ela pensou que seria cobrada apenas uma vez e não mensal, cobrança de seguro de R$ 3,90 pelo qual ela nunca foi informada que teria de pagar. E outras coisas mais que ela não sabe explicar, mas com umas letras esquisitas. “Como IOF, por exemplo?”, perguntei. Sim, isso mesmo, respondeu. “O que é isso?”. Seu desespero aumentou quando recebeu um telefonema do call center para negociar a dívida. O mesmo call center que ofertou um título de capitalização, de R$ 60 mensais por 48 meses. Isso mesmo. Um produto para acumular renda, para uma pessoa que estava devedora. Um produto que corrige o valor pela TR enquanto ela pagava quase 5% ao mês no cheque especial. Essa história mostra o longo caminho que as instituições financeiras têm pela frente e a grande oportunidade que esse novo cenário traz para os corretores interessados em fazer a venda consultiva. Todos terão de investir muito em treinamento dos funcionários. É urgente a reinvenção da bonificação dos vendedores, como privilegiar a qualidade da venda com um peso máximo e não o volume de vendas. E asas à criatividade para bolar programas de educação financeira para que a população conheça e entenda seguros para saber escolher, deixando de ser refém de uma oferta inadequada. Outro caso mostra que a educação financeira funciona. Pedro dos Santos, segurança de uma seguradora, já participou de seminários sobre produtos financeiros. “Todo dia quando vou sacar dinheiro no banco a moça me oferece cartão de crédito e linhas de financiamentos para eu comprar um carro. Não aceito, pois meu salário só dá para as contas básicas por enquanto. Me esforço para ter mais renda e poder comprar seguro de vida para garantir a escola do meu filho”. É isso. Há um longo caminho para conquistar a tão sonhada sustentabilidade, que nada mais é do que ter atitudes que expressam respeito por si mesmo, pelo próximo e pelo planeta. Longe de ser um discurso, a sustentabilidade é o único caminho para construir um futuro seguro. * Denise Bueno é articulista da Revista Apólice