UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI CAMPUS SETE LAGOAS – CSL BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSITEMAS KÍVEA KÁSSIA DE PAIVA E SILVA ATRIBUTOS FUNCIONAIS E TECNOLÓGICOS DAS FIBRAS ALIMENTARES COMO SUBSTITUTOS DE GORDURA EM PRODUTOS CÁRNEOS: UMA REVISÃO Sete Lagoas 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI CAMPUS SETE LAGOAS – CSL BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM BIOSSITEMAS KÍVEA KÁSSIA DE PAIVA E SILVA ATRIBUTOS FUNCIONAIS E TECNOLÓGICOS DAS FIBRAS ALIMENTARES COMO SUBSTITUTOS DE GORDURA EM PRODUTOS CÁRNEOS: UMA REVISÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas da Universidade Federal de São João Del Rei como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biossistemas. Orientadora: Ana Karoline Ferreira Ignácio Câmara Sete Lagoas 2015 CAMPUS DE SETE LAGOAS KÍVEA KÁSSIA DE PAIVA E SILVA ATRIBUTOS FUNCIONAIS E TECNOLÓGICOS DAS FIBRAS ALIMENTARES COMO SUBSTITUTOS DE GORDURA EM PRODUTOS CÁRNEOS: UMA REVISÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas da Universidade Federal de São João Del Rei como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biossistemas. Aprovada em ___/____/____. _________________________________ _________________________________ Erick Ornellas Neves Juliana Cristina Sampaio Rigueira Ubaldo _________________________________ Ana Karoline Ferreira Ignácio Câmara Sete Lagoas - MG 2015 AGRADECIMENTOS Agradecer parece algo fácil e banal, contudo se torna muito especial quando o “Muito Obrigado” vem do coração e é feito com toda a humanidade que nos norteia, por isso: Agradeço primeiramente a Deus e Nossa Senhora Aparecida por sempre iluminarem meu caminho, principalmente ao escrever esse trabalho, dando-me serenidade, sabedoria e discernimento. Aos meus pais, Carlinhos e Suely, por me ensinarem que a vida é repleta de obstáculos e que estes são estímulos para seguir adiante em busca de nossos sonhos, sem deixar de lado o caráter, a esperança e determinação. A minha irmã, Kyssia, por ser meu modelo de dedicação e perseverança, mostrandome que todo esforço e abdicação sempre valem a pena quando se almeja uma conquista. Ao meu namorado Jhonatan, por ser meu companheiro e amigo, por me fazer sorrir mesmo nos momentos mais difíceis quando a saudade de casa apertava no peito. As minhas companheiras de luta, Ana Cláudia, Ana Paula e Thaiane, que durante esses cinco anos se tornaram minha segunda família, compartilhando comigo essa etapa maravilhosa que vivemos. Aos meus professores pela dedicação, empenho e sabedoria, em especial à minha orientadora Ana Karoline pela confiança, carinho, respeito e por ser um modelo profissional. Por fim, agradeço a toda à comunidade UFSJ, por fazerem parte da minha história, transformando o que antes era um sonho, em realidade. “Sei que meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, O oceano seria menor.” (Madre Teresa de Calcutá) RESUMO Atualmente, verifica-se uma forte mudança no estilo de vida da população, principalmente com relação aos hábitos alimentares. Por outro lado, nota-se a partir dessa mudança, a necessidade e a preocupação da população em ingerir alimentos práticos, mas com certo apelo à saudabilidade. A indústria cárnea é extremamente competitiva e muito sensível às demandas e percepções do consumido, por isso, a mesma tem-se proposto a seguir a tendência dos produtos de fácil preparo mais livres de excesso de sódio, gordura e aditivos. O objetivo do presente estudo foi reunir informações atualizadas relacionadas com a elaboração de produtos cárneos com redução de gordura a partir da incorporação de fibras alimentares, promovendo uma discussão sobre os desafios tecnológicos e benefícios à saúde. A redução de gordura em produtos cárneos pode ser obtida através da eliminação da gordura da matéria-prima através da etapa de toalete, da redução do teor de gordura do animal alterando a composição de sua alimentação e da substituição da gordura nas formulações. Os substitutos de gordura utilizados nas formulações podem melhorar a qualidade de produtos cárneos desenvolvidos com redução no teor lipídico e proporcionar maior apelo comercial no mercado, além de ser uma opção de consumo para uma dieta mais saudável. Dentre vários substitutos, se destacam as fibras alimentares. Estas possuem importante papel em muitos processos fisiológicos e na prevenção de várias doenças. Além disso, durante os últimos anos a mesma obteve maior evidência e destaque ao se considerar sua utilização como ingrediente funcional, devido aos inúmeros benefícios relatados em investigações científicas e à sua fácil incorporação nas formulações, constituindo-se em alternativa tecnológica viável na elaboração de produtos cárneos mais saudáveis com reduzido teor de gordura. Palavras-chave: substituto de gordura, fibra alimentar, produto cárneo. ABSTRACT Currently, there is a strong shift in the population's lifestyle, especially with regard to eating habits. On the other hand, it is from this change, the need and concerns of the population in practical ingest food, but with a certain appeal to healthiness. The carnea industry is highly competitive and sensitive to the demands and perceptions of consumed, therefore, it has been proposed to follow the trend of the products more easy preparation free of excess sodium, fat and additives. The aim of this study was to gather updated information related to the preparation of meat products with reduced fat from the incorporation of dietary fiber, promoting a discussion on the technological challenges and health benefits. The reduction of fat in meat products can be obtained by removing the fat feedstock through the toilet step of reducing the fat content of changing the composition of their diet and fat replacement in formulations. The fat substitutes used in the formulations can improve the quality of meat products developed with reduced fat content and provide more commercial appeal in the market, besides being a consumer option for a healthier diet. Among various substitutes, stand out the fiber. These play an important role in many physiological processes and in the prevention of various diseases. Moreover, in recent years the same obtained more evidence and highlight when considering its use as a functional ingredient due to the numerous benefits reported in scientific research and its easy incorporation into formulations, constituting a viable technological alternative in product development healthier meat with reduced fat content. Keywords: fat substitute, dietary fiber, meat product. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 Aminoácidos essenciais e Aminoácidos não essenciais..........................................15 Figura 1 Projeção para exportações de carne bovina, suína e de frango em milhões de toneladas, até 2020....................................................................................................................20 Figura 2 Estrutura química da celulose....................................................................................33 Figura 3 Estrutura química da Lignina....................................................................................34 Figura 4 Estrutura química da Pectina.....................................................................................35 Figura 5 Estrutura química da Inulina.....................................................................................37 Quadro 2 Tipos de fibras, suas finalidades em produtos cárneos e os benefícios à saúde..........................................................................................................................................43 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Composição nutricional de vários cortes cárneos (por 100g de parte comestível)................................................................................................................................17 Tabela 2 Definições de fibra dietética no mundo.....................................................................29 Tabela 3 Fibras: tipos, fontes e ações.......................................................................................32 Tabela 4 Amido resistente: tipos, fontes e características........................................................36 Tabela 5 Fontes naturais de alguns componentes da fibra alimentar.......................................38 Tabela 6 Fibra alimentar: propriedades, local de ação, implicações........................................40 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................11 2 OBJETIVO...........................................................................................................................12 3 METODOLOGIA................................................................................................................13 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................13 4.1 CARNE: IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL, TECNOLÓGICA E ECONÔMICA..........................................................................................................................13 4.1. Composição geral da carne e importância nutricional.................................................13 4.1.2 Aspectos tecnológicos das proteínas cárneas...............................................................17 4.1.3 Importância econômica do setor cárneo......................................................................19 4.2 TENDÊNCIAS ATUAIS NO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS CÁRNEOS................................................................................................................................20 4.3 REDUÇÃO DE GORDURA EM PRODUTOS CÁRNEOS.............................................23 4.3.1 As funções da gordura nos produtos cárneos e os desafios da reformulação............................................................................................................................23 4.3.2 Estratégias para redução de gordura em produtos cárneos......................................24 4.3.3 Substituto de gordura – Classificação..........................................................................26 4.4 FIBRAS ALIMENTARES.................................................................................................28 4.4.1 Definição, conceito e histórico.......................................................................................28 4.4.2 Composição.....................................................................................................................31 4.4.2.1 Celulose.........................................................................................................................33 4.4.2.2 Hemicelulose.................................................................................................................33 4.4.2.3 Lignina..........................................................................................................................34 4.4.2.4 Pectinas.........................................................................................................................34 4.4.2.5 Amido Resistente...........................................................................................................35 4.4.2.6 Inulina...........................................................................................................................36 4.4.3 Fontes alimentares.........................................................................................................37 4.4.4 Benefícios à saúde...........................................................................................................38 4.5 AS FIBRAS ALIMENTARES EM PRODUTOS CÁRNEOS.......................................... 41 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................44 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................45 11 1 INTRODUÇÃO Atualmente, verifica-se uma forte mudança no estilo de vida da população, principalmente com relação aos hábitos alimentares. Segundo Fiorentin (2014), encontram-se hoje no mercado facilidades na aquisição dos alimentos, como os produtos pré-preparados, congelados e prontos; o que provoca um menor consumo de alimentos naturais. A obesidade na população brasileira está se tornando bem mais freqüente do que a própria desnutrição infantil, sinalizando um processo de transição epidemiológica que deve ser valorizado no plano da saúde coletiva. As doenças cardiovasculares, que representam a principal causa de morte e de incapacidade na vida adulta e são responsáveis, no Brasil, por 34% de todas as causas de óbito, estão relacionadas, em grande parte, com a obesidade e com práticas alimentares e estilos de vida inadequados (BRASIL, 2003). Por outro lado, nota-se a partir dessa mudança, a necessidade e a preocupação da população em ingerir alimentos práticos, mas com certo apelo à saudabilidade. Como exigências comuns dos consumidores na atualidade, podem-se citar produtos com menor tempo de preparo, com maior vida útil e que possuam apelo saudável (WEISS et al., 2010). A busca por uma alimentação saudável e de qualidade representa tendência crescente entre a população nos últimos anos, favorecida pela influência da mídia e pelo maior nível de conhecimento e exigência dos consumidores. A indústria de alimentos é extremamente competitiva, além de ser muito sensível às demandas e percepções do consumidor. Na indústria de produtos cárneos isso não é diferente. A carne é um alimento versátil, de elevado valor nutricional, sendo considerada uma das principais fontes de proteínas com alto valor biológico e uma excelente fonte de vitaminas do complexo B e de minerais como o ferro e o zinco (ARIHARA, 2006). Por outro lado, a indústria cárnea tem sido duramente criticada pela mídia já que carnes e produtos cárneos estão associados com perfis nutricionais muitas vezes considerados negativos, incluindo altos níveis de ácidos graxos saturados, colesterol, sódio e alto teor de gordura e teor calórico, considerados fatores de riscos associados a casos de doenças, como as cardiovasculares (DECKER & PARK, 2010; HUBER, 2012). Organizações de saúde têm recomendado diminuir o consumo diário de gordura e colesterol como uma forma de prevenção ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 12 Tais recomendações relatam que apenas 30% do total de calorias da dieta sejam provenientes das gorduras, sendo que o consumo de gorduras saturadas não deve ultrapassar 10% deste total, e a ingestão de colesterol esteja abaixo de 300 mg por dia (WHO, 2003). Com o objetivo de seguir esta nova tendência, a indústria cárnea tem procurado desenvolver produtos que satisfaçam sensorialmente a expectativa dos consumidores e que ao mesmo tempo, possam ser consumidos sem oferecer riscos à saúde. As mudanças nas exigências dos consumidores e o aumento da competição global no mercado de alimentos têm levado as indústrias a adotarem novas tecnologias de processamento e uso de novos ingredientes (CARRARO, 2012). As fibras alimentares têm sido avaliadas em vários estudos como substitutos de gordura em alimentos, incluindo os produtos cárneos (BARRETO, 2007; PETERSSON et al., 2014) . A presença de fibras nos alimentos normalmente implica na redução do seu conteúdo calórico e contribui para que se atinja a Ingestão diária recomendada (IDR). A Associação Dietética Americana recomenda a ingestão de 25 a 30g de fibras por adulto / dia ou 10 a 13g / 1000 Kcal. Na Europa é recomendado o consumo de 20 g / dia / pessoa (BORDERÍAS et al., 2005). Dessa forma, a partir dos conceitos acima apresentados e levando-se em consideração que o desenvolvimento de produtos cárneos funcionais é tema relevante, atual e constante de várias pesquisas, este trabalho de revisão justifica-se como tema oportuno que busca elucidar os aspectos tecnológicos e funcionais dos substitutos de gordura em produtos cárneos, com ênfase para as fibras alimentares. 2 OBJETIVOS Reunir informações atualizadas relacionadas com a elaboração de produtos cárneos com redução de gordura a partir da incorporação de fibras alimentares, promovendo uma discussão sobre os desafios tecnológicos e benefícios à saúde. 13 3 METODOLOGIA Foi realizada pesquisa bibliográfica, abordando os principais tópicos da elaboração de produtos cárneos com redução de gordura, utilizando como base de dados o Google acadêmico, Library Online-SCIELO e o banco de dados da Universidade Estadual de Campinas. Foram utilizados referenciais teóricos de 1952 a 2015. 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 CARNE: IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL, TECNOLÓGICA E ECONÔMICA 4.1.1 Composição geral da carne e importância nutricional A partir do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), entende-se por "carne de açougue" “as massas musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a base óssea correspondente, procedentes de animais abatidos sob inspeção veterinária” (BRASIL, 1952). De acordo com Forrest et al., (1979), a carne pode ser definida como aqueles tecidos animais que podem servir como alimento. Todos os produtos processados ou industrializados que são preparados a partir destes tecidos se incluem nesta definição. A carne se compõe fundamentalmente de músculo e de quantidades variáveis de tecido conjuntivo de todos os tipos, assim como uma pequena parte de tecido epitelial e nervoso (FORREST et al., 1979). A maior porção da carcaça de um animal consiste de músculos, dos quais, o esquelético é o mais importante, em razão de sua quantidade e seu valor econômico e é ligado direta ou indiretamente aos ossos (LUCHIARI FILHO, 2000). O aspecto da carne pode ser determinado pela estrutura das fibras musculares, por sua espessura, densidade, presença de gordura e distribuição da mesma. A constituição característica da gordura e seu peculiar depósito em cada animal, bem como os espaços intra ou intermusculares, influem essencialmente sobre o aspecto da carne. A espécie, raça, nível de desenvolvimento, idade, sexo, assim como a quantidade de trabalho executado, influencia diretamente sobre o conteúdo dos músculos em mioglobina, o pigmento de coloração da carne (GOMIDE et al., 2013). 14 Em termos gerais, as carnes podem ser subdivididas em carnes vermelhas e carnes brancas. Dentre as primeiras, são mais consumidas no país as de bovinos, suínos, ovinos e caprinos (PARDI et al., 1995) e dentre as carnes brancas a mais consumida é a carne de frango. Do ponto de vista nutricional, a carne é considerada um alimento nobre, dadas as suas características sensoriais e de biodisponibilidade nutricional (MACEDO, 2003). A partir das gorduras, proteínas e vitaminas, contribui para a produção de energia, formação de tecidos e para a regulação dos processos fisiológicos (ORDÓÑEZ et al., 2005). A carne contém proteínas de alto valor biológico e micronutrientes importantes que são necessários para manutenção da saúde ao longo da vida, levando em consideração que a mesma e seus derivados são a principal fonte de proteína da dieta humana. A maioria das proteínas da carne é proveniente dos tecidos muscular e conjuntivo que a compõe (DROULEZ et al., 2006). Porções magras de carne crua contêm 19 a 23% de proteína, sendo que o conteúdo protéico pode variar de acordo com a umidade e gordura do músculo (MACEDO, 2003). Segundo Olivo & Olivo (2006), 100 g de carne magra fornece aproximadamente 40% das necessidades diárias de proteína. Segundo Wu (2009), o teor proteico varia de acordo com o tipo de carne e essas proteínas se distinguem entre si pelo conteúdo de aminoácidos essenciais que as compõe. Na síntese de proteínas, observa-se que, dos vinte aminoácidos utilizados, apenas oito não podem ser produzidos pelo organismo humano, tornando-os essenciais, ou seja, precisam ser fornecidos pela dieta, como mostra o Quadro 1 . 15 Quadro 1. Aminoácidos essenciais e Aminoácidos não essenciais Aminoácidos essenciais Aminoácidos não essenciais Isoleucina Alanina Leucina Asparagina Lisina Arginina Metionina Cisteína Triptofano Ácido aspártico Treonina Ácido glutâmico Valina Prolina Fenilalanina Histidina Tirosina Serina Glicina Fonte: Adaptado de WU (2009). O consumo inadequado de aminoácidos pode levar à desnutrição proteica. O valor nutricional de cada alimento pode ser determinado pela quantidade e a qualidade dos vários aminoácidos presentes ou ausentes. Dessa forma, a proteína cárnea distingue-se das demais por possuir todos os aminoácidos essenciais, ou seja, não possui aminoácido limitante (PEREIRA & VICENTE, 2013). Além disso, a proteína cárnea possui excelente digestibilidade. Segundo métodos específicos de avaliação de qualidade de proteína, a carne possui um valor de 0,9 (escore máximo 1,0) de digestibilidade, enquanto as proteínas de origem vegetal possuem valores entre 0,5 e 0,7 (WILLIAMS, 2007). Ainda do ponto de vista nutricional, a carne é constituída de gorduras saturadas e polinsaturadas, incluindo o ômega-3 (DROULEZ et al., 2006). Fisiologicamente, a gordura é uma fonte de vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais. Fornecendo 9kcal/g, a gordura é considerada a maior fonte de energia de uma dieta em comparação com 4 kcal / g das proteínas e carboidratos (AKOH, 1998). Além das características sensoriais peculiares que proporcionam às carnes e produtos cárneos textura e sabor, além de contribuir com propriedades como palatabilidade e flavor às aplicações culinárias (MACEDO, 2003). Os ácidos graxos polinsaturados (AGPI) variam de 11% a 29% do total de ácidos graxos presentes na carne. Essa variação pode ocorrer devido à espécie, corte cárneo e também devido ao manejo animal. Animais criados extensivamente a pasto produzem carnes 16 com melhor fonte de gorduras ômega-3 do que animais alimentados por rações a base de cereais. Entretanto, outros ácidos graxos presentes em altas proporções são os saturados, como os ácidos graxos palmítico (27%) e esteárico (13%) (WILLIAMS, 2007). Para Macedo (2003), como os requerimentos diários de ácidos graxos são pequenos, quase toda a recomendação diária é fornecida pela ingestão de carne através da gordura intramuscular, mesmo que a gordura externa seja removida. A carne bovina apresenta diferentes teores de gordura, variando de 5 a 25% do seu peso. Portanto, para um adulto, o consumo de 200g de carne por dia pode contribuir com 12 a 60% das necessidades diárias de gordura. Em menores proporções existem substâncias nitrogenadas não-proteicas (aminoácidos livres, peptídeos, nucleotídeos, creatina), vitaminas, sais minerais e ácido lático que também fazem parte da composição nutricional das carnes (ORDÓÑEZ et al., 2005). Com relação ao teor vitamínico, este também varia de acordo com a espécie, a genética e idade do animal. A carne vermelha é uma excelente fonte de vitamina B12 biodisponível, proporcionando mais de dois terços das necessidades diárias em 100g e até 25% de IDR de riboflavina, niacina, vitamina B6 e ácido pantotênico. Entretanto, comparada à carne suína é uma fonte relativamente pobre de tiamina. O fígado é uma excelente fonte de vitamina A e folato, porém os níveis são baixos nos tecidos magros (WILLIAMS, 2007). Deste modo, é possível perceber que a composição nutricional das carnes é variável de acordo com uma série de fatores, conforme citado no texto. A Tabela 1 resume as principais características de composição de diferentes cortes cárneos. 17 Tabela 1. Composição nutricional de vários cortes cárneos (por 100g de parte comestível) Corte cárneo cru Energia Proteína Umidade Lipídeos (sem cocção) Gorduras saturadas Niacina Fe Zn (mg) (mg) (mg) (kcal) (g) (%) (g) 137 19,4 72,7 5,9 2,7 4,33 1,8 6,3 217 19,2 64,8 15,0 6,9 1,55 1,5 3,5 206 21,2 65,7 12,8 5,6 3,79 1,3 2,8 Frango, coxa, c/ pele 161 17,1 72,9 9,8 3,0 2,04 0,7 2,0 Frango, peito, c/ pele 149 20,8 71,9 6,7 2,2 2,58 0,4 0,6 255 15,5 63,6 20,9 6,5 3,40 0,7 1,3 Porco, lombo 176 22,6 67,7 8,8 3,3 13,83 0,5 0,9 Porco, pernil 186 20,1 67,1 11,1 4,2 5,67 0,9 1,7 Porco, bisteca 164 21,5 67,7 8,0 3,5 2,65 0,5 1,4 Carne, bovina, acém, moído Carne, bovina, capa de contra-filé, c/ gordura Carne, bovina, contrafilé, c/ gordura Frango, sobrecoxa, c/ pele (g) Fonte: Adaptado de TACO (2011). 4.1.2 Aspectos tecnológicos das proteínas cárneas As proteínas podem ser consideradas as principais responsáveis pelas características funcionais das matérias primas cárneas. Nos produtos cárneos, são requeridas para uma grande variedade de funções. Além de serem determinantes no rendimento, na qualidade, na estrutura e nos atributos sensoriais (OLIVO, 2005). A carne é composta por proteínas miofibrilares, sarcoplasmáticas e insolúveis ou proteínas do estroma. As primeiras estão presentes de forma mais abundante no músculo, constituindo aproximadamente 65 a 75% do total, sendo representadas principalmente pela actina e miosina, além da tropomiosina, troponina, actininas e proteínas C e M. As proteínas miofibrilares possuem grande influência na funcionalidade do músculo e contribuem de forma importante nas propriedades das carnes processadas. As sarcoplasmáticas são solúveis em água e em soluções com baixa força iônica e são representadas por enzimas, mioglobina e hemoglobina, enquanto que as insolúveis são constituídas pelo colágeno, elastina e reticulina, 18 que exercem a função de recobrimento de fibras e dos feixes musculares (ORDÓNEZ et al., 2005). As proteínas cárneas exercem importante papel na qualidade do produto final e propriedades da carne fresca. As proteínas miofibrilares produzem matrizes em géis tridimensionais, viscoelásticas através das interações proteína - proteína para ligação de água, formando membranas fortes e coesivas na superfície dos glóbulos de gordura em sistemas de emulsões cárneas ou filmes em torno da interface ar/água, dessa forma, estabilizam estruturas em produtos cominuídos e reestruturados sob ação do calor (POLLONIO, 2013). A quantidade de água presente na carne também exerce importante papel na qualidade do produto final já que influencia nas características sensoriais, como textura, suculência e sabor, além de influenciar no rendimento da carne, a esta propriedade, dá-se o nome de Capacidade de Retenção de Água (CRA) que é a habilidade da carne de reter a sua própria água, contida dentro de sua estrutura (OLIVO, 2005). Segundo ROÇA (2015), a textura dos alimentos é um parâmetro estrutural que possui os atributos primários: maciez, coesividade, viscosidade e elasticidade; secundários como gomosidade, mastigabilidade, suculência, fraturabilidade e adesividade; e residuais como velocidade de quebra, absorção de umidade e sensação de frio na boca. Para o autor, a maciez é o principal critério para o julgamento da qualidade da carne, sendo considerado o mais importante parâmetro de textura do produto cárneo. A maciez pode ser definida como uma combinação da suculência da carne com a resistência das fibras musculares (SINDELAR et al., 2003) e relaciona-se a diversos fatores, tais como: espécie, idade, sexo, raça, músculo, processo de abate e de industrialização, quantidade de tecido conjuntivo e quantidade de gordura intramuscular (marmoreio) (LAWRIE, 2005). A cor também é um atributo muito importante do ponto de vista tecnológico e de aceitação pelo consumidor. As proteínas sarcoplasmáticas são responsáveis pela cor da carne, sendo os pigmentos formados em sua maior parte por: hemoglobina, que é o pigmento sangüíneo e a mioglobina, pigmento muscular que constitui 80 a 90% do total de proteínas. Pode-se encontrar na carne outros pigmentos como catalase e citocromo-enzimas, mas sua contribuição na cor não é significativa (ROÇA; 2015). 19 4.1.3 Importância econômica do setor cárneo A indústria de carnes é um dos principais setores de alimentos, sendo a maior do ramo em termos de geração de empregos e volume de recursos e capitais empregados. Segundo Brasil (2014), a agropecuária tem papel fundamental no desenvolvimento da economia de um país. Tendo como função o fornecimento de alimentos a preços acessíveis, a geração de emprego, renda e mercado consumidor para bens industrializados. O setor agropecuário no Brasil se destaca devido a algumas vantagens que lhe fornecem maior competitividade como a sua extensão territorial e clima tropical, ou seja, as condições naturais fornecem vantagens aos produtos da agropecuária. Sendo que as principais cadeias produtivas nacionais no setor cárneo são as cadeias de carne bovina, avícola e suína. A cadeia agroindustrial da carne bovina é muito diversificada e gera empregos diretos na produção, industrialização e comercialização, e indiretos, como o plantio de grãos, armazenamento e transporte. Segundo o Plano Mais Pecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2014), a pecuária bovina é um dos setores mais importantes do agronegócio brasileiro e consequentemente da economia nacional. O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, é o maior exportador de carne bovina, segundo maior produtor de carne (USDA, 2014). As exportações de carne bovina estão crescendo a cada ano e para um número cada vez maior de mercados. Em 2012 o Brasil exportou para 142 países (BRASIL, 2013). Esse avanço foi possível devido às conquistas obtidas com a defesa agropecuária, como as zonas livres de febre aftosa. Porém, devido a outras questões sanitárias e de qualidade do produto o Brasil ainda não consegue acessar mercados mais nobres (BRASIL, 2014). O destaque do Brasil no setor cárneo também está diretamente relacionado aos custos de produção. As tecnologias desenvolvidas a nível nacional deixam os custos de produção menores do que em outros países, fazendo com que o preço para o consumidor seja mais competitivos. Exemplo disto é que em 2013 o custo de produção da carne no Brasil era de US$ 3,00 por quilo, enquanto na Europa o quilo da carne chegava a custar US$ 6,00 (BARETTA, 2013). Diante deste contexto, o setor cárneo demonstra perspectivas positivas de crescimento. O departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) lançou em 2014 uma projeção para o comércio mundial de carnes. Segundo USDA (2014), o setor cárneo irá crescer em 20 torno de 22% até 2023 e o Brasil é apontado como o principal exportador de carne bovina no período citado. Em uma análise mundial, no mesmo período, a partir da Figura 1, observa-se que as exportações de carne bovina, suína e de frango devem aumentar, respectivamente, 2,2 milhões, 1 milhão e 2 milhões de toneladas (USDA, 2014). Figura 1. Projeção para exportações de carne bovina, suína e de frango em milhões de toneladas, até 2020 Fonte: USDA (2014). A partir das informações acima citadas, nota-se que o setor pecuarista está diante de uma grande oportunidade de crescimento, representada pela expansão do mercado interno e da demanda externa. Sendo, portanto uma importante fonte econômica tanto a nível nacional quanto mundial. 4.2 TENDÊNCIAS ATUAIS NO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS CÁRNEOS 21 A sociedade moderna tem adquirido hábitos alimentares, no decorrer dos anos, que afetam de maneira significativa a saúde dos consumidores, podendo contribuir negativamente para a qualidade de vida das pessoas. Esta mudança possivelmente é decorrente da aceleração do ritmo urbano e da maior inserção da mulher no mercado de trabalho, o que ocasiona escassez de tempo para preparar alimentos no domicílio. Deste modo, é cada vez mais evidente a busca por alimentos que não demandam muito tempo para o preparo e que, muitas vezes, podem não ser saudáveis, podendo levar a sérios problemas de saúde, tais como alimentos ricos em gorduras, açúcares e sódio e pobres em vitaminas, sais minerais, proteínas e fibras (OLIVEIRA et al., 2013). Dessa forma, o consumidor, preocupado com a saúde, tem cada vez mais buscado uma dieta saudável que, além de nutrir, promova redução do risco de diversas doenças e a manutenção do bem-estar físico e mental. Essa preocupação tomou maiores proporções há aproximadamente 40 anos, com a concepção dos alimentos saudáveis e também dos alimentos funcionais alimentação (MORAES & COLLA, 2006). Em decorrência desta nova demanda por produtos de fácil e rápido preparo e que, ao mesmo tempo, possam ser saudáveis, as comunidades industriais e científicas têm buscado alternativas adaptadas à estas condições da sociedade atual (OLIVEIRA et al., 2013). A indústria de carnes, assim como outros setores da área de alimentos, é alvo de importantes transformações, conseqüência das inovações tecnológicas e das mudanças exigidas pelos consumidores. Uma das principais tendências que marca a evolução do consumo de produtos cárneos surge da preocupação dos consumidores com a saúde, favorecida pelas novas recomendações e orientações nutricionais aconselhadas por diversas instituições (JIMÉNEZ-COLMENERO, 2006). A este respeito vem ocorrendo um interesse crescente no desenvolvimento de alimentos saudáveis (JIMÉNEZ-COLMENERO, 2014), por exemplo, com relação aos produtos cárneos, as linhas de pesquisa para estratégias de reformulação envolvem principalmente: redução de sal, aditivos e gordura, buscando novos ingredientes e novas tecnologias (CARRARO, 2012). Essas estratégias são descritas sucintamente abaixo. A preocupação com o excesso de sódio na dieta tem levado pesquisadores do mundo todo a unir esforços no sentido de oferecer alimentos com teor reduzido desse constituinte (OLIVEIRA et al., 2013). Todavia isso se tornou um grande desafio, uma vez que maior parte do teor de sódio está presente no produto cárneo na forma de cloreto de sódio (NaCl) e que o 22 mesmo desempenha papeis importantes no alimento, como por exemplo, a ação conservante, o aumento da capacidade de retenção de água das proteínas, reduzindo as perdas de água durante a estocagem e o aumento da estabilidade das emulsões cárneas, devido à melhor incorporação de gordura na massa (NASCIMENTO et al., 2007). Existem algumas estratégias para reduzir o teor de sódio em produtos cárneos: pela utilização de sais substitutos como o cloreto de potássio (KCl), cloreto de cálcio (CaCl2) ou cloreto de magnésio (MgCl2), utilização de ervas e especiarias, elevação de acidez, realçadores e mascaradores de sabor, cobertura com cristais de NaCl ou modificação da forma física desses cristais (POLLONIO, 2012). Com relação à redução de aditivos, tem-se primeiramente a preocupação com a redução do nitrito de sódio. O uso deste preocupa a comunidade científica mundial, pois, é fator de riscos toxicológicos à saúde humana, dependendo da quantidade ingerida e susceptibilidade do organismo. Nitritos combinam-se com a hemoglobina, transformando-a em metamioglobina, reduzindo a eficiência no transporte de oxigênio (LIRA et al, 2003). Além disso, podem formar substâncias carcinogênicas como as nitrosaminas sob certas condições de pH e temperatura (JAKSZYN & GONZALEZ, 2006). Por ultimo, observam-se em muitos estudos, estratégias para redução de gordura e redução dos teores de colesterol. Weiss et al. (2010) em sua revisão, apresentam novos ingredientes e abordagens de tratamento para criar produtos cárneos de qualidade e a preços acessíveis, utilizando para isso substitutos de gordura, como óleos vegetais, e assim redução de colesterol. Além disso, alterações nos perfis de ácidos graxos da carne e produtos cárneos podem ser obtidas através da alimentação de animais com dietas ricas em ácidos graxos polinsaturados (PUFAs), como a suplementação de rações com óleo de peixe e óleo de linhaça (LU et al., 2008) ou, pela incorporação destes óleos como ingredientes no processamento dos produtos cárneos (ANSORENA & ASTIASÁRAN, 2004). O uso de fibras como substitutos de gordura em produtos cárneos têm sido tema frequente em vários estudos (BARRETTO, 2007; HUBER, 2012; FIORENTIN, 2014). No Brasil, a grande procura pela utilização de fibras em produtos cárneos é devido a sua alta capacidade de retenção de água e consequente possibilidade de redução de custo, além dos apelos comerciais que os itens mais saudáveis podem ter no contexto atual de consumo. A 23 incorporação de água e fibras em equilíbrio na formulação pode auxiliar na obtenção de produtos mais viáveis financeiramente (BARRETTO, 2007). 4.3 REDUÇÃO DE GORDURA EM PRODUTOS CÁRNEOS 4.3.1 As funções da gordura nos produtos cárneos e os desafios da reformulação A gordura é um dos constituintes dos alimentos mais estudados, pois o seu consumo em excesso tem grande associação com a incidência de doenças cardiovasculares, obesidade e certos tipos de câncer (HUBER, 2012). Contudo, desenvolver produtos cárneos com baixos teores de gordura tem sido um enorme desafio para as indústrias e comunidades científicas, visto que a gordura contribui com uma série de atributos sensoriais, os quais o consumidor não dispensa. A gordura contribui para o sabor, cremosidade, aparência, maciez, suculência e sensação de saciedade após as refeições. Além disso, tem papel fundamental nas emulsões, na estabilização de espumas, na transferência de calor e ainda carrega compostos aromáticos e pigmentos (PINHEIRO & PENNA, 2004). Ainda segundo Pinheiro & Penna (2004), podem-se dividir as funções da gordura levando em consideração dois aspectos: o nutricional e o fisiológico. Fisiologicamente, as gorduras têm três funções básicas nos alimentos: agem como fonte de ácidos graxos essenciais (ácidos linolênico e linoléico); atuam no transporte de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K); e se constituem em importante fonte de energia. Do ponto de vista nutricional, apenas as duas primeiras funções podem ser consideradas como essenciais, uma vez que outros nutrientes, como carboidratos e proteínas podem agir como fontes de energia (ADITIVOS & INGREDIENTES, 2008; HUBER, 2012). A elaboração de produtos cárneos com redução no teor de gordura necessita da utilização de produtos que possuam atributos lipídicos, como sabor, aparência, suculência, maciez, entre outros, mas que tenham valor energético reduzido. Desta forma, podem ser empregados estabilizantes, emulsificantes, espessantes e outros aditivos com propriedades específicas. A elaboração destes produtos é difícil e nem sempre uma expressiva redução no valor energético é alcançada devido à manutenção dos atributos sensoriais (MONTEIRO, 2006). 24 Para Roller & Jones, (1996), as funções físicas e químicas da gordura podem formar um único grupo, pois a natureza química das gorduras contribui para a determinação de suas propriedades físicas. Por isso, o uso ou não, da gordura em produtos alimentícios pode apresentar algumas implicações práticas que podem ser notadas em duas etapas distintas, no processamento e no pós-processamento. No primeiro, variações do teor lipídico acarretam mudanças de viscosidade, cristalização, aeração e instabilidade ao calor. Com relação ao pósprocessamento, notam-se alterações físicas como migração e separação de gordura; químicas, como rancidez ou oxidação e microbiológicas, como alterações de atividade de água e risco à segurança alimentar. Segundo Aditivos & ingredientes (2008), a redução de gordura em produtos alimentícios deve levar em consideração o seu papel determinante para as propriedades químicas, físicas e sensoriais do alimento bem como de suas características de processamento. Em produtos cárneos isso não é diferente, a gordura é essencial ao sabor e textura, portanto a sua redução pode afetar a aceitabilidade do produto (NASSU et al., 2002). Apesar dos desafios da reformulação, a tentativa de reduzir o teor de calorias é reportada por vários autores, como a substituição de gordura por carne magra e a utilização de fibras como fibra de trigo, cevada (BASTOS, 2009; HUBER, 2012; PETERSSON et al., 2014), proteínas do soro do leite, de gomas como guar, carragena (ÁLVAREZ & BARBUT ,2013; SPADA, 2013; SIMÕES et al., 2014), ou seja, muitos estudos estão sendo feitos afim de elaborar produtos com apelo de saudabilidade, melhorando assim a qualidade dos alimentos e consequentemente a qualidade de vida da população. 4.3.2 Estratégias para redução de gordura em produtos cárneos A redução de gordura em produtos cárneos pode ser obtida através da eliminação da gordura da matéria-prima através da etapa de toalete, da redução do teor de gordura do animal alterando a composição de sua alimentação e da substituição da gordura nas formulações (CARRARO, 2012). A alteração do perfil de ácidos graxos pode ser obtida através da alimentação do animal e de práticas adotadas durante o crescimento do animal como estratégia de imunização e utilização de hormônios de crescimento (JIMÉNEZ-COLMENERO, 2001) ou pela 25 incorporação de óleos vegetais ricos em ácidos graxos polinsaturados como ingredientes no processamento dos produtos cárneos (ANSORENA & ASTIASÁRAN, 2004). Entretanto, outros autores como Carraro (2012), afirma que, em produtos cárneos emulsionados, é extremamente difícil a redução de gordura, pois as mudanças em termos de aparência, sabor e textura são extremas. Em relação a estratégias adotadas para redução de gordura em produtos cárneos observa-se que muitos estudos têm sido realizados com este propósito. Como exemplo, podese citar o trabalho desenvolvido por Huber (2012), que em sua tese desenvolveu hambúrguer e empanado de frango com adição de fibras vegetais (aveia, bambu, batata, ervilha, maçã e trigo) como substitutos totais de gordura. A formulação contendo 0,4% de fibra de bambu, 1,6% de fibra de trigo e 1,6% de fibra de ervilha apresentou maiores percentuais de fibra alimentar total, melhor estabilidade à oxidação e bons resultados nas avaliações sensoriais e microbiológicas, podendo ainda receber na rotulagem o termo “light”. Marques (2007) estudou a redução de gordura em hambúrguer bovino a partir da substituição parcial da mesma por farinha de aveia, a partir de análises físico-químicas e sensoriais, observou-se que a substituição da gordura por 6,25% de farinha de aveia além de reduzir os níveis de gordura, foi a mais aceita entre os provadores, ou seja, esse percentual não afetou sensorialmente o produto. Ferreira (2006) avaliou as características físico-químicas e sensoriais de linguiça de carne suína com redução de gordura acrescida de concentrados protéicos do soro (WPC) ou com concentrado protéico com elevado teor de β-lactoglobulina. Foram realizados sete tratamentos, um grupo controle contendo 20% de gordura e seis formulações contendo níveis entre 0,1 e 1% dos concentrados protéicos e 10% de gordura. A partir de análises físicoquímicas e sensoriais, observou-se que todos os tratamentos mantiveram as características exigidas no padrão de identidade e qualidade e também foram bem aceitas sensorialmente. Em outro estudo, Álvarez & Barbut (2013) avaliaram os efeitos do nível de gordura suína (20; 12,5 e 5%), inulina e β-glucana sobre a estabilidade de emulsões cárneas, cor, características de textura e microestrutura de batter cárneos. Os autores encontraram resultados positivos quando utilizaram misturas de 3 a 6% inulina e 0,3 a 0,6% de β-glucana, sugerindo que nestas concentrações as fibras podem compensar as mudanças trazidas pela redução de gordura e manter várias características de textura do produto, assim como reduzir as perdas por cocção. 26 Os vários estudos e investigações realizadas demonstram que os substitutos de gordura não servem somente como uma opção para dieta, mas podem também melhorar a qualidade de produtos desenvolvidos com redução no teor de gordura e proporcionar o crescimento do mercado. Alguns substitutos de gordura podem ser incorporados com facilidade em vários produtos alimentícios como produtos cárneos, bebidas, maioneses e sobremesas, molhos para saladas e produtos de laticínios (AKOH, 1998). 4.3.3 Substituto de gordura – Classificação Segundo Huber (2012), inicialmente, o termo substituto de gordura foi usado para todos os ingredientes, indiferentemente da extensão na qual o ingrediente era capaz de substituir a gordura e dos princípios que determinam a sua funcionalidade. Todavia, durante anos, diferentes termos têm sido utilizados para ingredientes desenvolvidos especificamente para substituição de gorduras em alimentos (AKOH, 1998). De acordo com Akoh (1998), os termos e definições usados para descrever os substitutos de gordura variam entre os autores, entretanto são genericamente categorizados em dois grupos: substitutos de gordura e imitadores (miméticos) de gordura. A diferença prática entre os substitutos e os miméticos está apenas na capacidade das combinações sintéticas em substituir a gordura em uma base peso por peso. Vários termos e definições são utilizados para descrever substitutos de gordura, mas, de modo geral, segundo Akoh (1998) e Aditivos & Ingredientes (2008) podem ser classificados em: Fat replacer (substituto de gordura): é um termo genérico para descrever qualquer ingrediente que substitua gordura. Fat substitute (substituto de gordura sintético): é um composto sintético projetado para substituir gordura em igualdade de peso (weight-by-weight), apresentando uma estrutura química semelhante à gordura, mas resistente à hidrólise pelas enzimas digestivas. Fat mimetic (gorduras miméticas): são substâncias que imitam as propriedades sensoriais e físicas dos triacilgliceróis, mas não podem substituí-los na base grama por grama, ou seja, necessita de alto conteúdo de água para atingir sua funcionalidade. Giese (1996) divide os substitutos de gordura nos alimentos em três grupos: baseados em carboidratos, em proteínas e em lipídios modificados (compostos sintéticos). 27 Os substitutos baseados em proteínas são geralmente derivados de proteínas encontradas em ovos, leite, soja e outros alimentos (GIESE, 1996; AKOH, 1998). São produtos com aplicação limitada por não poderem ser utilizados para produtos de panificação e para frituras, devido às altas temperaturas alcançadas nestes processos. O aquecimento causa coagulação e desnaturação de algumas proteínas, como albumina e globulina, resultando em perda de cremosidade e textura que simulam a presença de gorduras (PINHEIRO & PENNA, 2004; ADITIVOS & INGREDIENTES, 2008). No desenvolvimento de produtos cárneos com substitutos de gordura baseados em proteínas, observa-se, por exemplo, trabalhos usando proteína do soro do leite (FERREIRA, 2006; SPADA, 2013; SIMÕES et al., 2014); proteína texturizada de soja (BOURSCHEID, 2009) e colágeno (BASTOS, 2009). Os substitutos ou imitadores de gordura a base de carboidratos são derivados de cereais, grãos, plantas entre outros. Gomas, amidos e outros ingredientes de carboidratos propiciam algumas das funções da gordura em alimentos por ligar a água, bem como, fornecem textura e opacidade (GIESE, 1996). Os carboidratos e produtos a base de carboidratos tem sido usados para substituir total ou parcialmente (de 50% a 100%) óleos e gorduras em uma grande variedade de alimentos (ADITIVOS & INGREDIENTES, 2008). Porém, os carboidratos não fundem, portanto, não podem ser utilizados em frituras. Devido ao seu alto poder de associação com água, ocorre aumento da quantidade de água no alimento, seja por aumento da atividade de água ou por incorporação de água na formulação, e consequente redução da vida de prateleira do produto (AKOH, 1998). No desenvolvimento de produtos cárneos com substitutos de gordura baseados em carboidratos, pode-se citar como exemplos trabalhos usando carragena (PAULINO et al., 2006); pectina e inulina (GALVAN, 2011) e amido resistente (CARRARO, 2012). Keeton (1994) destaca as fibras alimentares, maltodextrinas e dextrinas como substitutos de gordura. Mendoza et al. (2001) e Cáceres et al. (2004) citam que várias fibras alimentares são utilizadas em produtos cárneos não somente pelo efeito benéfico na saúde, mas também como potencial substituto de gordura. Os substitutos de gorduras à base de compostos sintéticos são triacilgliceróis com modificação na configuração para reduzir o conteúdo de calorias, ou que possuem estrutura química similar aos triacilgliceróis, mas com conteúdo calórico reduzido ou zerado. 28 Emulsificantes são compostos que contêm propriedades hidrofílicas e lipofílicas e incluem lecitina, mono e diglicerídios, dentre outros. Outro grupo de substitutos de gorduras a base de gordura são os análogos de lipídios como, por exemplo, a marca comercial Salatrim®. Este análogo de lipídio comercial é preparado por interesterificação de triacetina, tripropionina, ou tributirina, ou suas misturas com canola, soja, semente de algodão, ou óleo de girassol hidrogenado (GIESE, 1996). 4.4 FIBRAS ALIMENTARES 4.4.1 Definição, conceito e histórico. As fibras alimentares têm ocupado lugar de destaque devido aos resultados divulgados em vários estudos científicos recentes que revelam a ação benéfica desses nutrientes no organismo e a relação entre o seu consumo em quantidades adequadas e a prevenção de doenças (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008; BROWNLEE, 2014; BRUMMER et al. 2015). A fibra alimentar tem importante papel em muitos processos fisiológicos e na prevenção de várias doenças. Além disso, durante os últimos anos a mesma ganhou papel de destaque ao relacionar sua utilização como ingrediente funcional. Entretanto, ainda existem muitos aspectos sobre as fibras que permanecem obscuros, como por exemplo uma definição única, alguns mecanismos de ação e as diferentes funções fisiológicas (RODRÍGUEZ et al., 2006). Conceituar ou definir fibra alimentar não é uma tarefa fácil, trata-se de tema desafiador e contraditório ao mesmo tempo, isso porque, em primeiro lugar, fibra dietética não pode ser definida como uma única estrutura química ou grupo de compostos relacionados, pois possui diversas estruturas e composições. Em segundo lugar, a fibra pode ter uma ou mais funções fisiológicas ou benefícios para a saúde, além disso, nem todas as fibras são capazes de executar todas as funções. Em terceiro lugar, há controvérsias se as fibras só exercem funções benéficas dentro de uma matriz alimentar ou se podem oferecer benefícios na forma isolada. Assim, numerosas definições em todo o mundo têm sido propostas a fim de discutir e esclarecer algumas dessas várias questões (JONES, 2014). Algumas dessas definições podem ser observadas na Tabela 2. 29 Tabela 2. Definições de fibra dietética no mundo Organização Definição CODEX Alimentarius Comissão de 2009 Polímeros (conjunto de internacionais orientações para e com dez ou mais unidades normas monoméricas que não são hidrolisados pelas alimentos e enzimas endógenas no intestino delgado. importações de alimentos). Health Canada (HC) (2010) (departamento Carboidratos de origem vegetal, comestíveis e que do governo canadense responsável pela não são digeridos e absorvidos pelo intestino saúde pública nacional). delgado. Considera a fibra dietética obtida pela extração de sinteticamente. fontes naturais Incluem ou produzida oligossacarídeos resistentes, amidos e maltodextrinas resistentes. European Food Safety Authority (EFSA) Carboidratos não digeríveis e lignina, que ocorrem 2009 (Autoridade Europeia para a em alimentos e que não são digeríveis no intestino Segurança dos Alimentos). delgado passando para o intestino grosso. Incluem polissacarídeos não amiláceos, amido resistente e oligossacarídeos resistentes. Instituto de Medicina (IOM) de 2001 (Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos: fornece pesquisas baseadas em investigações e análises em busca de evidências para melhorar a saúde nacional) Consistem em carboidratos não digeríveis e ligninas constituintes das plantas. • Fibra Funcional é um composto isolado que confere efeitos fisiológicos benéficos em seres humanos. • Fibra total é a soma de Fibra Alimentar e Fibra Funcional. NSP (Polissacarídeos não amiláceos) Parede celular vegetal que é resistente à digestão por enzimas do homem. Não inclui oligossacarídeos, maltodextrinas resistentes. Fonte: Adaptado de JONES (2014). amidos e 30 Segundo Jones (2014), embora as diversas definições de fibra demostrem muitas semelhanças, existem algumas diferenças importantes. Como por exemplo, a maioria das definições considera fibra como carboidratos que resistem à digestão e a absorção no intestino delgado humano. No entanto, a definição de fibras, NSP (polissacarídeos não amiláceos) só reconhece fibras da parede celular vegetal, e não inclui polímeros sintéticos resistentes ou polímeros extraídos de material de alimentos crus por meios químicos, físicos ou enzimáticos. A definição do OIM (Instituto de Medicina dos Estados Unidos) se assemelha com a definição do CODEX, em que aceita todos os carboidratos resistentes intrínsecos ou extraídos ou sintetizados. No entanto, segundo o OIM, reserva-se o termo "fibra dietética” somente para materiais que são intrínsecos e intactos dentro da matriz alimentícia. Os materiais extraídos, modificados ou sintetizados são definido como "fibra funcional”. Essas diferenças mostram que à medida que se tem aumentado os conhecimentos sobre a fibra tanto a nível estrutural como em seus efeitos fisiológicos, tem se dado outras definições que ampliam o conceito de fibra. A American Association of Cereal Chemists (2001) define: “a fibra dietética é a parte comestível das plantas ou carboidratos análogos que são resistentes à digestão e absorção no intestino delgado, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso. A fibra dietética inclui polissacarídeos, oligossacarídeos, lignina e substâncias associadas de plantas. As fibras dietéticas promovem efeitos fisiológicos benéficos como laxante, atenua os níveis de colesterol e/ou atenua o nível de glicose no sangue”. Para uma definição mais abrangente e completa do conceito de fibra alimentar, devese considerar uma evolução deste conceito com o passar dos anos. Os primeiros relatos provem de muito tempo atrás, mais especificamente em 400 a.C. (antes de Cristo) quando Hipócrates descreveu os efeitos laxativos do farelo de trigo, dados estes, segundo Dossiê: Fibras Alimentares (2008), confirmados por pesquisas científicas em 1930. No início dos anos 50, cientistas começaram a observar que em populações ou grupos que não consumiam produtos alimentares industrializados, os casos de constipação intestinal eram raros ou inexistentes. Durante a década de 70 dois médicos ingleses, Dr. Dennis Parsons Burkitt (1911-1993) e Dr. Hugh Carey Trowell (1904-1989) relataram que dietas realizadas por populações africanas nativas, com alta quantidade de fibras proporcionavam índices muito 31 baixos de enfermidades comuns em países ocidentais tais como as doenças gastrointestinais (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008). As propriedades fisiológicas das fibras alimentares determinam sua importância para o corpo humano e a ingestão diária necessária para uma dieta saudável. Por esta razão, alguns pesquisadores concordam que a definição de fibra alimentar deve ser baseada em critérios fisiológicos (CHAMP et al., 2003). No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Resolução - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, fibras alimentares são definidas como qualquer material comestível de origem vegetal que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano determinado segundo o método enzimático gravimétrico de 1990 ou edição mais atual (BRASIL, 2003). 4.4.2 Composição A passagem das fibras alimentares pelo trato digestivo resulta em diversos efeitos fisiológicos importantes para a saúde do ser humano. Dentro todos os benefícios do consumo das fibras, o mais conhecido para quem busca uma dieta equilibrada é o bom funcionamento do intestino e consequentemente a prevenção de doenças. No entanto, segundo Dossiê: Fibras Alimentares (2008), nem todas as fibras alimentares atuam da mesma forma, por isso as mesmas são divididas em duas categorias: as fibras solúveis e as insolúveis. O termo fibra alimentar solúvel ou insolúvel é uma maneira útil e simples de classificação das fibras alimentares, tratando-se de suas diferenças fisiológicas. As fibras solúveis afetam principalmente a absorção de glicose e de gordura, pois muitas delas são viscosas e formam géis no intestino delgado. As insolúveis têm grande influência na função intestinal por sua fermentação lenta e incompleta (GRAY, 2006). A fibra alimentar insolúvel não é digerida no intestino delgado humano, mas pode ser fermentada por bactérias no intestino grosso. Em geral essas fibras aumentam o bolo fecal no trato intestinal e ajudam na eliminação do mesmo. Já a fibra alimentar solúvel tem a finalidade de aumentar a viscosidade do conteúdo intestinal, diminuindo a atividade de certas enzimas digestivas e influenciando diretamente na taxa de digestão e absorção de nutrientes a fim de reduzir o colesterol plasmático, a modulação da glicemia pós prandial bem como de 32 regular o apetite. Esta fração de fibra apresenta alta capacidade de retenção de água, formando géis em solução aquosa (CORDEIRO, 2011). A Tabela 3 mostra um comparativo entre esses tipos de fibras, suas fontes e seus principais mecanismos de ação. Tabela 3. Fibras: tipos, fontes e ações Classificação Tipos Fontes Fibra solúvel Pectina, Gomas, Frutas, verduras, Mucilagem, Beta Aveia, Cevada, glucana, Leguminosas Hemiceluloses (feijão, lentilha, esvaziamento gástrico (algumas) soja, grão de (maior saciedade); bico) Ações - Retardo na absorção de glicose; - Redução no - Diminuição dos níveis de colesterol sanguíneo; - Proteção contra o câncer de intestino. Fibra insolúvel Lignina, Celulose, Verduras, Farelo - Aumento do bolo fecal; Hemiceluloses de trigo, Cereais -Estímulo ao bom (maioria) integrais (arroz, funcionamento intestinal pão, torrada) (aceleração do trânsito); - Prevenção de constipação intestinal. Fonte: Dossiê: Fibras Alimentares (2008). A partir da Tabela 3, pode-se observar que fibras insolúveis incluem principalmente celulose, hemicelulose e lignina e as fibras solúveis incluem pectinas solúveis, β-glucanas, gomas e uma grande quantidade de oligossacarídeos não digeríveis, incluindo a inulina. Os componentes mais importantes das fibras alimentares são brevemente descritos a seguir. 33 4.4.2.1 Celulose É o polímero mais abundante da natureza e o principal componente estrutural da parede celular vegetal. Quimicamente é uma estrutura simples formada por mais de dez mil unidades de glicose unidas por ligações β (1-4) (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008). A Figura 2 mostra a estrutura química da celulose. As cadeias de celulose podem facilmente se colocar paralelamente uma às outras, formando uma estrutura linear estabilizada por ligações de hidrogênio intermoleculares, formando regiões de ordem cristalina muito alta, o que provavelmente contribui para a insolubilidade e para a pouca reatividade da celulose (BOBBIO & BOBBIO, 1992). Figura 2. Estrutura química da celulose Fonte: ZAMORA (2005). A celulose é insolúvel em água fria ou quente e em soluções diluídas com ácido ou base. Elas são resistentes à degradação por enzimas humanas, permanecendo assim, praticamente intactas através de todo o trato gastrointestinal, diminuem o tempo de transito no intestino e aumentam o bolo fecal. Além disso, a celulose tem uma alta capacidade de absorção de água, por isso pode ser utilizada para aumentar o volume em alimentos (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008). 4.4.2.2 Hemicelulose As estruturas das hemiceluloses são mais complexas e variadas do que a celulose. As hemiceluloses (pentosanas e hexosanas) são polissacarídeos que contêm outros açúcares além da glicose, e que são associados à celulose na parede celular das plantas. Elas incluem moléculas de cadeias lineares e ramificadas, menores que as de celulose, tipicamente 34 contendo de 50-200 unidades de pentoses (xilose e arabinose) e unidades de hexoses (glicose, galactose, manose, ramnose e ácidos glucurônico e galacturônico) (GRAY, 2006). As hemiceluloses ligam os filamentos da celulose e formam ligações covalentes com a lignina (BENNINK, 1998). Estas não são digeridas no intestino grosso, mas são utilizadas por microorganismos presentes no cólon mais facilmente que a celulose (GRAY, 2006). 4.4.2.3 Lignina A lignina não é um polissacarídeo, mas um polímero formado da união de álcoois aromáticos ou fenilpropanos. Ela contribui para a rigidez da parede celular e essa forte ligação com os tecidos, permite maior resistência ao ataque de microrganismos. Uma das suas propriedades mais interessantes é a sua capacidade de se ligar com ácidos biliares e colesterol, atrasando ou diminuindo a sua absorção no intestino delgado (ÁLVAREZ & SÁNCHEZ, 2006). A estrutura química da lignina pode ser observada na Figura 3. Figura 3. Estrutura química da Lignina Fonte: MELDAU, (2006). 4.4.2.4 Pectinas As pectinas são polissacarídeos solúveis em água quente e que formam géis quando resfriadas Elas estão presentes nas paredes celulares e nos tecidos intracelulares das frutas e vegetais (TUNGLAND & MEYER, 2002). A estrutura química da pectina pode ser observada na Figura 4. Nos alimentos são usadas como espessantes, emulsificantes e conservantes (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008). 35 Figura 4 Estrutura química da Pectina Fonte: ZAMORA (2005). As pectinas em água formam soluções altamente viscosas, mesmo em baixas concentrações, e em presença de sacarose e ácido em proporções adequadas formam géis muito estáveis (BOBBIO & BOBBIO, 2003). Elas podem ser extraídas industrialmente de cascas de frutas cítricas e de bagaço de maçã (IOM, 2002). Em função da fonte da qual é extraída, a pectina varia consideravelmente em sua capacidade de formar géis, em função das diferenças de tamanho da cadeia de ácidos poligalacturônicos e do grau de esterificação de seus grupos carboxílicos (BARRERA et al., 2002). A proporção entre o número de grupos ácidos esterificados em relação ao número total dos grupos ácidos define o grau de esterificação (DE) ou grau de metoxilação (DM) de uma pectina. As pectinas podem ser de alto ou baixo teor de metoxilação (TORREZAN, 1998). Polpa de maçã e cascas de frutas cítricas dão origem a pectinas de alto grau de metoxilação que são as mais utilizadas em indústria de alimentos (COELHO, 2008). 4.4.2.5 Amido Resistente O amido resistente é definido como a soma do amido e seus produtos de degradação que não são absorvidos no intestino delgado de seres humanos saudáveis (DOSSIÊ: FIBRAS ALIMENTARES, 2008). Ele pode estar presente em uma grande variedade de alimentos. Quatro classes de amidos resistentes têm sido descritas na literatura: amido fisicamente inacessível (RS1); grânulos de amido nativo (RS2); amido retrogradado (RS3); e amido quimicamente modificado (RS4) (CHAMP et al., 2003). A partir da Tabela 4 podem-se observar as principais fontes de cada tipo de amido e suas características. 36 Tabela 4. Amido resistente: tipos, fontes e características. Tipo Amido Resistente Fonte Grãos e sementes parcialmente RS1 moídas; feijão e lentilha. Banana e batata RS2 crua. Característica - Possuem paredes celulares espessas que tornam o amido inacessível às enzimas. - Afetado pela mastigação, trituração e moagem. - Amido é muito resistente à hidrólise enzimática. - Alterado pela gelatinização. - Formado através de cozimento, autoclavagem e posterior armazenagem por horas, dias ou RS3 Batata cozida meses (Retrogradação). - Reduz teor calórico e índice glicêmico - Aumenta fibra alimentar em alimentos processados. - Quimicamente modificados para RS4 - resistir à digestão. - Grande variedade de estruturas e não são encontrados na natureza. Fonte: Adaptado dos textos de Champ (2003); Dossiê: Fibras Alimentares (2008) e Huber (2012). O conteúdo de amido resistente de um alimento pode ser alterado durante a estocagem, dependendo da temperatura e da quantidade de água. Este conteúdo também pode ser alterado durante o preparo do alimento (IOM, 2002). 4.4.2.6 Inulina A inulina é uma fibra dietética solúvel. Devido a seu comprimento, ao se misturar com a água em temperatura ambiente, a inulina é capaz de formar um gel (SELGAS et al., 2005). 37 Possui baixo valor calórico, e contribui com a melhora do sabor A estrutura química da inulina pode ser observada na Figura 5. Ocorre em quantidades significativas em várias frutas e verduras comestíveis e cereais. Industrialmente sua extração acontece principalmente da raiz da chicória (BARRETTO, 2007). A inulina tem sido usada com sucesso em produtos cárneos fermentados, contribuindo com características sensoriais interessantes a esse tipo de produto (MENDOZA et al., 2001). Além disso, ela é considerada é um ingrediente prebiótico porque não é digerível e que seletivamente estimula o crescimento e a atividade de bactérias intestinais que estimulam a saúde (bifidobactérias) (PAK, 2006). Figura 5. Estrutura química da Inulina Fonte: ZAMORA (2005). 4.4.3 Fontes alimentares Segundo a resolução da ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), RDC n° 54 de 12 de novembro de 2012, pode-se considerar um produto como “fonte de fibra” se o mesmo possuir em sua composição no mínimo 3g de fibras por 100g em pratos preparados conforme o caso ou no mínimo 2,5g de fibras por porção. E para designar um produto como 38 “alto conteúdo de fibra”, este deve possuir no mínimo 6g de fibras em pratos preparados conforme o caso ou no mínimo 5g de fibra por porção (BRASIL, 2012). A partir da Tabela 5 podem-se observar as principais fontes naturais de alguns dos vários componentes das fibras alimentares. Tabela 5. Fontes naturais de alguns componentes da fibra alimentar Componente da Fibra Fonte alimentar Celulose Vegetais, plantas lenhosas, farelos de cereais. Hemicelulose Grãos de cereais. Lignina Farelos de cereais, cascas de legumes e arroz, plantas lenhosa. Pectina Frutas Amido Resistente Legumes em grãos, milho, batata, banana verde. Fonte: Adaptado de Gray (2006). Segundo Gray (2006), a maior fonte de fibras alimentares e carboidratos não digeríveis são os alimentos vegetais como os cereais, os legumes, as hortaliças, as frutas e as sementes. De acordo com Giuntini & Menezes (2011), fontes tradicionais de fibras alimentares, como hortaliças e frutas, tinham e ainda têm consumo reduzido no Brasil, e são representados basicamente por tomate, cebola, alface, repolho, banana e laranja. Com relação ao teor de fibra que cada alimento contém, para Gray (2006), nenhum método analítico simples é capaz de medir todos os componentes de fibra nos alimentos. É necessário utilizar métodos analíticos que quantifiquem os componentes das fibras e ao mesmo tempo exclui outros componentes alimentares. 4.4.4 Benefícios à saúde O consumo de fibras ao redor do mundo ainda é muito pequeno, por isso medidas tem sido adotadas a fim de reverter ou minimizar tal situação. Reconhecer que a fibra desempenha um papel importante na saúde humana é um grande passo (GRAY, 2006). 39 Segundo Jones (2014), a variedade é um dos conceitos mais importantes para dietas saudáveis, por exemplo, uma dieta equilibrada incorpora quantidades adequadas de cada vitamina e evita excessos de qualquer tipo, da mesma forma, uma dieta ideal de fibras deve incorporar a quantidade e os diferentes tipos de fibras necessários para executar várias funções benéficas ao corpo humano. Assim, uma dieta variada que utiliza alimentos enriquecidos com fibra juntamente com alimentos ricos em fibras oferece benefícios, pois ela garante a inclusão de substâncias associadas que estão presas na matriz da fibra alimentar e combina diferentes fibras. Os componentes individuais da fibra possuem efeitos fisiológicos diferentes e, por esta razão, possuem diferentes potenciais para redução de riscos de enfermidades. Conforme a sua definição, a fibra alimentar pode fazer parte da categoria de alimentos funcionais, pois interfere em uma ou mais funções do corpo de maneira positiva (FILISETTI, 2006). As propriedades físico-químicas da fibra permitem a ocorrência de respostas locais, como os efeitos no trato gastrintestinal e respostas sistêmicas, por meio de efeitos metabólicos que poderão estar associadas ao tipo de fibra alimentar ingerida, pois há diferenças quanto à capacidade de retenção de água, viscosidade, fermentação, adsorção e ligação e volume conforme demonstra a Tabela 6 (GRAY, 2006). 40 Tabela 6. Fibra alimentar: propriedades, local de ação, implicações Propriedades Atuação no intestino delgado/grosso Implicações Retenção de água Aumenta o volume na fase aquosa do Retarda a digestão e absorção de conteúdo intestinal carboidratos e lipídios Aumenta o volume. Promove Altera a mistura do conteúdo. nutrientes no intestino mais Volume a absorção de distal. Viscosidade Retarda a entrada do conteúdo gástrico. Associação com redução do Altera a mistura e difusão. colesterol plasmático e alteração da resposta glicêmica. Adsorção e ligação de Aumenta excreção de ácidos biliares ou compostos outros compostos ligados. Dispersão de água Permite penetração de microrganismos na Aumenta fase aquosa bacteriana de polissacarídeos Aumenta a entrada de material fecal no Fornece intestino grosso. Afeta a mistura do microbiota, conteúdo. laxante e diminui a exposição a Volume Reduz o colesterol plasmático a decomposição substrato para favorece efeito produtos tóxicos. Adsorção e ligação Aumenta a quantidade de compostos, Aumenta como compostos. ácidos biliares, presentes no intestino grosso. excreção desses Oportunidade de modificação da microbiota de componentes Fermentação Aumento da microbiota. Aumenta a massa bacteriana e Adaptação da microbiota aos substratos os produtos de metabolismo polissacarídeos. (CO2, H2, CH4, AGCC*). Legenda: *CO2- gás carbônico, H2- gás hidrogênio, CH4- gás metano, AGCC – Ácidos graxos de cadeia curta. Fonte: GIUNTINI & MENEZES (2011) Na membrana plasmática, os solutos se ligam em uma camada de água, com a ingestão de fibras solúveis, essa camada aumenta, aumentando assim a fixação de glicose e sais biliares. Estes sais biliares se ligam aos resíduos fenólicos e urânicos formando uma matriz de polissacarídeos, que podem alterar a absorção de gordura, podendo diminuir o índice de colesterol (ÁLVAREZ & SÁNCHEZ, 2006). Duas propriedades físicas da fibra, viscosidade e poder de fermentação, produzem respostas fisiológicas benéficas no organismo (DIKEMAN & FAHEY, 2006). A viscosidade 41 das fibras pode retardar o esvaziamento gástrico, promovendo melhor digestão e aumentando a saciedade (SLAVIN & GREEN, 2007); no intestino delgado, pode dificultar a ação das enzimas hidrolíticas, retardando a digestão e permitindo uma absorção mais lenta de nutrientes (FAO/WHO, 1998). A absorção de nutrientes é afetada pelo tempo e área de contato entre esses nutrientes e o epitélio, que, por sua vez, são influenciados pelo tempo de trânsito intestinal; a diminuição desse tempo e o aumento do volume fecal permitem também menor contato de substâncias tóxicas com a mucosa, em função da velocidade e da diluição (DIKEMAN & FAHEY, 2006). Em relação à propriedade de fermentação, pode-se afirmar que está muito relacionada com a solubilidade de cada fibra. A fibra dietética atinge o intestino grosso na forma inalterada e neste local as bactérias do cólon e numerosas enzimas com atividade metabólica elevada, podem digerir em maior ou menor grau, dependendo da estrutura, a fibra. Esta digestão ocorre sob condições anaeróbicas, dessa forma, tem-se a fermentação, produzindo metabólitos que são capazes de estimular o crescimento de microrganismos, como as Bifidobactérias e os Lactobacilos, que desempenham efeito probiótico, beneficiando assim a saúde do cólon (ÁLVAREZ & SÁNCHEZ, 2006). Fontes de fibras rapidamente fermentadas fornecem substratos para a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) pela microbiota no intestino grosso, enquanto aquelas fermentadas lentamente ou de forma incompleta melhoraram a saúde intestinal através da promoção de defecação, reduzindo o tempo de trânsito, e aumentando o peso das fezes (DIKEMAN & FAHEY, 2006). 4.5 AS FIBRAS ALIMENTARES EM PRODUTOS CÁRNEOS A carne e seus derivados são fontes importantes de proteínas, vitaminas e sais minerais. Alguns destes nutrientes possuem pouca ou quase nenhuma biodisponibilidade em outros alimentos (ARIHARA, 2006). No entanto, segundo Victorino (2008) a carne e produtos cárneos contêm gorduras, ácidos graxos saturados, colesterol e sódio, cujo consumo em excesso podem prejudicar a saúde, em determinadas condições dietéticas. Alguns consumidores associam o consumo de carne e produtos cárneos a uma imagem negativa, devido ao alto conteúdo de gordura que 42 pode estar relacionado com o desenvolvimento de câncer de colo retal, problemas cardiovasculares, hipertensão e obesidade (VALSTA et al, 2005). Sob a tendência mundial de consumo de alimentos mais saudáveis, muitas indústrias de alimentos reconheceram a necessidade de adaptar produtos tradicionais e/ou desenvolver novos produtos (VICTORINO, 2008). Cyrino & Barretto (2006) relatam algumas razões para utilizar fibras em produtos cárneos: benefício à saúde, baixo valor calórico, substituição parcial da gordura, excelente capacidade de retenção de água, odor neutro, melhora o fatiamento de produtos cárneos e propriedades funcionais reconhecidas. A aplicação destas fibras como potenciais substitutos de gordura em produtos cárneos, é avaliada em diversos estudos. Victorino (2008) verificou que a adição de fibra de trigo (Vitacel® WF200) e de fibra de aveia (Vitacel® HF 600) em produtos cárneos em até 5% promoveu a estabilidade de emulsão e a capacidade de retenção de água. Observou também aumento significativo da luminosidade, da intensidade de amarelo e das propriedades de dureza e mastigabilidade das amostras. Em outro estudo Borderías e Sánchez-Alonso (2007) avaliaram o efeito tecnológico das fibras de trigo Vitacel®, como ingrediente em produto cárneo reestruturado de peixe, em níveis de 3 e 6% de adição. Os autores concluíram que a adição de fibras aumentou a capacidade de retenção de água e influenciou as propriedades de cor e textura dos produtos, sendo que as amostras com 3% de fibra foram as mais bem aceitas pelo painel sensorial. Galvan et al. (2011) avaliaram a aceitação sensorial de linguiça tipo toscana com reduzido teor de gordura acrescida de pectina e inulina em 4 tratamentos (3 e 6% de pectina e 0,3 e 0,6% de inulina). Ao realizar análises físico-químicas, verificou-se que as quatro formulações desenvolvidas atenderam quanto aos aspectos microbiológicos e físico-químicos, apresentando teor médio de gordura de 12%, sendo 38% menor do que o teor médio das amostras comerciais analisadas e 60% abaixo do limite estabelecido pela legislação. Sensorialmente, as formulações mais aceitas foram as que possuíam 0,3% de pectina e 0,6% de inulina. Fiorentin (2014) desenvolveu empanado de frango reestruturado acrescido de fibra da casca de aveia (níveis de 3; 4,5 e 6 %), a fim de avaliar as características tecnológicas da fibra insolúvel, caracterizar o produto e avalia-lo sensorialmente. A autora concluiu em seu estudo que é possível elaborar formulações de produtos reestruturados de acordo com o padrão de 43 identidade e qualidade com boa aceitação sensorial e oferecendo para os consumidores um produto mais saudável e fonte de fibras alimentares. As fibras vegetais são aplicáveis para adição em produtos cárneos e o seu emprego tem sido estudado em formulações de produtos cozidos para aumento do rendimento de cozimento e melhoria da textura. Vários tipos de fibras têm sido avaliados individualmente ou combinados com outros ingredientes em formulações de produtos cárneos com gordura reduzida, em produtos reestruturados e emulsionados (WEISS et al., 2010). No Quadro 2 pode-se observar alguns dos principais tipos de fibras avaliados em estudos. Quadro 2. Tipos de fibras, suas finalidades em produtos cárneos e os benefícios à saúde Fibra Produto cárneo Características no Benefício à saúde produto cárneo Farelo de centeio Almôndega Ganho de valor nutricional. Redução do crescimento de tumores em animais de laboratório. Aveia Linguiças e mortadelas Aumento dos valores de Reduz o risco de doenças rendimento de cozimento, coronárias, derrame cerebral. retenção de gordura e retenção de água e maior estabilidade microbiológica. Raiz da Chicória (Inulina) Fibra de ervilha Linguiças Melhorias fermentadas (mais macia e suave), seletivamente maior crescimento e a atividade de Carne bovina moída na textura elasticidade e Não é adesividade muito similar bactérias às estimulam linguiças digerível e que estimula intestinais a convencionais. (bifidobactérias). Capacidade de reter altas Prevenção quantidades de gordura e cólon. de o que saúde câncer água Fibra de trigo Mortadela Capacidade de ligação com água e gordura Fonte: adaptado do texto de Huber (2012). Prevenção da hipertensão. de 44 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das discussões abordadas nesta revisão, pode-se verificar que ao consumir produtos cárneos reformulados com acréscimo de fibras e redução de gordura, ingere-se um maior teor de fibras ajudando na prevenção de várias enfermidades, além de conferir benefícios à saúde e contribuir para a redução da obesidade. Observou-se que se podem utilizar vários tipos de fibras de acordo com o tipo de produto cárneo que se deseja produzir, como por exemplo, em produtos fermentados pode-se acrescentar inulina a fim de se obter um produto com maior CRA e com características prebióticas. Para produtos cárneos emulsionados tem-se utilizado muitos farelos e farinhas de cereais, como o trigo e a soja. Estas fibras aumentam a CRA e influenciam na textura do produto. Dessa forma, é possível notar que a inserção de fibras em produtos cárneos é algo muito interessante para a indústria cárnea, mas deve ser feito com muita cautela e depois de muitas pesquisas e estudos, pois sua incorporação nos produtos levam à alterações tecnológicas e sensoriais que precisam atender as legislações e serem aceitas pelos consumidores. 45 REFERÊNCIAS ADITIVOS & INGREDIENTES. Substitutos de gordura. Revista Aditivos & Ingredientes, v. 59, p. 42-55, 2008. AKOH, C. C. Fat replacer. Food Technology, Chicago, v.52, p.47-53, 1998. ALESON-CARBONELL, L.; FERNÁNDEZ-LÓPEZ, J.; PÉREZ-ALVAREZ, J. A.; KURI, V. Functional and sensory effects of fiber-rich ingredients on breakfast fresh sausages manufacture. Food Science Technology International, v. 11, p. 89-97, 2004. ÁLVAREZ, E. E.; SÁNCHEZ, P. G. La fibra dietética. Nutrición Hospitalaria, v. 21, n. 2, p. 61-72, 2006. ÀLVAREZ & BARBUT. 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