d i s c u t i r e m o s agora se em todo o juízo está contida u m a relação (que seria m e s m o o seu «nervo»). O b s e r v a m o s q u e p a r a a lógica tradicional as r e l a ç õ e s constitutivas dos juízos s ã o no fundo redutivas a u m a só relação : S é P . A cópula seria s e m p r e o verbo ser. O r a é esta redutibilidade que a lógica mod e r n a , a p a r t i r da de M o r g a n , n e g a . A m a i o r p a r t e dos juízos n ã o p r e d i c a m u m atributo de u m sujeito. F a l a r e m juízo de relação indica p r e c i s a m e n t e a idéa da p l u r a l i d a d e das cópulas. U m dos m e l h o r e s a r g u m e n t o s a favor da existência de juízos relações é m o s t r a r as características n i t i d a m e n t e novas q u e a p r e s e n t a m os raciocínios com eles forjados. E m q u a l q u e r relação há a c o n s i d e r a r : a n a t u r e z a e a orientação. José é p a i de P a u l o , J o ã o é pai de M a r i a , são relações da m e s m a n a t u r e z a . A ' característica simétrica ou assim é t r i c a de u m a relação c h a m a r e m o s orientação da r e l a ç ã o : «ser pai de» está orientado no sentido José —*• P a u l o , João —> M a r i a . A o r i e n t a ç ã o de u m a relação estabelece a o r d e m dos t e r m o s ; uma relação simétrica é r e c i p r o c a m e n t e o r i e n t a d a : não há o r d e m e n t r e os t e r m o s . De M o r g a n a d o p t o u na sua teoria a p e n a s o p o n t o de vista da o r d e m dos t e r m o s p a r a distinguir as figuras. E ' n e c e s s á r i o seguir t a m b é m o critério da natureza da r e l a ç ã o . A n a l i s e m o s o caso m a i s s i m p l e s . Limite-se o n ú m e r o de t e r m o s a t r ê s , m a s e n c a r e m - s e os t e r m o s na m á x i m a g e n e r a l i d a d e que comp o r t a o c a m p o da relação (a relação entre e l e m e n t o e classe, d e s i g n a d a em lógica matemática p o r £, não c o m p o r t a como t e r m o s « h o m e m » e «mortal», por e x e m p l o ) : logo p o d e m ser indivíduos, conceitos, classes, r e l a ç õ e s , etc. Designem-se os t e r m o s por m i n ú s c u l a s , as ú l t i m a s letras do a l f a b e t o : x, y, z. P o r R i n d i c a r - s e á u m a relação absolutamente qualquer mas determinada; R', R" indicam r e l a ç õ e s d e n a t u r e z a diferente. O p r o b l e m a do raciocínio da relação a três t e r m o s enuncia-se assim : d e t e r m i n a r x R z , por i n t e r m é d i o de u m t e r m o y tal que x R ' y e y R " z . Q u a n t o à n a t u r e z a da relação-há q u a t r o c a s o s a d i s t i n g u i r : I II xRy yRz xRz xRy yR'z xRz 111 xRy xR'z x F z IV xRy xRz xR'z E x e m p l o s de cada u m destes e s q u e m a s : i José é i r m ã o de J o ã o , J o ã o é i r m ã o de P a u l o , logo José é i r m ã o de P a u l o . O P o r t o está ao norte de C o i m b r a , C o i m bra está ao norte de L i s b o a , logo o P o r t o está norte de L i s b o a . a = b, 6 = c, logo a = c. A recta a é paralela à recta b, a recta b é p a r a l e l a à recta c, logo a recta a é p a r a lela à recta c. II José é p r i m o de J o ã o , J o ã o é i r m ã o de P a u l o , logo J o s é é p r i m o de P a u l o . < 3 > 6 , b = c, logo a > c . A recta a é p e r p e n d i c u l a r à r e c t a b, a recta b é oblíqua à recta c, logo a recta a é oblíqua à recta c (em g e o m e t r i a euclidiana plana). III José é i r m ã o de J o ã o , João é pai de P a u l o , logo José é tio de P a u l o . ' iv José é pai de J o ã o , J o ã o é pai de P a u l o , logo J o s é é avô de P a u l o . A recta a é p r e p e n d i c u l a r à recta b, a recta b é p r e p e n d i c u l a r à recta c, logo a recta a é p a r a l e l a à recta c. 3 é m e t a d e de 6, 6 é m e t a d e de 12, logo 3 é a q u a r t a p a r t e de 12. S e fizermos intervir a idéa de p r o d u t o relacional (composição de relações) introduzida por P e i r c e , o e n u n c i a d o do p r o b l e m a será d e t e r m i n a r o p r o d u t o relacional de d u a s relações a dois t e r m o s e tais que contêm um t e r m o c o m u m . C o m o as p r e m i s s a s só p o d e m revestir d u a s f o r m a s : x R y . y R x e x R y . y R ' z , t e r í a m o s a p e n a s d u a s conclusões d i f e r e n t e s : x R | R z e x R | R ' z , respectivamente. No e n t a n t o da análise de cada u m a das conclusões resulta : (xRz x R | R z = < ou (xR'z / (xRz x R | R ' z = } ou (xR'z E n c o n t r a m o s a s s i m de novo os q u a t r o esquemas. S e g u i m o s u m a o r d e m fixa na disposição d o s t e r m o s . E m cada e s q u e m a p o d e m o s p o r é m , é e v i d e n t e , dispor os t e r m o s de qua-