Aparecida Meire Coelho Lopes Giovanna Campagnholi Nogueira Josiana Jesus da Silva Missieli Prates Nicomedes Vanessa Priscila de Oliveira Leandro Alfabetização O desenvolvimento da escrita, fases da escrita e suas implicações pedagógicas Trabalho apresentado a disciplina Psicologia da Educação III, ministrada pelo Prof° Dr° Luciene Regina Paulino Tognetta Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara Curso de Pedagogia Junho-2015 1.Apresentação O tema escolhido e que será abordado durante o trabalho foi “Alfabetização sob luz da Teoria Construtivista” que foi trabalhado a partir de coleta de informações sobre o tema e pesquisa de campo, com a produção de vídeos para a análise dos níveis da escrita de crianças de diferentes idades. Durante a pesquisa do tema aparecem nomes renomados como Piajet, Emília Ferrero e Ana Teberosky que contribuíram com suas pesquisas à temas de Epistemologia Genética, desenvolvimento humano, psicologia e Psicogênese da Língua Escrita. Os autores entendem que O conhecimento não está nem no sujeito (racionalismo) e nem no objeto (empirismo). Pelo contrário, dá-se pela interação ou pelas trocas do sujeito com objeto (interacionismo), onde ambos se transformam. Assim sendo, a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como de sua relação com o ambiente. Entretanto, vale ressaltar que o construtivismo é uma construção científica que procura extrair leis explicativas dos fenômenos, sem se preocupar com a aplicação prática. Por isso, não é certo afirmar que o construtivismo seja um método de ensino, já que esta teoria psicológica da aprendizagem volta-se para compreensão de como o sujeito aprende e não para a questão de como o professor deve ensinar. (FREIRE s/d p. 1) 2. Fundamentação Teórica A partir dos estudos já feitos durante as aulas de estudos pagetianos, entendemos que noção de desenvolvimento dada por Piaget é um processo de formação dos conhecimentos durante o qual o “sujeito se torna progressivamente capaz de conhecer os objetos adequadamente” (Piajet, 1977) e a inteligência definida como capacidade de adaptação do homem. Nas trocas de informações entre o sujeito e o meio, o sujeito conhece a partir de mecanismo de adaptação pelo qual consegue conhecer e integrar conhecimentos pelo processo de assimilação (incorporação de um novo dado) e acomodação (incorporação do dado novo adquirido mas agora, este dado gera uma modificação, um novo conhecimento) Assim, o desenvolvimento da escrita está englobado nessa mesma linha de construção, na qual o indivíduo constrói seu próprio conhecimento progressivamente, subindo níveis da escrita a partir de conhecimentos anteriormente construídos. Isso não significa que como é atualmente os níveis escolares (anos da educação) haja também idades respectivas para cada nível, uma vez que é através da troca entre o sujeito e o meio, do desenvolvimento e assimilação que o indivíduo incorpora e acomoda um novo conhecimento. Então, a partir dos níveis da escrita, nós professores identificamos e exploramos o próximos níveis a partir de atividades que provoquem e incentivem a curiosidade e experimentação do aluno de construir novo conhecimento. De acordo com Brooks & Brooks (1997, p. 4 e 5), existem cinco preceitos que baseiam a pedagogia construtivista: 1 – apresentar situações/problemáticas que tenham em sua estruturação a vivência do aluno; 2 – Basear-se em conceitos simples e objetivos; 3 – Levar em consideração as opiniões dos alunos; 4 – Acomodar o currículo de maneira que contemplem os alunos e suas experiências; 5 - Avaliar a aprendizagem do aluno levando em conta suas especificidades. Infelizmente a estruturação atual do ensino tem como proposta a Pedagogia Tradicional, que segundo Freire (s/d): É baseada na memorização das correspondências entre sons e letras, reduzindo a aprendizagem da língua a um conjunto de sons a serem representados por letras. A alfabetização era entendida como mera sistematização do “B + A = BA”, isto é, como aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. A partir dos estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, a língua escrita deixa de ser encarada como mera apropriação de um código ou como meros atos de codificação e decodificação de palavras, sílabas e letras, passando a ser concebida como sistema de representação. Estes estudos evidenciam o caminho que as crianças percorrem no aprendizado da língua, definido por elas de psicogênese ou gênese (origem, geração) do conhecimento da escrita. Tais estudos foram baseados na epistemologia genética de Jean Piaget. (FREIRE s/d p.1) Numa ótica construtivista, “problemas” como o “erro” são analisados e sanados de um outro ponto de vista: o erro é nada mais que a tentativa do acerto, de maneira que o aluno está num processo autorregulador, desta forma, um novo caminho é traçado para que o aluno e alcance sua meta, assim o importante é “onde o aluno chegou” e não “qual caminho percorreu”. O professor atua como observador, desestabilizador e provocador , quando observa as dificuldades e traça melhores possibilidades de construção do conhecimento do aluno, com propostas que estejam claros no contexto social do aluno para melhor assimilação do mesmo, desestabilizador de maneira que dê ao aluno a possiblidade de dúvida para reafirmar conceitos estabelecidos no raciocínio do mesmo e provocador de maneira que incentive por meio da dúvida a capacidade de contestação e indignação do aluno, transformando-as em razão e auto-regulação. A construção da escrita é dividida por níveis, vale salientar que todos os indivíduos alfabetizados passam por esses níveis, respectivamente. De acordo com Peranzoni e Camargo, 2011 : Nível 1 - pré-silábico, a criança escreve com desenhos pois ainda não entende a representação da palavra e sua estruturação, não faz relação entre a linguagem falada e a escrita. Segundo os autores, esse nível pode ser subdividido em três estágios: a) fase pictórica, a criança faz garatujas; b) gráfica primitiva, a criança registra símbolos e pseudoletras, misturando letras e números e c) criança diferencia letras e números, desenhos e símbolos, reconhecendo o papel das letras, mesmo sem saber como construir ainda a escrita”(p. 4-6); Nível 2 – silábico, a criança descobre a relação das letras com a palavra e com a linguagem, nesse estágio ela corresponde a cada sílaba uma letra. A criança descobre que pode escrever tudo o que quer, mas o que escreve ainda não corresponde a palavra, faltam elementos que faça a correspondência; Nível 3 - silábico-alfabético, a criança quase atinge o nível alfabético, ainda existem dificuldades na relação de som e grafia. O professor deve estar atento as dificuldades que surgem para direcionar a construção da escrita da criança, incentivando-a a se auto-regular. Nível 4 – alfabético, nova formulação da escrita, a criança agora supõe a melhor maneira de formular a palavra o que não significa escrever corretamente, há problemas ortográficos mas cabe ao professor estimular as construções. Na proposta construtivista as avaliações são feitas mediante o avanço do aluno, avanço esse que é visto num contexto individual mediante acompanhamento e observação de construção individual do conhecimento, leva-se em conta também o ambiente social, o qual o indivíduo está inserido. A participação do aluno deve ser o mais contado e o professor deve estar atento para a especificidade de cada um. Na proposta construtivista, cabe ao professor criar um contexto que permita ao aluno avanços conceituais e comportamentais. A função do professor se transforma de condutor para mediador do conhecimento, sendo aquele que está convicto de que também o aprendiz é que produz a aprendizagem. O professor, deste modo, está constantemente resgatando o seu saber em base teórica, o que se reflete na sua prática. Portanto esta é uma condição fundamental para garantir sua integridade profissional e autonomia intelectual, resultando na tomada de decisões pedagógicas coerentes a todo o momento, no espaço escolar. (PERANZONI E CAMARGO, 2011, p.7) 3. Desenvolvimento do Tema Nós desenvolvemos o tema na prática de uma atividade que possibilitasse ao aluno a escrita e por nós, a observação dos respectivos níveis da escrita em que cada um se encontrava. Realizamos uma atividade de pesquisa com crianças de diferentes idades, nossas pesquisas consistiam em propor atividades ás crianças em que elas escrevem (sem nenhuma intervenção), a imagem que ela via. E como resultado notamos o nível de alfabetização das crianças. Grazieli 6 anos Gabriel 6 anos Maysa 6 anos João Victor 8 anos Pedro 9 anos 4. As implicações pedagógicas. O que um professor construtivista precisa fazer para trabalhar com esse tema? Um professor construtivista precisa respeitar a fase de cada aluno, sabendo que cada qual tem seu tempo e nível de desenvolvimento, o professor deve trabalhar de forma que proponha á seus alunos atividades que os provoquem a refletir sobre o problema, se questionando, sobre a efetiva solução, a educação deve ser uma prática libertadora, o professor e o aluno devem trabalhar juntos para transformar a sala de aula em um ambiente sócio moral, e que haja respeito mútuo. O professor precisa propor diferentes atividades em cada nível em que seu aluno se encontra em sua alfabetização, tomando nota do texto Práticas de uma alfabetização construtivista, da Profª Dr. Luciene Tognetta que em sua formulação dá dicas de atividades a serem propostas, podemos entender que: Em um nível pré-silábico o professor deve propor atividades como: recortes de revistas, recortar as letras do nome e montar, alfabeto móvel em que a criança procure as letras do seu nome, utilizar etiquetas com o nome e usar essa etiqueta para reconhecer seu nome e participar da chamada com ela, escrever o nome de cada aluno na lousa e perguntar para a turma de quem é o nome e com qual letra começa aquele nome e se mais algum colega também tem o nome com aquela letra, jogo da memória com palavras e figuras nomeadas e várias outras atividades em que faça o aluno refletir o que em volta. Através de atividades lúdicas é preciso proporcionar atividades que desenvolvam a alfabetização. Um exemplo de atividade é o que relatamos na imagem a seguir (retirada da internet), em que a professora provoca nas crianças a escolha da palavra certa, colocando lhes sempre questões em que as deixam associar, as palavras, coisas, nomes do dia a dia, mas em nenhum momento lhes dando a resposta certa, apenas ajudando a construir a ideia de resposta certa. Imagem retirada da internet. Em um nível Silábico propor atividades como as já citadas anteriormente e atividades que tenham expansão cada vez maior na vida da criança, e que a faça se questionar, aumentando o grau de dificuldade gradativamente em pequenas situações, sempre respeitando seu nível de alfabetização seja ele pré-silábico, silábico, silábicoalfabético, e em nível alfabético, ainda tomando por base o texto da Profª Dr. Luciene Tognetta: Atividades em que a criança tenha que relacionar, memorizar, contar, substituir, organizar, escrever, reparar o erro; atividades em que a incentive a confeccionar ou criar seus próprios jogos como: dominó de cores (em que haja a relação da cor com o nome), de palavras, de animais, objetos, jogos com mais elaboração que precise de um lugar maior para serem realizados, como um dominó de cores feitos com caixas de leite que se jogue no chão; jogo em que poderia ser realizado no pátio da escola, em um lugar arejado com grama em que haja também o contato das crianças com a natureza; e em níveis mais avançados como no alfabético propor a ela jogos como bingo de palavras; atividades de textos coletivos, histórias coletivas contada no dia a dia pelos próprios alunos ou inventadas por eles, lista de compras etc. Atividades que através do lúdico realize o desenvolvimento intelectual, e o raciocínio logico. 5. Conclusão Podemos concluir que o processo de alfabetização na proposta construtivista ocorre em um meio social onde o indivíduo interage com o seu meio, também podemos entender que para que o processo ocorra é necessário que o professor compreenda a fase que seu aluno está e desenvolva atividades as quais possam acompanhar e ajudar no processo de desenvolvimento do nível de alfabetização que se encontra este aluno. Para compreendermos melhor os níveis de escritas realizamos uma pesquisa de campo com crianças de várias idades, onde pedimos para que elas escrevessem a imagem que ela via e como resultado notamos o nível de alfabetização que a criança se encontrava. É importante lembrar que cada criança tem seu tempo e nível de desenvolvimento. O professor precisa propor diferentes atividades em cada nível em que seu aluno se encontra em sua alfabetização. Em nosso estudo encontramos várias atividades que pode ser trabalhadas em sala de aula para ajudar a criança em processo de alfabetização. Na proposta construtivista as avaliações são feitas de acordo com o avanço do aluno, acompanhando a construção do conhecimento individual do aluno, levando em conta o ambiente social no qual o aluno está inserido. 6. Referências bibliográficas Alfabetização Construtivista , disponível em http://www.viscondedesabugosa.com.br/home/index.php?option=com_content&vi ew=article&id=66:alfabetizacao-construtiva-&catid=37:artigo&Itemid=64 . Acesso em 19 de Maio de 2015 Angela Freire, Pedagoga graduada pela UCSAL, Psicopedagoga (UFBA) e Coordenadora Pedagógica lotada na Coordenação de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP) / Núcleo de Tecnologia Educacional (NET-17), na Fábrica do Saber. 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Disponível em http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2010/Pe dagogia/aprocesso_alfab_ferreiro.pdf Acesso em 20 de Maio de 2015. PAULINO, Luciene R. Alfabetização: uma proposta em discussão. PAULINO, Luciene R.- A prática de uma alfabetização construtivista.