Violência Familiar Necessidade de Ajuda Denise Duque Sobre o que estamos falando? • Violência – Intenção de submeter, controlar e dominar. – O dano não é intencional, mas é produzido. • Agressividade – Base biológica = Reação natural diante de ameaça vital. (Jorge Corsi, 2004) Declaração da OMS A Violência Doméstica constitui-se em Problema de Saúde Pública pelos efeitos múltiplos que acarreta sobre a saúde dos indivíduos. Tipos de Violência (ABRAPIA,2007) • • • • Física Psicológica Negligência* Sexual • Bullying ou assédio moral • Síndrome do bebê sacudido (Shaken Baby Syndrome) • Síndrome de Münchausen Efeitos da Violência Familiar Trabalho Incremento do absenteísmo Diminuição do rendimento Educação Transtornos de Conduta e de Aprendizagem. Aumento da deserção. Aumento do absenteísmo. Violência. Saúde Conseqüências sobre a saúde física (lesões, cefaléias, problemas ginecológicos, abortos, fraturas, etc.) Conseqüências para a saúde mental (depressão, ansiedade, disfunção sexual) Conseqüências letais (suicídios e homicídios) Transtornos do desenvolvimento físico e psicológico . Social Fugas do lar Gravidez adolescente Risco Social (crianças na rua) Risco para terceiros Prostituição Segurança Violência Social Violência Juvenil Conduta antisocial Homicídios e lesões dentro da Família Economia Incremento dos gastos públicos com Saúde, Segurança e Justiça. Diminuição da Produção. Confusões Freqüentes: “Relação Violenta” ou “Relação em que há violência”? Atenção: Um único episódio de violência pode ser a 1a. violência visível de uma longa história de dominação e poder. Pensamento Sistêmico • “Alguém recebe maus tratos reiterados por parte de outro mais forte e mais poderoso somente se existirem condições que possibilitem a repetição dessas interações.” (retroalimentações) Cristina Ravazzola Contextos sócio culturais do abuso (Brunner 1981) • Sistema Autoritário –Constrói argumentos que justificam a opressão e utiliza medidas disciplinares p/ assegurá-la. –Os subordinados podem conspirar para que ocorram mudanças capazes de aliviar a opressão. • Sistemas de Gênero – Convertido em um princípio organizador e tão naturalizado que passa a formar parte da identidade dos sujeitos de determinada cultura – Realidade Construída Socialmente – Passa a parecer natural e não construído – Mais estável que as ditaduras políticas. Técnicas de Controle e Domínio • • • • • • GERAR CULPA GERAR CONFUSÃO GERAR DEPRESSÃO GERAR VERGONHA GERAR TEMOR GERAR SUBMETIMENTO Conflito Inter-pessoal x Violência Conflito Interpessoal: Violência: • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Agressividade entre Circularidade Não há submetimento Simetria Horizontalidade Ataque e defesa Pessoas enraivecidas Flexibilidade Diálogos e discussões Intercâmbios Liberdade Controle dos Impulsos Sentimento de raiva Violência contra à Unidirecionalidade Papéis Fixos Assimetria Verticalidade Indefensibilidade aprendida Vítimas Atemorizadas Rigidez Monólogos = Imposições Submetimento Escravidão Descontrole de Impulsos Sentimento de Medo BAIXO NÍVEL DE AMEAÇA dissonância cognitiva experiência ABRUPTA ataque ou fuga inundação , paralisação socialização cotidiana lavagem cerebral experiência REPETITIVA embotamento, submissão ALTO NÍVEL DE AMEAÇAS Sluzki em Novos paradigmas da Subjetividade Perguntas Freqüentes: • O Homem é violento ou exerce violência doméstica? • A Mulher é cumplice ou vítima quando há violência domestica? • O agente da violência deve ser preso ou ter direito a tratamento? Algumas Conclusões: • Educar mantendo ou salientando as diferenças (de gênero, de classe, econômicas, etc.) é educar para que haja hierarquias = outorga-se o poder • 2 tipos de atribuição causal na socialização de gênero (explicações obre as causas): – HOMENS – Atribuição causal externa – “Tu fazes tudo errado!” – MULHERES – atribuição causal interna – “ Que burra eu sou!” Algumas Conclusões: As mulheres desenvolvem capacidade empática x Os homens apresentam déficit de capacidade empática (homofobia). Algumas Conclusões: Dados de Pesquisa de Arno Bentovin (2002) • 12% dos Meninos submetidos a violência passaram a exercer violência (externalização). • A maioria das meninas passam a abusar de si mesmas (internalização) Algumas Conclusões: • Devemos buscar mudanças de relação de poder: Não só modificar a conduta e sim trabalhar nas bases sobre as quais as condutas se baseiam. Algumas Conclusões: “Ajudar as esposas a se defenderem dá fim a esta relação, mas não atende às necessidades sociais porque este Homem irá repetir a violência com outra mulher”. Trabalhar com os 3 sistemas envolvidos: • • • Baixar o poder do agressor = Quem exerce a violência – Grupos de Homens Fortalecer a vítima = Quem sofre a violência Prevenir a repetição com os filhos = Testemunhas da violência – Grupos de Filhos ou Grupos de Famílias. Porque tratamentos individuais não dão resultados? - Porque mantêm 3 condições que contribuem para a perpetuação da violência: – Segredo (profissional) – Direito à Privacidade – Neutralidade terapêutica Tratamento Indicado: Grupal • Socializa informações sem violência. • Em Instituição pública = rompe a privacidade e o segredo. • Coordenação Masculina ou Mista → Modelo de respeito e colaboração entre H.e M. →Mulher seria desqualificada. Tratamento Grupal Critério de Exclusão: – Adição Importante – Patologia Psiquiátrica – Tipologia Psicopática Objetivos Gerais do Tratamento: • Controlar e deter a violência • Melhorar habilidades sociais e comunicacionais • Promover flexibilização de papéis de gêneros estereotipados • Diminuir o isolamento social • Revisar crenças culturais que contribuem para legitimar a violência • Incrementar a auto estima e a assertividade. ONU INFORMA 97% dos crimes são cometidos por Homens Dados Brasileiros Fonte: Revista Veja, ano 39, n°10, 15/03/2006 29% das brasileiras relataram ter sofrido violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida (OMS). 16% classificaram o episódio como violência severa (chute, ser arrastada, ameaçada ou ferida com qualquer tipo de arma); Dados Brasileiros Fonte: Revista Veja, ano 39, n°10, 15/03/2006 60% não abandonaram o lar sequer por uma noite por causa da violência; 20% saíram de casa e depois voltaram. → Anistia Internacional informa que na União Européia 600 mulheres morrem por ano vítimas de violência doméstica. Dados Brasileiros Fonte: Revista Veja, ano 39, n°10, 15/03/2006 • Pesquisa do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro mostra 47770 casos de lesão dolosa no ano de 2005 87% das vezes a vítima conhecia o agressor 53,5% dos agressores eram casados ou mantinham algum envolvimento amoroso com a vítima; 30% dessas vítimas e agressores concluíram pelo menos o ensino médio; Perfil Psicológico do Homem que exerce violência: 1. Aspectos cognitvos 2. Aspectos emocionais 3. Aspectos Comportamentais 1. Aspectos cognitvos : – – – – – – – – Minimiza as consequências das ações Sustenta expectativas muito elevadas e pouco realistas Não define sua conduta como violenta Acredita que sua reação é provocada pela mulher Justifica sua conduta com base na intenção de educar Crê que o homem deve ser o chefe e a mulher deve obedecê-lo Atribui a causa de sua conduta a fatores externos. Ex. álcool Supõe ou imagina situações negativas. Ex. vir p/ casa pensando na desordem que encontrará – Percebe-se como prejudicado pelos demais. 2. Aspectos emocionais: – Restrição emocional = dificuldade p/ expressar sentimentos –o que mais irrita é que a M. se expresse chorando – Acúmulo de estados afetivos que não são expressos – Frustração e Insatisfação – Depressão – Auto desvalorização – Sentimentos de Impotência – Sentimentos de Indefensibilidade – Temores – Ciúmes – Necessidade de Vingança 3. Aspectos Comportamentais: – Dissocia conduta pública e privada (dupla fachada) – Atua impulsivamente – Isola-se dos demais (muitas. relações e nenhum vínculo) – Adota condutas possessivas – Adota condutas dependentes ( 98% havia saído da mãe para esposa) – Controla e domina (para evitar perder à quem necessita) – Adota condutas rígidas – Toma decisões unilaterais 3. Aspectos Comportamentais: – Força situações sexuais – Abusa de álcool e drogas – Condutas alto destrutivas – Insulta, ameaça, instiga – Atira e rompe objetos – Golpeia, chuta e sacode – Utiliza armas e objetos para atacar. Prática da Violência: Cada uma dá sustentação à seguinte V.Sexual V.Física V.Psíquica Micro machismos Violências Invisíveis Tipologia baseado em Donald Dutton Tipo A = 62% = BÁSICO (Episódios esporádicos de violência): – Dupla fachada – V. exclusivamente em contexto íntimo – Minimizam a conduta violenta – “Provocações externas” – Culpa e remorso após a V. – Dificuldades em comunicar ou identificar sentimentos – Justificativas para a violência – Humor instável, condutas de ciúmes Tipo B = 8% = Psicopático (Gradua a violência para não deixar marcas): – – – – – – Antecedentes delitivos, penais e condutas antisociais Não apresenta culpa ou remorso Não tem capacidade de empatia Projetos de futuro pouco realistas Resiste a discutir ou analisar os problemas do passado Também pode exercer V. contra outros e em outros contextos. Tipo C = 30% = Hipercontrolador (Objetivo principal é obter submissão e obediência): – – – – – – – – – – Minucioso, perfeccionista Acumula tensões sem expressá-las até explodir Fecha-se ou distancia-se dos conflitos Monólogos e técnicas de lavagem cerebral Critica, humilha e põe os filhos contra a mãe Tem idéias rígidas sobre a divisão de papéis, educação de filhos, etc. Espera que a mulher se ajuste as “regras corretas” Utiliza ataques verbais e/ou supressão do apoio emocional Mostra-se colaborador (ao extremo) na entrevista Silêncio é sua maior arma = controla com o olhar.