Novo Acordo Ortográfico
1990
A história da língua portuguesa passou por
três períodos:

o pré-histórico - do séc. V ou VI ao séc. IX sem textos escritos;

o proto-histórico - do séc. IX ao séc. XIII primeiras palavras do português;

o histórico - do séc. XIII até o presente – textos
totalmente escritos em português.
 Em
relação à ortografia, o período
histórico abrange três ciclos:
• o primeiro ciclo: período arcaico da língua/
a escrita procurava basear-se na pronúncia;
• o segundo ciclo: influência greco-latina
sofrida pelo português/predomínio do
princípio etimológico;
•
o terceiro ciclo: fase simplificada, que surgiu
com o foneticista português Gonçalves Viana
(1885), o primeiro a apresentar a proposta de
simplificação ortográfica que inspiraria a
feição das ortografias praticadas em Portugal e
no Brasil, ao longo do século XX.

1911: realização por Portugal de uma reforma
ortográfica. Brasil não foi consultado.

1924: primeiros entendimentos entre os dois
países para uma ortografia comum.

1931: adoção pelo Brasil da ortografia
simplificada.

1943: entrada em vigor do Formulário
Ortográfico aprovado pela Academia Brasileira

1945: negociação entre Brasil e Portugal por
um novo Acordo. Portugal seguiu-o, mas o
Congresso brasileiro não o ratificou.

1971: incorporação pela ortografia vigente no
Brasil de algumas das alterações previstas no
Acordo de 45.

1986: retomada dos entendimentos visando à
unificação.

1990: resultado: Acordo Ortográfico

entrada em vigor definida para 1º de janeiro
de 1994, após ratificação pelos sete países
signatários, falantes de língua portuguesa.
Estas exigências foram alteradas em 1998 e
2004, respectivamente.

1998: assinatura do Primeiro Protocolo
Modificativo, que retirou a previsão de
vigência do novo Acordo (1º de janeiro de
1994).

2004: assinatura do Segundo Protocolo
Modificativo, que definiu “a entrada em
vigor do Acordo com o depósito dos
instrumentos de ratificação por três países
signatários”;
ratificação do Acordo pelo Brasil.

2006: ratificação do Acordo por Cabo Verde,
São Tomé e Príncipe.

fixar e restringir as diferenças atualmente
existentes entre os falantes da língua;

ensejar uma comunidade que constitua um
grupo linguístico expressivo, capaz de
ampliar seu prestígio nos organismos
internacionais.
Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros:
1.
a)
as letras K, W e Y são incluídas no alfabeto da língua portuguesa.
 as letras K, W e Y são incluídas no alfabeto da língua
portuguesa, que passa a ter 26 letras.
 a letra K é uma consoante; o W pode ser uma
vogal ou uma semivogal e é pronunciado como u
em palavras de origem inglesa (whisky, Wallace,
show) e como v em palavras de origem alemã
(Walter, Wagner); e o Y pode ser igualmente uma
vogal ou uma semivogal (Paraty, yen).
b)
Os nomes próprios hebraicos de tradição
bíblica podem conservar os finais ch, ph e th
ou simplificá-los.
Antes do Acordo
Depois do Acordo
Loth ou Lot
Judith ou Judite
Joseph – José
(neste caso, o dígrafo
final mudo cai)
c)
As consoantes finais b, c, d, g e t, em nomes
de pessoas ou de lugares de tradição bíblica,
independentemente de serem ou não
pronunciadas, podem ser mantidas ou ser
suprimidas.
Antes do Acordo
Depois do Acordo
David ou Davi
Madrid ou Madri
Magog ou Mago
Josafat ou Josafá
d)
Sempre que possível, os topônimos de línguas
estrangeiras devem ser substituídos por formas
próprias da língua nacional.
Antes do Acordo
Depois do Acordo
Zürich, por Zurique
Genève, por Genebra
Milano, por Milão
Torino, por Turim
2.
a)
Grupos consonantais:
Nas sequências consonânticas interiores cc,
cç, ct, pc, pç e pt, a primeira letra - c ou p ora se conserva ora se elimina, ou seja, como
não há uniformidade nas pronúncias cultas da
língua, admite-se a dupla grafia:
Antes do Acordo
Depois do Acordo
sector/setor
cacto/cato
caracteres/carateres
ceptro/cetro
corrupto/corruto
recepção/receção
concepção/conceção
assumpção/assunção
sumptuoso/suntuoso
b)
Nas sequências consonânticas bd, bt, gd, mn
e tm, a primeira letra - b, g, m ou t - ora se
conserva ora se elimina, ou seja, como não há
uniformidade nas pronúncias cultas da
língua, admite-se, igualmente, a dupla
grafia:
Antes do Acordo
Depois do Acordo
súbdito/súdito
subtil/sutil
amígdala/amídala
amnistia/anistia
aritmética/arimética
c)
Vogais átonas:
 Os sufixos -iano e -iense mantêm o i nos
substantivos e adjetivos derivados, mesmo
que as respectivas formas primitivas
possuam e.
Antes do Acordo
acreano/acriano
saussuriano
Torriense
Depois do Acordo
acriano
saussuriano
torriense
Os substantivos que constituem variações
de outros substantivos terminados por vogal
devem ser grafados sempre com final -io e ia átono (e não -eo, -ea).

Antes do Acordo
véstia
réstia
hástea/hástia
Depois do Acordo
véstia (veste)
réstia (reste)
hástia (haste)
3.
Acentuação gráfica:
a)
Os ditongos abertos éi e ói passam a ser
grafados sem acento agudo nas palavras
paroxítonas.
Antes do Acordo
idéia
tetéia
jibóia
heróico
Depois do Acordo
ideia
teteia
jiboia
heroico
b)
A vogal e final, tônica das palavras oxítonas
pode ser pronunciada aberta (acento agudo)
ou fechada (acento circunflexo)
Antes do Acordo
bebé/bebê
canapé
guichê
Depois do Acordo
bebé/bebê
canapé/canapê
guiché/guichê
Exceções: judô/judo metrô/metro
c)
As vogais tônicas em fim de sílaba, seguidas
de m ou n, nas palavras paroxítonas, que
apresentarem oscilação de timbre passam a
admitir dupla grafia.
Antes do Acordo
fêmur
ônix
Depois do Acordo
fêmur/fémur
ônix/ónix
d)
Acentos diferenciais:
 A primeira pessoa do plural do pretérito
perfeito do indicativo pode receber acento
agudo para distinguir-se do presente do
indicativo, admitindo-se dupla grafia.
Antes do Acordo
amamos
(pres./pret.ind.)
Depois do Acordo
amamos
(pres./pret.perf.ind.)/
amámos
(pret.perf.ind.)
 A primeira pessoa do plural do presente do
subjuntivo pode receber acento circunflexo
para distinguir-se do pretérito perfeito do
indicativo, admitindo-se dupla grafia.
Antes do Acordo
demos (pres.
subj./pret.p.ind)
Depois do Acordo
demos
(pres.subj./pret.p.ind.)
dêmos
(pret.perf.ind.)
(o mesmo ocorre com o substantivo fôrma para
distinguir do verbo forma (pres.ind. Neste
caso, o acento circunflexo deve ser
empregado para evitar-se ambigüidade, como
no verso de Manuel Bandeira: “Reduzi sem
danos/ A fôrmas a forma”).

As seguintes palavras homógrafas não
recebem mais acento gráfico:
Antes do Acordo
pára (verb.)
péla (verb./ subs.)
pélo (verb.)
pêlo (subs.)
pólo (subs.)
pêra (subs.)
Depois do Acordo
para (verb./prep.)
pela (verb./ subs.)
pelo (verb.)
pelo (subs.)
polo (subs.)
pera (subs.)
(Ficam mantidos em pôde (pret. perf. ind.) para distinguir de
pode (pres. ind.) e em pôr (infinitivo) para distinguir de por
(preposição)
e)
O acento circunflexo empregado na terceira
pessoa do plural do presente do indicativo ou
do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e
seus derivados foi suprimido.
Antes do Acordo
crêem
dêem
lêem
vêem
Depois do Acordo
creem
deem
leem
veem
f)
O acento circunflexo empregado nas
paroxítonas terminadas em oo foi suprimido:
Antes do Acordo
enjôo
vôo
entôo
perdôo
Depois do Acordo
enjoo
voo
entoo
perdoo
g)
As vogais tônicas i e u das palavras paroxítonas,
precedidas de ditongo decrescente, não recebem
mais acento agudo.
Antes do Acordo
feiúra
baiúca
cauíla
Depois do Acordo
feiura
baiuca
cauila
h)
A vogal tônica u das formas rizotônicas dos
verbos arguir e redarguir não recebem mais
acento agudo.
Antes do Acordo
argúis
argúi
redargúem
Depois do Acordo
arguis
argui
redarguem
Os verbos aguar, enxaguar, apaziguar,
apropinquar e delinquir passam a admitir
dupla grafia no presente do indicativo e do
subjuntivo:
 com u tônico nas formas rizotônicas sem
acento gráfico:
i)
Antes do Acordo
averigúo
delinqúes
agúo
enxagúe
Depois do Acordo
averiguo
delinques
aguo
enxague
com a e i dos radicais tônicos acentuados
graficamente:
Antes do Acordo
averigúo
delinqúes
agúo
enxagúe
Depois do Acordo
averíguo
delínques
águo
enxágue
j)
As vogais tônicas e ou o em fim de sílaba, nas
palavras proparoxítonas, seguidas de m ou n
admitem dupla grafia.
Antes do Acordo
gênero
Antônio
cômodo
fêmea
Depois do Acordo
gênero/género
AntônioAntónio
cômodo/cómodo
fêmea/fémea
4.
O trema é inteiramente suprimido em palavras
portuguesas ou aportuguesadas.
Antes do Acordo
seqüência
tranqüilo
lingüiça
agüentar
Depois do Acordo
sequência
tranquilo
linguiça
aguentar
5. Uso
a)

do hífen
usa-se o hífen com prefixos ou
elementos que podem funcionar como
prefixos nas seguintes situações:
diante de palavra iniciada por h, quando o 1º
elemento termina por vogal, r ou b:
anti-higiênico, co-herdeiro, mini-hotel,
sobre-humano, super-homem, interhemisférico, hiper-hidrose,
subhepático.
quando o prefixo termina por vogal, e o
segundo elemento começar pela mesma vogal:

anti-ibérico, auto-observação, contraalmirante, micro-ondas, semi-interno.
quando o prefixo termina por consoante, se o
segundo elemento começar pela mesma
consoante:

hiper-requintado, inter-racial, subbibliotecário, super-racista.

(Com os prefixos ab-, ad-, ob-, sob, e sub, usase o hífen também diante de palavra iniciada por
r: sub-região, sub-raça, ad-renal, adreferendar etc.)

(Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen
diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
circum-navegação, circum-hospitalar, panamericano, pan-hispânico etc.)

com os prefixos ex, sota-, soto-, vice- e vizoem qualquer situação:
ex-aluno, sota-piloto, soto-mestre, vicereitor, vizo-rei.

com os prefixos pós-, pré- e pró- acentuados
graficamente, quando o segundo elemento tem
vida à parte:
pós-graduação, pré-natal, pró-africano.

nos compostos sem elemento de ligação,
quando o 1º elemento está representado pelas
formas além, aquém, recém e sem:
além-Atlântico, além-fronteiras, aquémmar,
aquém-Pireneus, recém-eleito,
recém-casado,
sem-cerimônia,
semvergonha

para ligar duas palavras
encadeamentos vocabulares:
que
ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo
formam
b)
Não se usa o hífen quando prefixos ou
elementos que funcionam como prefixos
nas seguintes situações:

quando a vogal final do prefixo é diferente da
vogal inicial do segundo elemento:
aeroespacial, agroindustrial, anteontem,
antiaéreo, autoaprendizagem, coautor,
extraescolar, infraestrutura, plurianual,
semiaberto.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o
segundo elemento, mesmo quando este se inicia
por o:
coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar,
cooperação, cooptar, coocupante etc.
quando o prefixo termina em vogal, e o segundo
elemento começa por consoante diferente de r ou
s:

anteprojeto, antipedagógico, autopeça,
coprodução, geopolítica, microcomputador,
pseudoprofessor, semicírculo, seminovo,

quando o prefixo termina em vogal, e o segundo
elemento começa por r ou s. Nesse caso,
duplicam-se essas letras.
antirracismo, antirreligioso, biorritmo,
contrarregra,contrassenso, cosseno,
infrassom,
icrossistema,minissaia, multissecular,
neorrealismo,
semirreta, ultrassom.
quando o prefixo termina por consoante, e o
segundo elemento começa por vogal:

hiperacidez, interescolar,
superaquecimento.
nas palavras que perderam a noção de
composição:

girassol, madressilva, mandachuva,
paraquedas, pontapé.
c)
Outras situações em que se deve usar o
hífen:

em topônimos iniciados por grão, grã, verbo ou
se houver artigo entre os seus elementos:
Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Baía de Todosos-Santos.
em palavras compostas que designam espécies
botânicas e zoológicas:

batata-inglesa, abóbora-menina,
fava-de-santo-inácio, andorinha-do-mar,
cobra-capelo, lesma-de-conchinha.
quando o primeiro elemento da palavra
composta for bem ou mal, e o segundo
elemento começar por vogal, h ou l:

bem-apanhado, bem-humorado, bem-estar,
bem-vindo, mal-humorado, mal-estar, malafortunado, mal-limpo.

na translineação de palavra com hífen, se a
partição desta coincide com o fim de um dos
elementos, deve-se repetir o hífen na linha
seguinte:
Na cidade, conta-se que ele foi viajar.
O diretor recebeu os ex-alunos.
6. O
a)
apóstrofo é usado para:
separar contração ou aglutinação de
preposições e conjunto vocabulares distintos:
de Os Lusíadas ou d’Os Lusíadas.
b)
separar contração ou aglutinação de
preposições de formas pronominais
maiúsculas referentes a entidades religiosas:
Confio n’Ele.
c)
marcar a elisão das vogais finais o e a das
palavras santo e santa ou de nomes próprios:
Sant’Ana/Santa Ana, Pedr’Álvares/ Pedro
Álvares
7.
Emprego de iniciais minúsculas nos pontos
cardeais (exceto em suas abreviaturas).
8.
Emprego de iniciais maiúsculas nos pontos
cardeais ou equivalentes, quando
empregados absolutamente:
Nordeste, por nordeste do Brasil.
9. Emprego
facultativo de maiúsculas e
minúsculas:
a)
nos pronomes de tratamento e designativos de
santo:
Senhor/senhor, Vossa Santidade/vossa santidade,
Santa Filomena/santa Filomena, São Pedro/são
Pedro.
b)
nas indicações bibliográficas, após o
primeiro elemento, exceto se forem
nomes próprios:
Memórias Póstumas de Brás Cubas/
Memórias póstumas de Brás Cubas.
c)
nos nomes próprios que designam domínios
do saber, cursos e disciplinas
Português/português, Medicina/medicina.
Obs.: obras especializadas podem observar regras
próprias para o emprego de maiúsculas e
minúsculas, baseando-se em normalizações
estabelecidas por entidades científicas ou por
normalizadoras, reconhecidas
internacionalmente.
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