A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES LÚDICAS NO PPROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NICOLITTO, Mayara Cristina – UEPG [email protected] CAMPOS, Graziela Vaneza de – UEPG [email protected] Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: CAPES Resumo Este projeto constitui-se como um processo de intervenção e investigação da prática pedagógica. A intervenção centra-se na integração do ensino superior com a escola pública, vinculada ao Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID, que tem como objetivo a formação do licenciado por meio da inserção e vivência no cotidiano escolar. Esta inserção tem suscitado a investigação da prática pedagógica e a proposição de ações que visam a melhoria do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Este processo de intervenção e investigação pauta-se no eixo do ensino, da pesquisa e da extensão. O projeto está sendo realizado em uma escola da rede municipal de Ponta Grossa, em uma classe dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Neste contexto, este texto tem por objetivo analisar a prática pedagógica, contribuindo para uma resignificação das ações desenvolvidas durante o processo de alfabetização e assim, estimular uma prática educativa voltada para a utilização de atividades lúdicas no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, percebe-se que a aquisição do código escrito não acontece e os alunos não desenvolvem as habilidades necessárias para a alfabetização e o letramento. Percebe-se ainda, que a escola impõe para os alunos situações que não condizem com sua realidade, sua cultura, seu processo cognitivo e muito menos com sua idade. Este projeto, que se encontra em andamento, possui como metodologia a observação da prática pedagógica, com registros em diários, por meio de narrativas e intervenções que são planos de trabalho elaborados a partir de situações que emergem do cotidiano escolar possibilitando a coleta de dados. Mediante esses estudos, discussões e intervenções percebe-se que o professor que motiva e propõe novos desafios aos seus alunos possibilita a reflexão e a construção de novos conhecimentos. Assim a ludicidade faz-se necessária no cotidiano escolar, pois contribui no desenvolvimento da aprendizagem do aluno. Palavras-chave: Leitura. Escrita. Aprendizagem. 12370 Introdução Este trabalho constitui-se como um processo de intervenção e investigação da prática pedagógica vivenciada nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A intervenção centra-se na integração do ensino superior com a escola pública, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID, financiado pela CAPES, que tem como objetivo a formação do licenciado por meio da inserção e vivência no cotidiano escolar. A inserção do acadêmico no espaço escolar tem suscitado a investigação da prática pedagógica e a proposição de ações que visam à melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Este processo de intervenção e investigação pauta-se no eixo do ensino, da pesquisa e da extensão e está sendo realizado em uma escola da rede municipal de Ponta Grossa, em uma classe de oito anos. Durante a inserção na escola, permeados com encontros para estudos e discussões, percebeu-se que o ensino da leitura e da escrita não se apresenta para o aluno como uma aprendizagem significativa e que a mesma está desarticulada de sua função social. Percebeuse ainda que a realização de atividades lúdicas durante o processo de ensino ocorre esporadicamente. Embasadas nesses dados surge o seguinte questionamento: Como realizar uma alfabetização que atenda as necessidades dos alunos com defasagem de aprendizagem desenvolvendo atividades lúdicas e também atividades que despertem nas crianças o hábito da leitura e estimule as professoras e desenvolverem práticas de leituras significativas? A partir do questionamento levantado procedeu-se as discussões em referenciais que se embasam nos estudos de Carvalho (2008) e Ferreiro (2000), onde compreende-se que a alfabetização é um processo amplo, complexo e muito importante que envolve, além da mera aquisição do código gráfico, a significação do mesmo. Entretanto, percebe-se que a aquisição do código escrito não acontece e os alunos não desenvolvem as habilidades necessárias para a alfabetização. Percebe-se ainda, que a escola impõe para os alunos situações que não condiz com sua realidade, sua cultura, seu processo cognitivo e muito menos com sua idade. Os estudos, as observações e a própria prática pedagógica tem mostrado que a leitura não ocorre por meio de imposição e também não se forma indivíduos que leiam, e que tenham o gosto pelo que fazem, por meio de exercícios rotineiros de leitura e gramática rigidamente controlados. Para formar leitores no real sentido, a escola tem que desenvolver um trabalho gradual e contínuo durante o processo de alfabetização. 12371 O processo de alfabetização deve ocorrer de maneira natural, envolvente e provocadora, ou seja, a criança deve se familiarizar com a escrita primeiramente, por meio de texto, tentativas de escritas espontâneas, desenhos, contação de histórias, pois a mesma aprenderá a ler lendo e a escrever, escrevendo. Dessa forma, a alfabetização não deve ser imposta ao aluno de forma que não seja prazerosa, pois se não puder ter contato com a escrita espontânea, com livros de história e outras fontes, não compreenderá que a escrita e a leitura possuem uma função social. Neste sentido, a concepção de alfabetização presente em sala de aula faz-se importante para a aprendizagem das crianças. Objetivos Esta pesquisa possui por objetivos: analisar a prática pedagógica, contribuindo para uma resignificação das ações desenvolvidas durante o processo de alfabetização e estimular o desenvolvimento de atividades lúdicas. Marco Teórico Por meio de estudos desenvolvidos no PIBID, pode-se constatar que durante décadas discutiu-se sobre qual o método mais adequado e eficiente para se utilizar nas classes de alfabetização visto a “querela de métodos” existentes, como aponta Carvalho (2008). Mediante todos estes métodos, para que a alfabetização se concretize é necessário que o professor escolha o método mais adequado ao nível da turma e aos seus conceitos préexistentes, compreendendo que não há uma “receita” que o ensine a alfabetizar, não há um melhor método a ser seguido e sim métodos que devem ser escolhidos pelos professores de acordo com as bases que os orientam e relações significativas que oportunizem a aprendizagem da criança. Assim, Carvalho (2008, p. 45) pontua que cabe “[...] ao professor tomar decisões, lembrando-se de que, embora todos os métodos de ensino de leitura possam ter algum sucesso com crianças, infelizmente nenhum deles tem sucesso com todas”. É necessário também que o professor, além de buscar métodos diferenciados observe a aplicação e os resultados dos mesmos, (CARVALHO 2008, p. 46), pontua que: Para a professora seja qual for o método escolhido, o conhecimento das suas bases teóricas é condição essencial, importantíssima, mas não o suficiente. A boa aplicação técnica do método exige prática, tempo e atenção para observar as 12372 reações das crianças, registrar os resultados, ver o que acontece no dia-a-dia e procurar soluções para os problemas que os alunos não acompanham. Enfim, faz-se necessário que o professor alfabetizador compreenda a teoria que fundamenta o método assim, como também acompanhe a aprendizagem dos alunos promovendo a utilização de estratégias e atividades que estimulem e enriqueçam a alfabetização dos alunos. Cabe ao professor realizar um trabalho não alienado, porém também com o compromisso de atualizar-se compreendendo sua cultura e sociedade, conhecer o desenvolvimento dos educandos, compreender os conteúdos para assim realizar as transposições didáticas, criar metodologias singulares e pessoais. Assim o professor é visto como um sujeito que em sala de aula também constrói conhecimento sendo o mesmo pedagógico sobre o processo de ensino. Segundo Piaget (1984, p.15): O educador continua indispensável, a título de animador, para criar as situações e armar os dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para organizar em seguida, contra exemplos que levem à reflexão e obriguem o controle das soluções demasiado apressadas: o que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas. Compreende-se, nesta perspectiva, que cabe ao professor motivar e propor aos alunos novos desafios, para tanto é necessário organizar uma rotina pedagógica que contemple atividades significativas, em uma perspectiva de alfabetização e letramento, possibilitando aos alunos o contato com diversos gêneros textuais. Desta maneira, o professor pode proporcionar para seus alunos um aprendizado da leitura e da escrita diferenciado, utilizando também outras estratégias que promovem a leitura e a escrita. Nesta perspectiva, o professor exerce o papel fundamental de mediador entre aluno e objeto de conhecimento. Para compreender a importância das atividades lúdicas no processo de alfabetização é necessário antes compreender os conceitos de jogo, brincadeira, atividade lúdica e brinquedo. Segundo Friedmann apud Dalla Zen (2001, p. 36): [...].brincadeira refere-se à ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; jogo é compreendido como uma 12373 brincadeira que envolve regras; brinquedo é utilizado para designar o sentido de objeto de brincar; atividade lúdica abrange, de forma mais amplas, os conceitos anteriores. Vygotsky (1984) enfatiza que a ludicidade propicia que a criança, mude sua estrutura cognitiva, sua inteligência. Para o autor, o lúdico influencia o desenvolvimento da criança: É por meio do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, pensamento, interação e da concentração. O jogo promove também o desenvolvimento da memória, linguagem, atenção, percepção e principalmente: a aprendizagem. Tendo em vista a aprendizagem como ponto principal da alfabetização e desenvolvimento humano Vygotsky (1984, p. 35) afirma que: A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz. O lúdico faz-se necessário na escola e nas salas de aula para garantir aos alunos seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Metodologia Esta pesquisa está sendo realizada na perspectiva de investigação da prática pedagógica, tendo como métodos, a observação, os registros em diários, por meio de narrativas e intervenções elaborados a partir de situações que emergem do cotidiano escolar que possibilitam a coleta de dados. A observação nesta pesquisa possui um caráter de investigação científica e objetiva a aquisição de novos conhecimentos pelo observador, o mesmo deve cuidar para que suas crenças e mitos não interfiram em sua observação, modificando assim o que está sendo observado. Por meio das observações, são feitos os registros em diários, de forma descritiva, ressaltando os principais aspectos observados. Estes registros em diários auxiliam para a 12374 elaboração das intervenções, pois a partir da leitura do mesmo e estudo se torna possível retomar problemáticas do cotidiano escolar para a elaboração dos planos de trabalho. Resultados Durante as intervenções, em andamento, percebeu-se que quando o professor motiva e propõe novos desafios aos seus alunos está possibilitando a reflexão e a construção de novos conhecimentos. Assim, o trabalho com a ludicidade se faz necessário na escola para estimular os alunos no processo de aprendizagem de maneira criativa e atraente. A alfabetização deve ocorrer de maneira natural envolvente e provocadora, ou seja, a criança deve se familiarizar com a escrita primeiramente, por meio de texto, tentativas de escritas espontâneas, desenhos, contação de histórias, pois a mesma aprenderá a ler lendo e a escrever escrevendo. Dessa forma, a alfabetização não deve ser imposta à criança de forma que não seja prazerosa, pois se a criança não puder ter contato com a escrita espontânea, com livros de história, não compreenderá que a escrita e a leitura possuem uma função social, que auxilia o homem na expressão de suas idéias, atitudes e lutas. Apesar dos resultados ainda serem preliminares, pode-se afirmar que as atividades lúdicas despertam o interesse e a atenção dos alunos, promovendo uma aprendizagem significativa. As atividades lúdicas promovem também o desenvolvimento da memória, da linguagem, da atenção, da percepção e principalmente a aprendizagem. Considerações Finais A prática educativa é um exercício que exige do professor planejamento de suas estratégias pedagógicas e reflexão sobre suas ações. Assim o professor, como mediador do processo de ensino-aprendizagem, deve compreender seu aluno como ser único que possui características próprias, sendo que sua prática deve ser entendida como um instrumento que deve propiciar ao aluno o seu desenvolvimento integral, porém se este desenvolvimento não for obtido por todos, o professor deve então refletir sobre sua prática, repensando suas ações. Neste contexto, observa-se que quando as crianças ingressam na escola, ou seja, na passagem da educação infantil para o ensino fundamental, diminui-se o contato mais direto com os alunos, o afeto e também o desenvolvimento de atividades lúdicas. Assim pode-se afirmar que o lúdico deve ser valorizado, pois se observa sua contribuição para a formação da criança e para a aprendizagem da leitura e escrita. 12375 REFERÊNCIAS CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 5ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a alfabetização. 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