Projeto Suplementação para Atletas de Elite Fisiologia do Esporte Conceitos Fundamentais em Nutrição Esportiva: Força, Potência e Resistência Sistemas Energéticos no Esporte Fisiologia do Esporte Fibra Muscular Esquelética Entendendo a Fibra da Musculatura Esquelética As fibras da musculatura esquelética são longas fibras multinucleadas que variam de poucos milímetros até 30 centímetros. Cada fibra é rodeada por uma membrana homogênea, o sarcolema, que contém fibras colágenas em suas camadas externas, conectadas aos elementos do tecido conectivo intramuscular (Guyton e Hall, 1996). Legenda: Esquema da fibra esquelética muscular. Tipos de Fibras Musculares As fibras musculares humanas podem ser classificadas em diferentes categorias de acordo com as técnicas usadas para avaliar as amostras (Bemben, 1998). Normalmente as fibras podem ser classificadas em um dos três tipos básicos a seguir: 1) Fibras oxidativas ou de contração lenta (tipo I): possuem grande resistência à fadiga; 2) Fibras glicolíticas-oxidativas ou de contração rápida (tipo IIa): possuem características de resistência e força; 3) Fibras glicolíticas de contração rápida (tipo IIb): estão normalmente associadas à produção de força e potência (força x tempo) e possuem baixa resistência à fadiga. Fluxo Sanguíneo e Capilarização O fluxo sanguíneo e o sangue, consequentemente, são de vital importância para o trabalho muscular, especialmente em exercícios moderados a intensos. Uma redução do fluxo sanguíneo pode levar a uma diminuição da capacidade da musculatura trabalhar aerobicamente, uma vez que pode haver redução dos níveis de oxigênio, fazendo com que o metabolismo do oxigênio tenha menor contribuição (Bemben, 1998). Referências Guedes DP. Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício. EPM – UNIFESP. Bemben MG. Age-related alterations in muscular endurance. Sports Med. 1998 Apr;25(4):259-69. Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 9ª Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1996. Conceitos Fundamentais em Exercício Físico Força, Potência e Resistência Força Capacidade de exercer tensão muscular contra resistência, envolvendo fatores mecânicos e fisiológicos que determinam a força em algum movimento particular. A força é determinada principalmente pelo tamanho do músculo, sendo a força contrátil máxima entre 3 e 4 Kg/cm2 de área de secção transversa (Guyton e Hall, 1996; Guedes, Unifesp). Um homem com altas concentrações de testosterona tendo, portanto, músculos com maior área será muito mais forte que pessoas sem a vantagem da testosterona. Potência A potência é a medida da quantidade total de trabalho que o músculo pode executar num dado período de tempo. A potência é determinada não apenas pela força de contração muscular, mas também pela distância da contração muscular e pelo número de vezes que o músculo contrai a cada minuto. A potência muscular é geralmente medida em kilogramas-metro (Kg-m) por minuto. Será apontado como tendo potência de 1 Kgm/min o músculo que puder em 1 minuto levantar um peso de 1 Kg até a altura de 1 metro ou mover lateralmente um objeto contra a força de 1 kg por uma distância de 1 metro. Resistência É a medida final do desempenho. Depende, em grande parte, do fornecimento de substâncias nutrientes para o músculo. Mais importante: a resistência depende da quantidade de glicogênio que estava armazenada no músculo antes do exercício. É interessante salientar que, com o envelhecimento, a capacidade oxidativa da mitocôndria pode ser afetada, diminuindo a capacidade da célula em aproveitar o oxigênio para a produção de energia e, dessa maneira, reduzir a resistência (Coggan et al., 1992). Quantidade de Glicogênio Muscular Relação Direta com a Resistência Referênc ias Coggan AR, Spina RJ, King DS, Rogers MA, Brown M, Nemeth PM, Holloszy JO. Histochemical and enzymatic comparison of the gastrocnemius muscle of young and elderly men and women. J Gerontol. 1992 May;47(3):B71-6. Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 9ª Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1996. Conceitos Fundamentais em Exercício Físico Sistemas Energéticos e Metabólicos Musculares As células musculares apresentam os mesmos sistemas metabólicos básicos de todas as outras partes do corpo. Além disso, outros 3 sistemas metabólicos são de extrema importância para se compreender os limites da atividade física: sistema fosfagênio, sistema glicogênio-ácido lático e sistema aeróbico. 1. Sistema Fosfagênio Constituído pelos sistemas ATP e fosfocreatina. A quantidade de ATP presente nos músculos, mesmo em atletas bem treinados, só é suficiente para manter a potência muscular máxima por cerca de 3 segundos. Consequentemente, é essencial a formação contínua de novo ATP, mesmo durante a realização de eventos atléticos de curta duração. A fosfocreatina libera alta quantidade de energia na sua decomposição (via creatina quinase) (10.300 kcal/mol), que é utilizada na reconstituição do ATP. Além disso, muitas células musculares têm 2 a 4 vezes mais fosfocreatina que ATP. Com isso, a potência muscular máxima alcança um período de 8 a 10 segundos, quase o suficiente para uma corrida de 100 metros. 2. Sistema Glicogênio-Ácido Lático O glicogênio armazenado no músculo pode ser decomposto em glicose, que é então utilizada para fins energéticos. A maior parte de glicogênio muscular se transforma em ácido lático, mas nesse processo forma-se quantidade considerável de ATP. O sistema glicogênio-ácido lático pode formar moléculas de ATP com velocidade cerca de 2,5 vezes maior que a dos mecanismos oxidativos das mitocôndrias. Como consequência, quando é necessária grande quantidade de ATP para um período curto a moderado de contração muscular, o mecanismo anaeróbico da glicólise pode ser usado como fonte rápida de energia. 3. Sistema Aeróbico O sistema aeróbico utiliza a oxidação de substâncias nutrientes nas mitocôndrias para fornecer energia. A glicose, os ácidos graxos (simultaneamente) e os aminoácidos (em menor grau e apenas sob necessidade) provenientes dos alimentos – após algum processamento intermediário – combinam-se ao oxigênio para liberar grande quantidade de energia, que é usada para converter AMP e ADP em ATP. R eferênc ias Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 9ª Edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1996. Como Prescrever? Anabolizantes Proteicos/Aminoácidos 1. Shake de Aminoácidos de Cadeia Ramificada (BCAAs) Leucina ________________________________ 6,6 g Isoleucina _____________________________ 3,3 g Valina _________________________________ 3,3 g Base Shake _____________________ qsp 1 sachê Mande 30 sachês. Administrar 2 shakes ao dia, pela manhã e outro à noite. Adicionar o conteúdo de um sachê em 1 copo d’água ou de leite desnatado. Tomar imediatamente após o preparo. Comentários: A suplementação de BCAAs promoveu redução significativa do efluxo de creatina quinase e fadiga muscular quando comparada com o grupo controle (p<0,05) em praticantes de exercício de resistência (Howatson et al., 2012). 2. Shake de Leucina Leucina _________________________________4 g Base Shake _____________________ qsp 1 sachê Mande 30 sachês. Administrar 1 shake ao dia, preferencialmente após o treino. Adicionar o conteúdo de um sachê em 1 copo d’água ou de leite desnatado. Tomar imediatamente após o preparo. Comentários: A suplementação de leucina promoveu ganho significativamente superior de força nas repetições totais máximas dos exercícios, com aumento da performance em praticantes de atividade de força inicialmente destreinados (Ispoglou et al., 2011). 3. Shake de Whey Protein Whey protein ___________________________10 g Base Shake _____________________ qsp 1 sachê Mande 30 sachês. Administrar 1 shake ao dia, preferencialmente após o treino. Adicionar o conteúdo de um sachê em 1 copo de leite desnatado e bater com 1 fruta (rica em frutose). Tomar imediatamente após o preparo. Comentários: A suplementação de whey protein 10 g e frutose 21 g pode estimular o aumento da síntese de proteína muscular após exercícios de resistência em homens jovens treinados (Tang et al., 2007). Referênc ias Howatson G, Hoad M, Goodall S, Tallent J, Bell PG, French DN. Exercise-induced muscle damage is reduced in resistance-trained males by branched chain amino acids: a randomized, double-blind, placebo controlled study. J Int Soc Sports Nutr. 2012 May 8;9(1):20. Tang JE, Manolakos JJ, Kujbida GW, Lysecki PJ, Moore DR, Phillips SM. Minimal whey protein with carbohydrate stimulates muscle protein synthesis following resistance exercise in trained young men. Appl Physiol Nutr Metab. 2007 Dec;32(6):1132-8. Ispoglou T, King RF, Polman RC, Zanker C. Daily L-leucine supplementation in novice trainees during a 12-week weight training program. Int J Sports Physiol Perform. 2011 Mar;6(1):38-50. Óleo de Cártamo Estudo conduzido por Takeuchi et al. (1995) avaliou 76 indivíduos comparando os resultados da ingestão de “banha”, óleo de cártamo rico em ácido oleico, óleo de cártamo rico em ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) e óleo de linhaça. Os resultados sugeriram que a ingestão de óleo de cártamo rico em PUFAs aumenta a termogênese por aumentar a atividade simpática do tecido marrom. Estudo conduzido por Neschen et al. (2002), que envolveu 30 indivíduos divididos em três grupos, sendo um grupo controle, um grupo ingerindo óleo de cártamo e um grupo ingerindo óleo de peixe, demonstrou que o consumo de óleo de cártamo reduz os níveis de triglicerídeos por promover aumento da capacidade de beta-oxidação hepática. Estudo conduzido por Hsu e Huang (2006) avaliou os efeitos do óleo de cártamo vs. manteiga em relação ao tecido adiposo. Os resultados sugeriram que o óleo de cártamo pode aumentar o catabolismo de ácidos graxos e diminuir a regulação dos estoques de gorduras e lipogênese. Cafeína Segundo Hodgson et al. (2012), o consumo de uma bebida contendo cafeína (juntamente com extrato de chá verde) promoveu aumento das concentrações de metabólitos relacionados ao metabolismo lipídico (3-β-hidroxibutirato), lipólise (glicerol) e intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico (citrato) quando comparado com a bebida placebo. Arciero et al. (2000) demonstraram que o gasto energético foi aumentado tanto em mulheres mais jovens quanto em mais idosas após a ingestão de cafeína ( +15,4% e + 7,8% kcal/min, respectivamente). Arciero et al. (1995) demonstraram que a ingestão de cafeína aumentou as concentrações de ácidos graxos (362 para 803 µmol/L, p=0,07) em homens jovens e a taxa de termogênese foi aumentada tanto em homens jovens quanto em homens mais idosos. Referência Arciero PJ, Bougopoulos CL, Nindl BC, Benowitz NL. Influence of age on the thermic response to caffeine in women. Metabolism. 2000 Jan;49(1):101-7. Arciero PJ, Gardner AW, Calles-Escandon J, Benowitz NL, Poehlman ET. Effects of caffeine ingestion on NE kinetics, fat oxidation, and energy expenditure in younger and older men. Am J Physiol. 1995 Jun;268(6 Pt 1):E1192-8. Cox C, Sutherland W, Mann J, de Jong S, Chisholm A, Skeaff M. Effects of dietary coconut oil, butter and safflower oil on plasma lipids, lipoproteins and lathosterol levels. Eur J Clin Nutr. 1998 Sep;52(9):650-4. Hodgson AB, Randell RK, Boon N, Garczarek U, Mela DJ, Jeukendrup AE, Jacobs DM. Metabolic response to green tea extract during rest and moderateintensity exercise. J Nutr Biochem. 2012 Sep 10. pii: S0955-2863(12)00183-0. doi: 10.1016/j.jnutbio.2012.06.017. Hsu SC, Huang CJ. Reduced fat mass in rats fed a high oleic acid-rich safflower oil diet is associated with changes in expression of hepatic PPARalpha and adipose SREBP-1c-regulated genes. J Nutr. 2006 Jul;136(7):1779-85. Neschen S, Moore I, Regittnig W, Yu CL, Wang Y, Pypaert M, Petersen KF, Shulman GI. Contrasting effects of fish oil and safflower oil on hepatic peroxisomal and tissue lipid content. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2002 Feb;282(2):E395-401. Takeuchi H, Matsuo T, Tokuyama K, Shimomura Y, Suzuki M. Diet-induced thermogenesis is lower in rats fed a lard diet than in those fed a high oleic acid safflower oil diet, a safflower oil diet or a linseed oil diet. J Nutr. 1995 Apr;125(4):920-5.