Relatório sobre o perfil da demanda dos candidatos que participaram do processo seletivo para o Curso de Extensão “Operações de Paz e Policiamento Internacional” (junho de 2010) Eduarda Hamann - Operações de Paz VIVA RIO O Viva Rio, em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), organizou o primeiro curso online, em português, aberto e gratuito sobre operações de manutenção de paz e policiamento internacional. Com duração de sete semanas, oferecido entre junho e julho de 2010, o Primeiro Curso de Extensão “Operações de Paz e Policiamento Internacional” atraiu a atenção de profissionais das 27 unidades federativas e, nos 10 dias em que durou o período seletivo, foram recebidos mais de 7 mil pedidos de inscrição. São dois os principais objetivos do curso: (1) aumentar o número de policiais militares que se voluntariam para participar de missões de manutenção da paz da ONU; e (2) aumentar o número de brasileiros de profissões correlatas que conheçam, de maneira geral, questões relacionadas à ONU e à inserção pró-ativa do Brasil no plano internacional, para estimular a continuidade do debate público sobre tais assuntos. De uma amostra de 662 inscrições válidas, é possível identificar o perfil dos profissionais brasileiros que hoje buscam informações sobre operações de manutenção da paz da ONU. Ainda que não esteja livre de imperfeições, trata-se de uma amostragem que, de maneira inequívoca, aponta para uma demanda que já não se pode ignorar. No que se refere à distribuição geográfica dos que se inscreveram no curso, apesar de as cinco regiões brasileiras estarem de alguma forma representadas, identificou-se maior demanda proveniente das regiões Sudeste (35%), Nordeste (24%) e Sul (20%). Os 21% restantes são oriundos das regiões Centro-Oeste (13%) e Norte (8%). Quanto à distribuição por Unidades da Federação, o estado do Rio de Janeiro foi o que mais apareceu nas estatísticas, com 15,1% das inscrições válidas. Considerando o total de 27 unidades federativas, trata-se de um percentual extremamente alto para uma única unidade. O Rio Grande do Sul aparece em segundo lugar, com 11,3% das inscrições, seguido por São Paulo (8,6%), Minas Gerais (8,6%) e Bahia (6,3%). Os estados com mais baixa representação foram Maranhão (0,8%), Rondônia (0,6%), Roraima (0,5%) e Amapá (0,2%) (ver Anexo 1). É possível que o baixo percentual de inscrição de profissionais destes estados esteja relacionado ao pouco acesso à comunicação que informava sobre o processo seletivo. Deste modo, apesar de os dados não serem conclusivos, eles sugerem que há a necessidade de se engajar mais profissionais destes estados em futuros eventos de mesma temática para, no mínimo, melhor aferir a demanda e para, idealmente, obter a melhor distribuição geográfica dos interessados. A mais relevante análise refere-se à profissão ou ocupação dos candidatos. Quase metade das inscrições válidas (45,5%) foi proveniente de Polícias Militares (PMs). De fato, já se esperava maior participação dos PMs porque, hoje, por determinação do governo brasileiro, os policiais militares são os únicos agentes de segurança pública a serem enviados para exercer atividades de polícia em missões de manutenção da paz da ONU (esta determinação varia de acordo com a legislação de cada país). Em termos de função, porém, cabe destacar que a Polícia da ONU (UNPOL) também desempenha atividades compatíveis com as exercidas, no Brasil, por policiais civis, policiais federais, policiais rodoviários, bombeiros, guardas municipais, dentre outros. Ao lançar o processo seletivo, portanto, já se esperava que os PMs teriam grande representação, possivelmente maior que as demais profissões. Em segundo lugar está a Polícia Civil, com metade das inscrições dos PMs, em números também significativos, representando cerca de 1/4 das inscrições válidas (25,7%). Em seguida, com menos expressão relativa, estão o Departamento de Polícia Federal (5,6%), agentes penitenciários (4,8%), Guardas Municipais (4,4%) e Corpos de Bombeiros Militares (4,2%). Os 10% restantes são divididos, principalmente, entre a Polícia Rodoviária Federal, professores ou pesquisadores universitários, profissionais do governo estadual ou de prefeituras, entre outros (ver Anexo 2). Devido ao conhecimento empírico das missões por parte de vários policiais militares, cabe também analisar os postos e graduações dos PMs e também dos bombeiros militares – profissões com semelhante hierarquia institucional. De uma amostra de 329 inscritos de ambas as corporações, os tenentes correspondem ao posto que mais procurou o curso (31,9%), seguido pelos capitães (25,5%) e pelos majores (16,1%). Merece especial destaque a procura do curso por parte de 3 Coronéis e de 26 Tenentes-Coronéis. No que tange à distribuição por gênero, apenas 20% dos candidatos eram mulheres e procurou-se manter esta proporção na composição da 1ª turma (ciclo 19 da RENAESP). A baixa procura por mulheres reforça a idéia de que elas não correspondem nem à metade dos profissionais de segurança pública e/ou segurança internacional, apesar de essas serem áreas cada vez menos “masculinizadas”. Pelo exposto, verifica-se uma demanda de vários profissionais por maior envolvimento, direto ou indireto, nas atividades internacionais do Brasil. Hoje, de fato, nosso país desempenha um papel cada vez mais relevante no continente americano, com destaque à liderança exercida na missão da ONU no Haiti, bem como em outras áreas do globo. Em uma dimensão mais ampla, é possível concluir que milhares de brasileiros estão em busca de uma oportunidade para iniciar ou aprofundar seu conhecimento, por vezes já empírico, sobre missões de manutenção da paz, política internacional, sistema das Nações Unidas e temas correlatos. Considerando que hoje há diversos cursos sobre esses temas e que muitos estão disponíveis online, são em inglês e já são oferecidos para grupos pré-selecionados ou mediante baixo investimento, podese inferir que a enorme demanda ao curso deve-se à ampla divulgação do processo seletivo e ao fato de o curso ser aberto a todos e de o material ter sido elaborado em português. Que o curso sirva como fonte inicial de inspiração para todos – para quem está começando, para quem está consolidando, para quem vai aplicar na prática, para quem buscará aperfeiçoar o inglês em busca de conhecimento aprofundado sobre temas internacionais e para quem pretende estimular este tipo de debate na sociedade brasileira. Anexo 1 – Distribuição de 662 inscrições válidas, por Unidade da Federação Anexo 2 – Distribuição de 662 das inscrições válidas, por profissão/ocupação.