todo o texto: o que é a Filosofia? O que é o pensamento filosófico? É um texto que se constrói num movimento reflexivo do pensar sobre si próprio. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é agida num movimento que interroga, questiona e liga três conceitos fundamentais: os conceitos de contacto, de corpo e de pensamento. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é agida num movimento do pensar que está em diálogo com autores que estão no registo da Filosofia e da Literatura: Sade e Bataille, e com autores que estão no registo da Psicanálise: Freud e Melanie Klein, entre outros. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é ainda agida pela presença de um discurso intimista neste texto. A presença de um discurso intimista deriva do facto da linguagem do corpo ser intimista. Pretende-se aqui chegar o mais próximo possível de uma linguagem do corpo e, procura-se aquilo que é mais primitivo, mais básico no corpo: o cheiro, o odor, o aroma corporal. Este trabalho persegue incessantemente o momento originário e primitivo do pensar e do sentir, e o momento de fusão do pensar e do sentir. Há a linha invisível de um cheiro que enlouquece e é essa linha que imprime movimento ao pensar. I SBN 972840053 - 5 7 789728 400538 Este texto está povoado de personagens, o feiticeiro, o sultão que surge num primeiro momento num sonho, para de imediato se confundir com o feiticeiro, a borboleta, o circo, para só nomear alguns. Esta presença de personagens é uma necessidade intrínseca ao questionar da Filosofia na medida em que permite pensar, por um lado, os limites ou a ausência de limites do texto filosófico e, por outro lado, conduz para o movimento que interroga o estatuto do erro, da ilusão, da aparência, da imaginação, do sonho, dentro da própria Filosofia. Chegar o mais próximo possível de uma linguagem do corpo implica essa presença daquilo que a Filosofia de vertente racionalista nomeia como sendo o erro, a ilusão, a aparência, a imaginação, o sonho. CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 1 COLECÇÃO TESES / 10 CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 3 PÔR O CORPO A PENSAR CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 4 O texto que aqui se apresenta é o texto da Dissertação de Doutoramento em Filosofia da autora, intitulado Espaços Dialécticos da Subjectividade, cujas Provas de Doutoramento se realizaram na Universidade de Lisboa em 11 de Março de 2002. O texto original foi sujeito a pequenas alterações que se afiguraram necessárias devido ao movimento do pensar. TÍTULO: PÔR O CORPO A PENSAR AUTOR: MARIA JOÃO CEITIL ã INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA RUA JARDIM DO TABACO, 34, 1149-041 LISBOA TELEFONE: 21 881 17 30 / FAX: 21 886 09 54 1.ª EDIÇÃO: MARÇO DE 2003 CONCEPÇÃO GRÁFICA: INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA COMPOSIÇÃO: INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA IMPRESSÃO E ACABAMENTO: PRINTIPO – INDÚSTRIAS GRÁFICAS, LDA. DEPÓSITO LEGAL: 190232/03 ISBN: 972-8400-53-5 CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 5 Maria João Ceitil PÔR O CORPO A PENSAR I S PA Lisboa CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 7 Ao meu sultão. À memória da minha tia Idalina (que não era de facto minha tia), a grande contadora de histórias da minha infância. CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 9 ÍNDICE Agradecimentos ................................................................................................................. 11 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13 Capítulo I – Seguir a Linha Invisível de um Cheiro que Enlouquece I ...................... 53 1. Actividade/passividade .............................................................................................. 55 2. Devir inocente ........................................................................................................... 61 3. O interdito do contacto no trabalho analítico ............................................................ 70 4. O volume do contacto ................................................................................................ 73 5. A ilusão: A magia I ................................................................................................... 80 6. Devir anónimo I ......................................................................................................... 84 7. O vazio filosófico da linguagem do corpo ................................................................. 90 8. Os encantos do feitiço ............................................................................................. 101 9. A borboleta que me entrou em casa para dizer “Saudade” ..................................... 114 Capítulo II – Seguir a Linha Invisível de um Cheiro que Enlouquece II ................. 119 1. Devir anónimo II ..................................................................................................... 121 2. As obscenae partes corporis ................................................................................... 129 3. Devir perdido I ........................................................................................................ 137 4. Entre a certeza e a incerteza .................................................................................... 145 5. Ritmos do corpo: Cheiros e sons I ........................................................................... 152 6. Devir perdido II ....................................................................................................... 163 7. Pensar o corpo e pôr o corpo a pensar I .................................................................. 170 9 CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 10 Capítulo III – Seguir a Linha Invisível de um Cheiro que Enlouquece III ............. 177 1. A falha fundamental ................................................................................................ 179 2. A ilusão: A magia II ................................................................................................ 187 3. A fome do infinito ................................................................................................... 191 4. Devir anónimo III .................................................................................................... 196 5. Pensar o corpo e pôr o corpo a pensar II ................................................................. 200 6. Devir sujo I .............................................................................................................. 204 7. Devir sem limites I .................................................................................................. 212 8. Devir sujo II ............................................................................................................. 217 9. Devir sem limites II ................................................................................................. 226 10. Aromas I .................................................................................................................. 232 Capítulo IV – Seguir a Linha Invisível de um Cheiro que Enlouquece IV – O Cheiro das Palavras Dele ........................................................................................................... 241 1. Ritmos do corpo: Cheiros e sons II ......................................................................... 243 2. Aprender a falar I .................................................................................................... 251 3. Construir a origem ................................................................................................... 259 4. Devir anónimo IV .................................................................................................... 270 5. Aromas II ................................................................................................................. 277 6. Aromas III ............................................................................................................... 283 7. Aprender a falar II ................................................................................................... 288 8. Aromas IV ............................................................................................................... 292 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 299 BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA ..................................................................................... 331 BIBLIOGRAFIA GERAL .............................................................................................. 336 ÍNDICE ONOMÁSTICO ................................................................................................ 357 ÍNDICE TEMÁTICO ...................................................................................................... 360 10 CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 11 A g R A D E C I M E N T O S Agradeço à Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Programa PRAXIS XXI, o facto de me ter concedido uma Bolsa de Doutoramento pelo período de 4 anos, sem a qual este trabalho não teria sido realizado. Muito Obrigado: ao Professor Doutor João Paisana e ao Professor Doutor Frederico Pereira, em primeiro lugar por terem acreditado neste meu projecto aromático, em segundo lugar porque o orientaram, o guiaram, em simultâneo, com o mais elevado grau de exigência científica e o maior respeito pelo meu território; ao Luís Balula, por sonhar-comigo-(e)-sonhar-me num movimento exuberante de celebração do sonho; ao meu irmão, o Miguel Ceitil, por ter estado sempre presente quando precisei dele, pelo apoio técnico, e ainda por ter acreditado neste projecto simplesmente porque era o meu projecto; ao Fernando Belo, pela felicidade que me deu ao ler este texto; ao Doutor Manuel Villaverde Cabral, pela delicadeza; ao André Barata pela disponibilidade para falar e estar comigo quando precisei dele; à Maria do Carmo Miranda, pelo espaço mental que me deu, ao re-fazer o percurso todo dos nomes e dos conceitos que aparecem nos Índices Onomástico e Temático; à Madalena Saudade e Silva pelo cuidado especial que sempre teve comigo e, pelo espaço-de-escuta, pela infinita disponibilidade que sempre teve para mim e ainda, à Madalena Saudade e Silva e à Sofia Saudade e Silva, por me terem permitido criar um dos meus espaços mágicos no b.leza; à Drª Teresa Flores, pelo apoio em relação a este projecto e, por me ter introduzido ao aroma da permanência; ao Toy Vieira, pela elegância dos seus sentimentos e por tudo aquilo que aprendi com ele; ao Alcides Nascimento, pelo devir pensamento da sua música; ao Lígio do Vale, pela beleza de uma linguagem feita de silêncios; ao Fernando de Sousa simplesmente porque me mostrou que todos os sonhos são mágicos; e ao Paulino Vieira, pelo desejo de contribuir para este trabalho, apesar de todos os desencontros. Muito Obrigado: ao Instituto Superior de Psicologia Aplicada, pelo facto de publicar a minha Dissertação de Doutoramento em Filosofia pois, realizo assim o meu desejo de publicar, tornar pública, a minha Tese de Doutoramento nas Edições do ISPA. 11 CEITIL_CEITIL.qxd 20-10-2014 12:19 Página 13 INTRODUÇÃO Maria João Ceitil Maria João Ceitil A AUTORA Pôr o Corpo a Pensar I S P A MARIA JOÃO CEITIL, Licenciada, Mestre e Doutora em Filosofia pela Universidade de Lisboa, Professora Auxiliar no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, sócia-fundadora da AFFEN, Associação de Filosofia Fenomenológica. T E S E S I S P A 2 0 0 3 PÔR O CORPO A PENSAR Investigação em Filosofia Contemporânea, Psicanálise e Literatura, com diversos trabalhos publicados em revistas científicas sobre o corpo, o pensamento, o desejo, a negatividade, o anónimo, a pulsão de morte, e a relação entre a Filosofia, a Psicanálise e a Literatura. Neste trabalho de investigação existe a permanência de alguns autores: Georges Bataille, Marquês de Sade, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Sigmund Freud e Jacques Lacan. PÔR O CORPO A PENSAR é um texto de auto-interrogação da Filosofia. Há uma interrogação de fundo que percorre todo o texto: o que é a Filosofia? O que é o pensamento filosófico? É um texto que se constrói num movimento reflexivo do pensar sobre si próprio. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é agida num movimento que interroga, questiona e liga três conceitos fundamentais: os conceitos de contacto, de corpo e de pensamento. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é agida num movimento do pensar que está em diálogo com autores que estão no registo da Filosofia e da Literatura: Sade e Bataille, e com autores que estão no registo da Psicanálise: Freud e Melanie Klein, entre outros. A interrogação pelo ser e pelo fazer da Filosofia é ainda agida pela presença de um discurso intimista neste texto. A presença de um discurso intimista deriva do facto da linguagem do corpo ser intimista. Pretende-se aqui chegar o mais próximo possível de uma linguagem do corpo e, procura-se aquilo que é mais primitivo, mais básico no corpo: o cheiro, o odor, o aroma corporal. Este trabalho persegue incessantemente o momento originário e primitivo do pensar e do sentir, e o momento de fusão do pensar e do sentir. Há a linha invisível de um cheiro que enlouquece e é essa linha que imprime movimento ao pensar. I SBN 972840053 - 5 7 789728 400538 Este texto está povoado de personagens, o feiticeiro, o sultão que surge num primeiro momento num sonho, para de imediato se confundir com o feiticeiro, a borboleta, o circo, para só nomear alguns. Esta presença de personagens é uma necessidade intrínseca ao questionar da Filosofia na medida em que permite pensar, por um lado, os limites ou a ausência de limites do texto filosófico e, por outro lado, conduz para o movimento que interroga o estatuto do erro, da ilusão, da aparência, da imaginação, do sonho, dentro da própria Filosofia. Chegar o mais próximo possível de uma linguagem do corpo implica essa presença daquilo que a Filosofia de vertente racionalista nomeia como sendo o erro, a ilusão, a aparência, a imaginação, o sonho.