FIEMG Desafios da ANEEL e do Sistema Elétrico Nacional Jerson Kelman Diretor-Geral Belo Horizonte SPG 04 de julho de 2008 Temas Para que servem as agências reguladoras? Principais desafios da regulação do Setor Elétrico Para que servem as agências reguladoras? 1)Viabilizar investimentos em infra-estrutura, com longos prazos de maturação 2)Mitigar falhas de mercado o consumidor não pode escolher o prestador de serviço (monopólio natural) o consumidor pode escolher o prestador de serviço, mas não pelo método de “tentativa e erro” existe a possibilidade de ocorrência da “tragédia do uso do bem comum” O regulador é o árbitro da concessão Independência decisória do “árbitro” (agência reguladora) só existe com autonomia administrativa A agência reguladora pode decidir discricionariamente, mas tem a obrigação de explicar a racionalidade de cada decisão A não decisão é também uma decisão Captura do regulador Idealmente a Agência deveria contar com servidores com suficiente experiência para entender os três pontos de vista Consumidores/Sociedade • Modicidade Tarifária • Qualidade do serviço No entanto, a contratação é dirigida para profissionais em início de carreira (RJU) (CLT) AGÊNCIA Prestadores de serviço • Remuneração adequada • Cumprimento dos contratos • Regras claras e estáveis Governo • Controle da Inflação • Universalização Aneelograma Competências da ANEEL: Regular o funcionamento do Setor Elétrico REGULAMENTAÇÃO Onde for necessária – sob previsão legal FISCALIZAÇÃO Orientar e prevenir – aplicar penalidades quando for indispensável MEDIAÇÃO Solução de conflitos Leilões de energia Leilões para novos empreendimentos (G e T) (*) Delegação do Poder Concedente (*) Autorizações(*) (*) Poder Concedente exercido pelo Governo Federal, por meio do MME, responsável por assegurar o abastecimento de energia elétrica MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA % 100 80 86 60 40 20 0 14 45 55 Renovável OCDE 2003 –7,1% Não renovável Mundo Brasil Fonte: MME - 2006 PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Mundo: 2003 Outras Renováveis 1,1% Hidráulica 16,3% Carvão 39,9% Brasil: 2005 Gás Biomassa Natural Carvão 4,1% 1,6% 3,9% Nuclear 15,7% Biomassa 0,8% Gás Natural 19,3% 89,3 100 82,2 60 Hidráulica 85,4% Fontes renováveis 40 20 Nuclear 2,2% Petróleo 6,9% Fontes não renováveis 80 Der. Petróleo 2,8% 10,7 17,8 0 Brasil (2005) Mundo (2003) Considerando Autoprodução e Importação de Itaipu. O sistema elétrico brasileiro Geração Capacidade instalada = 92.865 MW • Hidroelétrica = 71.060 MW - 76,5 % • Térmica convencional = 19.798 MW - 21,3 % • Nuclear = 2.007 MW - 2,2 % 2000 usinas 15% privadas Produção = 431 TWh/ano Belém São Luís Sistema Isolado Tocantins Fortaleza Natal Teresina João Pesso Parnaíba (55% da América do Sul) Recife Maceió São Francisco Transmissão 84.512 km 26 concessionárias 60% privadas Cuiabá Brasília Goiânia Paranaíba Campo Grande Belo Horizonte Grande Vitória Paraná/Tietê Paraíba do Sul Paranapanema São Paulo Itaipu Distribuição 64 concessionárias 80% privadas Consumo 56,3 milhões unidades Aracajú Salvador Iguaçu Argentina Uruguai Curitiba Florianópolis Jacui Porto Alegre Rio de Janeiro RECURSOS ENERGÉTICOS - CUSTOS EÓLICO R$ 80 a 120 / MWh UHE SOLAR PCH R$ 200 a 250 / MWh R$ 1500 a 3000 / MWh R$ 100 a 150 / MWh NUCLEAR R$ 130 a 170 / MWh UTE GÁS NATURAL UTE CARVÃO Fonte: MME (Junho/2005) R$ 120 a 190 / MWh R$ 130 a 160 / MWh BIOMASSA R$ 100 a 200 / MWh ENERGIA HIDRÁULICA Aproveitamento do Potencial Hidrelétrico no Mundo Congo 1 Indonésia 4 Peru 6 Rússia 11 China 16 Colômbia 18 Índia 21 BRASIL 26,0 Canadá 4,0 37 Itália 45 Suécia 55 Estados Unidos 60 Noruega 61 Japão 64 Alemanha 83 França 100 0 20 40 60 80 100 Observações: 1. Baseado em dados do World Energy Council, considerando usinas em operação e em construção, ao final de 1999. 2. Para o Brasil, dados do Balanço Energético Nacional, EPE, 2005 e Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, EPE, 2006 3. Os países selecionados detém 2/3 do potencial hidráulico desenvolvido do mundo. 4. O potencial tecnicamente aproveitável corresponde a cerca de 35% do potencial teórico média mundial) Fonte: EPE 2006 ESTIMATIVA DO POTENCIAL DE EMISSÕES DE CO2 NA ATMOSFERA CONSIDERANDO UTES DE AJUSTE Milhões de Toneladas de CO 2 300 250 200 150 100 50 0 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 I: Base 40,0 44,6 52,4 64,2 71 94 102 102 103 106 II: I - Madeira 40,0 44,6 52,4 64,2 71 98 120 143 177 180 III: II - Belo Monte 40,0 44,6 52,4 64,2 71 98 120 157 212 243 IV: III - UHEs do Norte 40,0 44,6 52,4 64,2 71 98 125 174 253 283 Fonte: EPE Relatório do Banco Mundial Processo trifásico O Brasil é um dos poucos países, senão o único, a ter um processo trifásico, com procedimentos separados para a concessão das licenças em diferentes estágios. Tal formato contribui para transferir, repetir ou re-introduzir conflitos, gerando assim um alto grau de incertezas, longos atrasos, e com custos de transação igualmente altos. Relatório do Banco Mundial Ministério Público A autonomia ilimitada conferida a integrantes do Ministério Público, que não encontra paralelo nos países examinados no âmbito do Estudo, é importante fator para a falta de previsibilidade e cumprimento com os cronogramas do processo de licenciamento ambiental, pois permite que seus membros participem de atos técnicos ou administrativos típicos do órgão ambiental. Relatório do Banco Mundial O medo dos servidores As entrevistas com atores envolvidos no processo de licenciamento ambiental para empreendimentos hidrelétricos, revelaram o temor dos funcionários de órgãos licenciadores em sofrer possíveis penalidades impostas pelas Leis de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) e Improbidade Administrativa (Lei Federal nº 8.429/92). Tal lei, a qual tem precedente em poucos países (se houver), confere responsabilidade penal objetiva à pessoa dos agentes públicos, neste caso do agente licenciador, i.e., mesmo por atos praticados de boafé em circunstâncias complexas. Relatório do Banco Mundial Risco = Custo Os riscos de natureza ambiental e social – seja para obtenção das três licença exigidas, à incertezas nos custos de mitigação – geram riscos para os investidores, os quais levam a tarifas mais altas para os consumidores. Um aumento de risco, independente de sua origem, se traduz em uma maiores expectativas de retorno. As incertezas regulatórias se traduzem em custos mais altos para os consumidores de energia e para a sociedade brasileira em geral. Relatório do Banco Mundial Brasil X Chile Despacho térmico (t = 1 hora) - problema T1 T2 T3 10 MW 5 MW 20 MW 8 $/MWh 12 $/MWh 15 $/MWh Demanda = 20 MWh/h Despacho térmico - solução T1 T2 T3 10 MW 5 MW 20 MW 8 $/MWh 12 $/MWh 15 $/MWh 10 MW 5 MW Custo marginal= 15 $/MWh Custo = 10*8 + 5*12 + 5*15 = $215 Venda = 20*15 = $300 5 MW Demanda = 20 MWh/h Despacho hidrotérmico - 1 estágio H1 10 MW 720 hm3 10 MWh/hm3 T1 10 MW 8 $/MWh 10 MW ? T2 5 MW 12 $/MWh 10 MW ? Custo = 10*8 = $80 ? T3 20 MW 15 $/MWh Custo marginal = 12 $/MWh Demanda = 20 MWh/h ? O sistema hidrotérmico Interdependência de Usinas em Cascata Rio Grande Itutinga Camargos Furnas Funil Grande Estreito M.Moraes Igarapava Jaguara P. Colômbia V.Grande Água Vermelha Marimbondo Rio Paraná I. Solteira Nova Ponte Miranda Rio Paranaíba Jupiá C. Dourada Emborcação Itumbiara Corumbá I Cemig Furnas AES-Tietê CESP CDSA Múltiplos proprietários São Simão P.Primavera Itaipu Diversidade hidrológica Transmissão de grandes blocos de energia Despacho centralizado ONS Custo marginal médio mensal (preço spot) 700 Venda no spot é muito volátil contratos de longo prazo (PPA’s) 500 Racionamento 400 300 200 100 S 6 07 ja n/ t/0 se /0 6 06 m ai 5 N ja n/ t/0 se /0 5 05 4 NE m ai ja n/ t/0 se /0 4 04 m ai 3 SE/CO ja n/ t/0 se /0 3 2 03 m ai ja n/ t/0 se /0 2 1 02 m ai ja n/ t/0 se /0 1 01 m ai ja n/ t/0 0 0 se PLD Médio (R$/MWh) 600 Lições de 2001 Contratos de longo prazo (PPA’s) são essenciais para a construção de novas usinas O planejamento é necessário para identificar novos locais para hidroelétricas (inventário e estudo de viabilidade); criação da EPE Competição pelo mercado e não no mercado SPG ACR Distribuidoras são obrigadas a assinar contratos de longo prazo com geradores Ano do início do suprimento A A-5 A-3 Geradores novos Contratos: 15 – 30 anos A-1 Leilões de ajuste Contratos de até 2 anos Geradores velhos Contratos: 3 – 15 anos SPG Relações entre agentes e consumidores PPA (energia) Transmissão TUST Distribuição TUST Geração TUST Consumidores livres PPA (energia) Tarifa de distribuição Consumidores cativos TUSD Consumidores livres PPA’s • Energia vendida em contrato de longo prazo não pode ultrapassar energia assegurada (hidro) ou garantia física (térmica) • Energia assegurada, ou garantia física, corresponde, conceitualmente, ao de demanda que o sistema pode atender, com a mesma confiabilidade, devido à entrada da nova usina Falta gás? Resolução 231/2006 MOTIVAÇÃO Não atendimento do despacho por ordem de mérito de diversas usinas térmicas nos meses de agosto e setembro de 2006 devido a falta de combustível. Termo de compromisso Petrobras e ANEEL - maio de 2007 Disponibilidade do TC+GN e bicombustível - PMO abr/08 - SIN 9.000 Disponibilidade máxima 7.666 8.000 7.717 7.717 7.523 - 1.580 7.000 - 2.711 6.000 MWmed 7.717 - 4.532 5.000 - 3.379 - 1.779 7.910 - 1.136 - 1.140 6.773 6.770 7.910 - 1.140 6.770 6.137 5.938 5.006 4.287 7.910 6.193 5.357 6.189 6.189 5.556 4.000 2.991 4.118 3.000 3.399 2.000 2.103 1.000 0 1º SEM 2008 2º SEM 2008 1º SEM 2009 2º SEM 2009 1º SEM 2010 2º SEM 2010 1º SEM 2011 2º SEM 2011 UTEs GN e bicombustível * Fonte ONS UTEs TC Meu posicionamento em janeiro de 2008 foi alarmista? PMO_dez/2007 PMO_dez/2000 PMO - Risco de qualquer déficit (%) 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 SE/CO PMO_dez/2000 2000 2001 2002 PMO - Risco de qualquer déficit (%) S 2003 NE N 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 2004 2007 SE/CO PMO_dez/2000 2000 2001 2002 2003 2008 2009 S 2010 NE N 2011 PMO - Risco de déficit > 5% do mercado (%) PMO - Risco de déficit > 5% do mercado (%) 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 SE/CO PMO_dez/2007 S NE 2004 N 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 SE/CO PMO_dez/2007 2007 2008 * Nota: Em dezembro de 2000 existia apenas um patamar de déficit no valor de 684,00 R$/MWh. 2009 2010 S NE 2011 N Quando há uma ameaça de faltar batata (verdadeira ou falsa)... ... a demanda aumenta e o preço sobe Porém o computador não é influenciável por notícias de jornal CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA Consumo Classe dos Agentes Alocação do Consumo 72% Registrado [MWmédio] % Distribuidor 35.635,71 72,36% Consumidor Livre 9.420,12 19,13% Auto-Produtor 2.465,50 5,01% Gerador 1.272,69 2,58% Produtor Independente 407,14 0,83% Comercializador 47,79 0,10% 49.250,54 100% TOTAL Distribuidor 19% Consum idor Livre Auto-Produtor 0% 1% 3% 5% Gerador Produtor Independente Com ercializador Fonte: MME - 2006 Estrutura tarifária Justiça tarifária? Populismo tarifário SPG Muito Obrigado! SGAN – Quadra 603 – Módulos “I” e “J” Brasília – DF – 70830-030 TEL. 55 (61) 2192-8600 Ouvidoria: 144 www.aneel.gov.br