2 3 DIÁRIO DE S. PAULO - SEGUNDA-FEIRA / 22 DE ABRIL DE 2013 DIÁRIO DE S. PAULO - SEGUNDA-FEIRA / 22 DE ABRIL DE 2013 dia a dia LINHA DE TIRO COR SOB SUSPEITA Os mortos pela PM 231 casos foram apresentados à Polícia Civil em 2012 como confrontos com PMs que terminam em morte 74º 87º 72º 38º 45º 28º 33º Alvaro Magalhães [email protected] D Nos registros analisados, só não foi identificada a pele de 7 dos 293 mortos 101º 85º 25º Outros 24º 22º 63º Corporação diz que qualificação dos soldados tem forte carga horária em direitos humanos 3% IDADE 59º 50º 14 a 17 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 19º 21º 22º 24º 25º 26º 27º 28º 30º 32º Cambuci Lapa Brás Vila Gilherme Penha de França Santo Amaro Pari Casa Verde Pinheiros Jardim Paulista Vila Clementino Ipiranga Vila Maria Vila Matilde São Miguel Paulista Ermelino Matarazzo Parelheiros Sacomã Ibirapuera Nossa Sra. Do Ó Tatuapé Itaquera 1 1 3 2 6 5 1 4 2 2 3 1 2 3 9 2 6 1 4 1 1 3 38º 39º 40º 41º 42º 44º 45º 46º 47º 48º 49º 50º 51º 53º 54º 55º 56º 59º 62º 63º 64º 65º Vl. Nova Cachoeirinha Vila Gustavo Bairro do Limão Vila Rica Parque São Lucas Guaianazes Vila Brasilândia Perus Capão Redondo Cidade Dutra São Mateus Itaim Paulista Butantã Parque do Carmo Cidade Tiradentes Parque São Rafael Vila Alpina Jardim Noemia Jardim Popular Vila Jacuí Cidade A E Carvalho Artur Alvim 3 4 1 3 2 2 2 6 5 4 9 4 6 1 1 3 2 3 3 8 6 4 72º 73º 74º 75º 77º 78º 80º 81º 85º 89º 90º 91º 92º 93º 96º 97º 98º 99º 100º 101º 102º 103º Vila Penteado Jaçanã Parada de Taipas Jardim Arpoador Santa Cecília Paulista Vila Joaniza Belém Jardim Mirna Jardim Taboão Parque Novo Mundo Ceagesp Parque Santo Antônio Jaguaré Monções Americanópolis Jardim Míriam Campo Grande Jardim Herculano Jardim das Imbuias Socorro Cohab Itaquera 5 5 8 4 1 2 2 1 5 5 2 7 4 2 3 7 3 1 2 5 1 6 DSP ENTREVISTA Wilquerson Sandes_Policial e doutor pela Unicamp ‘É a sociedade que constrói o esteriótipo do bandido’ Coronel da PM de Mato Grosso, Wilquerson Sandes apresentou, em março, a tese “Dimensões da Ação da Polícia em uma Troca de Tiros”, baseada em entrevistas com policiais militares da Força Nacional e de seu estado. _Depoimento de Silvanilda Nogueira da Silva, mãe de Danilo da Silva Rodrigues, morto aos 17 pela PM, em 18 de novembro de 2012 Reinaldo Canato/Diário SP uas em cada três pessoas (66%) mortas por policiais militares em serviço na cidade de São Paulo são pardas ou pretas, aponta levantamento inédito realizado pelo DIÁRIO baseado em casos apresentados à Polícia Civil como confrontos em 2012. A proporção é superior a de negros na população paulistana (38%) e também entre os presos do estado (54%). Ao longo do último mês, a reportagem analisou todas as 331 ocorrências de resistência seguida de morte na capital no ano passado – 231 delas envolvem PMs em serviço e 61, de folga. O restante refere-se a policiais civis e guardas-civis. Foram estudadas 1,5 mil páginas de registros policiais. Nos 231 casos envolvendo PMs em serviço, ocorreram 293 mortes. Dados da Secretaria da Segurança Pública mostram que 2012 teve um número recorde de mortos por PMs em serviço na cidade – o ano foi marcado por ataques a policiais atribuídos ao PCC. As estatísticas são divulgadas desde 1996. Nos boletins de ocorrência, a cor de pele consta como “branca ”, “parda”, “preta” e “outras”. Assim como o IBGE, a Polícia Civil não usa a designação “negra”. Nos registros analisados, só não foi apontada a cútis de sete dos 293 mortos. A alta incidência de pretos e pardos chama a atenção de especialistas e militantes do movimento negro. “Esse dado traz, no mínimo, essa discussão à mesa”, afirma Luciana Guimarães, diretora do Instituto Sou da Paz. “É necessário estudar como as abordagens são feitas e cruzar dados.” “Os números mostram a desigualdade com que o aparato policial é colocado para combater o crime”, afirma José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares. “Há um recorte que privilegia um esteriótipo de criminoso.” Ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República entre 2009 e 2011, Humberto Adami afirma que o esteriótipo do criminoso como negro está impregnado na sociedade. “Há a ideia de que o negro só aparece nas páginas policiais. Figuras como a do ministro Joaquim Barbosa (presidente do STF) são raras”, diz. “Enquanto isso não for combatido, com a inclusão de negros em todos os níveis, o esteriótipo fica. E fica inclusive na cabeça de policiais negros”, afirma Adami. Em dezembro, o coronel Ubiratã Beneducci determinou, por meio de ofício, que seus subordinados abordassem “pardos” e “negros” no bairro do Taquaral, em Campinas. A PM negou racismo – afirmou que a ordem foi fundamentada na descrição de uma gangue específica, que atuava na região. 62º 19º 13% 52% PMs em serviço em 2012 20º 39º 9º Pretos Pardos 67º 81º 10º 19% 7º 64º 25 a 30 23º 2º 12º 19º 52º 91º 68º 21º 77º3º 103º 16% 1º 65º 32º 30º 31º 8º 57º 4º 18 a 25 93º 14º 44º 5º 69º 31 a 40 78º 47% 18º 29º 58º 6º 51º 53º 16% 66º 15º 36º 75º 34º 17º 56º 42º Mais de 40 54º 70º 41º 96º 49º 16º 2% 95º 89º 26º 27º 55º 37º NÚMERO DE VÍTIMAS POR DP 11º 83º 35º 97º Sé 2 66º Jardim Aricanduva 6 33º Pirituba 1º 1 92º 99º 43º 34º Morumbi 7 67º Jardim Robru 3 2º Bom Retiro 3 47º 80º 35º Jabaquara 4 68º Lajeado 6 3º Santa Ifigênia 2 102º Teotônio Vilela Vila Mariana Consolação 36º 1 69º 7 4º 2 100º 98º 48º 37º Campo Limpo 15 70º Sapopemba 7 5º Liberdade 1 “Ainda guardo a identidade do meu filho cheia de sangue. O Danilo (da Silva Rodrigues) foi morto pela polícia, com dois amigos, em novembro, aqui no Campo Limpo. Eram todos adolescentes, colegas de escola. Quando me ligaram para contar, pensei que fosse trote. Meu filho era muito brincalhão. Não sei se a morte dele tem relação com cor de pele, nunca pensei nisso. Sei que não posso mais ficar sozinha. Meus melhores dias são os que eu sonho com ele.” 66% dos civis mortos em ocorrências com policiais militares nas ruas da capital em 2012 eram negros ou pardos. Corporação nega qualquer discriminação 40º 13º 73º Brancos 32% 293 pessoas foram mortas por 46º Polícia Militar afirma que a tropa é treinada COR DE PELE DOS ASSASSINADOS Em um confronto legítimo, o que leva um policial a atirar? Wilquerson Sandes_ Há seis dimensões. O perfil do PM e o ambiente do confronto são relevantes. O terceiro aspecto é a capacidade de o PM agir rápido. É preciso considerar ainda as reações emocionais. O medo, por exemplo, é construído. Qual é a ima- gem de bandido perigoso? Há também as lições aprendidas na academia e na rua e os valores e as expectativas dos PMs sobre como será visto após o confronto. PMs têm a ideia de que bandidos são pretos e pardos? Quem constrói o esteriótipo é a sociedade. A PM age quando acionada. Se houve um roubo, quem é o suspeito? Qual é a descrição? A polícia é vítima desse esteriótipo. Falta treinamento? É preciso treinar, mas isso não basta. É necessário que o Estado invista em pesquisa para substituir armas letais por não letais. + l Campo Limpo tem recorde de casos Para a secretaria, fato é isolado O Campo Limpo, na Zona Sul, foi palco do maior número de casos de resistência seguida de morte em 2012. Foram dez no total, com 15 mortes. Em um deles, em novembro, a Corregedoria da PM prendeu cinco policiais sob acusação de executar Paulo Nascimento, de 25 anos. Ao apresentarem a ocorrência, os policiais disseram que o rapaz havia sido encontrado morto em uma viela, após uma troca de tiros. Um cinegrafista amador, porém, gravou o momento em que o suspeito foi capturado pelos PMs. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, dos dez inquéritos do Campo Limpo, seis foram concluídos. Apenas no caso de Nascimento foi constatada a prática de homicídio. Quatro estão em apuração. O levantamento do DIÁRIO revelou ainda que 19% dos mortos são menores – taxa superior à proporção de infratores ante o total de criminosos. “O discurso de que não há punição para adolescentes, forte entre PMs, pode levar a excessos”, diz Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos. AMANHÃ, AS MORTES SEM TESTEMUNHAS Ü n Por meio de nota enviada pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, a Polícia Militar afirma que “não procede qualquer insinuação de comportamento racista ou discriminatório por parte de policiais, pois estes são treinados dentro das técnicas mais modernas de policiamento e com uma forte carga horária de direitos humanos”. A nota diz também ser “elevada a porcentagem de policiais militares pretos e pardos”. A Polícia Militar afirma ainda que solicitou a seu órgão técnico estudo para emitir um parecer. “Em razão do tempo relativamente curto que o DIÁRIO nos concedeu, não é possível confirmar a exatidão dos números apresentados”, prossegue a nota. A reportagem solicitou, na quarta-feira, entrevista com o comando de Policiamento da Capital para questionar os dados obtidos a partir do levantamento. Durante a quinta-feira, a reportagem cobrou uma posição sobre a solicitação. Sem obter resposta até a manhã de sexta-feira, positiva ou negativa, o DIÁRIO decidiu enviar à corporação e à Secretaria da Segurança Pública questões a respeito do levantamento. Foi dado à Polícia Militar prazo até a noite de sábado. Desde o primeiro contato, em nenhum momento a corporação procurou o DIÁRIO para falar sobre o tema. Em relação à idade dos mortos, a Polícia Militar afirma que, no ano de 2012, do total de pessoas presas ou apreendidas em flagrante, 12% eram menores. A taxa é inferior à proporção de mortos em casos de resistência (19%). Apesar de a reportagem ter analisado a idade de 151 pessoas, a corporação diz que o número de adolescentes identificados pelo DIÁRIO não é estatisticamente relevante. DIREITOS HUMANOS “Os PMs são treinados com técnicas modernas e com forte carga horária de direitos humanos” _Polícia Militar em nota enviada à redação 2 3 DIÁRIO DE S. PAULO - TERÇA-FEIRA / 23 DE ABRIL DE 2013 DIÁRIO DE S. PAULO - TERÇA-FEIRA / 23 DE ABRIL DE 2013 dia a dia SEM RASTRO Em 39% dos casos de mortes por policiais militares em serviço ocorridos em 2012, atiradores não apresentaram à Polícia Civil quem tivesse visto o caso nem detiveram comparsas dos suspeitos baleados Quase metade das vítimas acabou sem identificação _Depoimento de José Alexandre Santiago de Amorim, pai de Lucas Pires de Amorim, morto aos 18 anos pela PM, em 24 de julho de 2012 n A falta de identificação dos suspeitos é outro fato que dificulta as investigações da Polícia Civil. Dos 113 mortos nas 91 ocorrências sem testemunhas analisadas pelo DIÁRIO, 48 (42%) constam no boletim de ocorrência como “desconhecidos”. Sem a identificação, os policiais responsáveis por investigar o caso levam mais tempo para chegar aos familiares. Não raramente é o parente do morto que apresenta à delegacia uma possível Sem Delegado queixou-se de má preservação A má preservação do local do confronto foi alvo de queixa de um delegado responsável por registrar um caso ocorrido na Vila Clementino, na Zona Sul, em agosto. “Antes da análise pericial, vários PMs transitavam livremente pelo interior do estabelecimento e fotografavam objetos da cena do crime”, escreveu a autoridade no B.O.. “A polícia disse que não havia testemunhas da morte do meu filho (Lucas Pires de Amorim). Eu conheço uma testemunha. Ela me procurou para dizer que o Lucas morreu de joelhos, indefeso. Antes de atirar, o policial disparou para o alto e falou: ‘Corre todo mundo’. Quem estava perto correu, mas esse rapaz viu que meu filho já estava rendido. Fui à delegacia, falei que há quem tenha visto tudo como aconteceu, mas é difícil confiar na polícia para dar nomes.” Reinaldo Canato/Diário SP testemunhas testemunha da ocorrência. O ouvidor da Polícia, Luiz Gonzaga Dantas, afirma que há alguns anos eram frequentes as denúncias de retirada de documentos dos mortos por parte de policiais militares. “Mas isso foi reduzido”, garante. A rapidez em localizar testemunhas é considerada por policiais ouvidos pela reportagem como fundamental. Um deles citou um ditado alemão: “O tempo que passa é a verdade que foge”. + l Alvaro Magalhães 16 [email protected] A Polícia Militar não apresentou testemunhas do confronto à Polícia Civil em mais de um terço (exatamente 39%) dos casos em que suspeitos foram mortos sem a prisão de comparsas em 2012. O resultado foi obtido pelo DIÁRIO após o cruzamento de dados de todas as 231 ocorrências registradas como resistência seguida de morte no ano passado envolvendo PMs em serviço. Do total, 91 têm como testemunha do confronto apenas militares. Nos demais casos havia pessoas próximas ao local ou câmeras de monitoramento foram identificadas pelos investigadores após a ocorrência. Mesmo que esses civis não tenham afirmado, durante o registro do caso, que de fato viram tiroteio, a reportagem considerou os casos como testemunhados. O mesmo foi feito em relação às câmeras. Na maior parte dos casos, os investigadores não tiveram acesso às imagens no dia da ocorrência, já que a maioria dos confrontos (58%) aconteceu entre as 21h e às 3h, quando os estabelecimentos comerciais Para a OAB, Ministério Público deveria levantar o histórico de policiais envolvidos Hora das ocorrências sem testemunhas viaturas baleadas já estão fechados. O DIÁRIO preferiu considerar esses casos como testemunhados pois o vídeo, se gravado, poderia ser obtido durante as investigações. “Nos casos sem testemunhas é conveniente que a Promotoria levante o histórico dos PMs”, diz Martim de Almeida Sampaio, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP. “Aí é uma questão de analisar caso a caso. Muitas vezes o promotor deve pedir a suspeição do testemunho dos policiais.” O pedido de suspeição ocorre quando há indícios de que a testemunha tenha interesse no desfecho do caso. “A situação é semelhante à de acidentes de trânsito em que um dos envolvidos morre”, afirma Guaracy Mingardi, ex-diretor da Secretaria Nacional de Segurança Pública. “A palavra de um não basta: é preciso uma perícia muito bem realizada.” Em apenas dois dos 231 casos analisados pelo DIÁRIO, porém, os baleados não foram socorridos. Em 229, os suspeitos foram levados a hospitais, prejudicando a análise do local. “Com isso, a perícia pode acabar inconclusiva”, diz Sampaio. 4 policiais feridos 2 escudos alvejados 1 das 9h até as 12h da 0h até as 3h das 6h até as 9h das 3h até as 6h 3% 1% das 21h até a 0h 36% das 18h até as 21h 10% 22% 10% das 12h até as 15h 8% das 15h até as 18h 10% ataque a base da GCM 1 Pressa no socorro Em 89 policial atingido, mas o colete evitou ferimentos Mais ninguém viu Quatro em cada dez casos de mortes envolvendo a PM não tiveram testemunhas além de policiais 231 casos foram apresentados à Polícia Civil como confrontos com mortes de suspeitos Destes 91 casos 113 suspeitos foram mortos *A reportagem não considerou as tesmunhas de crimes ocorridos em áreas diferentes do confronto, que motivaram a abordagem em outro local 91 casos têm como testemunha do confronto apenas policiais militares* Nos outros 21 casos dos 91 casos os baleados foram levados a hospitais antes da chegada da perícia Sem rosto Dos 113 mortos, Em 70 casos Os policiais e os equipamentos oficiais (como viaturas, coletes e escudos) saíram ilesos 48 não haviam sido identificados no momento da ocorrência. O número equivale a 42% do total de mortos Veto a socorro por PMs reduziu mortes em 42% No primeiro trimestre de 2013, 64 baleados pela polícia não resistiram, contra 112 no ano passado O n ú m e ro d e p e s s o a s mortas pela Polícia Militar caiu 42% no primeiro trimestre deste ano, ante mesmo período do ano passado, após a Secretaria da Segurança Pública regulamentar, em janeiro, o procedimento que policiais devem tomar ao se envolverem em casos de confrontos com mortes. A principal mudança refere-se ao socorro dos baleados, que não deve mais ser feito pelos próprios policiais. A reportagem apurou que, depois da resolução, o total de suspeitos mortos por PMs em serviço no estado caiu de 112 casos no primeiro trimestre do ano passado para 64 nos três primeiros meses deste ano. A redução da letalidade ampliou-se no decorrer dos meses, caindo de 40 casos para 31 em janeiro (redução de 22%), de 36 para 21 em fevereiro (queda de 42%) e de 36 para 13 em março (diminuição de 64%). Uma das considerações que motivaram a resolução é “a necessidade de preservação adequada do local (...) para apuração efetiva do acontecido”. A norma determina que PMs devem “acionar, imediatamente, a equipe do resgate, Samu ou serviço local de emergência, para o pronto e imediato socorro”. “É evidente que, nos casos em que isso não é possível e nas cidades onde não existem tais serviços, não está proibido que o transporte das vítimas seja feito por policiais ou civis”, diz a pasta, em nota. A reportagem questionou, na sexta-feira e ontem, a PM a respeito da falta de testemunhas, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição. AMANHÃ, OS POLICIAIS QUE MAIS MATARAM CIVIS Ü 6 DIÁRIO DE S. PAULO - QUARTA-FEIRA / 24 DE ABRIL DE 2013 dia a dia Viatura da morte Policiais da Força Tática do 5 o- Batalhão foram responsáveis por cinco mortes no ano passado [email protected] e Aquino mataram Robson Silva — Aquino teve o colete atingido. Em 19 de janeiro, Souza, Aquino e Guarnieri participaram de ocorrência que acabou com as mortes de Fabio Freitas e Silverson Souza. Após passarem quatro meses detidos, os PMs foram soltos. “Eles são acusados em apenas um caso”, diz o advogado Celso Vendramini. “O que ocorreu foi um confronto seguido de socorro ao hospital. As testemunhas entraram em contradição perante o juiz. Exames mostram que elas não poderiam ver o que dizem ter visto”, defende. Na segundafeira, a reportagem solicitou ao advogado entrevista com os policiais, mas ele não conseguiu contato com os acusados. 34 PMs atuaram Policiais envolvidos em mais de um 510 caso de resistência policiais tiveram a arma apreendida n O DIÁRIO identificou 510 policiais militares envolvidos em ocorrências apresentadas como resistência seguida de morte no ano passado na capital paulista – 34 deles participaram de mais de um confronto. A maior taxa de letalidade é verificada entre os policiais que integram a Força Tática (equipe de elite de cada batalhão, responsável por apoiar as companhias, que patrulham áreas menores). Metade dos 231 casos com mortes tiveram participação desses policiais. A PM tem um efetivo de 22 mil policiais na capital – 10% pertencem à Força Tática. A PM informou que, desde fevereiro, todo policial que participa de confrontos é afastado das ruas e participa de um programa de acompanhamento, com duração de três meses. pela Polícia Civil após participarem de confrontos em 2012 34 estão envolvidos em mais de um confronto 13 estão envolvidos em um confronto e estiveram presente em outro sem atirar Crédito da foto Os policiais da viatura 05034, da Força Tática do 5º Batalhão (Zona Norte), foram os campeões de casos apresentados à Polícia Civil como resistência seguida de morte na capital em 2012. Eles se envolveram em quatro ocorrências, com cinco mortes. Na última, foram presos. O comandante da guarnição, o tenente Alisson de Souza, é o único que esteve presente em todos os casos. Em um deles, o oficial não atirou. Os demais integrantes da viatura (soldados Humberto Batista, Mario Guarnieri e Ricardo Aquino) revezam-se em três casos cada um. O caso que levou os PMs à cadeia aconteceu em 9 de dezembro, no Jardim Brasil. Souza, Batista e Guarnieri foram os responsáveis por levar Maycon de Moraes, de 17 anos, bal e a d o e m c o n f ro n to c o m Aquino, ao Pronto-Socorro José Storopolli. Uma testemunha disse à Polícia Civil ter visto o rapaz bem, gesticulando, na viatura. Depois, o depoente foi ao hospital com o irmão de Maycon, que havia sido agredido. Chegou no José Storopolli às 2h20. A viatura só apareceu às 3h08. Maycon morreu em seguida. Em 14 de julho, Souza, Batista e Guarnieri já haviam se envolvido em um caso que terminou com a morte de um desconhecido. A viatura foi baleada na ocasião. Em 19 de julho, Souza Reinaldo Canato / Diario SP Alvaro Magalhães _Andrea Rodrigues, mãe de Maycon de Moraes Das 231 ocorrências de confrontos com morte envolvendo a PM 30 envolvem a Rota + l Lei de Acesso possibilitou levantamento 2 envolvem a Rota e a Força Tática 113 86 envolvem a Força Tática “Meu filho (Maycon de Moraes) desceu do carro de mãos para cima. Não houve confronto. Testemunhas viram isso. Acontece que o rapaz que estava com meu filho no carro havia se envolvido em um acidente de trânsito com parente de um dos PMs. E os PMs estavam atrás dele.” envolvem outros policiais Os dados apresentados pelo DIÁRIO na série que se encerra hoje foram obtidos graças à Lei de Acesso à Informação. A legislação, de 2011, autoriza o pedido de documentos oficiais. Armamento que, segundo os policiais militares, estava com o morto revólver pistola fuzil espingarda metralhadora granada faca 184 87 7 6 2 1 4 Efetivo da PM 22 mil PMs atuam na capital 2,3 mil deles são da Força Tática dos batalhões 840 PMs tem a Rota