Perspectivas da Cadeia Produtiva da Laranja no Brasil: A Agenda 2015 Coordenação: Prof. Dr. Marcos Fava Neves1 Prof. Dr. Marcos Sawaya Jank2 Equipe: Frederico Fonseca Lopes Vinícius Gustavo Trombin Bruno Bittencourt Fava Ricardo Brugnaro VERSÃO FINAL São Paulo (SP) 23 de novembro de 2006 1 Professor da FEA-RP/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, USP. Coordenador do PENSA – Programa de Agronegócios da USP e do Markestrat (Centro de Estudos em Marketing e Estratégias de Organizações) (www.pensa.org.br) (www.fearp.usp.br/fava) 2 Professor da FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. Presidente do ICONE – Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (www.iconebrasil.com.br). Os autores agradecem as inestimáveis colaborações do Prof. Dr. Evaristo Marzabal Neves e todos os agentes da cadeia citrícola que gentilmente cederam seu tempo para contribuir com os conhecimentos aqui colocados. _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3 2 – OBJETIVOS DO TEXTO E MÉTODO .................................................................... 6 3 – O CONTEXTO HISTÓRICO E OS BENEFÍCIOS DE 40 ANOS DE ATIVIDADES NO BRASIL ......................................................................................................... 6 4 – O CONTEXTO ATUAL E TENDÊNCIAS ............................................................... 16 4.1 – TENDÊNCIAS ............................................................................................. 19 4.2 - CUSTO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA ...................................................................... 23 5 - PROBLEMAS E PRINCIPAIS AMEAÇAS A CITRICULTURA...................................... 30 6 – OPORTUNIDADES FUTURAS DE CRESCIMENTO................................................. 33 7 – APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES: AGENDA 2015 PARA............................... 38 CRESCIMENTO EM VOLUME E VALOR CAPTURADO PELA CADEIA ........................ 38 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 44 9 - ANEXOS ...................................................................................................... 46 2 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1 – INTRODUÇÃO Um dos setores mais competitivos e de maior potencial de crescimento do agronegócio é a citricultura. O Brasil detém 30% da produção mundial de laranja e 59% da de suco de laranja. São Paulo e Flórida dominam a oferta mundial, um caso raríssimo em se tratando de commodities agrícolas. O sistema agroindustrial citrícola movimenta R$ 9 bilhões por ano e gera mais de 400 mil empregos diretos e indiretos. Inovações em pesquisa, tecnologia e logística estão na base da eficiência e liderança do Brasil. O país exporta US$ 1,2 bilhão em suco de laranja, o que representa a fatia de 80% do mercado mundial, cujo consumo vai crescendo a uma taxa de 2% a 4% ao ano. Dois terços das exportações vão para a União Européia e 15% para os Estados Unidos, que voltaram a importar volumes expressivos depois dos últimos furacões. A Ásia tem grande potencial de aumento de consumo. Problemas climáticos na Flórida e doenças em geral fizeram com que os preços aumentassem mais de 40% em 2005. Os gráficos 1.1 e 1.2 mostram que provavelmente não existe produto similar no Brasil que detenha quase que 60% do total da produção mundial e mais de 80% de participação no mercado mundial. Gráfico 1.1. – Produção Mundial de SCCL em milhões de toneladas e participação 59% 1,40 Milhões em Toneladas 30% 709 Mil Brasil EUA 2% 48 Mil 2% 46 Mil 2% 42 Mil 2% 42 Mil 3% 78 Mil Itália Espanha Israel México Outros Fonte: Elaborado pelo PENSA, a partir de dados da USDA Gráfico 1.2. – Exportação Mundial de SCCL em milhões de toneladas e participação 83% 1,37 Milhões em Toneladas Brasil 6% 102 Mil 5% 75 Mil 2% 37 Mil 2% 33 Mil 1% 17 Mil 1% 22 Mil Espanha EUA México Israel Itália Outros Fonte: Elaborado pelo PENSA, a partir de dados da USDA 3 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Os gráficos 1.3., 1.4. e 1.5. mostram que as exportações brasileiras cresceram fortemente nos últimos 10 anos, sustentadas principalmente pelo agronegócio. Percebese também que como as exportações de suco de laranja não cresceram na mesma velocidade, por ser um mercado mais maduro que os outros produtos, o SLCC perde participação percentual, mas pode-se dizer que representa em média 5%. Gráfico 1.3. - Exportação de Laranja e Produtos Cítricos nos últimos 10 anos Em bilhões de US$ Exportacões Agro e Demais 100 Em bilhões de US$ Exportacões Laranja e Produtos Cítricos 2 1,5 90 1,3 80 1,3 1,3 1,1 1,1 70 1,1 0,9 60 30 28,0 25,0 23,1 17,5 20 33,3 28,1 26,3 21,7 34,3 33,2 1 32,4 26,1 25,0 21,8 46,3 41,5 40,7 30,2 72,0 55,0 50 40 1,2 1,1 10 0 0 1996 1997 1998 1999 Exportação Demais Setores 2000 2001 2002 Exportação Agronegócio 2003 2004 2005 Exportação Laranja e Produtos Cítricos Fonte: Elaborado pelo PENSA, a partir de dados da SECEX/MDIC. Gráfico 1.4. - Participação da laranja e produtos cítricos nas exportações de São Paulo Em bilhões de US$ 50 Em percentual 8% 7% 40 6% 30 20 16,6 18,1 38,0 7% 5% 18,2 17,5 19,8 5% 5% 20,6 20,1 23,1 31,0 4% 4% 3% 10 1,4 1,0 1,3 1,2 1,0 0,9 1,0 1,2 1,1 1,1 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 10% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% 2005 Volume Total Exportado Volume Total Exportado de Laranja e Produtos Cítricos Participação da Laranja e Produtos Cítricos no Volume Total Exportado Fonte: Elaborado pelo PENSA, a partir de dados da SECEX/MDIC. 4 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Gráfico 1.5. - Participação dos Estados Brasileiros na exportação de laranja e produtos cítricos no período de 1996 a 2005 Fonte: Elaborado pelo PENSA, a partir de dados da SECEX/MDIC. Vale ressaltar que no mercado interno existe um crescimento pela frente, mostrado pela tabela 1.1, que compara, para a economia brasileira, as taxas de crescimento da indústria de sucos, da indústria em geral e do PIB, entre os anos 2001 e 2005. Verificase a importância e a força do sistema agroindustrial de polpas e sucos de frutas. Enquanto em 2001 a indústria geral sofreu uma retração de 0,3% em relação ao período anterior e o PIB teve um crescimento de 1,4%, a indústria de sucos cresceu 46,8%. Em todo o período, o setor de polpas e sucos de frutas apresentou taxas de crescimento superiores às outras, e embora tenha reduzido sua intensidade de 2001 a 2004, recupera-se em 2005. A perspectiva para o sistema agroindustrial (SAG) de polpas e sucos de frutas é positiva, pois seu crescimento médio anual foi de 27,7%, aproximadamente 13 vezes maior que o PIB e a indústria geral. Tabela 1.6. - Crescimento Setorial – Variação Anual (Porcentagem) Ano 2001 2002 2003 2004 2005 Acumulado 2001/2005 Médio Composto 2001/2005 PIB 1,4 1,5 0,5 5,2 2,3 11,3 Indústria Geral -0,3 1,5 0,1 6,2 3 10,8 Indústria de Sucos Deflacionado (*) 46,8 36,9 25,6 14,1 15,3 139,1 2,2 2,1 27,7 Nota: (*) Deflator: índice IPC FIPE Alimentos Fonte: IBGE, Banco Central, ABIA, IBRAF Porém, tal como boa parte das cadeias produtivas em operação no mercado brasileiro, o setor passa por altos e baixos, fases de expansão e retração, de prosperidade e decadência. Se, por um lado, existe um sinal promissor para os preços do suco e da fruta, por outro, existe uma possibilidade de melhor estruturação interna da cadeia 5 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) produtiva, melhorando sua coordenação e tratando de recuperar perda de imagem aos olhos do governo, da sociedade e do mercado consumidor. Um setor com este histórico tem hoje a oportunidade impar de desenvolver novas posturas estratégicas, servindo de exemplo para outras cadeias produtivas. O momento é bastante positivo, principalmente em termos do cenário favorável de preços que se anuncia no futuro próximo. É hora de olhar para frente e buscar consolidar uma agenda de desenvolvimento e coordenação sistêmica que leve à ampliação da competitividade e da hegemonia brasileira no mercado internacional. 2 – OBJETIVOS DO TEXTO E MÉTODO O objetivo deste trabalho é analisar a evolução da cadeia produtiva citrícola brasileira a partir da sua dimensão histórica; analisar a situação atual, problemas e potencialidades, ameaças e oportunidades; e, de uma forma propositiva, indicar uma agenda de trabalho para os próximos dez anos em termos de ações privadas e públicas nos seus diferentes segmentos: insumos, produção, indústria processadora, logística e consumo, para que esta cadeia produtiva amplie sua liderança e dominação global por meio de sua competitividade. O método foi o de entrevistas em profundidade com especialistas em citricultura do setor privado e público, além de profissionais ligados às instituições de pesquisa que possuem ampla experiência no estudo da cadeia citrícola. Para descrever o contexto histórico será realizada uma pesquisa exploratória e qualitativa com dados secundários. Para embasar as sugestões dadas, diversas entrevistas com praticamente todas as indústrias e com conjunto grande de produtores foi feita. O relatório é apresentado em formato executivo com vistas a uma leitura cadenciada e fácil. Espera-se que o documento, isento e que representa a visão dos autores baseada em suas experiências e análise das entrevistas, seja amplamente divulgado. 3 – O CONTEXTO HISTÓRICO E OS BENEFÍCIOS DE 40 ANOS DE ATIVIDADES NO BRASIL A citricultura brasileira tem um passado exemplar. Desde seu início foi responsável pela geração de mais de US$ 50 bilhões em divisas para o país e sempre se caracterizou pela liderança mundial, tanto em participação de mercado como em inovações, logística e posicionamento. Este capítulo relata os principais fatos relacionados com a história da laranja no Brasil, desde a introdução da fruta pelos portugueses, que a trouxeram da Espanha, até a evolução da citricultura e da indústria de sucos cítricos no País. A pesquisa gerou uma extensa lista de empresas brasileiras e estrangeiras do setor que passaram, ao longo das últimas décadas, por transformações societárias importantes. O negócio da citricultura envolve muitas fusões e aquisições, além de forte conflito nas relações contratuais entre representantes das indústrias processadoras e dos produtores. A expansão da cultura da laranja no País, as doenças que vitimaram os pomares e a interligação do mercado interno com o exterior, principalmente na questão dos preços e os benefícios acumulados pela citricultura brasileira nos últimos 40 anos, são outros aspectos abordados a seguir. 6 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Quadro 3.1. - Fatos Históricos Relevantes da Citricultura no Brasil Data 1501 1873 1880 1889 1915 1918 1927 1930 1932 1937 1939 1957 1960 1961 1963 1964 1970 Fato Relevante Os portugueses trouxeram da Espanha as primeiras plantas cítricas para o Brasil. O objetivo era criar um abastecimento de Vitamina C para ser utilizada como antídoto do escorbuto, doença que dizimava a maioria das tripulações no período dos descobrimentos. A introdução da planta cítrica e sua adaptação climática ocorreram de forma tão favorável que elas chegaram a ser confundidas com árvores nativas. Mudas da laranja Baía, também conhecida como baiana ou “de umbigo”, foram levadas para a Califórnia (EUA), de onde se espalharam por todo mundo. Esta variedade surgiu no Brasil, provavelmente, a partir de uma mutação da variedade Seleta. Por volta de 1800, ela já era cultivada nos arredores de Salvador (BA). Cerca de 30 a 50 mil caixas de laranja, produzidas no Ceará, eram exportadas anualmente para a Inglaterra. No entanto, devido ao mau estado que chegavam os frutos, em conseqüência do tratamento em sua colheita e transporte, as exportações foram encerradas. Favorecida pela proximidade do mercado consumidor e pelas condições edafo-climáticas, a citricultura ganhou força no Centro-Sul. Nos arredores do Rio de Janeiro, existiram muitos pomares comerciais. A Diretoria de Agricultura produzia e vendia mudas cítricas enxertadas em laranjeiraazeda. Estas mudas eram transportadas por estradas de ferro. Mudas de laranja baía foram plantadas em Boquim, no estado de Sergipe. O governo de São Paulo criou o Serviço de Citricultura, vinculado ao Instituto Agronômico de Campinas e à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da USP. Os regulamentos que definiam a fiscalização da exportação foram reformulados. Um núcleo de plantações cítricas formou-se em Viçosa (Minas Gerais), utilizando o limãocravo como porta-enxerto. No Rio Grande do Sul, cresciam as plantações usando a enxertia “de garfo” em porta-enxerto de laranjeira-caipira. A área citrícola do Rio de Janeiro era mais importante do que a de São Paulo, pois enquanto eram embarcadas 700 mil caixas em Santos (SP), 1,3 milhões de caixas eram embarcadas no Rio de Janeiro. No entanto, alegando falta de resistência da fruta carioca ao transporte, as firmas exportadoras se transferiram do Rio de Janeiro para Limeira, no estado de São Paulo. Os primeiros casos da doença denominada “tristeza” foram identificados. Em poucos anos, a doença eliminou todas as plantas enxertadas em laranjeira-azeda (aproximadamente 10 milhões de árvores) no estado de São Paulo. Restaram as árvores de pé-franco (sem enxertia), as enxertadas em laranjeira-caipira e em limoeiro-cravo. Esse último passou a se constituir no porta-enxerto mais usado pela quase totalidade dos citricultores. Mais de 5 milhões de caixas foram exportadas pelos principais portos do país. Esta fase áurea que a citricultura brasileira viveu se encerrou com a paralisação quase total do trafego marítimo em virtude da II Guerra Mundial. No sudoeste do estado de São Paulo surgiu uma séria ameaça, ainda não completamente afastada: o cancro cítrico. A citricultura se expandiu para as regiões de Araraquara e Bebedouro, com o crescimento do mercado da fruta in natura. Foi estabelecido um “Registro de Plantas Matrizes de Citros” e passou a ser obrigatório aos viveiristas usarem somente gemas provenientes das matrizes registradas, garantindo assim a sanidade das plantas. Um “Banco de Germoplasma Sadio” foi implantado na Estação Experimental de Limeira. Foi instalada em Araraquara (SP) a primeira fábrica de suco concentrado e congelado do Brasil. Esta era uma empresa de capital norte-americano. A elevação dos preços do suco nos mercados americano e europeu, em decorrência de uma forte geada na Flórida, incentivou a realização desse empreendimento. No primeiro ano de funcionamento, 6 mil t. de suco foram exportadas. Inicia-se uma acentuada mudança de orientação na escolha das variedades plantadas, aumentando-se a proporção das variedades Natal e Valência, de maturação mais tardia que a Pêra. Este fato abre a possibilidade para a indústria trabalhar com laranja de junho até janeiro do ano seguinte e em abril e maio com tangerinas. A partir da década de 1970, a indústria de sucos proporcionou a expansão dos pomares paulistas. 7 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1977 1979 1984 Criação do FUNDECITRUS (Fundo de Defesa da Citricultura) na Campanha Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico, promovida pelo ministério da Agricultura. Encontrado cancro cítrico no centro do Estado de São Paulo, região com grande produção citrícola. Severa geada nos pomares da Flórida (EUA) inicia fase de grande prosperidade da citricultura paulista, com acelerado crescimento do plantio e entrada de novos produtores. 1988 A produção paulista supera 200 milhões de caixas. 1994 Recorde de produção de laranja da Flórida (EUA), juntamente com elevada produção no Estado de São Paulo, faz com haja excesso de oferta da fruta no mundo, derrubando seu preço. Inicia-se um período de crise da citricultura brasileira. 1997 A produção brasileira de laranjas atinge recorde: 428 milhões de caixas. 1999 2000 2002 Normas legais mais rigorosas para a produção de mudas no Estado de São Paulo, passando a ser obrigatória a formação de mudas cítricas em viveiros telados, evitando a contaminação das mudas pela CVC (Clorose Variegada dos Citros). Surge a “Morte Súbita dos Citros” em Frutal (MG), doença que rapidamente é encontrada nos pomares paulistas. Esta doença faz com que haja uma tendência de novos plantios utilizando o porta-enxerto Citrumelo Swingle, não suscetível a doença, porém de difícil adaptação `as condições edafo-climáticas do Estado de São Paulo. Uma nova doença começa a prejudicar a produção de tangerinas: Alternária. Esta doença eleva consideravelmente o custo de produção da tangerina Murcote. Surgimento do Greening, uma nova ameaça aos pomares paulistas. 2004 2006 Em 2004, novos eventos marcam a história da citricultura brasileira. As ações coletivas do agronegócio tomam maior expressão com as discussões entre as instituições tradicionais e outras novas que dividem responsabilidade para manutenção da competitividade do citricultor e pujança do mercado brasileiro. A reorganização do setor e o panorama atual da citricultura mundial criam questões sobre custo e rentabilidade. Preço do suco de laranja no mercado internacional atinge patamares recordes e produtores tentam renegociar contratos com indústrias de suco. Fonte: Elaborado pelos autores com base em NEVES & LOPES, (2005) MOREIRA (1980); PASSOS (1977); AMARO (1984); MOREIRA (1975); FUNDECITRUS (1980); BORGES, COSTA (2006) e Centro de Citricultura (2006). Quadro 3.2. - História da Indústria de Sucos Cítricos no Brasil Data Início da década de 1940 1962 1963 1964 Fato Relevante Com as exportações da fruta in natura suspensas, em decorrência da II Guerra mundial, o Brasil enfrentou a superoferta de laranja. A Citrobrasil arrendou a Casa da Laranja à Secretaria da Agricultura de São Paulo, na cidade de Limeira, que contava com equipamento para fabricar suco de laranja pelo sistema hot pack. Simultaneamente, a Cia Industrial de Conservas Delírio, no Rio de Janeiro, produzia e exportava o suco hot-pack para atender pedidos do exército britânico. Uma pequena unidade processadora de laranja foi construída pela Companhia Mineira de Conservas na cidade de Bebedouro (SP) com apenas uma extratora com capacidade para processar 750 caixas de laranja por dia. O objetivo era a extração do óleo da casca de laranja. O grupo Toddy do Brasil construiu em Araraquara (SP) a Suconasa S/A, contando com dez extratoras FMC e evaporador Gulf com capacidade de 20 mil libras/hora. A Pasco Packing Company, grande produtora de sucos na Flórida (EUA) e tradicional fornecedora do grupo Eckes, importador estabelecido na Alemanha, se associaram à brasileira Fischer S/A, a qual detinha experiência de cerca de três décadas na produção e no comércio do setor citrícola. Conjuntamente, investiram em uma fábrica na cidade paulista de Matão denominada de Citrosuco Paulista S/A e que contava com evaporador de 20 mil libras/hora. O controle acionário estava distribuído da seguinte forma: 25% para a Fischer, 24% para o grupo Eckes e 51% para a Pasco Packing Company, a qual se retirou da sociedade em 1969. Edmond Van Parys instalou a fábrica da Citrobrasil. A unidade contava com porte equivalente aos da Suconasa e da Citrosuco. No início da década de 1970, a empresa abriu parte do capital entre investidores da região de Bebedouro. Todavia, esta operação não foi suficiente, fazendo com que a Citrobrasil fosse vendida para o grupo 8 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) norte-americano Cargill em 1976. 1965 1967 1968 Década de 1960 1971 1973 1974 Meados de 1974 1977 1978/1979 1978 Instalou-se em Bebedouro a fábrica da Universal Citrus S/A. A empresa contava com 8 extratoras da FMC e era de propriedade do Moinho Universal (de capital chinês) e do Frigorífico Anglo (de capital inglês). A indústria encerrou suas atividades logo após sua instalação. O grupo italiano Sanderson, que já possuía negócios na Argentina e no Paraguai, comprou 50% de participação na Companhia Mineira de Conservas. Três anos mais tarde, a Sanderson adquiriu a totalidade do capital da companhia, transformando-a na Sanderson S/A Produtos Cítricos. A Suconasa pediu concordata e foi comprada por José Cutrale Jr., citricultor, comerciante e exportador de laranja. Com isto, surgiu a Sucocitrico Cutrale Ltda., que viria a ser uma das maiores fabricantes de SLCC (Suco de Laranja Concentrado e Congelado) do mundo. Instalou-se a Frular/Sucolanja, em Limeira (SP), pertencente ao grupo Egisto Ragazzo. Já em janeiro de 1970, foi vendida para a Avante S/A Produtos Alimentícios, empresa que atuava na exportação de carne de cavalo. Em 1977, foi novamente vendida, tendo sido adquirida pela Citrosuco Paulista. As ações empresariais foram potencializadas por forte estímulo às exportações brasileiras, configurado em legislação de incentivos financeiros e fiscais. Embora não específicos para a citricultura, estes elementos ajudaram a impulsionar a indústria brasileira de suco de laranja, que soube aproveitar o momento para crescer, ocupando espaços no mercado internacional. Entrou em operação, em Cosmópolis (SP), a Citral S/A, montada com base em recursos financeiros de 160 citricultores. No ano seguinte, foi instalada, em Santo Antônio da Posse (SP), a fábrica da Tropisuco, pertencente a um grupo de 11 produtores e comerciantes de frutas cítricas, com capacidade para processar 1,4 milhões de caixas por safra. Contava com o apoio comercial da Sanderson do Brasil, que optara pela estratégia de ter, por meio de um contrato de parceria, maior suprimento de SLCC para exportar. Um grupo empresarial de Ribeirão Preto (SP), ligado ao setor de fertilizantes, investiu na formação de pomares. A partir daí, montaram a Sucorrico, indústria localizada em Araras (SP), com capacidade instalada para processar 6 milhões de caixas por safra. A Sanderson veio a falir e a fábrica foi desapropriada pelo governo do estado de São Paulo no ano seguinte. Com isto, sua denominação foi alterada para Frutesp S.A. Agroindustrial, tendo passado a operar sob gestão estatal. Seu foco então passou a ser o processamento da produção de laranja dos citricultores da região de Bebedouro. Quatro anos depois, a empresa foi definitivamente transferida para a Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Coopercitrus). Fase baixista dos negócios, em conseqüência da falência da Sanderson, já que muitos produtores que haviam recebido pagamentos antecipados pela fruta se viram vinculados ao processo falimentar e à proibição da exportação por parte da Citrosuco, sob alegação de que vendera o SLCC abaixo do preço então estipulado pela Cacex – Carteira de Comércio Exterior. O cenário internacional mostrava-se incerto em decorrência do primeiro choque do petróleo, agravando a comercialização de commodities. As duas maiores empresas (Citrosuco Paulista e Sucocitrico Cutrale) mantiveram seu crescimento e alcançaram o controle de pelo menos 50% da capacidade de processamento instalada no Brasil. Elas se uniram para adquirir três fábricas menores – Citral, Tropisuco e Sucorrico - que apresentavam problemas relacionados a capital de giro para compra de laranja e de financiamento dos estoques de SLCC, além de dificuldades para comercialização no exterior. Foram implantadas em Matão duas fábricas pequenas de processamento de citros: a Central Citrus (que entrou em concordata em 1995 e foi fechada em 1997) e a Frutropic Industrial e Comércio Ltda. Esta última foi adquirida em 1988 pelo grupo francês Dreyfus, tornando-se a Frutropic S/A, atual Coinbra S/A. A Companhia Antártica Paulista passou a processar laranja e limão na capital do estado de São Paulo. Como seu objetivo era atender apenas suas necessidades de matéria-prima para refrigerantes, a operação contava com duas extratoras. 9 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1979 1980 1981 1984 1988 1990 1991 1992 1993 Foi iniciada a produção de SLCC na Citromogiana Ltda, instalada em Conchal (SP) e constituída por três grupos: The Coca-Cola Company e Toddy Internacional Company (ambas norte-americanas) e a Fazenda Sete Lagoas Agrícola (pertencente à Citrobrasil). Em 1983, essa fábrica viria a ser adquirida pelo Sucocitrico Cutrale. Surgiu em Olímpia (SP) a Citrovale S/A. Posteriormente, 49% de suas ações passaram para o grupo Cutrale, que, em seguida, assumiu o controle total da empresa. Uma moderna unidade industrial da Sucocitrico Cutrale começou a operar em Colina (SP), ao norte do estado, com 96 extratoras. Entrou em operação em Itápolis (SP) a fábrica da empresa Branco Peres Citrus S/A, grupo empresarial que também atuava na produção de laranja. Em 1985, a empresa ampliou sua capacidade operacional e a introdução do transporte a granel do SLCC. Isto não evitou, porém, que viessem a ser transferidas, inicialmente, para a Sucocitrico Cutrale, 49% de suas cotas de capital e, em 1998, sua totalidade. A Cargill inovou o sistema de transporte de SLCC ao substituir os tradicionais tambores de aço (colocados em pallets de madeira para embarque) por caminhõestanque e navios de carga a granel. A iniciativa da Cargill também foi adotada pela Citrosuco e pela Cutrale em 1985, que adquiriram frotas de caminhões-tanque e construíram terminais portuários próprios. Entrou em operação, em Mirassol (SP), a fábrica da Bascitros Agroindústria S/A, com capacidade de processamento de aproximadamente 2 milhões de caixas por safra. Nesta operação, a Bascitrus se associara à Citrosuco Paulista, possuindo cada uma 50% do capital. No início dos anos de 1990, a Citrosuco Paulista transferiu sua participação para um diretor, e, em 1995, a Food and Beverage Trade Company, da Irlanda, tornou-se sócia com 56% do capital. A Citropectina, em Limeira (SP), começou a produzir SLCC associada parcialmente à Citromatão Trading e sob a denominação de CTM Citrus S/A. Em 1993, suas instalações foram usadas por dois grupos de citricultores: a Montecitrus e a Cia. Agrícola Botucatu (produtora de limão siciliano). O pagamento por este uso fora acordado em SLCC e subprodutos, mas isto não evitou que, em 1999, as atividades de produção do suco por parte da CTM Citrus fossem finalmente encerradas. Entrou em operação, em Uchoa (SP) uma nova unidade de processamento da Cargill Citrus, com capacidade de esmagamento de 15 milhões de caixas por safra. Logo após, a planta industrial viria a ser arrendada até 1993/94 para o grupo Montecitrus, que produzia cerca de 20 milhões de caixas de laranja. De 1995 a 2000, a fábrica voltou a ser operada diretamente pela Cargill. De 2001 a 2003, permaneceu paralisada. O grupo francês Louis Dreyfus entra no setor de citros adquirindo a Frutopic, uma fabrica já com 11 anos de funcionamento localizada em Matão (SP). No momento da aquisição, a capacidade de processamento dessa unidade era em torno de 10 milhões de caixas de laranja por ano. Em 1992, essa capacidade foi expandida e a fabrica passou a processar por volta de 23 milhões de caixas. Foi construída a Royal Citrus, em Taquaritinga (SP), projetada para processar até 4,5 milhões de caixas por safra. A Citrosuco passou a pertencer totalmente ao Grupo Fischer, com a garantia de compra anual de 10 mil toneladas de SLCC por parte da Eckes, que, então, se retirava da sociedade. Em 1993, a produção de frutas passou a ser concentrada na Agropecuária Fischer S/A. Entrou em funcionamento, em Catanduva (SP), a fábrica da Citrovita, pertencente ao Grupo Votorantim. Esta iniciativa remetia a plantio de extensos pomares de laranja na região sul de São Paulo. O projeto integrado contou com apoio financeiro do BNDES e seu objetivo era que a auto-suficiência em matéria-prima atingisse até 60% da capacidade instalada de sua fábrica, que era da ordem de 10 milhões de caixas por safra. A Cambuhy Citrus - empresa originalmente voltada para a produção de laranjas, pertencente ao Grupo Moreira Salles - pôs em funcionamento sua própria fábrica de SLCC, com 24 extratoras, já que o nível de produção da fruta da Cambuhy era elevado: 1,8 milhões de caixas. Em 1991, a produção total de laranjas da Cambuhy conseguia atender somente 20% da necessidade de matéria-prima para sua capacidade de transformação. A Frutesp foi adquirida pelo grupo francês Dreyfus, vindo a chamar-se CoinbraFrutesp e, posteriormente, apenas Coinbra. A Cambuhy constituiu uma joint-venture juntamente com parte dos produtores da 10 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1994 1996 1999 2004 Montecitrus, cuja produção alcançava cerca de 10 milhões de caixas por safra, e que até então esmagavam sua fruta arrendando a fábrica da Cargill localizada em Uchoa. Com isto, a Cambuhy passaria a dispor de matéria-prima suficiente para suportar ampliação em sua fábrica, a qual veio a ser adquirida pela Citrovita em 1998. Parte do grupo de produtores da Montecitrus que não se associaram à Cambuhy decidiu constituir uma nova empresa em Monte Azul Paulista (SP), denominada Frutax. Essa fábrica dispunha de 11 extratoras e evaporador de 60 mil libras/hora, com capacidade para processar cerca de 6 milhões de caixas por safra. Suas atividades foram paralisadas em 1997. Instalou-se em Araras (SP) a fábrica da Sucorrico S.A., com capacidade inicial de processamento de 6 milhões de caixas de laranja por safra, que provinham em sua maioria da produção de seus 123 proprietários. Em 1997, a capacidade instalada da Sucorrico dobrou, tendo sido firmado contrato de venda do SLCC por cinco anos para a Sucocítrico Cutrale. Em janeiro de 2005, a fábrica foi vendida para a Citrovita. Em Engenheiro Coelho (SP), instalou-se a Citrus Kiki. A empresa operou parcialmente no sistema de toll processing, e foi arrendada para o grupo Dreyfus em 2005. A Cargill anunciou a venda de seus ativos no setor de citros no Brasil (2 fábricas, 4 fazendas com pomares e terminal de armazenamento de suco em Limeira) para a Citrosuco Paulista e para a Sucocítrico Cutrale. Fonte: Elaborado pelos autores com base em NEVES & LOPES, (2005) MOREIRA (1980); PASSOS (1977); AMARO (1984); MOREIRA (1975); FUNDECITRUS (1980); BORGES, COSTA (2006) e Centro de Citricultura (2006). Quadro 3.3. - Evolução das Relações Contratuais na Citricultura Paulista Ano/período Década de 60 Meados da década de 1970 Entre 1986 e 1989 Década de 90 1992 Fato Relevante Instalação do parque citrícola industrial. A aquisição da matéria-prima já era realizada por contratos, porém não existiam entidades organizadas que representassem as partes na transação. Começa a organização do setor por meio de associações. As negociações contratuais passam a ser realizadas entre os representantes das indústrias e dos produtores sob a intermediação do governo, via a extinta Cacex. Nesse período, as relações de poder entre os participantes da rede citrícola foi marcada por uma forte interação. Isso se deu após o estabelecimento do contrato-padrão na compra e venda de laranja, desenvolvido por meio de uma iniciativa do governo brasileiro (via CACEX3), que envolveu negociações coletivas entre associações de indústrias (ABECITRUS4, ANIC5, ABRASSUCOS6) e associações de produtores (FAESP7, ACIESP8, ASSOCITRUS9). O contratopadrão condicionou o preço da laranja às cotações internacionais do suco e criou condições para a negociação do pagamento da colheita e do transporte, e ainda para a legitimação dos atores coletivos. O regime de negociações coletivas, em que se negociavam preços mínimos e outras condições comerciais uniformes para o setor, por meio do contrato-padrão, vigorou ate 1995. Recuperação dos pomares da Flórida e elevada produção brasileira pressionam os valores na Bolsa de NY; os preços ao produtor caem significativamente. A ACIESP juntamente com a ASSOCITRUS denunciaram as indústrias por cartel, visando a alteração de condições anteriormente pactuadas no contratopadrão. A SDE10 decidiu que o contrato-padrão era legitimo, uma vez que negociado coletivamente entre as associações dos produtores e das indústrias e, portanto, deveria ser honrado pelos citricultores. Decidiu-se também que a SDE e a CADE11 não seriam o foro adequado para discussão de um contrato legitimamente negociado entre as associações representantes do setor. Desse 3 CACEX: Câmara de Comércio Exterior. 4 ABECITRUS: Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos. 5 ANIC: Associação Nacional das Indústrias Cítricas. 6 ABRASSUCOS: Associação Brasileira das Indústrias de Sucos Cítricos. 7 FAESP: Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. 8 ACIESP: Associação Citricultores do Estado de São Paulo. 9 ASSOCITRUS: Associação Paulista de Citricultores. 10 SDE: Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça. 11 CADE: Conselho Administrativo de Defesa Econômica. 11 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Julho de 1994 Outubro de 1995 Safra 1995/96 Safra 1999/2000 Em 2005 Em 2006 modo, a representação das associações de produtores não foi aceita pela SDE e, assim, o processo foi arquivado. As associações dos produtores entram com ação na SDE acusando 12 indústrias paulistas processadoras de suco por formação de cartel, imposição de preços na negociação com produtores de laranja e integração vertical por parte das agroindústrias. Em dezembro de 1994, a SDE entendeu que o contrato-padrão era anti-competitivo e o processo passou a ser julgado pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). O CADE aplica o Compromisso de Cessação de Práticas Anti-Competitivas (CCP1) às indústrias, atuando unicamente no impedimento do cartel, proibindo as indústrias de se reunirem para discutir preços. Na questão do avanço dos pomares próprios, o CADE não interveio, pois o julgou não lesivo a concorrência. Assim, o processo administrativo de investigação de formação de cartel foi suspenso, bem como o contrato padrão que havia sido negociado por representantes da indústria e dos citricultores. A indústria foi proibida de participar de reuniões organizadas por associação, órgão ou instituição pública Inicia-se uma nova forma de negociação entre a indústria e o produtor, ou entre a indústria e pools de produtores, agora individualmente e, na maioria, com preços fixos para três anos ou com um preço mínimo (piso) acrescido de uma participação na venda do SLCC no mercado europeu. A safra de 1999/2000 foi marcada por uma convulsão no setor, provocada pela estiagem que assolou os pomares paulistas e principalmente pela retração das compras das indústrias processadoras que alegaram altos estoques de passagem. Com o preço da caixa de laranja abaixo do custo de produção, grande parte da laranja não foi nem removida dos pomares. Registrou-se também o abandono da atividade por parte dos produtores “sem contrato”. Esse fato culminou em mais uma denúncia de cartel junto à SDE. Os produtores alegaram que as empresas se uniram, romperam os contratos existentes e, em alguns casos, sequer colheram as laranjas para o processamento. Em 2002, a SEAE12 concluiu não haver indícios de cartel e, em 2005, o Ministério Público Federal, após investigação, chegou à mesma conclusão. Esse processo deu origem à busca e apreensão sofrida pela indústria citrícola em 2006. Rigidez contratual e dólar em baixa impedem a valorização da laranja. No cenário externo, o preço do suco na Bolsa de Nova York atinge patamares recordes dos últimos 14 anos por conta do déficit de produção na Flórida. O setor volta a discutir o sistema de remuneração da citricultura e propõe mudanças sobre a atual sistemática de definição dos preços da caixa de laranja. Fonte: Elaborado pelos autores com base em informações governamentais e em BOTEON, COSTA e BRAGA (2006). O grande avanço da citricultura brasileira ocorreu nos últimos 40 anos com resultados positivos para a sociedade, principalmente para o Estado de São Paulo, onde vários municípios produtores se desenvolveram com os investimentos do setor. A indústria de insumos também se beneficiou com o fortalecimento da citricultura no país. O desenvolvimento da citricultura trouxe progresso e riqueza para os produtores rurais, para as indústrias processadoras de SLCC (Suco de Laranja Concentrado e Congelado) e para as especializadas em sucos prontos para beber. As empresas de distribuição e as concessionárias de rodovias se beneficiaram com a expansão da atividade. Houve, enfim, capacitação da mão-de-obra e o desenvolvimento de um parque eficiente de packing houses. a) Ganhos para a sociedade brasileira A sociedade brasileira como um todo é beneficiária do avanço da citricultura. Em primeiro lugar, porque emprega mão-de-obra em grande quantidade. São 400 mil postos de trabalho (diretos e indiretos) gerados pela atividade no Estado de São Paulo. A cada US$ 10 mil investidos em fruticultura, criam-se cinco empregos (diretos e indiretos). Além disso, atualmente, o consumidor brasileiro tem fácil acesso à laranja in natura e aos 12 SEAE: Secretaria de Acompanhamento Econômico 12 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) sucos prontos, com baixa acidez e sabor acentuado, benefícios possibilitados pelo desenvolvimento de embalagens adequadas e a preços muito atrativos ao consumidor. O produtor se beneficia das facilidades de acesso aos serviços de extensão rural, tanto públicos quanto privados, que viabilizam a difusão dos avanços tecnológicos, independentemente do tamanho do pomar. Outro avanço é o desenvolvimento de serviços de vigilância fitossanitária que, até meados da década de 1980, foram capazes de manter com aceitável grau de confiabilidade a sanidade da citricultura paulista, particularmente na inspeção de viveiros e no controle ao cancro cítrico. O Brasil ingressou no restrito grupo de países dotados de capacidade para fazer avançadas pesquisas em genética molecular ao realizar o mapeamento do genoma da Xylella fastidiosa, a bactéria causadora da Clorose Variegada dos Citros (CVC), conhecida como "praga do amarelinho" que ataca os laranjais paulistas. Este mapeamento foi um grande avanço na geração de tecnologia brasileira, permitindo a formação de cientistas altamente especializados em biotecnologia. A citricultura também promoveu a ativação de outros setores da economia antes da fazenda: empresas fornecedoras de defensivos, fertilizantes, tratores, implementos, mudas, corretivos, equipamentos de irrigação; e setores pós-fazenda: indústria processadora de suco de laranja e empresas que se dedicam à distribuição para os mercados interno e externo. b) Benefícios para o Estado de São Paulo e municípios produtores O Estado de São Paulo é um dos mais beneficiados com o impulso da citricultura nos últimos 40 anos, pois tem um papel importante na geração de impostos e divisas (em torno de US$ 1,2 bilhão em divisas anualmente). Este benefício é direto em empregos, impostos, investimentos e consumo, contribuindo para que estas cidades apresentem índices de desenvolvimento superiores à média do Brasil. O estabelecimento de parcerias entre indústrias de suco, FUNDECITRUS e prefeituras (Araraquara, Itápolis, Matão e Bebedouro) possibilitou o desenvolvimento de ações que visam erradicar o trabalho infantil e melhorar a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes atendidos pelo programa nos municípios produtores. Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se, além da capacitação de professores, a criação e a manutenção de estabelecimentos que oferecem aulas de educação complementar, ensino de práticas de higiene pessoal e do ambiente, refeições e atividades culturais realizadas em espaços adequados de convivência. c) Setor de Insumos Usados pelas Fazendas No que se refere aos insumos, o Brasil apresenta padrão mundial de qualidade. Outro avanço no setor foi a criação dos Centros de Excelência para o fornecimento de material genético, como o Centro Apta Citros e Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro. É importante salientar outros fatores que contribuíram para o progresso da citricultura, como a regulamentação no uso de defensivos, por meio de uma redução da lista de princípios ativos utilizados, sem prejudicar a produtividade e a eficiência no combate às pragas da laranja; a prestação de assistência técnica, orientação e treinamento sobre o modo de aplicação dos insumos; a utilização de fertilizantes foliares, como fonte de micronutrientes, e de irrigação para conter a morte súbita; a obrigatoriedade de 13 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) produção e uso de mudas provenientes de viveiros telados; e o desenvolvimento de diversos canais de distribuição de insumos, como revendas agrícolas, cooperativas, representantes técnicos de vendas, entre outros. Vale ressaltar que esta cadeia é responsável por vendas de cerca de US$ 140 milhões por ano em defensivos, US$ 80 milhões em fertilizantes, outros US$ 70 milhões em tratores, maquinas e irrigação, e gera cerca de 7 mil empregos diretos. Portanto, a citricultura movimenta diversas outras cadeias produtivas e é responsável por muitos empregos no setor de insumos. d) Produtores Rurais, Indústrias Processadoras de SLCC e Indústrias de Sucos Prontos para Beber A posição de destaque da citricultura brasileira no contexto mundial deve-se, acima de tudo, às características da produção, que não é estimulada por condições econômicas artificiais e/ou programas governamentais. Outros fatores positivos da produção são: diversificação do uso da propriedade agrícola; possibilidade do emprego de diferentes mecanismos de comercialização da fruta (mercado spot, contratos variados, toll processing) com diferentes atores (packing houses, indústria processadora); possibilidade de acesso a linhas de financiamento governamentais e privadas para a aquisição de insumos; formação de associação regional dos produtores de citros; adoção de medidas associativas e pró-ativas entre produtores, tais como compartilhamento de máquinas e equipamentos, aquisição de insumos e negociação das safras, principalmente para as propriedades de pequeno porte; e conformidade ambiental e social da produção citrícola. Destaque-se, também, que a produção de laranja movimenta cerca de US$ 810 milhões ao ano e gera cerca de 80 mil empregos diretos. Atribui-se o sucesso das indústrias processadoras de SLCC e de sucos prontos para beber ao desenvolvimento de economias de escala e ‘a eficiência produtiva. Essas competências são imprescindíveis para acessar, de forma competitiva, o mercado consumidor, que está distante do centro de produção (Brasil). O país ostenta inigualável padrão mundial de produção, constantemente inspecionada pelos clientes, com custos agrícola e industrial imbatíveis. Além disso, possui capacidade de produção de todos os tipos de sucos de laranja (sucos, néctar, refresco e mistura de frutas) e categorias de sucos (fresco, pasteurizado, reconstituído e SLCC-concentrado e congelado). O Brasil tem pleno domínio das técnicas de produção de sucos com diferentes padrões de qualidade: em termos de açúcares e ácidos, vitamina C, concentração e gosto ou sabor. O país também tem pleno domínio na composição de blends. Registre-se ainda o uso de diferentes arranjos contratuais, como marcas próprias das grandes redes varejistas, licenciamento de marcas, marcas próprias das grandes indústrias de sucos, alianças estratégicas, joint-ventures, entre outros. Estima-se que o segmento da indústria processadora de SLCC e de sucos prontos para beber movimentará cerca de US$ 2,5 bilhões em 2006 e responderá pela geração de aproximadamente 10 mil empregos diretos. e) Empresas de Distribuição, Concessionárias de Rodovias e Packing Houses Um dos pontos fortes da citricultura brasileira é o forte relacionamento e capacidade de atendimento de diversos canais de distribuição: setor de refeições coletivas, setor do food service, varejões, supermercados, bares e mercearias, restaurantes, casas de sucos e feiras livres. 14 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) A atividade de distribuição movimenta em torno de US$ 100 milhões por ano e gera, entre diretos e indiretos, mais de 4 mil empregos. Já as concessionárias de rodovias arrecadam mais de US$ 14 milhões ao ano com a cadeia citrícola. A citricultura também se destaca pela capacitação da mão-de-obra, qualidade de vida no trabalho e estímulo à produtividade. O Brasil atingiu um nível de excelência no desenvolvimento de um parque eficiente de packing houses, com economia de escala e cumprimento a padrões de qualidade. Registram-se, também, forte fiscalização para afastar informalidade dos agentes do setor e diversificação das opções de comercialização: parceria com redes varejistas; canais já utilizados na exportação de uva e manga. A cadeia da laranja possui capacidade para atender a diferentes segmentos de consumidores: desde aquele preocupado única e exclusivamente com preço até o consumidor externo, altamente exigente e disposto a pagar o valor de uma fruta de qualidade superior, cujas características compreendem intensa coloração externa (laranja escuro), facilidade para descascar, ausência de sementes e um nível mínimo de produtos químicos (agrotóxicos). De uma maneira resumida, a figura a seguir mostra a cadeia produtiva da laranja e seus valores de vendas por agente participante, com dados atualizados para 2003. Por esta figura observa-se a dimensão da cadeia e o grande numero de organizações envolvidas e sua brutal importância para a sociedade brasileira.13 13 Para maiores informações sobre a cadeia citrícola, recomenda-se a leitura do livro: “Estratégias da Laranja no Brasil” (2005), de Marcos Fava Neves e Frederico Fonseca Lopes (organizadores), que pode ser obtido através do site da editora Atlas (www.editora-atlas.com.br). 15 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 4 – O CONTEXTO ATUAL E TENDÊNCIAS Esta seção destina-se a apresentar o panorama atual da produção e consumo de laranja e de suco de laranja no mundo, assim como constatações relevantes sobre seu comércio internacional. Avalia-se também o mercado de bebidas em geral. Apresentado o contexto atual, relatam-se as tendências mundiais para o setor, além de um apurado levantamento de custos para a produção citrícola no Estado de São Paulo em dois sistemas: irrigado e não-irrigado. A seguir será apresentado no quadro 4.1 um panorama mundial de produção, consumo e comercialização de produtos cítricos. Quadro 4.1. - Panorama Mundial de Produção, Consumo e Comercio de Produtos Cítricos Produção Mundial de Suco de Laranja em 2005 (USDA) 59% 1,4 Milhão Em 2005, Brasil e Estados Unidos responderam juntos por 89% do suco produzido no mundo. Em toneladas 30% 709 Mil A produção mundial foi de 2,37 milhões de toneladas em 2005. Brasil EUA 2% 48 Mil 2% 46 Mil 2% 42 Mil 2% 42 Mil 3% 78 Mil Itália Espanha Israel México Outros Exportação Mundial de Suco de Laranja em 2005 (USDA) Em 2005, 83% das exportações mundiais (1,65 milhão de t) foram brasileiras (1,37 milhão de tons.). Os EUA exportaram apenas 75 mil tons. de suco, equivalente a 5% do comércio mundial. Para a safra 05/06 a estimativa das exportações globais é de 1,65 milhão de tons.. A previsão é de que as exportações do Brasil cresçam 2% (32 mil tons.), perfazendo um total estimado de 1,4 milhão de tons. 83% 1,37 Milhão Brasil Em toneladas 6% 102 Mil 5% 75 Mil 2% 37 Mil 2% 33 Mil 1% 17 Mil 1% 22 Mil Espanha EUA México Israel Itália Outros 16 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Destino do Suco de Laranja Brasileiro em 2005 (SECEX/MDIC) Apesar das barreiras tarifárias impostas pelos EUA ao Brasil serem bem maiores que as de outros países fornecedores, tais como México, Belize, Costa Rica e Honduras, os EUA importam do Brasil cerca de 65% do total de suas compras externas. 41% 724 Mil Em toneladas 24% 428 Mil 15% 270 Mil Em 2005, a Bélgica foi o principal cliente para o suco de laranja brasileiro, responsável por 724 mil tons. 5% 89 Mil Bélgica Holanda EUA 3% 56 Mil 3% 49 Mil Japão R. Unido China 9% 159 Mil Outros Incluem os seguintes produtos: (1) suco de laranja, congelado e não fermentado, (2) suco de laranja não congelado, com valor de Brix menor ou igual a 20, e outros sucos de laranja não fermentados (códigos SECEX: 20091100, 20091200 e 20091900). Produção de Laranja nos Estados Unidos (USDA) Em 2004, a produção americana de laranja foi a menor dos últimos 14 anos (8.358 Mil Ton). Em relação a 2003, houve uma redução de 29%. Em 2005, a produção continuou praticamente igual à de 2004, com 8.394 Mil Ton. 12.495 em Milhares de Toneladas 13.000 11.734 10.000 8.178 7.000 8.989 6.903 8.358 8.394 4.000 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 Consumo Mundial de Suco de Laranja (USDA) O crescimento do consumo mundial de laranja no período de 1988 a 1998 foi de 3,5%. Enquanto o consumo de laranja in natura foi de 2,9% no período, o consumo de laranja na forma de suco registrou crescimento de 4,2%. O consumo de laranja in natura per capta declinou de 13 kg para 9,7 kg/ano. América do Norte e a Europa consomem mais de 88% de todo o suco de laranja consumido no mundo 2.000.000 Em toneladas 1.397.299 1.500.000 1.000.000 1.025.572 500.000 0 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 17 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Destino da Laranja dos Principais Países Produtores (USDA) O consumo in natura está declinando em países desenvolvidos enquanto que nos países em desenvolvimento, tais como México, Índia, Argentina e Brasil, está aumentando. As duas principais razões dessa queda no consumo em países desenvolvidos são: O NFC (Not from Concentrate – suco pasteurizado) tem sabor semelhante ao suco espremido no local de consumo, além de ser mais conveniente. Processamento Industrial Consumo In natura 25.000 15.000 21.794 16.338 13.002 8.829 em Milhares de Toneladas 5.000 1985 1987 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 A tecnologia de transporte e armazenamento de outras frutas frescas (banana, morango e uva) tornou-as mais competitivas. Brasil, EUA, China, México, Itália e Espanha Mercado Brasileiro de Sucos Prontos para Beber - SPPB (LPanel, Datamark, Nielsen, Tetra Pak, 2005). Os principais segmentos de produtos prontos para beber (PPB) incluem sucos, bebidas à base de soja, e água de coco. De 1999 a 2005, o consumo desses produtos no Brasil teve um crescimento de 2 dígitos. O maior crescimento foi observado no consumo de bebidas a base de soja com 39%, seguido dos sucos, néctares, refrescos, e água de coco, com 19%, enquanto, refrescos em pó e refrigerantes cresceram 2%. Apesar do grande crescimento, o consumo per capita de bebidas prontas ainda é pequeno. Como mostra o gráfico, o consumo per capita brasileiro de suco concentrado é de 4 litros; o consumo per capita de sucos, néctares e refrescos prontos é de 2 litros e das bebidas à base de soja é de apenas 1 litro. Milhões de Litros 13.000 200 9.718 6.500 0 Litros/Capita 12.209 67 53 8.470 7.150 5.036 47 40 28 100 4.403 24 3.005 16 1.133 700 6 4 310 2 115 1 0 O mercado PPB (prontos para beber) ainda apresenta baixa penetração domiciliar. SPPB água de coco e BBS possuem um mercado de cerca de, respectivamente, 370, 38 e 160 milhões de litros/ano, e penetração domiciliar de 40%, 5% e 13%. O sabor corresponde a 50% na decisão de compra do consumidor. A preferência de sucos e néctares recai, pela ordem, nos sabores de uva, pêssego, laranja, manga, maracujá, goiaba, maçã, caju e outros. 18 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) O mercado de JNSD14 (juice, néctar and still drinks) tem crescido globalmente. Em 1999, o volume consumido foi de 96 bilhões de litros, enquanto que no ano de 2005 foi de 124 bilhões de litros. Esse mercado, que cresceu praticamente puxado pelos países emergentes, cujo consumo passou de 30 para 50 bilhões de litros/ano, no mesmo período, enquanto os mercados desenvolvidos registraram aumento no consumo de 66 para 74 bilhões de litros/ano. O volume consumido de produtos que necessitam de distribuição refrigerada, de 1999 a 2005, permaneceu o mesmo nos mercados desenvolvidos e emergentes (11 bilhões de litros/ano e 1 bilhão de litros/ano, respectivamente). Já os produtos distribuídos em temperatura ambiente tiveram um crescimento de 8 bilhões de litros no consumo anual nos mercados desenvolvidos (o volume passou de 40 para 48 bilhões de litros/ano). Nos mercados emergentes, a ampliação foi de 16 bilhões de litros no consumo anual (saltou de 14 para 30 bilhões de litros/ano). O mercado Global de Softdrinks é da ordem de 558 bilhões de litros/ano (em 2005), sendo que a divisão por regiões é a seguinte: América do Norte (26%), Europa Ocidental (21%), Ásia (19%), América Latina e Central (18%), Europa Oriental (8%,) outros (8%). A América Latina e a América Central têm apenas 9% da população mundial, mas são responsáveis por 18% do consumo global. 4.1. – Tendências Neste cenário, o Brasil estará em plena recuperação da produção e apto a manter o domínio da produção mundial de laranja processada. As oportunidades no mercado internacional derivam da evolução da demanda mundial por sucos de frutas, néctares e drinques de frutas. A América do Norte, maior consumidora de sucos de frutas, manteve sua demanda praticamente estável, sendo que os maiores crescimentos de consumo deverão ser verificados na região da Ásia e Pacífico, em torno 82%, de 1997 à 2007, e Europa Oriental, África e Oriente Médio, que devem ter uma ampliação de aproximadamente 67% no mesmo período. Com relação à demanda de néctares e bebidas de frutas, há grandes oportunidades de exportação para África, Oriente Médio e Europa Oriental, que deverá fechar o ano de 2007 com o dobro do consumo de 1997. A região da Ásia e Pacífico, neste mesmo período, deve apresentar um aumento em torno de 91%, demonstrando o bom potencial desse mercado. • Tendências do Setor Citrícola por Elo da Cadeia no Brasil15 Os elos da cadeia da laranja são os insumos, a produção, a indústria processadora e as packing houses, a distribuição e o consumo. Esta seção descreve as tendências de cada um desses elementos. Insumos De forma geral, pode-se dizer que existe concentração de fornecedores em praticamente todos os insumos. A participação relativa de citros na demanda por insumos caiu, pois outras culturas aumentaram mais sua demanda por estes. Os preços se elevaram, principalmente de fertilizantes e máquinas agrícolas e houve incremento tecnológico dos insumos e participação de cooperativas na distribuição dos mesmos; nota-se a agregação de valor nos produtos com serviço de assistência técnica. 14 15 JNSD - Juice, Néctar and Still Drinks. Adaptado pelo PENSA a partir de Lopes e Neves, 2005. 19 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Um fator importante neste novo momento da citricultura brasileira é a recente redução dos custos dos insumos, que trará um conforto maior para os citricultores nesta e nas próximas safras. Esta redução é decorrente da valorização da taxa de câmbio, das novas políticas comerciais das empresas e da perspectiva de importação de defensivos genéricos. Produção Quanto à produção, registram-se as seguintes mudanças: crescimento de custos até 2005, forte concentração da produção, redução da área plantada, queda na produção de mudas e aumento substancial da capacidade ociosa neste setor. Percebe-se também a migração da produção para o Centro–Sul do Estado de São Paulo, a maior incidência de pragas e doenças preocupantes (a laranja tem sido atingida por velhas e novas enfermidades, sendo as principais o cancro cítrico, a CVC - amarelinho, a morte súbita dos citrus e o greening), o crescimento da produção irrigada e a forte competição com a cana-de-açúcar e o eucalipto. É importante ressaltar que, o módulo econômico da citricultura mudou substancialmente nos últimos anos devido a fatores macro-ambientais, incontroláveis pelos produtores, como alterações na política econômica, tributária, custos da atividade, desenvolvimento de novas tecnologias principalmente no manejo da cultura, preço das terras e custo de oportunidade de atividades concorrentes (principalmente cana-de-açúcar e eucalipto). Valem também para este setor tendências mundiais, já bem conhecidas e não exclusivas da citricultura, como a necessidade de maior especialização dos produtores, com redução de margens e aumento da escala de produção. A concentração em todos os elos da cadeia produtiva é um fenômeno mundial que se repete em quase todos os setores e segmentos do agronegócio. Estas mudanças macro-ambientais impactam os citricultores de diferentes maneiras. Há citricultores que renovaram e se adaptaram às tendências vigentes e outros que foram punidos pelas mudanças, seja por conviverem com uma maior incidência de doenças em pomares antigos, seja pelo custo de oportunidade ante outras culturas, seja pela falta de alternativas na venda de frutas, ou ainda de aspectos ligados a gestão profissional do negócio. A tabela a seguir foi elaborada com base nas entrevistas realizadas e mostra a estratificação do número de produtores e de arvores nos últimos 5 anos. Tabela 4.2 – Citricultura no Estado de São Paulo: Estratificação do número de produtores vs. total de árvores 2001 2006 % Produtores % Árvores % Produtores % Árvores > 400 mil árvores 0,2% 13,3% 0,4% 25,5% 200 a 399 mil árvores 0,3% 10,1% 0,5% 6,0% 100 a 199 mil árvores 1,1% 12,7% 1,3% 11,7% 50 a 99 mil árvores 2,6% 14,9% 2,8% 13,9% 30 a 49 mil árvores 3,5% 11,3% 3,5% 9,3% 10 a 29 mil árvores 14,9% 20,0% 15,2% 17,6% < 10 mil árvores 77,5% 17,9% 76,3% 16,1% 100% 100% 100% 100% Fonte: estimativa feita a partir de entrevistas. Compreende apenas o cinturão citrícola do Estado de São Paulo e exclui a produção própria das indústrias. Fonte: Entrevistas PENSA e ICONE. 20 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Sabe-se que há diferentes segmentos de produtores, cada vez mais distintos, principalmente no que tange ao uso de tecnologia. A citricultura não é homogênea, e é necessário estudar melhor os segmentos hoje existentes na produção, aspecto que não foi objeto de análise neste texto. Apenas para introduzir o tema, apresentam-se abaixo alguns segmentos facilmente identificáveis na atividade produtora de laranjas. a) Produção oriunda das propriedades das próprias indústrias (algo entre 25 a 35% do total produzido): o segmento é marcado pelo aproveitamento de economias de escala, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, adoção de padrão tecnológico com adensamento, irrigação, mudas e porta enxertos de ultima geração e ganhos de produtividade. Este formato organizacional é denominado tecnicamente de “integração vertical”. Trata-se normalmente de grandes áreas, de alta tecnologia, porém algumas empresas têm suas fazendas em áreas com elevada incidência de doenças, sendo este um aspecto de desvantagem competitiva. b) Produção oriunda de grandes produtores tecnificados, com contratos de médio e longo prazo com as indústrias e condições melhores de negociação devido a escala de produção, tecnologia, proximidade geográfica e outros fatores. c) Produção oriunda de produtores menores, mas agrupados em pools de compra e venda, que também conseguem características de negociação similares aos do item b. d) Produtores isolados, mas que adotaram tecnologia e novas formas de gestão e que estão em regiões favoráveis à citricultura, partindo de custos menores e com algum fôlego na negociação com a indústria. e) Produtores que estão em regiões onde os fatores macro-ambientais afetaram de maneira mais contundente (doenças, competição com outras culturas) e onde a citricultura é composta de pomares mais antigos, com espaçamento maior e menor produtividade por hectare. É fato ainda que a citricultura precisa de mais avanços tecnológicos, compara com outras cadeias produtivas, percebe-se que a citricultura principalmente na área do melhoramento genético. As produtividades muito semelhantes, e problemas graves que têm mais de uma década no setor. pois quando se evoluiu menos, por arvore são ainda persistem Há também a necessidade de analisar produtividades e custos de produção por hectare, e não mais por árvore, pois o custo da terra aumentou consideravelmente no Estado de São Paulo e a intensificação do uso da terra é fundamental para manter alto retorno sobre patrimônio. Em 2010, o Brasil deverá estar em plena recuperação da produção e apto a manter a liderança mundial no setor de laranja. Indústria Processadora e Packing Houses As tendências nesses dois elos da cadeia da laranja são as seguintes: concentração industrial, eficiência logística, eficácia no processo produtivo, capacidade ociosa de packing-houses e da indústria de SLCC. Além disso, registram-se outros movimentos no futuro, como esforço no desenvolvimento de novos mercados, esforço no desenvolvimento do composto de marketing, internacionalização, impactos negativos de proteções tarifárias, desenvolvimento de novas áreas de fornecimento com áreas próprias ou relações melhores com produtores, aumento da produção e exportação de NFC (Not From Concentrate). 21 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) A concentração é um dos pontos mais polêmicos na citricultura, sendo inclusive objeto de investigação do CADE neste momento. É importante ressaltar que a concentração deve ser analisada sob óticas distintas, para ver se seus efeitos são nocivos ou não para a cadeia produtiva. Recentemente a Cargill, com faturamento de aproximadamente US$ 2,7 bilhões no Brasil saiu da citricultura, numa operação entre US$ 300 e 400 milhões. O mercado mundial de suco de laranja apresenta taxas de crescimento de 3 a 5% ao ano, e são poucos os fatores que irão alterar este quadro, principalmente frente ao forte crescimento da cana-de-açúcar, que deve duplicar de tamanho nos próximos 10 anos. Com 11% do mercado de suco de laranja, a Cargill provavelmente não estava operando com a escala necessária para competir na mesma base de custos do mercado. A decisão pode fazer parte de um realinhamento estratégico destes grandes grupos, no sentido de focar a sua atuação em um menor número de cadeias produtivas (a exemplo da Bunge). A laranja envolve ativos muito especializados, seja na produção, na industrialização ou na logística, com poucas possibilidades de compartilhar custos com outras cadeias para maximizar retornos. A concentração poderia trazer impactos para os produtores, advindos da redução no número de compradores das frutas, que eram 5 e passam a ser 4, sendo que os dois maiores têm aproximadamente 70% do mercado. Este é um fato a ser monitorado. Os produtores, principalmente pequenos e médios, devem se organizar melhor para compartilhar atividades, reduzindo custos de produção, e buscando a negociação conjunta. Para a indústria (faturou US$ 1,4 bilhão em 2003), o ponto positivo é que Cutrale e Citrosuco ficaram mais fortes ainda no mercado internacional, com mais volume, escala, menores custos e, conseqüentemente, possibilidade de alocação de recursos para o salutar desenvolvimento de novos mercados para o suco brasileiro. Para os envasadores (compram o concentrado para diluição) de suco no exterior, diminuiu o numero de fornecedores de suco no mercado. Porém, existe como contrapartida sucos de outras frutas, que crescentemente roubam participação do suco de laranja. Independente da concentração e dos problemas apontados na citricultura brasileira, é importante notar que o cenário industrial é muito bom. O quadro a seguir foi elaborado baseado em entrevistas, e mostra como a citricultura brasileira tende a superar em muito a produção da Florida em 2008/09, quando ambas quase empataram em 2003/04. Tabela 4.3. – Produção e Estimativas de Produção de Laranja e Suco na Flórida, de 2002/03 á 2008/09 Safra (milhões de caixas) Suco milhões de toneladas 02-03 03-04 04-05 05-06 06-07 07-08 08-09 203 242 150 148 135 175 155 856 1035 649 658 697 766 671 Fonte: indústrias do setor 22 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Tabela 4.4. – Produção e Estimativas de Produção de Laranja e Suco em São Paulo, de 2002/03 á 2008/09 Safra (milhões de caixas) Suco milhões de toneladas 02-03 03-04 04-05 05-06 06-07 07-08* 08-09* 366 280 369 298 345 320 352 1432 1072 1359 1176 1322 1207 1292 * Estimativa. Fonte: indústrias do setor Distribuição e Consumo As tendências na área de distribuição apontam para o crescimento de redes de supermercados de pequeno e médio portes, e expansão, em termos qualitativos, da distribuição de frutas no Brasil. Deverá haver crescimento dos canais de distribuição por parte do pequeno varejo (casas de suco, bares, restaurantes, entre outros). Também se espera maior utilização de extratoras modernas para extração de suco fresco. Outra tendência é a distribuição do SLCC por meio de parcerias internacionais com a indústria de bebidas e a concentração das grandes redes varejistas. Um dado interessante é que grande parte da laranja será consumida como suco caseiro nos mercados em desenvolvimento. Fatores que influenciarão no consumo: problemas com o aspecto calórico do suco, crescimento mais rápido de outros sucos, interferência da renda e do clima no consumo de sucos e aumento na demanda por NFC no mundo. O mercado interno brasileiro ainda é pouco desenvolvido, mas, com a maior preocupação com a saúde, tenderá a se ampliar. O consumidor irá cada vez mais procurar praticidade. A plataforma de crescimento futuro se baseia em produtos relacionados à saúde, convenientes e que tragam novas experiências ao consumidor. As tendências apontam para abertura de novos mercados, crescimento do mercado de produtos orgânicos e de produtos com apelo sócio-ambiental e geográfico. No entanto a experiência com a produção orgânica de citros no Brasil não tem apresentado casos de sucesso, em função da baixa produtividade que eleva o custo por caixa em patamares não competitivos, ou passíveis de ser coberto face ao preço pago pela fruta. Nos países em desenvolvimento, o consumo de suco pronto para beber deverá continuar aumentando, e o mercado interno de sucos de laranja in natura também deverá crescer. Apesar da tendência de aumento de consumo de fruta in natura nos países em desenvolvimento, a redução da produção mundial de fruta destinado à mesa resultará em menor consumo mundial de fruta in natura. Nos países desenvolvidos existe uma tendência de substituição do consumo de fruta in natura para suco de laranja pronto para beber, principalmente o NFC. Há uma tendência de manutenção das barreiras nos EUA, União Européia e Japão, e lançamento de produtos populares, substituindo carbonatados, na parcela de menor renda. 4.2 - Custo de Produção Agrícola A produção agrícola de citros envolve um conjunto de atividades, técnicas de manejo e necessidade de insumos, cuja quantidade, freqüência e rendimento podem variar consideravelmente de um lugar para outro. Esta variação decorre da adequação do manejo de produção às características edafo-climáticos e as exigências sanitárias de cada local. 23 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Os componentes do processo produtivo, nos níveis requeridos para o desenvolvimento dos pomares no estado de São Paulo, tanto para a citricultura não irrigada (denominada pela sigla SP S/I), quanto para a citricultura irrigada (denominada pela sigla SP C/I), foram transformados em seus correspondentes monetários estimados. Para estimar os custos de formação e de produção da cultura de laranja destinada à indústria em cada um dos cenários (quadro 4.5.), foram estruturadas planilhas que utilizam fatores de produção divididos em dois grupos denominados “Custo Operacional” e “Investimentos”, conforme demonstrado na ilustração abaixo. Quadro 4.5. - Estrutura das Planilhas de Processamento CUSTO OPERACIONAL 1. Insumos Corretivos e Fertilizantes Defensivos Insumos Gerais 2. Operações mecanizadas Preparo do Solo Implementação Tratos Culturais Tratos Fitossanitários Corretivos e Fertilizantes Gerais 3. Mão-de-obra Preparo do Solo Implementação Tratos Culturais Tratos Fitossanitários Corretivos e Fertilizantes Irrigação Colheita 4. Despesas Administrativas e Gerais INVESTIMENTOS 5. Investimentos em irrigação e drenagens 6. Despesas não operacionais e investimentos RESULTADOS Custo por hectare, por caixa, por sólidos solúveis, receita e resultado econômico. A ilustração a seguir, no quadro 4.6., representa a estrutura do sistema utilizado para estimar o custo da produção agrícola. 24 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Quadro 4.6. - Representação do Sistema Para Cálculo do Custo de Produção Agrícola Variedade Produtividade Máquinas SÃO PAULO NÃO IRRIGADO SÃO PAULO IRRIGADO Mão de Obra Insumos Quantidade Rendimento Freqüência Custo de Produção Custo de Produção Consolidado Quantidade Rendimento Freqüência Custo de Produção Custo de Produção Consolidado Análise Comparativa Gráficos Premissas Fonte: Elaborado pelo PENSA. A entrada de dados ocorre nas planilhas representadas na ilustração pela cor verde. Estes dados alimentam todas as outras planilhas e são compostos de valores e cálculos objetivando a composição de custos dos seguintes recursos: máquinas, insumos, implementos agrícolas e mão-de-obra. Para processamento dos dois cenários foram construídas planilhas que informam (1) a quantidade dos fatores de produção requeridos, (2) o rendimento das atividades dos fatores de produção e (3) a freqüência que é empregada. O custo operacional total é composto por todos os custos ligados diretamente ao processo produtivo, tais como insumos (corretivos e fertilizantes, defensivos agrícola, mudas, energia e tarifa de água), mão-de-obra e máquinas, acrescidos das despesas gerais e administrativas. Gráfico 4.7. - Custo Operacional para Produção de Citros, em Reais, por Hectare Custo Operacional para Produção de Citros em R$, por hectare, do 4º ao 20º ano 4.767 R$ 5.000 Valor Total R$ 4.000 487 3.641 402 R$ 3.000 847 179 R$ 2.000 559 5 R$ 1.000 COLHEITA 1.341 MÃO-DE-OBRA (sem colheita) 187 OPERAÇÕES MECANIZADAS 559 294 1.092 1.092 557 DESPESAS ADM./GERAIS 807 INSUMOS: Água e Energia INSUMOS: Defensivos INSUMOS: Fertilizantes e corretivos R$ 0 SP S/I SP C/I Fonte: Elaborado pelo PENSA Nota-se no gráfico acima (gráfico 4.7.) que o custo operacional por hectare para o cenário de São Paulo não irrigado (SP S/I) é o mais baixo. Essa diferença ocorre, basicamente, por três fatores: 25 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1. Inexistência dos custos de energia elétrica e de água para irrigação16; 2. Custo de colheita inferior: em função de uma produção menor, principalmente, decorrente da não utilização da irrigação; 3. Despesa geral e administrativa inferior: também em função de uma produção menor, gerando imposto FUNRURAL menor. Quando comparado o custo operacional de produção por caixa (40,8 kg), o resultado se altera para o cenário SP S/I, que, apesar de ter o menor custo por hectare passa a ter o maior custo por caixa, conforme demonstrado no Gráfico abaixo. Tal fato ocorre em função da menor produtividade esperada para esse cenário. Gráfico 4.8. - Custo Operacional para Produção de Citros, em Reais, por Caixa de 40,8 Kg Custo Operacional para Produção de Citros em R$, por caixa (40,8 kg), do 4º ao 20º ano COLHEITA R$ 6 5,16 R$ 5 R$ 4 DESPESAS ADM./GERAIS 0,57 Valor Total 4,27 MÃO-DE-OBRA (sem colheita) 1,20 0,44 OPERAÇÕES MECANIZADAS 0,25 1,20 INSUMOS: Mudas, Água e Energia R$ 3 0,79 0,01 R$ 2 0,17 0,50 0,26 1,55 0,98 R$ 1 0,79 0,72 SP S/I SP C/I INSUMOS: Defensivos INSUMOS: Fertilizantes e corretivos R$ 0 Fonte: Elaborado pelo PENSA. Nota-se no Gráfico 4.8. que a composição do custo operacional total para o cenário SP C/I é mais baixa, com um custo estimado de R$4,27 por caixa, tendo SP S/I um custo de R$5,16. Quando analisado o custo por Sólidos Solúveis Totais (SSL), conforme o Gráfico 4.9., nota-se que o cenário SP S/I com custo de R$ 1,97 é menor que o de SP C/I, no valor de R$2,00 por quilo. 16 Embora não tenha sido contemplado o custo da água para o cenário SP C/I, a expectativa é que em 2010 será iniciada a cobrança deste recurso utilizado para irrigação em agricultura. O Projeto de Lei nº 676/00, que estabelece a cobrança pelo uso da água feito por empresas de abastecimento, indústrias e setor agrícola, foi aprovado pela Assembléia Legislativa paulista em 12 de dezembro de 2005 (http://www.socioambiental.org). 26 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Gráfico 4.9. - Custo Operacional para Produção de Citros, em Reais, por Quilo de SSL Custo Operacional para Produção de Citros DESPESAS ADM./GERAIS em R$, por kg de Sólido Solúvel do 4º ao 20º ano Valor Total R$ 2,50 COLHEITA 1,97 2,00 0,22 0,20 MÃO-DE-OBRA (sem colheita) 0,46 0,56 OPERAÇÕES MECANIZADAS R$ 2,00 R$ 1,50 R$ 1,00 R$ 0,50 0,10 0,08 0,30 0,00 0,24 0,59 0,46 INSUMOS: Mudas, Água e Energia 0,12 0,30 0,34 SP S/I SP C/I INSUMOS: Defensivos INSUMOS: Fertilizantes e corretivos R$ 0,00 Fonte: Elaborado pelo PENSA. O valor dos investimentos é composto pela depreciação dos investimentos iniciais, tais como os destinados à irrigação (aquisição de equipamentos, construção civil e construção de canaletas) e investimentos da fase de formação do pomar contemplados para ambos os cenários, conforme apresentados no gráfico 4.10. Gráfico 4.10. - Valor dos Investimentos e Despesas Não-Operacionais, em Reais por Hectare Valor dos Investimentos e Despesas Não Operacionais em R$, por hectare, do 4º ao 20º ano INVESTIMENTO: Na fase de implementação da lavoura R$ 1.000 VALOR TOTAL 794 R$ 500 500 579 INVESTIMENTO: Benfeitorias p/ irrigação INVESTIMENTO: Material de irrigação INVESTIMENTO: Drenos subterrâneo (micro) 500 55 160 R$ 0 SP S/I - INVESTIMENTO: Drenos coletores (macro) SP C/I Fonte: Elaborado pelo PENSA. Quando analisada a composição das despesas não operacionais por caixa, como é demonstrado no gráfico abaixo, o de número 4.5, o cenário SP S/I apresenta custo semelhante ao do SP C/I, sendo de R$ 0,71. 27 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Gráfico 4.11. - Valor dos Investimentos e Despesas Não-Operacionais, em Reais por Caixa Valor dos Investimentos e Despesas Não Operacionais em R$, por caixa (40,8 kg), do 4º ao 20º ano R$ 1 VALOR TOTAL INVESTIMENTO: Na fase de implementação da lavoura 0,71 INVESTIMENTO: Benfeitorias p/ irrigação 0,71 INVESTIMENTO: Material de irrigação R$ 1 0,52 0,71 INVESTIMENTO: Drenos subterrâneo (micro) 0,05 INVESTIMENTO: Drenos coletores (macro) 0,14 R$ 0 SP C/I SP S/I Fonte: Elaborado pelo PENSA. Ao se analisar o valor dos investimentos por Sólidos Solúveis (SSL), como é demonstrado no Gráfico de número 4.11., o cenário SP C/I apresenta o custo mais elevado com cerca de R$ 0,33, o cenário SP S/I apresenta R$ 0,27. Gráfico 4.12. - Valor dos Investimentos e Despesas Não-Operacionais, em Reais por SSL Valor dos Investimentos e Despesas Não Operacionais em R$, por kg de Sólido Solúvel 4º ao 20º ano INVESTIMENTO: Na fase de implementação da lavoura R$ 0,50 VALOR TOTAL INVESTIMENTO: Benfeitorias p/ irrigação 0,33 0,27 INVESTIMENTO: Material de irrigação 0,24 INVESTIMENTO: Drenos subterrâneo (micro) 0,27 0,02 0,07 R$ 0,00 SP S/I INVESTIMENTO: Drenos coletores (macro) SP C/I Fonte: Elaborado pelo PENSA. A seguir, mostra-se o custo de formação agrícola dos pomares até o 3º ano para todos os cenários estudados. No Gráfico 4.12., são revelados os custos operacionais de formação dos pomares até o 3º ano. O elevado custo de insumos no 1º ano para os dois cenários decorre da aquisição 28 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) de mudas para a formação do pomar na ordem de 500 por hectare. Mesmo não considerando as mudas, a conta de insumos ainda permanece a mais expressiva. Seguido da conta de pessoal em função da grande demanda desse recurso na fase de implementação dos pomares. Nota-se que o total do custo operacional por hectare para a formação do pomar perfaz R$ 10.310 no SP C/I e R$ 8.796 no SP S/I. Gráfico 4.13. - Custo Operacional de Formação do 1º ao 3º ano em Reais por Hectare Custo de Formação de Citros em Reais, por hectare, do ano 1 ao 3 São Paulo Não Irrigado São Paulo Irrigado Total: 8.796 5.000 Total: 10.310 256 480 256 472 4.000 DESPESAS ADM./GERAIS 829 829 3.000 MÃO-DE-OBRA 336 256 208 678 520 571 1.433 1.388 ANO 2 ANO 3 306 2.000 2.966 256 201 499 520 571 1.012 908 ANO 2 ANO 3 1.000 3.355 OPERAÇÕES MECANIZADAS INSUMOS (incluindo mudas) ANO 1 ANO 1 Fonte: Elaborado pelo PENSA Os dois gráficos abaixo tratam de produtividade. O Gráfico 4.14. apresenta a produtividade esperada dos cenários, contemplando as diversidades encontradas e as técnicas de manejo a serem adotadas em cada um. Gráfico 4.14. - Produtividade Esperada, em Mil Caixas por Hectare Produtividade - Qtde de Caixas por Hectare (em milhares) 1,35 1,35 1,28 1,28 1,28 1,28 1,28 1,28 1,18 1,18 1,08 0,97 0,85 0,85 0,82 0,75 0,63 1,01 0,92 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,75 0,61 0,80 0,68 0,64 0,52 0,58 0,51 0,39 0,40 0,24 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º SP NÃO IRRIGADO 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º SP IRRIGADO Fonte: Elaborado pelo PENSA. 29 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) A produtividade de sólidos solúveis totais por hectare refere-se ao valor do rendimento de sólido solúvel por caixa (kg de Sólido Solúvel/Caixa) multiplicado pela quantidade de caixas produzidas por hectare (caixa/hectare), conforme se demonstra no gráfico 4.15. a seguir. Gráfico 4.15. - Produção de Sólidos Solúveis Totais por Hectare Rendimento - Produção de Sólido Solúvel por Hectare (em toneladas) 4,00 3,00 2,89 2,89 2,74 2,74 2,74 2,74 2,74 2,74 2,52 2,51 2,25 2,25 2,00 2,04 1,97 1,74 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14 2,14 2,28 1,95 1,59 1,78 2,13 1,66 1,35 1,36 1,00 1,95 1,52 1,69 1,32 0,821,05 0,64 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º SP NÃO IRRIGADO 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º SP IRRIGADO Fonte: Elaborado pelo PENSA. 5 - PROBLEMAS E PRINCIPAIS AMEAÇAS A CITRICULTURA Este capítulo retrata os problemas e as principais ameaças para a citricultura em seis dimensões principais, que serão denominadas ambientes. São eles: o político-legal (institucional), o econômico (consumo), o natural, o sócio-cultural, o tecnológico e o organizacional. Ambiente Institucional Com relação ao ambiente institucional, detectamos os seguintes problemas: 1) pressão do Ministério Público no que tange às leis trabalhistas; 2) práticas de proteções de fronteira (tarifárias e não-tarifárias) em diversos países; 3) aumento do índice de pragas, o que contribui para maior quantidade e freqüência na aplicação de defensivos agrícolas; 4) aumento do controle e fiscalização dos órgãos de defesa da concorrência tendo como foco a indústria de suco de laranja (em janeiro, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça realizou a apreensão de documentos em cinco companhias importantes, sob a alegação de formação de cartel e manipulação de preços); 30 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 5) carga tributária carregada ao longo de toda a cadeia citrícola, o que eleva significativamente os custos de produção; 6) legislação inadequada para a classificação de tipos de bebidas; 7) dificuldade de aumento das exportações de frutas frescas brasileiras, gerada por barreiras sanitárias em decorrência de problemas no Estado de São Paulo; 8) acordo comercial recente entre EUA e China para a importação de fruta fresca e suco. Procurou-se aqui elencar as seguintes ameaças correspondentes, pela ordem apresentada acima: 1) aumento do custo de pessoal; 2) manutenção e aumento de barreiras tarifárias (antidumping); 3) barreira fitossanitária de resíduos de defensivos no suco; 4) alegação de formação de cartel pela Secretaria de Direito Econômico; 5) perda de competitividade no mercado internacional; 6) competição desleal (ex. néctar posicionado na mente do consumidor como suco); 7) perda de oportunidade de venda da fruta in natura no mercado internacional; 8) perda de market share. Como potencial de risco relacionado ao segundo e terceiro problemas, cita-se o embargo ao suco brasileiro na Comunidade Européia, agravado pela imagem negativa das empresas relacionada com o aumento do uso de defensivos agrícolas para conter as pragas. Por fim, cabe mencionar como risco potencial a perda de participação de mercado em benefício de players internacionais em função da elevada carga tributária que afeta as empresas nacionais. Ambiente Econômico Na esfera econômica, os principais problemas são: 1) aumento do consumo e da movimentação de private label (marcas-próprias) diante do aumento do poder do varejista. O segmento de produtos de preços médios e sem diferenciação sofrem cada vez mais pressão com tendência de perda de mercado para produtos premium e marcas próprias, conforme demonstrado no gráfico 5.1.; Gráfico 5.1. - Dinâmica de mercados entre produtos premium, similares e de marcas próprias Fonte: REINHARDT, A. Mercado Latino-Americano de Bebidas: Oportunidades para Inovação, 2006. 2) Estagnação da exportação de frutas frescas no Brasil; 3) concorrência com outras culturas, tais como cana-de-açúcar e eucalipto; 31 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 4) freqüente comparação entre o suco de laranja industrializado e o caseiro. Nesse caso, o problema é que o sabor de referência do consumidor é um produto adocicado, dificilmente obtido pelo suco industrializado; 5) a demanda brasileira por sucos prontos ainda é pequena quando comparada aos refrigerantes, refresco em pó e água mineral. Outro problema é que o preço elevado do suco incentiva a entrada de novos competidores. Nesse caso, a eventual ameaça é que uma maior oferta de suco resultará em redução de margens. O risco potencial é que o preço elevado pode reduzir o consumo do suco, substituindo-o por outras bebidas. Consideram-se eventuais ameaças futuras correspondentes a estes problemas as seguintes: 1) redução e corrosão das margens de lucro; 2) perda de oportunidade de ampliação de mercado; 3) perda de competitividade da cadeia citrícola; 4) perda de market share. O potencial de risco, no primeiro caso, é de redução das margens dos envasadores, e, no segundo, um alto grau de dependência da indústria processadora. Outras possíveis ameaças futuras: baixa rentabilidade das indústrias; investimento de marketing tímido versus importância da categoria; ociosidade da capacidade instalada; mercado jovem, porém com alguns casos de fracasso; bebidas à base de soja cresceram mais de 57% ao ano entre 1995 e 2005, atingindo 158 milhões de litros (Tetra Pak). Na produção de laranjas, verifica-se a alta dependência de fertilizantes importados, o que significa um risco potencial no preço do produto final. Ambiente Natural Um dos principais riscos eventuais nesta dimensão natural é o avanço de novas pragas e doenças. Estas são capazes de causar danos irreversíveis nas plantas, ameaçando a quantidade e a qualidade das frutas cítricas e podendo levar à erradicação completa do pomar, configurando risco potencial de inviabilidade técnica e econômica da produção. Ambiente Sócio-Cultural A principal ameaça no futuro pode ser o consumo de produtos mais saudáveis e menos calóricos, gerando o risco potencial de produtos substitutos. Ambiente Tecnológico Vemos dois problemas principais com relação à tecnologia: 1) alto custo de implantação de um sistema de irrigação; 2) um pomar que não recebe os tratos necessários pode comprometer a próxima safra e o ativo da âncora agrícola. A disponibilidade de tecnologia “fácil” pode ser uma ameaça, pois reduz barreiras à entrada no mercado, atraindo inúmeros players. Ambiente Organizacional Nas entrevistas, obteve-se 16 questões relacionadas com o ambiente organizacional na citricultura: 1) grande volatilidade de preços na cadeia produtiva, dificultando o planejamento; 2) cultura do oportunismo comportamental; 3) ocorrência de concentração do mercado de insumos em poucas empresas; 4) conscientização ainda insuficiente dos produtores sobre importância dos insumos como fonte de redução de custos e melhoria da qualidade da produção; 5) aumento dos custos de produção e redução da remuneração dos produtores; 6) venda spot (venda de refugos e sobras), entre produtor e indústria, praticada principalmente por packing houses; 32 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 7) falta de expertise comercial em muitos produtores (senso de oportunidade e capacidade de negociação dos produtores); 8) estrutura industrial do suco de laranja caracterizada por um oligopólio (poucos exportadores) e, simultaneamente, por um oligopsônio (considerando-se essas indústrias como compradoras de matérias-primas); 9) relacionamento conflituoso de longa data entre parte dos fornecedores e indústria processadora; 10) fraco ambiente institucional e organizacional regendo as atividades do setor citrícola; o padrão competitivo dos agentes induz a elevada informalidade e a execução de ações desleais e individuais, como o não-cumprimento de contratos de compra e venda de frutas; 11) packing houses dimensionadas para atender uma demanda nacional exigente em preço (baixa renda do consumidor), não em qualidade; 12) administração ineficiente dos produtores agrícolas; 13) imagem arranhada da indústria pelas acusações de formação de cartel, que pode ter impactos nas exportações, se afetar os importadores; 14) mecanismo de preço que estimula pools e grandes grupos e traz mais dificuldades ao pequeno produtor; 15) dificuldade de aferir o real valor da venda do suco para pagar o preço final nos contratos específicos de remuneração variável (cana é mais transparente) e para contribuir com o FUNDECITRUS; 16) dificuldade de apurar o rendimento da fruta na recepção da mesma pelas indústrias (cana também é mais transparente). No caso da grande volatilidade da cadeia, a ameaça futura é a perda de competitividade. Com relação à cultura do oportunismo comportamental, a ameaça é a dificuldade para estabelecer ações de médio e longo prazo entre os agentes. Disso decorre o risco de se ter um elevado custo de transação. Consideram-se como ameaças também, a falta de capacitação dos produtores sobre a importância dos insumos para reduzir custos. Além disso, constituem ameaças as falhas na divulgação e na comunicação em geral. Já a administração ineficiente dos produtores agrícolas pode comprometer a manutenção das propriedades. Outros Problemas No que se refere aos insumos, um dos problemas verificados é que estes representam 60% do custo total da produção citrícola. Há também a ineficiência operacional da cadeia, principalmente da produção agrícola. Uma ameaça relacionada com essa ineficiência é a redução da competitividade da cadeia citrícola brasileira e conseqüente redução das margens. Também constitui ameaça para o setor a maior pressão dos produtores por melhores preços. 6 – OPORTUNIDADES FUTURAS DE CRESCIMENTO Para elaborar a agenda para o crescimento sustentável da laranja no Brasil (capítulo 7), faz-se necessário detalhar as oportunidades, em termos de um cenário geral, uma matriz de crescimento e finalmente, sugestões para mecanismos de coordenação entre produtor e indústria. Abaixo foram destacadas algumas oportunidades que podem beneficiar o sistema agroindustrial citrícola brasileiro. Esses pontos irão favorecer a manutenção dos mercados tradicionais e também a conquista de novos mercados de suco concentrado. Fatores externos, como eventos climáticos na Flórida (furacões, alagamentos e geadas) e pressão imobiliária fazem com que a Flórida apresente um quadro de declínio na produção e participação mundial. Já se fala em uma produção de equilíbrio na Florida de 150 milhões de caixas. Avanços em acordos bilaterais e ações diplomáticas que visam reduzir tarifas e barreiras comerciais e fitossanitárias aos produtos brasileiros podem abrir oportunidades para uma inserção ainda maior do Brasil. 33 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) QUADRO 6.1. – Tarifas Incidentes sobre o Suco de Laranja – Principais Países País Tarifa consolidada Ad valorem Específica (%) Produto Tarifa aplicada Ad valorem Específica (%) Suco de laranja 15,2 congelado Suco de laranja 12,2 Suco de laranja Estados 7.85¢/liter 38.91 7.85¢/liter congelado Unidos Suco de laranja 4.5¢/liter 10.21 4.5¢/liter Suco de laranja 25,5 Japão congelado Suco de laranja Suco de laranja 54 Coréia congelado Suco de laranja Suco de laranja 7.5 China congelado Suco de laranja 30 Suco de laranja 24 Austrália congelado Suco de laranja Suco de laranja 1,9 Canadá congelado Suco de laranja Suco de laranja 14.00 Fr./100 14.00 Fr./100 Suíça congelado kg bruto 7.91 kg bruto Suco de laranja Fonte: Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) 15,2 União Européia 12,2 38.91 10.21 25,5 54 7.5 30 5 1,9 7.91 Inovação na distribuição para o varejo, explorando novos canais de comercialização, ações comerciais e mercadológicas de divulgação e inovação de produtos. O potencial existente na América Latina para o consumo de bebidas em geral foi estimado em 216 bilhões de litros/ano (388 litros/habitante/ano) e há grande espaço para o suco ganhar mercado em cima dos refrigerantes carbonatados. O gráfico 6.1 mostra o tamanho da desproporção (consumo de refrigerantes em detrimento de sucos), o que indica importante espaço para crescimento. Gráfico 6.2. – Consumo Total de Bebidas no Brasil, em milhões de litros e per Capita M ilhõ es de Litro s 13.000 12 .2 0 9 200 9 .7 18 6.500 Litro s/Capita 67 53 8 .4 7 0 7 .7 5 0 5 .0 3 6 47 40 28 100 4 .4 0 3 24 0 3 .0 0 5 16 1.13 3 6 700 4 3 10 2 115 1 0 Fonte: LPanel, Datamark, Nielsen, Tetra Park, 2005 Figura 6.3. – Exemplo de Produto Popular para Combate a Refrigerantes na 34 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Inglaterra, destinado á classes C e D, principalmente. Fonte: foto Prof. Marcos Fava Neves Tendência dos consumidores em associar o suco às vantagens qualitativas de se consumir a fruta in natura, fato positivo para desenvolvimento da imagem de produto saudável. Crescente aumento das bebidas que possuem na sua composição o mix de sucos. Crescente tendência das indústrias na elaboração de bebidas funcionais a partir do suco de laranja com forte apelo medicinal e de bem-estar. Consumo crescente dos sucos prontos para beber. A figura 6.2 ilustra o enorme desenvolvimento do mercado de bebidas no Brasil. Observase também que longo caminho existe a ser percorrido no mercado interno com relação à segmentação e diferenciação, basta ver pelas ofertas da Tropicana/Pepsi no mercado americano (Figura 6.4.). Figura 6.4. – Categorias de Bebidas no Brasil, em 1990 e em 2006 Fonte: Axel Reinhardt – Döhler América Latina 35 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Figura 6.5. – Exemplos de Segmentação, Diferenciação e Posicionamento nos EUA Fonte: Axel Reinhardt – Döhler América Latina 36 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Quadro Resumo – Matriz de Possibilidades de Crescimento para a Laranja (Aplicação de Matriz Ansoff para Citrus) Mercados Atuais Aumentar market share, ocupando mercado que deixou de ser abastecido pela produção da Flórida. Produtos Atuais Realizar investimentos para comercialização da fruta in natura no mercado interno e na comercialização dos sucos “Prontos para Beber” Novos Mercados Estabelecer parcerias internacionais com redes atacadistas e varejistas para distribuição de suco de fruta, alcançando os países em que estes distribuidores operam. Intensificar o mercado de NFC tanto no Brasil como no exterior. Aproveitar a presença de varejistas internacionais no Brasil e exportar através deles, seguindo exemplos como Grendene (calçados), Teka (toalhas de banho), Tramontina (utensílios de cozinha), Sadia (carne de frango), entre outros. Desenvolver negócios de distribuição com marca própria do distribuidor, devido ao seu crescimento. Ampliar esforços para crescer em novos mercados, tais como Ásia, Leste Europeu, Oriente Médio e América Latina. Incrementar exportações de fruta in natura. Desenvolver novos sucos (soft drink) aproveitando o mix de frutas existente no Brasil; Desenvolver misturas, refrescos e néctares a base de suco de laranja para segmentos das classes C e D. Novos Produtos Mistura de sucos com outros produtos tais como bebidas a base de soja (share de 75% segundo Nielsen) e iogurtes. Novos sucos ligados a conceitos ecológicos e sociais; Composto orgânico, ao invés de pellets, para alimentação. Envolver e valorizar, no plano de comunicação, os aspectos sociais na produção de citros. Entrada no mercado de Fair Trade oferecendo um produto com qualidade técnica, ambiental e social. Entrada no mercado de produtos com indicação geográfica, seja Identificação de Procedência ou Denominação de Origem. 37 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 7 – APROVEITANDO AS OPORTUNIDADES: AGENDA 2015 PARA CRESCIMENTO EM VOLUME E VALOR CAPTURADO PELA CADEIA A agenda 2015 para a laranja foi baseada na utilização do Método GECAd17, que aplicado a citricultura, contempla ações em 6 dimensões. Dimensão produção de frutas, comunicação de marketing, inovação pesquisa e desenvolvimento, institucional, coordenação e canais de distribuição. Agenda 2015 Comunicação de Marketing Produção de Laranja Inovação Pesquisa e Desenvolvimento Canais de Distribuição Dimensão Institucional Coordenação 37 7.1 – Agenda 2015 da Coordenação e Contratos do Setor Citrícola A única solução duradoura para os atuais problemas de crescimento da cadeia produtiva da laranja encontra-se na melhoria dos relacionamentos e da sua capacidade de coordenação. Curiosamente, o setor tem sido pródigo em desenvolver formas organizacionais alternativas. Cerca de 20% da laranja é vendida para consumo in natura e 80% para industrialização. Estima-se que as próprias indústrias produzam cerca de 20 a 30% da laranja nacional, 10 a 20% é processada por grupos de produtores via arrendamento industrial ("toll processing"), 30% são comercializados por meio de contratos de médio e longo prazo e outros 20% a 30% são vendidos no mercado spot. Portanto, é nos 20% a 30% do mercado spot que reside a maior parte da confusão e do ruído no relacionamento entre indústria e produtor. Há grande proliferação de novos formatos contratuais: preço fixo, preço mínimo com gatilhos baseados na variação do preço internacional, parcerias com empresas de insumos, pagamento via porcentagem de produção, financiamento via compra 17 Método desenvolvido pelo Prof. Marcos Fava Neves para Planejamento e Gestão Estratégica de Cadeias Produtivas. Para maiores informações consultar o site www.fearp.usp.br/fava 38 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) antecipada da fruta e outros. Cultura perene, implantação custosa, colheita e transporte difícil e alta perecibilidade dos frutos são fatores que exigem o desenho de contratos complexos, ao contrário da soja e da pecuária de corte, onde o mercado spot resolve quase todos os problemas. A crescente heterogeneidade de produtores e indústrias tem, lamentavelmente, gerado problemas de representatividade. Na produção, os níveis de investimento, custos e comprometimento dos citricultores são cada vez mais distintos. Enquanto alguns estão apenas esperando o melhor momento para abandonar a atividade (o crescimento da cana-de-açúcar está aí para provar isso), outros estão fazendo o possível e o impossível para evitar a entrada de pragas e doenças. Só que, infelizmente, a displicência de uns pode custar a cabeça de todos. É fundamental estabelecer regras rígidas de incentivo e punição na área fitossanitária e melhorar a capacidade de fiscalização e indenização. O governo precisa ser mais ágil e efetivo no seu papel regulador. O sucesso do combate a pragas e doenças depende de linhas de financiamento para erradicar pomares contaminados e de mandatos para fazer cumprir as regras rapidamente. O setor privado deve fortalecer o Fundecitrus (iniciativa que se tornou modelo no mundo) com financiamento amplo e transparente e representatividade de produtores e indústrias. Na indústria, a saída de empresas da Abecitrus (associação que representa o setor no exterior), em 2005, demonstra um crescente questionamento sobre a empresa líder. A crise atual é uma oportunidade para mudanças comportamentais. A incontestável modernidade tecnológica da citricultura brasileira deve ser seguida por uma melhoria dos relacionamentos na cadeia produtiva de forma a reduzir conflitos e custos de transação com parcerias do tipo ganha-ganha. É hora de estudar seriamente a possibilidade de introduzir um modelo de "contrato padrão", modelo este básico, com regras mínimas e transparentes de auto-regulação a serem seguidas por indústrias e produtores permitindo daí os ajustes para cada transação, com base nas variações de tamanho, distância, qualidade e uma série de outras variáveis. No fim dos anos 90, o CADE proibiu esse mecanismo na laranja. Há também uma oportunidade para rever os mecanismos de formação de preços, a exemplo da experiência da cana-de-açúcar (Consecana). Não há dúvida que a produção própria da indústria e o mercado spot vão continuar existindo. Parece-nos, no entanto, muito mais racional para o setor trabalhar no aprimoramento de contratos de longo prazo que reduzam os comportamentos oportunistas e o risco da volatilidade dos preços ao produtor no mercado spot. A agenda do setor envolve, portanto, temas como: maior transparência dos preços internos (laranja-indústria) e externos (mercados dos EUA e Europa), a questão da compra por peso ou por sólidos solúveis, as ações para fortalecer a representatividade e o diálogo racional entre produtores e indústrias, a elaboração de estudos organizacionais e a coordenação sistêmica dos agentes para combater o protecionismo internacional. Com base nas entrevistas realizadas, este estudo aporta as seguintes sugestões: • Unificar organizações horizontais (de produtores, de indústrias). Cada elo teria uma organização setorial, com participação obrigatória, que o representaria na organização vertical. Participariam produtores, indústrias e facilitadores (logística, concessionárias, embalagens e outros). Sugere-se que a organização “Laranja Brasil” (www.laranjabrasil.com.br), já existente, possa tornar-se esta organização vertical. Esta organização não deve ter o formato reivindicatório de uma Câmara Setorial tradicional e, sim, ser integralmente gerida pelo setor privado, com disponibilidade de recursos e agilidade. Representantes de órgãos governamentais estaduais e federais seriam convidados a participar do processo. 39 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) • Esta organização vertical teria um financiamento obrigatório envolvendo toda a cadeia, por meio de recursos próprios e alguma contrapartida do Governo. Um exemplo de longo prazo a ser seguido seria o da organização da cadeia do leite nos EUA, que já arrecada quase US$ 400 milhões por ano (ver gotmilk.com). • O Fundecitrus, bem como outros órgãos de pesquisa se reuniriam no braço pesquisa/defesa sanitária desta grande organização vertical, para que possam unificar os esforços de pesquisas, defesa, orçamentos e aportes. Aqui existe uma complicação adicional, já que os institutos e órgãos de pesquisa pertencem a áreas diferentes do Estado e do setor privado, Fundações, etc.; • Um dos objetivos da organização seria oferecer modelos alternativos para contratos e arbitragens entre produtores e indústrias, a exemplo do CONSECANA. Este seria o braço contratos e arbitragem da organização vertical; • Além disso, poderia se contar com um sistema de divulgação de dados sistematizados de mercado (preços internos de laranja de mesa e indústria, preços externos) e de produção. Este seria o braço inteligência da organização, que poderia estar baseado em uma Universidade ou em institutos de pesquisa econômica. Especificamente sobre o tema dos CONTRATOS: • A idéia central é elaborar um modelo padrão para contratos de longo prazo entre a indústria e os produtores atrelados a indicadores transparentes como: pisos de custos e de qualidade do produto, subprodutos, preços internacionais, desempenhos e coeficientes agrícolas e industriais, etc. O mecanismo de remuneração seria baseado fortemente em um piso transparente de custos e/ou em alguma forma de proporcionalidade ao preço de venda do suco nos mercados internacionais (média dos preços pagos pelo FCOJ nos envasadores dos principais mercados); • Seria igualmente criado um sistema de pagamento de prêmios (adicionais ou descontos de preços) no formato de um mecanismo de incentivo privado para a qualidade da produção. Critérios como, pagamentos por sólidos solúveis, qualidade e defeito do fruto seriam desenvolvidos e aplicados de forma transparente; • A associação vertical poderá assumir também o papel de servir como uma câmara de arbitragem. 7.2 – Agenda da Produção • Plantar e renovar pomares utilizando alta tecnologia para reduzir custos; • Desenvolver linhas de financiamento customizadas para revitalização da citricultura; • Implementar sistema para controle de qualidade, que envolve certificação, rastreabilidade, padronização e segurança do alimento, contemplando aspectos relacionados ao LMR (Limite Máximo de Resíduos); • Diversificação regional: expansão para novas áreas e novos estados (Pólo Petrolina Juazeiro), com alta tecnologia e inclusão social. Recentes estudos conduzidos pelo PENSA mostraram a viabilidade de produção de suco no PPJ; 40 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) • Cuidar da sustentabilidade ambiental e certificações (orgânicos, selos de conformidade, entre outros); 7.3 – Agenda da Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento • Reestruturar as organizações que oferecem atividades de extensão, priorizando a disseminação de novas tecnologias, ao contrário das atividades de caráter mais imediatista, como as que visam o combate de doenças já instaladas; • Oportunidades de montagem de redes de inovação e pesquisa nacionais e internacionais fundindo organizações para eliminar duplicidades; • Investir em pesquisa para variedade de planta mais resistente a pragas e doenças, e variedades que permitam colheita o ano todo, utilizando a biotecnologia; • Desenvolver sucos para as classes C, D, E que atendam a requisitos de sabor, praticidade e preço para combater os refrigerantes; • Desenvolver processos de produção do suco que aproxime o sabor do suco industrializado ao sabor do suco caseiro (a exemplo do NFC); • Desenvolver novos produtos, adicionando ao suco de laranja produtos como chás, vitaminas, fibras, minerais, fitosterol, ervas, adoçantes com baixa caloria, probióticos, elementos traços (Cobre e Zinco), e redução de calorias; • Desenvolvimento de embalagens atraentes; • Desenvolvimento de eletrodomésticos que facilitem o consumo da fruta in natura, tais como descascadores e espremedores mais modernos, a exemplo das cafeteiras elétricas; 7.4 – Agenda da Comunicação de Marketing • Realizar um amplo plano de marketing, utilizando uma estratégia de incentivo ao consumo e criação de padrões de qualidade elevados, dando respaldo à laranja brasileira e seus derivados na adequação internacional (seria o braço marketing da organização vertical); • Disseminar informações sobre a qualidade nutricional da laranja, associando a laranja/suco com saúde, função social e ambiental; • Explorar e divulgar melhor as características de cada tipo de laranja e suco; Resgatar a laranja de mesa em função do apelo à saúde. • Esclarecer sobre as diferenças entre sucos, refrescos, néctares e bebidas mistas. • Incentivar o consumo em escolas e nas crianças, criar mascote (personagem), apelo infanto-juvenil; • Desenvolver campanhas específicas para os médicos a fim de informar os benefícios dos produtos à saúde; • Vincular a imagem da laranja à economia do Estado, seja em portais nas principais estradas. Estas informações visam dizer ao mercado quanto a laranja contribui para impostos, desenvolvimento, levando as pessoas a terem uma 41 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) imagem melhor do setor, podendo se traduzir em maior consumo de seus produtos. 7.5 – Agenda Institucional e Ação Coletiva • Regulamentação do uso de defensivos, redução da lista de princípios ativos, evitando que princípios ativos essenciais para a citricultura sejam proibidos (seria o braço regulamentação da organização vertical); • Fortalecer as relações políticas entre o governo e os profissionais do setor. Lobby por simplificação e, se possível, redução de tributos. • Criar uma associação de exportadores de frutas frescas contribuindo para o aumento das exportações brasileiras e superação de algumas barreiras. • Estabelecer acordos bilaterais e regionais com outros países, proporcionando melhores condições comerciais e, conseqüentemente maior competitividade para a laranja brasileira. • Fortalecer a área de estudos e inteligência visando combater barreiras é desenvolver uma estratégia permanente de política comercial e negociações internacionais. 7.6 – Agenda 2015 dos Canais de Distribuição • Desenvolver novos canais de distribuição: cantinas, creches, postos, quiosques temáticos, academias, degustação; e padronizar a exposição da laranja de maneira valorizada; • Desenvolver mercado de empresas que atuam em refeições coletivas e o foodservice; • Distribuir internacionalmente por meio das grandes redes varejistas também são canais para o desenvolvimento, colocando diretamente os produtos nas marcaspróprias destas redes; • Desenvolver novos mercados promissores tais como leste Europeu e Ásia; • Montar casas de sucos, laboratório de consumidores (Starbucks) 42 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Comentários Finais Orgulho do agronegócio brasileiro pela tecnologia e liderança mundial absoluta, o potencial da citricultura brasileira é extraordinário, principalmente se levadas em conta as crescentes dificuldades na Flórida (furacões, explosão imobiliária e doenças). A citricultura sempre foi uma cadeia produtiva de sucesso exemplar. Sua história, aqui detalhada, mostra isto com clareza. O principal problema da citricultura é de natureza organizacional. É nesta área que se precisa inovar e ter coragem para mudar paradigmas. O trabalho aponta cerca de 40 pontos que deveriam compor uma agenda 2015 da cadeia citrícola. Os pontos estariam alicerçados numa idéia mais forte, de constituir uma organização vertical que centralizaria os esforços de coordenação da cadeia produtiva. Esta organização teria gestão profissional, privada e mecanismos de governança modernos. Não faltam organizações similares no agronegócio de outros paises, e estas seriam estudadas para que seus acertos fossem seguidos e seus erros evitados. Acredita-se que o momento é este, pois o cenário é bom, os ânimos começam a se acalmar, permitindo um esforço de maior coordenação dos segmentos organizados. Avante laranja! 43 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARO, A. A. Industrialização da Laranja. São Paulo: IEA, 1973. BORGES, A. C. G.; COSTA, V. M. H. M. A Evolução do Agronegócio Citrícola Paulista e o Perfil da Intervenção do Estado. Revista Uniara, n. 17/18, 2006. BOTEON M., COSTA D. CAROLINA, BRAGA D. Mudanças no Panorama Citrícola Motivam a Busca de um Novo Modelo de Definição de Preços para a Citricultura Paulista. Hortifruti Brasil. Piracicaba, ano 5, n° 46, maio 2006. BOTEON, M. 10 Desafios da Citricultura. Hortifruti Brasil. Piracicaba, ano 5, n° 6, maio 2006. BRINKLEY J. , CANNING P., DOOLEY D., EALES J. Current Issues in Economics of Food Markets – Consolidated Markets, Brands Competition, And Orange Juice Prices. Disponivel em http://www.ers.usda.gov. Acesso em 26 de julho de 2006. Centro APTA Citros Sylvio Moreira IAC. Disponível <http://www.centrodecitricultura.br>. 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Acesso em 01 fevereiro 2006. 45 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 9 - ANEXOS Anexo 1: Mercado de Sucos Prontos Para Beber Diferença entre sucos, néctares e refrescos *Quantidade de polpa é fator determinante de acordo com o Ministério da Agricultura. Sucos ♦ Maior concentração de polpa ♦ Cor, sabor e aroma são característicos da fruta ♦ Concentração de polpa varia conforme o sabor, podendo ter no mínimo de 35% a 50% de polpa. Néctares ♦ Concentração de polpa varia conforme o sabor, podendo ter no mínimo de 20% a 30% de polpa. Bebida Mista ♦ Bebida não gaseificada, não fermentada, obtida pela diluição, em água potável, de dois ou mais sucos de fruta, polpas ou extratos vegetais, com a adição de açúcares, e devendo o somatório do teor de sucos e extratos ser estabelecido em ato administrativo. ♦ Pode ser obtida também por meio de corantes e aromas artificiais, devendo estar claro na embalagem as palavras “artificial” e “sabor de“. Refrescos ♦ Bebida não gaseificada, não fermentada, obtida pela diluição, em água potável, do suco de fruta, polpa ou extrato vegetal de sua origem, com adição de açúcares. ♦ Pode ser obtido também por meio de corantes e aromas artificiais, devendo estar claro na embalagem as palavras “artificial” e “sabor de”. ♦ É necessária a adição de 1 a 10% de polpa de fruta na bebida final. Fonte: Sllum (2006) Anexo 2 - Exportação de outros sucos de Laranja, não Fermentados em Kg (NCM CODE 20091900) Principais Paises 1996 HOLANDA 1.067.842 BELGICA 213.840 REINO UNIDO 672.000 431.650 1997 1998 1999 - - 1.812.905 - - 483.600 324.800 - EUA 2000 2001 2002 2003 2004 2005 4.645.610 9.022.400 130.557.907 197.822.629 180.767.716 203.290.597 21.016.268 99.233.083 33.632.739 9.477.410 25.072.063 - 19 8.251.800 39.662.530 33.456.943 53.937.694 19.271.817 12.883.709 9.658.130 9.694.581 7.039 3.145 ARGENTINA 3.645.676 6.471.104 7.682.130 5.946.687 6.619.500 6.478.151 658.180 213.840 12.420 201.139 OUTROS 184.312 12.401 350.275 428.284 805.792 1.051.701 4.039.720 751.989 4.779.749 3.821.111 186.798.476 257.622.979 244.095.930 261.253.686 TOTAL 5.783.670 6.915.155 8.357.205 8.671.476 52.358.987 128.669.063 Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) 46 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 3 - Exportação de outros sucos de outros cítricos em Kg (NCM 20093900) Principais Paises 2002 2003 2004 2005 HOLANDA 1.593.530 3.067.651 1.373.248 1.808.926 JAPAO 105.552 636.300 752.522 1.523.520 101.580 ALEMANHA 773.000 8.150 130.192 AUSTRALIA 278.600 627.750 106.400 ESTADOS UNIDOS 186.750 167.100 88.016 406.642 OUTROS 174.099 98.949 709.510 696.230 TOTAL 3.111.531 4.605.900 3.159.888 4.536.898 Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) Anexo 4 - Exportação de suco de outros cítricos com valor Brix <= 20 em Kg (NCM 20093100) Principais Paises 2002 2003 2004 2005 HOLANDA 1.373.140 2.294.680 6.251.898 384.473 276.620 602.230 93.840 17.150 121.800 AUSTRALIA CANADA 87.500 ALEMANHA 105.840 JAPAO 28.484 27.144 17.294 Outros 133.120 48.253 108.050 21.727 77.161 TOTAL 1.728.084 2.663.847 7.101.272 577.201 Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) Anexo 5 - Exportação de Sucos de Laranja não congelado com valor Brix <= 20 em Kg (NCM 20091200) Principais Paises 2002 2003 2004 2005 BELGICA 96.609.589 173.002.620 167.856.521 220.184.042 ESTADOS UNIDOS 29.644.344 73.563.897 78.629.592 83.031.560 HOLANDA 12.827.200 31.607.850 76.556.180 141.898.996 1.000.000 7.318.860 22 4.533.780 1.755.182 1.126.708 3.083.014 SUICA AUSTRALIA OUTROS 450.863 397.996 TOTAL 139.531.996 278.572.385 329.702.781 457.271.654 Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) 47 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 6 - Exportação de sucos de Laranjas do Brasil, por destinos, Congelados, não fermentados em Kg (NCM 20091100) Ano BELGICA HOLANDA ESTADOS UNIDOS JAPAO COREIA, REPUBLICA DA (SUL) OUTROS 1996 302.579.446 471.834.856 231.542.778 71.978.142 32.926.120 (1.110.861.342) 1997 344.966.640 440.553.600 209.621.954 75.414.597 38.489.558 (1.109.046.349) 1998 525.605.048 349.362.446 186.332.477 68.346.411 19.755.550 (1.149.401.932) 1999 400.772.084 394.561.903 213.977.291 73.877.985 17.023.730 (1.100.212.993) 2000 381.017.961 417.835.066 232.986.230 80.988.252 28.166.705 (1.140.994.214) 2001 404.536.167 447.426.571 164.970.670 87.198.682 28.046.876 (1.132.178.966) 2002 386.219.363 267.604.254 172.105.824 77.295.477 29.832.755 (933.057.673) 2003 457.359.745 183.763.276 208.917.675 79.068.290 33.295.344 (962.404.330) 2004 422.180.072 230.992.884 138.123.108 76.996.328 21.595.242 (889.887.634) 2005 504.328.353 82.878.356 187.238.205 89.142.138 26.750.856 (890.337.908) TOTAL 4.129.564.879 3.286.813.212 1.945.816.212 780.306.302 275.882.736 (10.418.383.341) Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) Anexo 7 - Exportação de sucos de outros cítricos, não fermentados em Kg (NCM 20093000) Principais Países 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 HOLANDA 2.129.150 2.276.940 1.508.580 1.678.272 3.387.146 2.287.200 841.016 ESTADOS UNIDOS 1.148.688 1.300.417 1.687.260 2.216.927 2.521.290 386.970 17.743 ALEMANHA 848.160 1.367.500 504.000 2.897.200 980.750 672.816 522.000 157.500 AUSTRALIA 968.000 376.920 1.089.000 617.500 1.383.550 368.040 REINO UNIDO 162.000 252.000 233.000 108.000 102.750 - - OUTROS 620.373 574.627 348.030 474.093 1.571.860 715.343 63.765 9.947.346 4.430.369 1.602.024 TOTAL 5.876.371 6.148.404 5.369.870 7.991.992 Fonte: ICONE (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais) 48 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 8 - Área Laranja Colhida (Hectare) ANO Brasil China Egito Itália Turquia Outros Total Mundo 1960/1961 - - - - - - - 1961/1962 118.75 16.372 21 57.3 19.18 1196215 1.212.608 1962/1963 125.823 17.502 25 59.7 19.47 1168058 1.311.408 1963/1964 138.737 17.631 27 63.7 24.01 1227868 1.384.263 1964/1965 143.793 21.964 32 68.3 25.493 1194890 1.386.172 1965/1966 150.257 23.134 35.287 70.8 25 1253966 1.462.669 1966/1967 165.361 24.425 40.748 75.2 24.833 1020870 1.276.237 1967/1968 166.66 26.727 45.528 77.8 25.097 1283547 1.380.899 1968/1969 173.17 27.211 47.049 80.6 23.85 1380248 1.454.508 1969/1970 183.057 27.686 47.889 83.3 24.18 1241522 1.500.154 1970/1971 202.037 29.605 49.569 85.6 24.727 1286158 1.592.096 1971/1972 215.75 31.563 49.711 89.2 24.92 1568078 1.649.352 1972/1973 237.193 33.466 50.83 93.7 24.167 1375653 1.670.479 1973/1974 449.276 34.301 51.25 95.3 25.89 1438847 1.922.424 1974/1975 349.591 36.942 54.61 97.2 26 1464123 1.850.682 1975/1976 403.192 37.227 60.071 98 27 1416774 1.917.389 1976/1977 423.947 37.38 66.707 100 27.25 1464209 1.954.963 1977/1978 421.707 38.512 69.166 101.2 28 1424135 1.953.548 1978/1979 454.503 40.337 69.607 102 28.167 1374086 1.966.802 1979/1980 475.008 57.222 67.104 102 28.333 1356205 1.983.974 1980/1981 575.249 64 68.086 102.5 28.847 1537191 2.209.437 1981/1982 575.611 67.2 67.943 102.7 30 1615726 2.259.310 1982/1983 589.967 79.002 70.573 103.2 28.333 1510742 2.278.617 1983/1984 624.367 84.122 71.394 103.531 30.333 1447763 2.361.510 1984/1985 632.122 94.222 74.35 104.445 30.667 1470840 2.332.296 1985/1986 663.063 122.437 76.45 105.076 30.8 1685451 2.576.027 1986/1987 702.417 171.956 82.755 104.229 30.167 1591468 2.682.992 1987/1988 721.213 220.172 84.435 103.395 30.9 1705133 2.834.348 1988/1989 800.305 242.73 84.856 103.466 31.877 1927876 2.948.380 1989/1990 880.356 260.207 84.856 104.746 32.18 1755676 3.085.841 1990/1991 912.996 269.016 86.892 105.156 32.72 1776155 3.150.215 1991/1992 983.407 267.728 86.348 105.758 33.33 1820292 3.263.533 1992/1993 988.704 272.687 98.596 104.653 34.5 1893533 3.358.173 1993/1994 800.505 281.746 97.06 105.502 35.107 2042133 3.264.993 1994/1995 897.985 279.605 89.477 107.4 36.367 2117047 3.420.481 1995/1996 856.419 295.873 85.924 108.37 36.883 2219113 3.494.212 1996/1997 964.373 303.499 84.177 110.417 37.533 2208919 3.708.918 1997/1998 985.521 316.672 85.737 109.307 37.766 2243028 3.778.031 1998/1999 1.018.580 240.725 84.034 107.47 37.629 2342603 3.723.571 1999/2000 1.027.079 274.648 93.35 106.535 38.212 2346869 3.793.343 2000/2001 856.422 257.9 87.704 106.652 38.895 2465972 3.555.645 2001/2002 824.665 262.284 83.607 106.368 39.295 2213926 3.530.145 2002/2003 828.846 283.6 90.698 106.577 39.194 2499820 3.565.135 2003/2004 819.461 288.6 91 106.575 39.295 2632528 3.597.950 2004/2005 820.659 298.6 91 106 39.295 2770510 3.630.661 2005/2006 Fonte: Faostat Citation (http://faostat.fao.org/faostat/form?collection=Production.Crops.Primary&Domain=Production&servlet=1&hasbulk= 0&version=ext&language=EN) 49 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 9 - Área Plantada de Laranja no Brasil (Hectare) ANO Sao Paulo 1964/1965 62.316 Minas Gerais 20.276 1965/1966 71.715 20.656 1966/1967 72.233 1967/1968 1968/1969 Sergipe Bahia Rio de Janeiro Outros Total Geral 1.742 3.303 13.473 52.879 153.989 4.459 3.846 14.935 53.482 169.093 20.998 4.400 4.377 14.189 54.162 170.359 75.430 19.969 4.935 4.724 16.295 55.955 177.308 82.996 19.834 4.965 5.066 17.488 56.490 186.839 1969/1970 93.309 20.114 5.563 5.425 24.493 56.838 205.742 1970/1971 102.719 20.419 5.708 5.692 24.976 57.213 216.727 1971/1972 119.388 20.454 6.117 6.111 29.940 60.700 242.710 1972/1973 328.789 34.979 4.670 6.397 21.961 57.516 454.312 1973/1974 213.000 32.000 6.750 7.000 37.148 57.805 353.703 1974/1975 272.440 20.719 8.449 8.215 35.872 61.660 407.355 1975/1976 282.330 21.413 10.886 8.550 35.872 58.060 417.111 1976/1977 286.405 22.064 13.050 8.000 35.500 61.593 426.612 1977/1978 326.340 22.365 14.899 9.600 26.552 58.777 458.533 1978/1979 331.176 25.471 20.540 9.890 32.485 59.353 478.915 1979/1980 427.450 25.954 23.257 10.452 35.082 56.765 578.960 1980/1981 431.058 27.380 22.797 10.981 34.756 52.239 579.211 1981/1982 440.849 29.113 24.447 11.455 35.721 51.907 593.492 1982/1983 472.250 29.724 25.677 12.461 36.351 51.619 628.082 1983/1984 474.219 31.135 27.151 14.700 35.945 52.844 635.994 1984/1985 503.629 31.758 28.309 16.000 34.429 52.912 667.037 1985/1986 541.855 31.890 28.997 16.540 36.071 57.825 713.178 1986/1987 563.487 31.866 29.462 16.540 32.574 55.617 729.546 1987/1988 640.350 31.728 30.637 17.500 32.601 57.269 810.085 1988/1989 698.600 33.007 32.526 27.913 35.020 58.206 885.272 1989/1990 722.850 33.663 34.374 28.705 - 40.122 859.714 1990/1991 789.329 33.952 35.539 33.355 - 46.761 938.936 1991/1992 783.674 37.237 36.994 36.930 - 57.009 951.844 1992/1993 584.627 38.173 38.549 37.753 - 56.344 755446 1993/1994 668.461 41.452 39.238 42.748 - 59.752 851651 1994/1995 620.770 52.862 40.331 47.566 - 68.978 830507 1995/1996 719.735 52.547 47.252 49.979 - 68.268 937781 1996/1997 736.770 52.552 42.270 54.222 - 70.499 956313 1997/1998 766.640 44.384 50.475 56.754 - 74.629 992882 1998/1999 776.690 43.327 51.244 49.470 - 77.846 998577 1999/2000 609.475 40.611 51.878 49.062 - 77.137 828163 2000/2001 581.487 43.895 49.764 49.472 - 74.985 799603 2001/2002 586.937 43.611 50.422 50.750 - 74.545 806265 2002/2003 600.060 40.802 51.057 48.304 - 70.359 810582 Fonte: IBGE (http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/) 50 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 10 - Produção Laranja dos Principais Países (1000 toneladas) Ano Brasil Estados Unidos México Espanha Italia Outros Total Geral 1980/1981 8.936 9.661 1.600 1.699 1.737 3.829 27.462 1981/1982 7.956 7.025 1.690 1.629 1.752 4.538 24.590 1982/1983 9.210 8.827 1.480 1.652 1.635 4.733 27.537 1983/1984 9.588 6.689 1.453 1.835 2.299 4.911 26.775 1984/1985 11.715 6.228 1.135 1.365 1.960 5.031 27.434 1985/1986 11.015 6.903 1.410 1.942 2.257 4.682 28.209 1986/1987 10.650 7.122 1.683 2.059 2.424 5.189 29.127 1987/1988 10.400 7.903 1.942 2.442 1.343 5.166 29.196 1988/1989 14.150 8.272 2.268 2.216 2.170 5.496 34.572 1989/1990 12.036 7.083 1.900 2.400 2.067 5.749 31.235 1990/1991 12.362 7.222 2.300 2.590 1.760 5.964 32.198 1991/1992 14.974 8.178 2.200 2.651 1.842 7.000 36.845 1992/1993 14.648 10.074 2.913 2.926 2.111 8.007 40.679 1993/1994 13.710 9.419 3.174 2.509 2.100 7.645 38.557 1994/1995 16.520 10.474 3.570 2.697 1.800 7.547 42.608 1995/1996 16.973 10.453 3.590 2.573 1.800 8.024 43.413 1996/1997 18.972 11.618 3.917 2.200 2.100 8.365 47.172 1997/1998 15.912 12.495 3.331 2.744 2.100 8.638 45.220 1998/1999 18.360 8.989 2.903 2.442 1.422 8.907 43.023 1999/2000 17.136 11.875 3.385 2.828 1.750 10.390 47.364 2000/2001 14.729 11.139 3.885 2.688 1.800 9.453 43.694 2001/2002 18.360 11.290 4.020 2.822 1.724 11.016 49.232 2002/2003 15.382 10.527 3.734 2.867 1.723 10.901 45.134 2003/2004 19.054 11.787 4.000 3.113 1.835 11.172 50.961 4.400 2.700 1.900 11.433 45.370 2004/2005 16.402 8.535 Fonte: USDA (http://www.fas.usda.gov/psd/) 51 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 11 - Produção Brasileira de Laranja (Toneladas) ANO Sao Paulo Sergipe Minas Gerais Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Outros Total Geral 1964/1965 4.411.342 117.340 1.479.309 1.096.628 1.040.422 3.246.612 11.391.653 1965/1966 4.900.392 226.639 1.589.415 1.051.270 824.528 3.282.625 11.874.869 1966/1967 5.139.325 339.316 1.630.576 930.915 1.058.480 3.465.829 12.564.441 1967/1968 5.937.363 390.096 1.687.818 978.876 1.019.312 3.630.555 13.644.020 1968/1969 6.309.544 378.127 1.709.919 1.195.632 1.099.000 3.817.936 14.510.158 1969/1970 6.915.675 249.884 1.709.919 1.667.999 1.153.822 3.799.899 15.497.198 1970/1971 7.879.185 269.861 1.753.555 1.697.744 1.171.298 3.512.502 16.284.145 1971/1972 10.015.018 296.933 1.764.544 1.938.895 1.120.017 3.720.407 18.855.814 1972/1973 16.305.246 213.583 2.546.142 1.214.588 1.150.642 3.216.241 24.646.442 1973/1974 19.250.000 539.325 2.244.000 2.804.974 1.229.202 3.527.101 29.594.602 1974/1975 21.175.000 561.858 1.511.335 2.693.053 1.596.900 4.027.708 31.565.854 1975/1976 25.550.000 743.514 1.630.444 2.693.053 1.659.000 3.565.339 35.841.350 1976/1977 25.100.000 939.600 1.648.633 2.662.500 1.715.625 3.757.095 35.823.453 1977/1978 28.465.000 1.639.000 1.617.397 2.058.655 1.722.500 3.629.130 39.131.682 1978/1979 30.645.500 1.658.174 1.763.143 2.625.624 1.852.250 3.681.426 42.226.117 1979/1980 42.400.000 2.396.029 1.842.830 2.321.978 1.823.015 3.675.200 54.459.052 1980/1981 44.832.297 2.419.682 2.006.993 2.324.693 1.695.560 3.686.435 56.965.660 1981/1982 45.749.997 2.594.919 2.042.980 2.278.108 1.618.854 3.706.163 57.991.021 1982/1983 47.225.000 2.137.608 1.931.679 2.332.593 1.709.278 3.232.499 58.568.657 1983/1984 52.518.026 2.656.151 2.045.879 2.325.345 1.737.510 3.439.709 64.722.620 1984/1985 58.668.036 2.923.470 1.947.380 2.204.299 1.771.356 3.643.954 71.158.495 1985/1986 53.707.066 3.116.047 1.949.063 2.299.339 1.736.660 3.816.980 66.625.155 1986/1987 60.728.643 3.148.427 2.110.502 2.033.732 1.917.822 3.496.634 73.435.760 1987/1988 62.195.000 3.366.792 2.321.929 2.060.256 1.629.195 3.976.101 75.549.273 1988/1989 74.140.000 3.529.787 2.092.251 2.510.031 2.061.723 4.534.105 88.867.897 1989/1990 72.325.000 3.674.756 2.020.141 2.449.673 2.056.291 5.076.746 87.602.607 1990/1991 79.022.548 4.438.114 2.043.072 1.498.349 1.900.902 5.778.732 94.681.717 1991/1992 82.884.965 3.791.494 1.839.180 1.458.603 2.058.121 6.379.092 98.411.455 1992/1993 76.750.000 4.406.903 2.535.252 1.380.676 2.292.806 6.620.307 93.985.944 1993/1994 69.025.000 4.166.303 2.627.705 1.358.390 2.318.097 7.734.345 87.229.840 1994/1995 80.575.000 3.389.915 3.374.718 736.414 2.171.153 8.938.854 99.186.054 1995/1996 87.734.705 3.723.832 3.162.627 929.570 1.507.058 8.337.422 105.395.214 1996/1997 94.880.000 4.354.938 3.363.712 901.908 2.144.028 9.589.419 115.234.005 1997/1998 85.166.750 3.802.932 2.779.087 788.051 2.079.486 9.636.212 104.252.518 1998/1999 96.931.000 2.997.953 2.699.621 845.229 2.107.563 8.885.192 114.466.558 1999/2000 88.983.316 3.181.059 2.563.360 844.713 2.008.949 9.069.892 106.651.289 2000/2001 13.529.892 581.268 575.590 115.753 345.723 1.835.210 16.983.436 2001/2002 14.759.067 685.326 698.181 106.748 346.042 1.935.218 18.530.582 2002/2003 13.347.090 690.597 666.116 103.995 354.700 1.755.060 16.917.558 2003/2004 13.347.090 710.383 614.871 Fonte: IBGE (http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/) 104.897 355.417 1.777.041 16.909.699 52 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 12 – Preço Médio do SLCC Preços Médios do FCOJ Preços Médios do SLCC 160,00 158,23 155,09 140,00 139,94 120,00 119,95 100,00 80,00 95,57 95,29 82,11 93,71 96,24 99,88 91,59 95,72 125,06 144,84 130,18 122,11 91,59 84,89 ja n/ 0 fe 5 v/ 0 m 5 ar /0 ab 5 r/0 m 5 ai /0 5 ju n/ 05 ju l/0 ag 5 o/ 0 se 5 t/0 ou 5 t/0 no 5 v/ 0 de 5 z/ 0 ja 5 n/ 0 fe 6 v/ 0 m 6 ar /0 ab 6 r/0 m 6 ai /0 6 ju n/ 06 60,00 Fonte: Retirado da NYBOT em 02/08/2006 53 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 13 - SÃO PAULO NÃO IRRIGADO - Quantidade 54 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 55 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 56 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 14 - SÃO PAULO NÃO IRRIGADO – Rendimentos 57 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 58 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 15 - SÃO PAULO NÃO IRRIGADO – Freqüência 59 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 60 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 61 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 16 - SÃO PAULO NÃO IRRIGADO – Custo de produção consolidado 62 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 63 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 64 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 65 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 17 - SÃO PAULO IRRIGADO – Quantidade 66 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 67 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 68 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 18 - SÃO PAULO IRRIGADO – Rendimento 69 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 70 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 19 - SÃO PAULO IRRIGADO – Frequência 71 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 72 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 73 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 20 - SÃO PAULO IRRIGADO - Custo de produção consolidado 74 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 75 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 76 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 77 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Anexo 21 - RECURSOS UTILIZADOS Variedade e Produtividade SÃO PAULO NÃO IRRIGADO - Valor da caixa: R$ 9,00 - Fator de incremento ou redução da produtividade: 60% - Quantidade média de caixas por plantas (fase produtiva): 1,66 - Quantidade média de caixas por hectare (Fase produtiva): 680 78 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 79 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 80 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) SÃO PAULO IRRIGADO - Valor da caixa: R$ 9,00 - Fator de incremento ou redução da produtividade: 95% - Quantidade média de caixas por plantas (fase produtiva): 2,63 - Quantidade média de caixas por hectare (Fase produtiva): 1,077 - Fator de incremento ou redução do Brix (SSL): 81% (comparados com pomares não irrigados) 81 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 82 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 83 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 84 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) INSUMOS E SERVIÇOS – Citros para indústria - 1 há Fonte: Juagro coopercitrus e PENSA * A quantidade de Fertilizantes e Corretivos por Hectare a partir do 5º ano não representa a quantidade de total. Veja informação completa na Planilha "Rendimento". 85 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Tabela: Custos e Despesas MÁQUINAS 86 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 1 - Para o Estado de São Paulo não foi considerado o valor do ICMS. 2 - Inclui garagem, reparos, combustíveis, lubrificantes, pneus; e seguro para tratores, colhedoras e caminhão. MÃO DE OBRA Tabela: Custo de mão de obra em São Paulo 87 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) Tabela: Encargos Sociais 88 _______________________________________________Laranja: Agenda 2015 - Neves & Jank (organizadores) 89