ISKO-Brasil
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA A ORGANIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO
Twelfth International ISKO Conference,
6-9 August 2012
Mysore, India
Relatório da participação da ISKO-Brasil,
Agosto de 2012
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Introdução: impressões
A12ª Conferência Internacional da ISKO - “Categories, Relations and Contexts in
Knowledge Organization”, realizada na Universidade de Mysore, sul da India, foi para nós uma
experiência gratificante por diversos fatores. Primeiro por que foram comemorados os 120 anos
de aniversário de Ranganathan, além da oportunidade de podermos conhecer um país cheio de
contrastes, extremamente acolhedor e com uma cultura plural que abriga várias religiões, uma
culinária saudável e exótica ao mesmo tempo, um desenvolvimento econômico acelerado e uma
preocupação com a sustentabilidade pautada pela rica agricultura e paisagens verdes que
deram à Nova Delhi o título “The greenest city of the world”. A India possui uma população de
um bilhão e duzentos milhões de habitantes que, em áreas urbanas, conta apenas com 10% de
indivíduos que vivem na pobreza, o que representa, em termos absolutos, ainda uma situação
preocupante mas que, em termos relativos, demonstra que o país obteve um desenvolvimento
extraordinário.
Imagem 1 e 2: Comemoração da Independência da India ocorrida em 15/08/ 1947 e
Última refeição de Gandhi com Sardar Patel em 30/01/1948. Nova Delhi, 2012
1
Imagem 3: A árvore Ashoka, uma das mais sagradas e lendárias árvores da India. Em sânscrito,
Ashoka significa “ausência de sofrimento”.
O segundo motivo diz respeito à participação do Brasil na conferência. Éramos 20
pesquisadores brasileiros apresentando 15 comunicações orais e um pôster do total de 54
comunicações (27%) e 10 pôsteres (10%), sendo que mais da metade dos autores estava
presente ao evento, além de toda a diretoria da ISKO-Brasil. Por este motivo, obtivemos a
aprovação unânime da Assembleia Geral, realizada no dia 8 de agosto de 2012, para sediarmos
no Rio de Janeiro em 2016 a 14ª International ISKO Conference. Na mesma Assembleia,
obtivemos também, por expressiva votação, nossa participação na Diretoria Executiva da ISKO.
José Augusto Chaves Guimarães foi eleito membro do board, derrotando a indicação do atual
presidente, Sr. Peter Ohly. O resultado da votação teria sido ainda melhor se soubéssemos que
cada membro presente poderia representar até 3 sócios ausentes. Levamos conosco apenas
duas procurações por sócio (para votar a sede de 2016) enquanto que outros capítulos ISKO
apresentaram as 3 garantidas pelo estatuto.
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Imagem 4: Abertura da 12ª Conferência Internacional da ISKO, Mysore, India, 2012
O terceiro motivo refere-se à qualidade e à transdisciplinaridade dos trabalhos
apresentados, o que indicou que o campo de pesquisa em Organização do Conhecimento se
estabelece como uma área não mais fechada ao universo das bibliotecas, mas, ao contrário,
vem se emancipando ao travar um intenso diálogo com a diversidade cultural, memória social,
comunicação e linguagem, matemática, computação e artes entre outras.
Vivenciar um encontro no berço do desenvolvimento filosófico e tecnológico da
Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação foi uma experiência singular para
todos os participantes, como pode provar a comunicação de K. S. Raghavan e A. Neelameghan
intitulada “Indic cultures and concepts: implications for knowledge organization”, apresentada
em sessão da qual tive o prazer de coordenar. Recebemos nessa ocasião uma escultura em
sândalo com o elefante representando a mitologia indiana.
3
Imagem 5: presente recebido por Neelameghan, Mysore, 2012
O jantar de confraternização e de boas vindas oferecido por K. S. Raghavan, organizador
do evento, coroou a noite do primeiro dia com surpresas culturais. Em um espaço aberto coberto
com toldo móvel, foi oferecido um típico cardápio indiano, colorindo nossos pratos com matizes
e sabores quentes que restaram indeléveis em nossa memória. A festa de encerramento contou
com uma apresentação de dança típica que encantou a todos com os movimentos delicados das
mãos das dançarinas em perfeita harmonia com a música. Saboreamos assim o conhecimento, a
arte, a culinária e a amabilidade dos indianos.
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Imagens 6 e 7: Festa de encerramento e painel artístico no aeroporto de Nova Delhi
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Programação
A programação incluiu um interessante workshop sobre “Categorias na web”, ministrado
por Kavi Mahesh e a excelente conferência de abertura proferida por Richard P. Smiraglia
“Universes, dimensions, domains, intensions and extensions: Knowledge Organization for the
21th Century”. Ao longo dos 4 dias do evento o professor Shigeo Sugimoto, da Universidade de
Tsukuba, Japão nos brindou com três palestras sob o tema
“Sharing information Resources
across communities and over metadata, digital libraries and archives, and information schools”.
Duas sessões plenárias abordaram os temas “Ontology as boundary object” por Michael Shepard
e Tara Sampalli e “Knowledge organization on the web: the emergent role of social classification”
por Carolyn Watters e Naureen Nizam. No último dia fomos agraciados com o painel: Is
classification necessary?” com a participação de Birger Hjorland, Gaurav Aggarval, Christopher
Khoo, Peter Ohly, Richard Smilaglia e Maja Zumer.
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Sobre os temas, o desenvolvimento e o estado da arte da Organização do Conhecimento
De acordo com a introdução do livro que contem os anais da 12ª Conferência
Internacional da ISKO, Neelameghan e Raghavan nos apresentam uma síntese do desenvolvimento
e do estado da arte da Organização do Conhecimento nas duas décadas que separam a segunda
conferência internacional da ISKO realizada na India no ano de 1992 em Chennai (Madras) e esta de
2012. O tema daquela conferência “Cognitive paradigms in Knowledge Organization” marca uma
virada
epistemológica
nas
pesquisas
da
área.
Segundo
Neelameghan
e
Raghavan
1
o
desenvolvimento da área vem sendo marcado pelas razões abaixo:
1)
Uma enorme e variada quantidade de fontes de informação e conhecimento (p. e. pessoas) são
acessíveis em qualquer lugar e em tempo real via redes locais, nacionais e internacionais;
2)
Uma alta proporção destas fontes se comunica em línguas não latinas;
3)
Um crescente número de usuários e especialistas em recuperação da informação (information
seekers) deseja acessar, navegar e ler fontes de informação representadas em suas línguas
nativas;
4)
Há um grande reconhecimento de que as diferentes culturas e suas línguas impactam a
percepção,
perspectiva
e
os
quadros
ou
contextos
da
produção
e
busca
de
informação/conhecimento; e
5)
Adicionalmente, graças à globalização da economia e à facilidade maior de realizar viagens
internacionais, a colaboração e a interação entre pesquisadores vêm aumentando em diversos
níveis.
A literatura recente sobre Ciência da Informação – comunicações em eventos científicos,
artigos de periódicos e livros – evidenciam que especialistas e profissionais da informação em
domínios cognatos vêm focando suas reflexões sobre temas como a utilidade e o valor das
classificações e dos tesauros para a organização do conhecimento em ambiente virtual. A
produção intelectual do evento foi representada por 55 comunicações orais e 10 pôsteres. Os
textos incluídos nos anais do evento lançam temas para a reflexão, de caráter distinto e, ao
mesmo tempo, conexo. Isto demonstra o que Edgar Morin (2003, p. 16-17)
2
denomina de
1 NEELAMEGHAN, A., RAGHAVAN, K. S. 2012. « Introduction » In Categories,
Contexts and Relations in Knowledge Organization. Proceedings of the Twelfth
International ISKO Conference, 6-9 August, 2012. Mysore : ISKO (India Chapter), Sarada
Ranganathan Endowment for Library Science and University of Mysore / ERGON
VERLAG. (Advances in Knowledge Organization, vol. 13)
2 MORIN, Edgar. 2003. “Da necessidade de um pensamento complexo” In Para navegar
no século 21: tecnologias do imaginário e cibercultura, Martins, F. M., Silva, Juremir M.
org. Porto Alegre: Edipucrs/Sulina.
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pensamento complexo: “o pensamento complexo deve ligar a autonomia à dependência [...]
Esta concepção de pensamento dá-nos uma lição de prudência, de método, de modéstia”.
Listamos abaixo os temas principais indicados por Neelameghan e Raghavan:
a)
O domínio da Organização do Conhecimento;
b)
Esquemas gerais de Classificação e Organização do Conhecimento em ambientes
virtuais;
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c)
Organização do Conhecimento como ferramenta de navegação;
d)
Ontologias;
e)
Categorias em Organização do Conhecimento;
f)
Organização do Conhecimento para domínios específicos;
g)
Organização do Conhecimento para arquivos;
h)
Design e desenvolvimento de ferramentas de organização do conhecimento;
i)
Mineração da informação/indexação automática; e,
j)
Usuários e contextos.
Considerações
Finalizamos este relato de nossa participação na 12ª Conferência Internacional da ISKO,
com uma última imagem e com as palavras de Neelameghan e Raghavan (2003, p. X):
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Imagem 8: Vista do Taj Mahal a partir do edifício de entrada. Agra, 2012
It
will
not
be
incorrect
to
say
that
enhancements
and
improvements in Knowledge Organization will come about in the
future mainly through a cross-fertilization of ideas, tools and
techniques.
Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2012
Vera Dodebei
Presidente da ISKO-Brasil
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