REFORMA ORTOGRÁFICA Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995 Alfabeto Acentuação gráfica Emprego do hífen Um jeito novo de escrever LÍNGUA PORTUGUESA Olavo Bilac Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela. Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela E o arrobo da saudade e da ternura. Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selva e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma! Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem grandeza e o amor sem brilho. O QUE MUDA COM NOVA REFORMA? Em 1990, os oito países que falam a Língua Portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe) decidiram unificar as regras e simplificar a escrita. Das línguas faladas no mundo, a portuguesa é a única que ainda não está unificada e sofreu várias reformas. Só no Brasil foram duas: 1943 e 1971. Já em Portugal a mais recente ocorreu em 1945. Entretanto, a reforma atinge em nosso país de 0,5% a 2% da grafia praticada, enquanto em Portugal corresponde de 1,5% a 4%. Quando passa a vigorar? De 2009 até 31 de dezembro de 2012, ou seja, durante quatro anos, o Brasil terá um período de transição, no qual ficam valendo tanto a ortografia atual quanto as novas regras. Assim, concursos e vestibulares deverão adotar as duas formas de escrita – a atual e a nova. Nos livros escolares Nos livros escolares, a incorporação das novas mudanças será obrigatória a partir de 2010. Em 2009, podem circular livros tanto na atual quanto na nova ortografia. AS NOVAS REGRAS 1) Incorporação do K, do W e do Y ao alfabeto. O número de letras passa de 23 para 26. Importante: o uso dessas letras só vale para manter a grafia de palavras estrangeiras: Kant (kantiano), Byron (byroniano), show, kaiser, playboy, playground O TREMA DESAPARECE aguentar tranquilo bilíngue quinquênio pinguim frequência delinquência arguir cinquenta sequestro frequente linguiça ensanguentado sagui lingueta Pronúncia correta Extinguir Distinguir O trema permanece O trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas. Exemplos: Müller, mülleriano. 3) Ditongos abertos OI e EI O acento agudo desaparece palavras paroxítonas com ditongos abertos OI e EI: ideia assembleia europeia geleia centopeia Galileia celuloide alcateia apoio (verbo) plateia tramoia odisseia androide, asteroide, heroico, paranoico, jiboia, boia joia estreio (verbo) epopéia Coreia debiloide Observação: Nas palavras oxítonas e monossílabas, os ditongos abertos permanecem. chapéu mausoléu papéis herói anzóis Destrói Céu 4) DAR, LER, CRER e VER O acento circunflexo desaparece nos verbos DAR, LER, CRER e VER, e derivados, na terceira pessoa do plural: Exemplos Que eles deem tudo de si. Eles leem os clássicos. Eles creem na justiça. Eles veem absurdos. Não há mudança Ele tem – vem – põe – mantém = singular. Eles têm – vêm – põem – mantêm = plural. Assim: Eles vêm pela manhã = verbo vir. Eles veem coisas estranhas = verbo ver. 5) Hiato OO O acento circunflexo também desaparece na vogal tônica do hiato OO: voo enjoo abençoo magoo perdoo abotoo moo zoo povoo doo amaldiçoo 6) Acento diferencial Desaparece o acento agudo ou circunflexo que serve para diferenciar palavras como: para (preposição) para (verbo) pelo (preposição + artigo) pelo (substantivo) pelo (verbo) polo (extremidade) polo (gavião) pera (fruta) pera (preposição) Exemplos Amanhã iremos para a nova casa. Ele para sempre na mesma esquina. Eu pelo o pelo pelo simples prazer 6) Desaparece o acento agudo ou circunflexo que serve para diferenciar palavras como para (preposição), para (verbo), pelo (preposição + artigo), pelo (substantivo), pelo (verbo), polo (substantivo), pera (substantivo), pera (preposição). Amanhã iremos para a nova casa. Ele para sempre na mesma esquina. Eu pelo o pelo pelo simples prazer. O que não muda Permanece o acento diferencial em pôde (pretérito perfeito) pode presente do indicativo), pôr (verbo) por (preposição). Exemplo: Ontem ele não pôde vir, mas hoje pode. Observação: O acento em forma e fôrma continua sendo opcional. 7) Desaparece o acento agudo nas palavras paroxítonas, com I e U tônicos, quando precedidos de ditongo. Assim, passam a ser escritas: feiura, baiuca, Bocaiuva, cauila. Observação: Permanece em o acento em tuiuú, Piauí. 8) Desaparece o acento agudo na vogal tônica dos verbos APAZIGUAR, AVERIGUAR e OBLIQUAR. Que eu averigúe - vira - averigue Que tu averigúes – vira - averigues Que ele averigúe - vira – averigue. 9) Não se usará mais o hífen quando o segundo elemento começa com S ou R, devendo estas consoantes ser duplicadas: ANTIRRELIGIOSO. CONTRARREFORMA. ULTRARRADICAL. ULTRASSONOGRAFIA. ANTESSALA. PSEUDOSSÁBIO. ULTRARRESISTENTE SEMIRRETA NEORRELISMO COSSENO BIORRITMO ANTIRRUGAS ANTIRRELIGIOSO ANTIRRÁBICO NEOSSIMBOLISMO CONTRASSENDO MULTISSECULAR MICROSSISTEMA NEORREALISMO NEORREVOLUÇÃO 10) Não se usará mais o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente: EXTRAESCOLAR. AUTOESCOLA. AUTOESTRADA. EXTRAOFICIAL. INTRAOCULAR. PLURIANUAL COEDIÇÃO COAUTOR AUTOAPRENDIZAGEM ANTIEDUCATIVO AEROESPACIAL AGROINDUSTRIAL ANTEONTEM SEMIABERTO SEMIESFÉRICO Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o elemento seguinte começa pela mesma vogal. ANTI-IBÉRICO ANTI-IMPERIALISTA ANTI-INFLACIONÁRIO ANTI-INFLAMATÓRIO AUTO-OBSERVAÇÃO CONTRA-ALMIRANTE SEMI-INTERNO AUTO-OBSERVAÇÃO AUTO-ORGANIZAÇÃO MICRO-ONDAS MICRO-ÔNIBUS SEMI-INTERNATO SEMI-INTERNO CONTRA-ATACAR Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começa pela mesma consoante: HIPER-REQUINTADO INTER-RACIAL INTER-REGIONAL SUPER-ROMÂNTICO SUPER-RESISTENTE SUPER-REACIONÁRIO SUB-BIBLIOTECÁRIO Com prefixos, use-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por H. ANTI-HIGIÊNICO ANTI-HISTÓRICO CO-HERDEIRO MACRO-HISTÓRIA MINI-HOTEL SOBRE-HUMANO SUPER-HOMEM ULTRA-HUMANO PROTO-HISTÓRICO EXCEÇÃO: SUBUMANO Não há mudança semântica Observa-se que as mudanças são no campo da ortografia (escrita) e não no campo semântico. Assim sendo, Brasil e Portugal continuarão com vocábulos diferentes para a mesma finalidade. Exemplos Brasil Goleiro Fila Sanduíche x Portugal Guarda-rede Bicha Prego DICAS DE GRAMÁTICA PRONÚNCIA CORRETA Subsídio Subsistir Subsistência Subsidiar Subitem Soboficial Subaéreo Subação SÃO OXÍTONAS Negus Cister Condor Frenesi Hangar - título de um soberano - título de um romance. - grande ave de rapina. - delírio furioso. - galpão; abrigo. Mister Nobel Novel Obus Paul Ruim Ureter - aquilo que é forçoso. - “do prêmio Nobel”. - inexperiente. - arma; bomba. - pântano. - mau; malvado. - cada um dos canais... São paroxítonas Austero Alcácer Acrimônia Algaravia Alimária Aljôfar Avaro - rígido - fortaleza - sabor amargo. - confusão de vozes. - animal irracional. - pérolas miúdas. - apegado ao dinheiro. Avito Aziago Batavo Bênção Cartomancia Ciclope Circuito Cizânia Cleptomania Córtex Decano Díspar - que precede dos avós. - de mau agouro. - natural da Batávia. - ato de abençoar. - adivinhação por cartas. - gigante fabuloso. - circunferência; volta - briga; rixa; desarmonia. - impulso para o furto. - casta de árvore. - mais antigo. - desigual; diferen Ditame - preceito; regra. Enxovia - cárcere subterrâneo. Erudito - sabe muito e variado. Exegese - interpretação de textos. Filantropo - ama a humanidade. Fluido - corre como líquido. Fortuito - casual; acidental. Gratuito Homizio Ibero Ibidem Ignomínia Impudico Inaudito Insânia Intuito Látex - concedido de graça. - ato de dar guarida. - habitante da Ibéria. - aí mesmo. - infâmia; desonra. - sem pudor; lascivo. - extraordinário; incrível. - loucura; demência. - intento; plano. - suco leitoso. Misantropo - aversão à sociedade. Opimo - excelente; fértil; rico. Poliglota - fala muitas línguas. Pudico - envergonhado; casto. Quiromancia - adivinhação pelas mãos. Rubrica - sinal; assinatura. Simonia - tráfico de coisas sagrada