LEISHMANIOSE VISCERAL
» Vigilância Entomológica para
Flebotomíneos
Expositora:
Ana Nilce Silveira Maia Elkhoury
e-mail:
[email protected]
Data:
06 de Novembro de 2003
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL
O Programa de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV), prioriza
as ações de vigilância epidemiológica, com:
 a vigilância entomológica;
 a vigilância de transmissão em humanos;
 a vigilância de transmissão em cães.
A análise da situação epidemiológica indicará as ações de
prevenção e controle a serem adotadas.
VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA
Definição:
Pode ser entendida como contínua observação e avaliação de
informações originadas das características biológicas e ecológicas dos
vetores, nos níveis das interações com hospedeiros humanos e
animais reservatórios, sob a influência dos fatores ambientais, que
proporcionam o conhecimento para detecção de qualquer mudança no
perfil de transmissão das doenças (Gomes, 2002).
VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA
Novo enfoque do PCLV, o transmissor passa a ser considerado
como:
 indicador primário do risco de transmissão da doença;
 indicador para classificação da área endêmica;
 indicador para o direcionamento das ações de controle;
 indicador para medir o impacto das ações de controle
VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA
Indicadores básicos, factíveis de serem utilizados no momento
 presença ou ausência do vetor;
 abundância relativa do vetor no ambiente domiciliar;
 índice de infestação domiciliar;
 distribuição espacial do vetor;
No futuro (quem sabe?):
 taxa de infeção natural;
 origem da fonte de alimento.
VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA...
Competência:
Caberá as Secretarias de Estado de Saúde - SES, por meio do Núcleo
de Entomologia ou setor afim, a responsabilidade pela:
 capacitação de recursos humanos;
 assessoria técnica para definição de estratégias, delimitação de
áreas a serem trabalhadas;
 acompanhamento e/ou execução das ações de investigação
entomológica;
 avaliação do controle químico entre outras.
As Secretarias Municipais de Saúde deverão colaborar com a SES ou
realizar integralmente as ações de vigilância entomológica, desde que
tenham um serviço de entomologia organizado. O trabalho deverá ser
integrado com o Estado, a fim de otimizar os recursos e a efetividade das
ações de controle do vetor.
AÇÕES DA VIGILÂNCIA ENTOMOLÓGICA
O levantamento entomológico
Em municípios sem registro de casos de LV ou com o primeiro
caso de transmissão da doença em humano
Investigação entomológica
Em municípios com transmissão esporádica, moderada ou
intensa de LV, que não tenham sido realizadas investigações
anteriores, para confirmar a presença do transmissor
Monitoramento entomológico
Em municípios com transmissão moderada e intensa de LV
Levantamento entomológico : (Vigilância ent. )
Objetivos:
 Verificar a presença de L longipalpis e/ou L.cruzi, em
municípios sem casos humanos de LV ou município silenciosos.
 Conhecer a dispersão do vetor no município, a fim de
apontar, naqueles sem casos autóctones de LV, as áreas receptivas
para a realização do inquérito amostral canino, e, nos municípios com
transmissão da LV, orientar as ações de controle do vetor.
Levantamento entomológico: (Vigilância ent.)
Metodologia
Técnica escolhida: a armadilha luminosa.
Unidade de pesquisa: zona rural é a localidade e para a zona urbana, os
setores de zoneamento para o controle do Aedes aegypti.
A coleta de flebótomos deverá ser realizada em todos os setores e/ou
localidade do município, utilizando-se de duas até dez armadilhas em cada
setor/localidade.
Cada armadilha deverá ser instalada no peri domicílio, preferencialmente, em
abrigos de animais, com funcionamento uma hora após o crepúsculo até o
período matutino seguinte, durante no mínimo três noites consecutivas.
Pesquisa dirigida: em domicílios sugestivos para a presença do vetor, tais
como: com peri domicílio com plantas (árvores, arbustos), acúmulo de matéria
orgânica, presença de animais domésticos (cães, galinhas, porcos, cavalos,
cabritos, entre outros).
Investigação entomológica: (Vigilância entomológica)
Objetivos:
 Verificar a presença de L. longipalpis e/ou L. cruzi, em
municípios com a ocorrência do primeiro caso de LV ou em
situações de surto.
 Confirmar a área como de transmissão autóctone.
Investigação entomologica: (Vigilância entomológica)
As técnicas propostas para a investigação entomológica são: a coleta
manual e/ou a armadilha adesiva.
Coleta manual:
 será realizada com o auxílio de um tubo de sucção, tipo Castro ou
aspiradores elétricos (6 volts) e uma lanterna;
 no intra domicílio, em paredes de todas os cômodos,
especialmente nos dos dormitórios;
 no peri domicílio deverão ser pesquisados os anexos e os
abrigos de animais.
A pesquisa deve ser realizada no mínimo em três noites consecutivas em
cada domicílio. O período mínimo de pesquisa será estabelecido em 30
minutos/domicílio, sendo: 15 minutos, para a coleta no intra domicílio e 15
minutos, para o peri domicílio.
Horário: iniciar uma hora após o crepúsculo até as 22:00 horas.
Investigação entomologica: (Vigilância entomológica)
Coleta com armadilha adesiva:
As iscas são expostas de forma suspensa (tipo bandeirola), em um fio
de nylon ou barbante.
Locais de instalação:
 no intra domicílio, especialmente, no dormitório.
 no peri domicílio, preferencialmente, em abrigos de animais,
protegidos da chuva.
Deverão ser expostas, no mínimo, uma armadilha em cada ambiente.
O tempo de exposição deverá ser de quatro dias.
Período de exposição: deverá ser iniciado uma hora após o
crepúsculo do primeiro dia, até manhã do quinto dia (de 2ª à 6 ª)
Monitoramento entomológico: (Vigilância entomológica)
Objetivos:
 Conhecer a distribuição sazonal e abundância relativa das
espécies L. longipalpis e/ou L. cruzi, visando estabelecer o período
mais favorável para a transmissão da LV e orientar as medidas
preventivas e de controle do vetor.
 O monitoramento é recomendado em municípios com
transmissão moderada e/ou intensa.
 A presença e a flutuação estacional de populações de
flebotomíneos em uma região geográfica, está relacionada aos
fatores climáticos, como: temperatura, umidade relativa do ar e
índice pluviométrico, alem dos fatores fisiográficos, como:
composição do solo, altitude, relevo e tipo de vegetação. Portanto,
para o monitoramento do vetor, é aconselhado selecionar um ou
mais municípios de cada região climática e/ou topográfica.
Monitoramento entomológico: (Vigilância entomológica)
Metodologia:
Técnica preconizada: armadilha luminosa.
 deverão ser selecionados dez domicílios, que serão os pontos
de coleta do município.
 em cada peri domicílio, será instalada uma armadilha,
preferencialmente, disposta em abrigos de animais.
 as armadilhas deverão ser expostas por 12 horas, iniciandose uma hora a partir do crepúsculo, durante quatro noites
consecutivas por mês e por dois anos.
 os domicílios escolhidos deverão ser preferencialmente
aqueles sugestivos para a presença do vetor tais como: residências
com quintais, presença de plantas (árvores, arbustos), acúmulo de
matéria orgânica, presença de animais domésticos (cães, galinhas,
porcos, cavalos, cabritos, entre outros).
Monitoramento entomológico: (Vigilância entomológica)
Metodologia (continuação):
As condições sócio-econômicas e o tipo de moradia são critérios
importantes a serem considerados na seleção dos domicílios para o
estudo.
Por razões de simplificação operacional e custo, o PCLV não está
periodizando o monitoramento entomológico no ambiente intra
domiciliar, concomitante com o peri domicílio, embora não faça
objeção aos estados que tenham condições de realiza-lo.
O monitoramento simultâneo do vetor dentro e fora da casa, fornece
informações importantes, como: verificar a relação da abundância
relativa do vetor no peri e intra domicílio e consequentemente, estimar
o período do ano com maior risco de transmissão e mais apropriado
para implementar as ações preventivas e de controle do agravo.
Indicadores entomológicos
Os resultados das pesquisas entomológicas, deverão ser analisados
tendo como base os seguintes indicadores:
Índice de setores/localidades positivas
N° de setores/localidades positivas com L. longipalpis/L. cruzi X 100
Total de localidades pesquisadas
Uso: Medir a dispersão do vetor e a extensão do risco de transmissão
no âmbito do município
Abundância relativa do vetor
N° de L. longipalpis/L. cruzi coletados por técnica e local pesquisado (intra ou peri)
Total de domicílios pesquisados por técnica (no intra ou peri domicílio)
Uso: Conhecer a média de flebotomíneo por domicílio. Em pesquisa
seqüenciadas, permite avaliar impacto das intervenções realizadas.
Índice de infestação domiciliar
Nº de domicílios positivos para L. longipalpis /L, cruzi por local (intra e peri) e técnica X 100
Total de domicílios pesquisados por local (intra e peri) e técnica
Uso: Medir a magnitude da infestação e a dispersão do vetor na
localidade. Em levantamento seqüenciado, mostra a flutuação sazonal
do vetor
Distribuição espacial do vetor
Deverá ser observada a distribuição espacial do vetor na unidade de
trabalho desejada (município e/ou localidade e/ou setor – PEAa ou
censitário), em cartograma.
Uso: Mostra os limites do foco e possibilita a delimitação da área para as
intervenções de controle.
Controle vetorial
Orientações dirigidas ao controle do vetor
A indicação de atividades voltadas para o controle vetorial, dependerão
das características epidemiológicas e entomológicas de cada área.
É importante salientar que as ações de controle deverão sempre ser
realizadas de forma integradas.
Controle químico
O controle químico por meio da utilização de inseticidas de ação
residual é a medida de controle vetorial recomendada no âmbito da
proteção coletiva. Esta medida é dirigida apenas para o inseto adulto e
tem como objetivo evitar e/ou reduzir o contato entre o inseto
transmissor e a população humana, consequentemente, diminuir o risco
de transmissão da doença.
Controle vetorial : (Medidas de Controle)
Quando é recomendado o controle químico?
 Em áreas com registro do primeiro caso autóctone de LV,
imediatamente após a investigação entomológica.
 Em áreas com transmissão moderada e intensa.
 Em áreas com surto de LV
Observação: O controle químico do vetor não está recomendado
em área com transmissão esporádica de LV.
Controle vetorial : (Medidas de Controle)
Em áreas com registro do primeiro caso autóctone de LV,
imediatamente após a investigação entomológica;

Em áreas com transmissão moderada e intensa: Se a curva de
sazonalidade do vetor for conhecida, a aplicação do inseticida de ação
residual deverá ser realizada no período do ano em que se verifica o
aumento da densidade vetorial. Caso contrário, o 1º ciclo de tratamento
deverá ser realizado após o período chuvoso e o 2º, 3 a 4 meses após o
1º ciclo

Em áreas com surto de LV: uma vez avaliada e delimitada a área de
transmissão, deverá ser realizado imediatamente um ciclo de tratamento.
O 2° ciclo de borrifação deverá ser de acordo com a curva de
sazonalidade do vetor. Se essa for conhecida, o inseticida deverá ser
aplicado no período do ano em que se verifica o aumento da densidade
vetorial. Caso contrário, o 2º ciclo de tratamento deverá ser realizado ao
final do período chuvoso e 3 a 4 meses após o 1º ciclo.

Controle vetorial : (Medidas de controle)
Onde deve ser feita a borrifação?
Nas paredes internas e externas do domicílio, incluindo o teto, quando
a altura deste for de até 3 metros.
Nos abrigos de animais ou anexos, quando os mesmos forem feitos
com superfícies de proteção (parede) e possuam cobertura superior
(teto).
Qual produto deverá ser utilizado?
Os produtos mais empregados atualmente no controle a esses vetores
são a cipermetrina, na formulação pó molhável (PM) e a deltametrina,
em suspensão concentrada (SC) usados nas doses, respectivamente,
de 125 mg. i.a./m² e de 25 mg. i.a/ m².
Controle vetorial : (Medidas de Controle)
Os defensivos químicos para combater os insetos transmissores de
doenças, são considerados insumos estratégicos e o seu fornecimento
para os Estados e Municípios está garantido pelo Ministério da Saúde,
(Portaria 1399 de 15/12/1999).
Inseticidas indicados para o controle químico de vetores
Produto
.
Deltametrina
Lambdacyalotrina
Alfacypermetrina
Cypermetrina
Cypermetrina
Cypermetrina
Cypermetrina
Cyflutrina
Betacyflutrina
Dose de ingrediente
ativo p/ m2
Formulação/
Concentração
Peso da
Carga
25 mg
30 mg
40 mg
125 mg
125 mg
125 mg
125 mg
50 mg
15 mg
SC/FW 5
PM 10
SC/FW 20
PM 20
PM 30
PM 31,25
PM 40
PM 10
SC/FW 12,5
125 ml
75 g
50 ml
156 g
105 g
100 g
78 g
60
24 ml
Nota: O peso da carga foi calculado para uso em bomba, com 10 litros de capacidade.
Como deverão ser feito os ciclos de tratamento?
Informações obtidas por pesquisas feitas pela FUNASA mostraram que
o efeito residual dosa piretróides em superfícies de parede dura cerca
de três meses. Em superfícies de madeira esse efeito é mais
duradouro.
Baseado nesta informação, se recomenda realizar dois ciclos de
tratamento durante o ano, com intervalo de três a quatro meses do 1º
para o 2º ciclo. O início do 1º ciclo deverá seguir as orientações já
descritas.
Que tipo de equipamento deve ser usado?
Bomba manual de compressão variável, tipo Hudson-X-Pert® ou
Jacto® com capacidade de 10 litros,.com bico Tee Jet 8002E. Este
bico proporciona uma vazão de 757 ml e deposição uniforme nas
laterais do leque de aplicação.
Como delimitar a área para o controle químico?
Na zona rural, o controle químico será realizado em todos os domicílios
da localidade onde ocorreu a transmissão
Na zona urbana, para o controle deverá ser considerada a área
previamente delimitada, setor de zoneamento do Aedes aegypti.
Quais são os procedimentos de segurança?
Os cuidados no manuseio, transporte e aplicação de praguicidas no
controle de vetores, bem como os equipamentos de proteção individualEPI, estão descritos no “Manual de Controle de Vetores –
Procedimentos de Segurança da Fundação Nacional de Saúde, 2001”;
Os agentes, deverão usar os EPI indicados para cada tipo de atividade
envolvendo aplicações de praguicidas.
Quais são os equipamentos de proteção individual indicados em
aplicações residuais de inseticidas?
Os agentes, deverão usar os EPI indicados para cada tipo de
atividade envolvendo aplicações de praguicidas.
Máscara facial completa com filtros combinados (Mecânico P2 +
Químico Classe 1);
Luvas nitrílicas;
Capacete de aba total;
Camisa de manga comprida;
Calça de brim;
Sapatos de segurança (Botina que proteja pé e tornozelo).
Avaliação do controle químico
A avaliação das ações de operação de inseticidas para o controle
do flebotomíneo é de fundamental importância, para verificar o
impacto das ações realizadas, a persistência do inseticida nas
superfícies tratadas e a efetividade do produto em relação a
mortalidade do vetor.
O método utilizado para este tipo de avaliação foi padronizado pela
Organização Mundial de Saúde (WHO, 1970).
Por tratar de uma atividade específica, esta atribuição deve ser
de competência do Estado, quando estes reunirem as
condições necessárias.
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