Ministério da Educação - MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará AUXILIAR ADMINISTRATIVO GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PROF.: YSRAEL MOURA GARCIA CRÉDITOS Presidente Dilma Vana Rousseff Ministro da Educação Aloizio Mercadante Oliva Coordenador Geral Jose Wally Mendonça Menezes Coordenador do Curso Marcéu Verissimo Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Marco Antônio de Oliveira Elaboração do conteúdo Narcelio de Araújo Pereira Reitor do IFCE Virgílio Augusto Sales Araripe Equipe Técnica Narcelio de Araújo Pereira Pró-Reitor de Ensino Reuber Saraiva de Santiago 2 O QUE É O PRONATEC? Criado no dia 26 de Outubro de 2011 com a sanção da Lei nº 12.513/2011 pela Presidenta Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira. Para tanto, prevê uma série de subprogramas, projetos e ações de assistência técnica e financeira que juntos oferecerão oito milhões de vagas a brasileiros de diferentes perfis nos próximos quatro anos. Os destaques do Pronatec são: • Criação da Bolsa-Formação; • Criação do FIES Técnico; • Consolidação da Rede e-Tec Brasil; • Fomento às redes estaduais de EPT por intermédio do Brasil Profissionalizado; • Expansão da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica (EPT). A principal novidade do Pronatec é a criação da Bolsa-Formação, que permitirá a oferta de vagas em cursos técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também conhecidos como cursos de qualificação. Oferecidos gratuitamente a trabalhadores, estudantes e pessoas em vulnerabilidade social, esses cursos presenciais serão realizados pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais de EPT e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC e o SENAI. Objetivos • Expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio e de cursos e programas de formação inicial e continuada de trabalhadores; • Fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da Educação Profissional e Tecnológica; • Contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Médio Público, por meio da Educação Profissional; • Ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores por meio do incremento da formação profissional. Ações • Ampliação de vagas e expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica; • Fomento à ampliação de vagas e à expansão das redes estaduais de Educação Profissional; • Incentivo à ampliação de vagas e à expansão da rede física de atendimento dos Serviços Nacionais de Aprendizagem; • Oferta de Bolsa-Formação, nas modalidades: • Bolsa-Formação Estudante; • Bolsa-Formação Trabalhador; • Atendimento a beneficiários do Seguro-Desemprego. 3 SUMÁRIO 1 – EVOLUÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS...................................... 06 2 – A ÁREA DE RECURSOS HUMANOS NO CONTEXTO ATUAL....................... 08 3 – MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS................................................................................ 11 4 – PRÁTICAS DE DEPARTAMENTO PESSOAL................................................. 14 REFERENCIAS ................................................................................................. 16 4 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Gestão de Recursos Humanos é fundamental para o sucesso empresarial, contribuindo para o conhecimento de teorias fundamentais sobre motivação e comportamento organizacional, bem como rotinas administrativas de setor pessoal. Por conseguinte as práticas e rotinas de setor pessoal são uma das muitas atividades que os auxiliares administrativos das empresas têm de enfrentar e pelas quais podem ser responsáveis. Embora não na sua totalidade, esta responsabilidade pode ser delegada. Desenvolver melhorias nas práticas e atividades relacionadas à gestão de recursos humanos implica, em algumas circunstâncias, um conhecimento técnico e uma disponibilidade de tempo que não é compatível com a ocupação e preocupação dos empresários. Por outro lado, como é conhecido na nossa realidade empresarial, muitas empresas não possuem recursos humanos adequados para desenvolver internamente competências técnicas específicas à sua atividade, quer pelo número reduzido dos trabalhadores quer porque dificilmente podem dedicar recursos a desenvolver competências em matéria de gestão de pessoas. Assim, face a esta realidade, interessa que os Auxiliares administrativos possuam a informação essencial sobre Gestão de Recursos Humanos no sentido de poderem acumular essa valência em empresas de pequena e média dimensão e contribuírem, decisivamente, para melhoria das práticas e rotinas de setor pessoal, buscando o bem-estar de todos e para aumento da produtividade das empresas. 5 1 – EVOLUÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS A Área de Recursos Humanos deixou de ser um mero departamento de pessoal para se tornar peça chave de transformações dentro de uma organização. Há pouco tempo atrás, o departamento de recursos humanos atuava de forma mecanicista onde a visão do empregado prevalecia à obediência e a execução da tarefa, e ao chefe, o controle centralizado. Hoje o cenário é diferente: os empregados são chamados de colaboradores, e os chefes de gestores. Pode-se afirmar que gerir pessoas não é mais um fator de uma visão mecanicista, sistemática, metódica, ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e obediência. É sim discutir e entender o disparate entre as técnicas tidas como obsoletas e tradicionais com as modernas, juntamente com a gestão da participação e do conhecimento. A gestão de pessoas visa a valorização dos profissionais e do ser humano, diferentemente do setor de Recursos Humanos que visava a técnica e o mecanicismo do profissional. Diante do exposto, para um estudo sobre a evolução da área de recursos humanos frente ao ambiente de constantes mudanças, torna-se necessário entender com se desenvolveu esse processo numa perspectiva histórica e atual, no sentido de identificar de que forma as mudanças ocorridas no cenário organizacional contribuíram para o processo de fortalecimento das novas tendências de gestão de recursos humanos e juntamente com o objetivo de esclarecer como se desenvolveu a evolução da área de Recursos Humanos e seu vínculo com o movimento de mudança organizacional. A primeira parte deste trabalho trata da história da evolução da área de Recursos humanos que dá subsídios para a segunda parte que discorre sobre a área no contexto atual e por seguinte trata-se da mudança organizacional e a transformação que ocorre na área de RH, e por fim discorre-se sobre as tendências da nova administração de Recursos humanos. Evolução, segundo Michaellis (2002, p. 329) significa progresso, transformação lenta e progressiva de uma ideia, fato, ação, etc. E para tanto, é de importância considerável trazer a evolução da área de Recursos Humanos para os dias atuais buscando entender sua trajetória ao longo dos anos. A década de 30 é o marco para a área de recursos humanos, antes disso a administração de pessoal, como ficou conhecida após 1930 (pois até então inexistia um departamento para tais tarefas), tinha como funções básicas o recrutamento e seleção e o único registro que o empregado tinha ao ingressar na empresa era o chamado Livro de escrita de Pessoal que poderia ser facilmente fraudado ou mesmo atirado ao lixo. Já nos anos 30 se define o início sistemático e regulado das práticas por documentos legais da Administração de Pessoal. Assim após 1930 passa a existir uma verdadeira legislação trabalhista, pois nesta época é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (hoje Ministério do Trabalho e Emprego), que se somava aos esforços trabalhistas.O departamento de pessoal era geralmente constituído pelos próprios donos da empresa. 6 Na década seguinte tivemos assinado o decreto-lei nº 5.452 em 1º de maio de 1943, que resultou na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A consolidação, na realidade, dentre outros, veio subsidiar os outrora chamados departamentos de pessoal, que eram agora chefiados, por um chefe de pessoal. Neste período , tais departamentos cuidavam das rotinas trabalhistas, ou seja, a correta aplicação da legislação trabalhista enquanto que o recrutamento, seleção, treinamento, admissão, demissão e folha de pagamento estavam direcionados as tarefas administrativas. O recrutamento era realizado via jornais de boa circulação e eventualmente anúncios de rádio, a seleção por um longo período contava de uma prova especifica e muitas vezes datilografia era a maior exigência. E o treinamento mais utilizado era o que conhecemos hoje como ambientalização ou integração. Segundo Araújo (2006, p 3), os processos de admissão e demissão eram conduzidos pela própria chefia de pessoal dada a importância legal de que se revestia a contratação ou, muito mais importante, dados os procedimentos de desligamento. De qualquer maneira o controle legal-trabalhista exigia da chefia um profundo conhecimento das leis trabalhistas, daí o fato que os recursos humanos ou na época departamento pessoal eram constituídos por advogados ou bacharéis em direito e assim foi até o final da década de 70. Os departamentos de pessoal funcionavam até muito bem, atendiam com competência as exigências para o funcionamento da organização e naturalmente das constantes demandas trabalhistas, mas não havia a preocupação com a implantação de condições de trabalho ideais no que diz respeito à saúde e segurança no trabalho bem como a implementação de benefícios e outras atividades de melhoria na qualidade de vida no trabalho, que nem mesmo receberam regulação por parte do governo. O padrão de uso da mão-de-obra predominante no Brasil até final dos anos 60 baseava-se no forte autoritarismo, amplo emprego de pessoal não-qualificado, desempenhando tarefas altamente parcelizadas, alta taxa de rotatividade, bem como a adoção de complexas estruturas de cargos e salários, voltadas para estabelecer a divisão do coletivo operário e o controle sobre os trabalhadores. A profunda transformação começou a ocorrer a partir dos anos 70, pois este padrão, baseado no modelo da organização taylorista de processo de trabalho, começou a entrar em crise antes mesmo do início do processo de reestruturação produtiva do final da década de 70, em função do contexto de recessão econômica, do ressurgimento do movimento operário, onde os sindicatos começaram a pressionar as empresas no sentido de assegurar maiores benefícios os trabalhadores, exigindo segurança e condições de trabalho especiais e a abertura política. A nova realidade política, econômica e social do início dos anos 80 colocaria em xeque este modelo, exigindo novas posturas por parte das empresas em relação às práticas de recursos humanos. Outro avanço é a abertura de um dos primeiros cursos de Administração de Recursos Humanos aplicados no Brasil, com disciplinas bastante diferenciadas dos demais cursos existentes. Desde modo com o passar dos anos o curso foi deixado de ser ocupado apenas por advogados e passou na sua maioria a ser composto por psicólogos e administradores, dando um novo ânimo ao setor. 7 Desde o começo do século passado até a década de oitenta, as alterações nas práticas de recursos humanos eram lentas, porque o mercado era pouco exigente. Porém, após esse período, com a globalização do mercado, a maneira de uma empresa gerenciar seus funcionários passou a ser considerado um elemento crítico da vantagem competitiva sustentável (Pfeffer,1994 p. 271). E, foi assim que a área de Recursos Humanos ganhou novo perfil, uma nova forma de ajudar a organização a crescer. Assim chegamos no estagio atual, onde a gestão de pessoas surgiu como a solução as demandas de excelência organizacional. (Araújo, 2006 p. 3-4) 2. A ÁREA DE RECURSOS HUMANOS NO CONTEXTO ATUAL Com a evolução da Área de Recursos Humanos, surgiram várias denominações ao longo do tempo. No passado as expressões utilizadas eram: administração de pessoal, relações industriais e relações humanas. Mais recentemente tem-se: administração de recursos humanos, desenvolvimento de recursos humanos, gestão de pessoas Dando prosseguimento faz-se necessário conceituarmos os diferentes aspectos dados à área de recursos humanos no contexto atual. Algumas definições de Administração de Recursos Humanos encontrados na literatura são, segundo Silva et al (2009): A área de estudos e atividades que lida com os aspectos relativos ao elemento humano em geral, nas organizações. Ou seja, a área que trata dos problemas de pessoal, de qualquer agrupamento humano organizado.(apud Toledo, 1982, p.7) Um conjunto de princípios, estratégias e técnicas que visa contribuir para atração, manutenção, motivação, treinamento e desenvolvimento do patrimônio humano de qualquer grupo organizado. (apud Toledo, 1982, p.8) A administração de Recursos Humanos é o ramo especializado da Ciência da Administração que envolve todas as ações que tem como objetivo a interação do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade. É, pois, a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, manutenção, controle e avaliação de pessoal.(apud Gil, 1994, p.13) Wood Jr (2000, p. 252) argumenta que desde o fim da década de 70 a conjuntura do mercado e suas implicações para a organização do trabalho fizeram surgir outra função de recursos humanos (FRH), ligada aos setores operacionais e voltada diretamente para a gestão dos processos de mudança e para a melhoria dos níveis de performance e produtividade. Sem as raízes da FRH tradicional, esta nova função, nem sempre bem definida, passou a apropriar-se de conceitos e recursos pouco usados e até desconhecidos de sua antecessora. Embora os rótulos sejam diferentes de organização para organização, esta nova FRH geralmente está associada às áreas de qualidade ou a programas corporativos de mudança organizacional. Convive, geralmente, com algum grau de conflito com a FRH tradicional, agora diminuída em importância. 8 Wood Jr apud Storey (2000, p. 252) analisa a evolução teórica da FRH denominando a nova abordagem como Gerência de Recursos Humanos (GRH) em contraposição à tradicional gerência de pessoal (GP). O autor coloca alguns usos do termo onde destaca -se que o termo pode ser usado para sinalizar uma abordagem orientada a negócios, ou seja, uma abordagem integrada, que guia a administração do trabalho onde a ênfase está colocada no conceito de recurso, isto coloca os empregados ao lado de outros fatores de produção como capital, tecnologia, energia e materiais. Por conseguinte, sugestiona o potencial de agregar valor pelo uso sofisticado deste recurso, ao invés de vêlo como uma arena de problemas. De acordo com esta visão, a Gerência de Recursos Humanos (GRH) só estaria completamente presente quando o emprego de seleção, recompensa e assim por diante, estariam sendo feitos de modo integrado e este completamente afinado com uma estratégia empresarial mais ampla. Segundo Silva et al (2009) apud Chiavenato (1999, p. 6) nos tempos atuais as organizações estão ampliando a sua visão e atuação estratégia, todo processo produtivo somente se realiza com a participação conjunta de diversos parceiros, assim necessitam dos empregados como parceiros. O autor coloca ainda que os empregados contribuem com seus conhecimentos, capacidades e habilidades, proporcionando decisões e ações que dinamizam a organização. No contexto atual empresarial pode-se dizer que as empresas cada vez mais estão voltadas para seu corpo funcional, ou seja, as pessoas, que dão vida à organização. Elas contribuem para a formação de um clima organizacional favorável que conseqüentemente conduz a resultados nos negócios. De acordo com Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004, p. 239), É o ambiente interno em que convivem os membros da organização, estando portanto relacionando com seu grau de motivação e satisfação. É influenciado pelo conjunto de crenças e valores que regem as relações entre as pessoas, determinando o que é "bom" ou "ruim" para elas e para a organização como um todo. Assim o clima organizacional é favorável quando possibilita a satisfação das necessidades pessoais, e desfavorável quando frustra essas necessidades. A cada dia o ambiente interno e externo sofre constantes transformações, a tecnologia e a globalização se aceleram em um ritmo nunca visto. A tendência de novas oportunidades e desafios sugere a especialização e a atualização constante. Pensando nisso a empresa deve estar comprometida com seu corpo funcional, pois de nada adianta ter os equipamentos mais sofisticados se seus colaboradores não estão comprometidos com os objetivos da empresa. A organização deve se preocupar em construir e manter permanentemente um ambiente e clima de trabalho propício ao bem-estar, à motivação e à satisfação de todos os colaboradores, por meio de sistemáticas próprias. Assim Tachizawa, Ferreira e Fortuna apud Oliveira (2004, p. 240) afirmam que a realização de pesquisas junto aos funcionários, no intuito de avaliar seu perfil socioeconômico e seu grau de motivação, satisfação e integração, pode trazer subsídios 9 para a análise das diferentes subculturas normalmente presentes na maioria das organizações. Segundo Tachizawa, Ferreira e Fortuna apud Fernandes (2004, p.240), a motivação do quadro de pessoal é fundamental, pois os recursos humanos existentes na organização devem sentir-se apoiados e seguros. Daí a importância, como assinala Tachizawa, Ferreira e Fortuna apud Deming, (2004, p. 240) de eliminar o medo para que as pessoas possam desenvolver suas habilidades e contribuir com novas idéias. As pesquisas internas são úteis, portanto, na medida em que permitem identificar as providencias necessárias à melhoria do clima organizacional e logo, à obtenção de um nível adequado de competitividade e qualidade total. De acordo com Inácio (2009), existem algumas premissas básicas para um bom ambiente de trabalho que devem ser fomentadas pela gestão de pessoas e desenvolvidas por todos na organização: Envolver e comprometer todos os colaboradores no trabalho de melhoria do serviço com ênfase na participação deles no processo de gestão; Reconhecer que é necessário capacitar e profissionalizar os seus colaboradores para que desenvolva e utilize seu pleno potencial de modo coerente e convergente com os objetivos estratégicos da empresa; Manter esforços para criar e manter uma cultura organizacional que conduza à excelência do desempenho a ao crescimento individual e organizacional; Promover integração entre os diversos grupos da organização dentro tantas outras. De qualquer forma, outro fator que ajudará a desenvolver um ambiente mais agradável na organização é refletir sobre os aspectos estruturais, operacionais e comportamentais que envolvem o gerenciamento de pessoas, ou seja, compreender a organização e as pessoas que estão inseridas dentro do seu contexto. Para a organização, no entanto, por em prática certas premissas deve saber diferenciar e entender as diferenças de cultura e clima organizacional. A compreensão da cultura e do clima organizacional como uma dimensão da gestão de pessoas requer que se estabeleça aqui seu entendimento. Sendo a organização um sistema de atividades coordenadas, de dois ou mais indivíduos, onde estes são levados a cooperarem uns com os outros para alcançarem os objetivos que a ação individual isolada não conseguiria, o clima organizacional pode ser considerado como um reflexo da cultura da organização, ou seja, traduz o efeito dessa cultura na organização como um todo. A cultura organizacional tem caráter mais profundo e de maior permanência com mudanças que levam mais tempo para acontecer e o clima organizacional apresenta natureza transitória, podendo ser administrado tanto a curto quanto em médio prazo e é fácil de ser percebido. Segundo Teixeira et al (2005, p. 56) entende-se como cultura um conjunto de ideias, conhecimentos, formas de agir, pensar, sentir, expressas em termos materiais ou não, que são partilhados por um grupo ou organização, com certa regularidade no tempo e espaço. De forma bem sintetizada pode ser entendida como uma mentalidade comum, de forma que os indivíduos são levados a agir e a pensar sem uma reflexão consciente. A cultura organizacional determinará boa parte dos comportamentos intraorganizacionais 10 como: as relações interpessoais, a comunicação, a busca da qualidade, a criação de outros valores. Já segundo o mesmo autor entende-se por clima organizacional um conjunto de percepções, opiniões e sentimentos que se expressam no comportamento de um grupo ou uma organização em um determinado momento ou situação. O clima organizacional influencia direta e indiretamente no comportamento, na motivação, na produtividade do trabalho e também na satisfação das pessoas envolvidas com a organização. Teixeira et al (2005, p. 57) conclui que essas definições indicam porque a dimensão da cultura organizacional e do clima organizacional no ambiente de gestão de pessoas precisa ser visualizada e compreendida dentro do ambiente organizacional mais amplo. Isto significa dizer que é no contexto da cultura e do clima de uma organização que se poderá entender esses dois fenômenos em relação a essa gestão. Com a maior valorização do capital humano, a gestão de pessoas torna-se responsável por criar um clima organizacional propício à criação de valor, promovendo educação continuada e programas de incentivo, que se faz necessário para retenção do acervo intelectual, pois a saída de um colaborador pode resultar em perda de conhecimento se a organização não estiver preparada para a gestão dos ativos intangíveis. Continuando na mesma linha de raciocínio, Teixeira et al (2005, p. 75) ainda relata que independentemente do tipo de organização, negócio, tamanho, espaço, em que atua e outras características, um sistema de gestão de pessoas terá sempre a função de captar, desenvolver e reter o elemento humano necessário para o cumprimento da missão da empresa. Hoje a gestão de pessoas está orientada para duas direções que precisam ser compatibilizadas: sua adequação eficaz ao negócio da organização e sua capacidade de proporcionar às pessoas oportunidades de condição de trabalho condignas com as novas conquistas de cidadania plena. 3. MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS Como nos ensina Wood Jr (2000, p. 239) o tema mudança na organização do trabalho não é novo, mas ganhou contornos diferentes nos últimos anos. O aumento na instabilidade ambiental e, particularmente, o acirramento da competição colocou a questão da mudança como central para a sobrevivência das organizações. O foco passa a ser mudar para criar uma performance competitiva. Pode-se dizer que a partir da década de 90, o ambiente empresarial ficou marcado pela busca incessante da competitividade com o objetivo de sobrevivência e crescimento em um ambiente caracterizado por grande desenvolvimento tecnológico e mudança econômica. Isto fez surgir organizações com características que privilegiam a capacidade de aprendizagem tão necessária à nova realidade. Torna-se imperativo que a área de recursos humanos da empresa esteja alinhada à estratégia empresarial, assim as organizações foram resgatando seu papel humano, a fim de torná-los peças-chave do 11 processo e é com esse cenário que as organizações devem ter a visão que o capital Humano é e sempre será seu grande diferencial. Assim surgem novos conceitos de recursos humanos, como a Gestão de Pessoas. Desde modo o setor que era apenas um mero departamento burocrático que cuidava da folha de pagamento e da contratação do pessoal envolvendo apenas atividades de ordem administrativa, passa a ser caracterizado pela participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização que é seu capital humano. A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adotada, as características do contexto ambiental, o negocio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes. (Chiavenato 1999, p. 6) Os avanços observados nas últimas décadas têm levado as organizações a buscarem novas formas de gestão com o intuito de melhorar o desempenho, alcançar resultados e atingir sua missão para o pleno atendimento das necessidades organizacionais. Nota-se também que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do investimento nas pessoas, com a identificação, aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual. Observa-se que existe um grande esforço no sentido de mudar do antigo modelo burocrático para um modelo de gestão gerencial e estratégico, que em muitos casos grandes avanços aconteceram, como por exemplo, a introdução de novas técnicas orçamentárias, descentralização administrativa de alguns setores, redução de hierarquias, implementação de instrumentos de avaliação de desempenho organizacional. Como cita Teixeira et al (2005, p. 40) o novo mundo dos negócios é condicionado por uma série de variáveis que atuam sobre as organizações num acelerado ritmo de velocidade. Assim por sua objetividade e por sua maior pertinência, destacam-se, por seu impacto elevado: a sociedade do conhecimento, a sociedade da informação e a hipercompetitividade. Na Sociedade do Conhecimento cada vez mais se sobressai o capital humano que, para usar uma linguagem patrimonial, expressa o valor do conhecimento e outros bens intangíveis. Deste modo, no mundo dos negócios, o conhecimento passa a construir um forte diferencial competitivo nas organizações. Assim de acordo com Teixeira et al apud Davenport e Pruzak (2005, p. 20), "ao contrario dos ativos materiais que diminuem à medida que são usados, os ativos do conhecimento é compartilhado com o doador, ao mesmo tempo que enriquece o recebedor. Por fim podemos dizer que nesta sociedade, gradativamente o trabalho manual vai se transformando em trabalho de natureza intelectual, com isso as empresas estão deixando de ser apenas mão-de-obra para ser ativas em conhecimento. Na sociedade da informação a cada dia se fortalece a dimensão digital, assim as empresas estão enfatizando estratégias de competitividade como o e-businnes e a gestão de 12 pessoas, a e-GP. Assim a e-GP de forma simples pode ser entendida como uma ferramenta que utilizando meios digitais e tecnologias de rede, agiliza e otimiza os serviços dos clientes, gerentes e colaboradores. Destarte a e-GP implica basicamente na substituição de processos burocráticos por tecnologias que incluem um eficaz sistema de informações de gestão de pessoas, sendo assim a gestão de pessoas abandona a abordagem de isolamento do antigo departamento pessoal e passa a atuar de forma interativa e on-line com os parceiros das demais unidades organizacionais da empresa. Nos nossos dias atuais, a questão para empresas não é mais apenas ser competitiva. O contexto empresarial desde o inicio do século XXI é caracterizado por uma competitividade mais acirrada, que podemos chamar de hipercompetitividade, apresentando características como a dinamicidade, complexidade e incerteza em níveis intensos. As mudanças no comportamento dos consumidores, o surgimento de novos mercados, a ameaça de novos concorrentes, os efeitos da globalização e os avanços do mundo da Internet passaram a afetar o padrão de competição das empresas. Nesse cenário, a mudança é a única estratégia permanente na gestão da empresa e conseqüentemente na gestão de pessoas. "O mundo dos negócios está dando lugar a profundas modificações na natureza do trabalho e nas relações entre empresas e colaboradores, configurando uma nova situação que gera importantes implicações para a gestão de pessoas. Essa situação reflete um novo mundo do trabalho, caracterizado pela crescente convivência do emprego clássico com um novo tipo de emprego; pela gradual desconfiguração do cargo em sua forma tradicional; por uma base tecnológica mais sofisticada; pela migração do emprego; por novas formas de flexibilização do trabalho; pela exigência de um novo tipo de profissional; pela crescente convivência do poder formal com outros tipos de poder". (Teixeira et al 2005, p. 42-43) O que se pode observar é que a área de gestão de pessoas tem evoluído para acompanhar as constantes mudanças no modelo empresarial e mesmo mundial. O que vem ajudando no desenvolvimento e no conhecimento da área de Gestão Estratégica de Pessoas é a visão sistêmica e holística sobre os processos organizacionais e as pessoas na relação de trabalho. De acordo com Wood Jr (2000, p. 248) a forma sistêmica de pensar, aplicada aos processos organizacionais contribui fortemente para compreender os fenômenos de mudança. Significa, portanto, uma aproximação frutuosa entre teoria e prática. Assim sendo o pensamento sistêmico visa auxiliar para que as pessoas possam enxergar as coisas como parte de um todo e não como peças isoladas, bem como, criar e mudar a realidade, de acordo com a necessidade. Pois é um complexo de conhecimentos e ferramentas desenvolvidos ao longo do tempo, que servem como uma base de referência conceitual, que irá auxiliar na percepção do mundo como uma rede de relacionamentos integrada. As organizações que se sobressaem são aquelas abertas às mudanças rápidas, adaptáveis e flexíveis, e que possuem o propósito de se sobressair, ou seja, de serem mais competitivas. Para tal, as empresas necessitam obter das pessoas o 13 comprometimento, desenvolver a capacidade dos grupos a aprenderem continuamente em todos os níveis da empresa, ou seja, de modo sistêmico e integrado. O pensamento ou visão sistêmica é uma ferramenta de gestão empresarial que busca integrar todos os subsistemas ou departamentos da empresa, buscando a interação dos setores, fazendo com que a atividade fim ou a missão da empresa sejam atingidas no menor espaço de tempo e com o menor custo possível. A real vantagem competitiva no mercado não está somente representada no financeiro ou nos altos investimentos em tecnologia, entre outros exemplos que poderíamos citar, mas sim nas pessoas que compõem a organização, que movimentam tudo isto no dia-a-dia. Nos dias de hoje com a velocidade das mudanças, como a globalização, muitas empresas tiveram a necessidade urgente de buscar novos paradigmas de gestão, e o conhecimento torna-se a principal vantagem competitiva da organização. De acordo com Lacombe (2006, p. 341) saber como administrar o conhecimento é critico para o êxito e mesmo para a sobrevivência do negócio da empresa e a maior parte do conhecimento das organizações está na mente das pessoas que a compõe. Quebrar os velhos paradigmas para entender a empresa e as pessoas como gestoras e colaboradoras está se tornando ponto crucial na organização bem como entender o novo conceito de gestão de pessoas. Assim a forma mais segura de conseguir a tão desejada vantagem competitiva é por meio da correta administração dos seus recursos humanos. 4. PRÁTICAS DE DEPARTAMENTO PESSOAL Departamento Pessoal é um órgão de determinadas empresas, particularmente as maiores, que é responsável de cuidar dos funcionários que trabalham na empresa. O DP é responsável pela contratação, pagamento, transporte, férias e outros assuntos pertinentes aos trabalhadores. Não costuma existir DP em empresas menores porque as funções são exercidas pelo contador, que pode trabalhar na empresa, ou pode pertencer a uma empresa contratada para executar as funções de contabilidade. Nas empresas grandes, ele está quase sempre lá, pode ter uma estrutura simples ou até mesmo sofisticada, a depender da empresa em questão. Os setores do departamento variam de acordo com a empresa, mas geralmente são divididos em três: Setor de Admissão de Pessoal, Setor de Compensação de Pessoal e Setor de Desligamento de Pessoal. O primeiro cuida do processo de integração do empregado por meio dos critérios jurídicos e administrativos. O trabalho deste setor começa na busca do profissional no mercado de trabalho, continua na adequação do trabalhador nas funções do cargo que ele irá executar e também faz o registro do empregado como mandam a legislação trabalhista. 14 O segundo setor cuida da frequência e dos pagamentos. O trabalho deste setor consiste em controlar a presença do trabalhador no trabalho, fazer a folha de pagamento, controlar os benefícios e calcular tributos. O terceiro setor é o que cuida das demissões. Começa o trabalho no desligamento e termina quando ele efetivamente teve seu contratado quitado. Também pode estender nas representações da empresa no DRT, Sindicato e Justiça do Trabalho, entre outras frontes. Entre algumas questões importantes a respeito do trabalho de um Departamento Pessoal, estão os acordos coletivos, que são documentos que formalizam os termos de uma negociação de trabalho que são firmados entre uma empresa e os sindicatos dos trabalhadores. È importante saber o que causa perda das férias remuneradas. O trabalhador perde as férias se deixar o emprego e não for readmitido após sessenta dias da saída, se ficar gozando da licença por mais de trinta dias, se ficar sem trabalhar por período maior a trinta dias por paralisação parcial ou total da empresa. Também perde as férias se tiver recebido prestações de acidente do trabalho ou de auxílio doença por mais de seis meses, mesmo que não sejam contínuos. Para trabalhar em departamento pessoal é importante ter conhecimento das leis trabalhistas. É importante saber que os trabalhadores temporários têm muitos direitos. Ele tem que receber remuneração equivalente aos fixos, a jornada normal máxima de oitos horas por dia e quarenta e quatro por semana, a não ser que a lei estabeleça jornada menor. Recém PIS, tem repouso semanal remunerado, remuneração adicional por trabalho noturno, valetransporte, férias proporcionais se for despedido sem justa causa ou ao término do contrato de trabalho. Tem direito ao FGTS, Gratificação Natalina e Seguro Desemprego. É interessante notar a diferença entre trabalhador e empregado, já que não exatamente a mesma coisa, apesar de às vezes se usar como sinônimos na correria diária. Todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador é um empregado. O trabalhador é todo aquele que trabalha e que presta serviços para alguém, com ou sem vínculo empregatício. Isso quer dizer que o trabalhador autônomo e o avulso são trabalhadores, mas não são empregados, pois trabalham com liberdade. O empregado, o tipo de trabalhador que mais interessa para o Departamento Pessoal por motivos óbvios é aquele que é subordinado a alguém, recebe ordens desse alguém, é uma pessoa física que trabalha todo dia ou com certa periodicidade e é assalariado. Ele presta os seus serviços pessoalmente. 15 Outro ponto importante é que nos finais de semana, o intervalo entre jornadas que é de onze horas precisa ser contado com o descanso semanal de vinte e quatro horas. O período de repouso semanal é de vinte e quatro horas consecutivas e tem de ser concedido sem prejuízo do intervalo mínimo de onze horas entre duas jornadas de trabalho. Precisam se passar trinta e cinco horas desde a sexta ou sábado até a segundafeira. Além dos domingos também são considerados como folga semana, os feriados municipais, estaduais e federais. REFERENCIA http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/aevolucao-da-area-de-recursos-humanos-frente-ao-ambiente-de-mudancasorganizacionais/53514CARUSO, Marina. Um perigo real. In: Isto é, nº1686. São Paulo. Ed. Três, 23 de janeiro de 2002. 16