Avaliação dos Transtornos por Deficit de Atenção e Comportamento Perturbador DIRETRIZES DE ENTREVISTA PARA PAIS DE CRIANÇAS COM COMPORTAMENTO PERTURBADOR (Antonio Fernández Parra e Lydia Muñoz Manzano) O objetivo destas diretrizes é facilitar, para o avaliador, a realização da entrevista inicial com os pais, a fim de identificar o comportamento perturbador ou problemático da criança e possibilitar a análise posterior em termos funcionais. Elas foram elaboradas expressamente para avaliação de crianças que possam apresentar comportamento perturbador. As diretrizes de entrevista podem ser utilizadas como guia e não incluem perguntas específicas que o avaliador deve fazer, mas apontam os aspectos sobre os quais deve indagar. O avaliador pode formular as perguntas com sua própria linguagem, adaptando-as ao nível de compreensão dos pais. A entrevista pode ser administrada a um dos pais, a ambos conjuntamente ou separadamente. Se os dois pais forem entrevistados ao mesmo tempo, é conveniente registrar as respostas contraditórias. Antes de utilizar estas diretrizes de entrevista, o avaliador deve familiarizar-se com elas, para utilizá-las com flexibilidade e não ser redundante na formulação de perguntas. Deve preparar-se para registrar a informação relevante que os pais fornecerem e formular perguntas adicionais quando a resposta exigir. A informação reunida na entrevista pode servir de orientação para identificação de condutas problemáticas, diagnóstico diferencial (principalmente se for utilizada junto com o Esquema Diagnóstico dos TACP), seleção de testes complementares para a avaliação da criança e análise do problema. © Vicente E. Caballo 2 Manual para avaliação clínica dos transtornos psicológicos A) Dados básicos da entrevista 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Nome da criança: Idade: Data de nascimento: Sexo: Série/nível de escolaridade: Escola: Data da entrevista: Entrevistador: Entrevistado(s): Relação do(s) entrevistado(s) com a criança: B) Motivo da consulta 1. 2. Motivo da consulta (tal como os pais o expõem, e preocupações de ambos): Encaminhado por (professor, tutor, orientador, médico, pediatra, etc.): C) Composição e ambiente familiar 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Situação familiar/conjugal (pais casados, separados, convivem…): Com quem a criança convive: Se os pais não convivem com a criança, por quê? Se o pai ou a mãe não convivem, por quê? Se os pais são separados, quem tem a custódia da criança e em que condições: Irmãos (nome, sexo, idade e convivência no domicílio familiar): Outras pessoas que convivem com a criança (parentesco, relação com a criança, situação legal): A convivência da criança com seus pais/família foi interrompida em algum momento? Se foi interrompida, quais são os motivos (crise familiar, abandono, maus tratos, doenças dos pais, internação em hospital ou escola): 10. Problemas físicos ou psicológicos, presentes e passados, dos pais ou irmãos: © Vicente E. Caballo Avaliação dos transtornos por deficit de atenção e comportamento perturbador D) Descrição das condutas problemáticas 1. 2. 3. 4. Para cada uma das condutas perturbadoras e/ou problemáticas, defina a topografia (forma, como é executada) e outros parâmetros relevantes: frequência (quantas vezes ocorre por dia, semana ou mês), duração (durante quanto tempo ocorre) e intensidade. Que condutas descritas ocorrem juntas, de alguma maneira, com frequência (ao mesmo tempo, em uma sequência previsível, em resposta à mesma situação): Que efeitos negativos, destrutivos ou limitantes essas condutas têm na vida da criança ou em seu ambiente: Outros problemas de comportamento (emocionais, sociais, acadêmicos): E) Histórico Histórico das condutas perturbadoras e/ou problemáticas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Desde quando essas condutas problemáticas ocorrem, de forma continuada ou intermitente? Se as condutas vêm ocorrendo de forma intermitente, por quanto tempo deixaram de ocorrer? Outras mudanças nas condutas desde o surgimento: Como os pais tentaram controlar essas condutas: Que resultados obtiveram: Como tentaram controlar essas condutas na escola? Que resultados obtiveram na escola? Se a criança recebeu tratamento psicológico profissional, descrever (quando, para quê, tipo de tratamento, profissional): 9. Se a criança recebeu tratamento médico – farmacológico –, descrever (medicamento ou intervenção, para quê, quando): 10. Qual foi o efeito desses tratamentos? Histórico psicopatológico 11. 12. 13. 14. 15. A criança foi avaliada ou diagnosticada anteriormente? Quem fez a avaliação e com que resultado (solicitar relatórios). Recebeu tratamento por outros problemas de tipo psicológico? Que tratamento e quem o prescreveu? Se a criança foi objeto de outro tipo de intervenção (educacional, social) por sua conduta problemática, em que consistiu? © Vicente E. Caballo 3 4 Manual para avaliação clínica dos transtornos psicológicos Histórico escolar 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Desde quando a criança está escolarizado? Repetiu alguma série? Resultados acadêmicos da série anterior: Recebeu educação especial ou aulas de apoio? Se recebeu, quando? Teve problemas com os professores ou de disciplina na escola? Teve problemas com os colegas da escola? Desenvolvimento psicológico (problemas detectados durante o desenvolvimento da criança) 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. Sensorial: Motor: Hábitos de eliminação: Hábitos alimentares: Hábitos de sono: Linguagem: Habilidades gerais de comunicação social: Habilidades de interação social com os colegas: Habilidades acadêmicas: Inteligência: Histórico médico 33. 34. 35. 36. 37. 38. Doenças significativas que a criança sofreu: Tratamentos significativos recebidos (incluindo hospitalização): Resultados de exames neurológicos anteriores: Dificuldades sensoriais, auditivas e visuais: Características físicas incomuns (desde quando): Consumo de substâncias psicoativas (desde quando): F) Fatores disposicionais atuais que predizem/dispõem para as condutas problemáticas 1. 2. Que medicação a criança está tomando atualmente? Como os pais acham que a medicação pode afetar o comportamento? © Vicente E. Caballo Avaliação dos transtornos por deficit de atenção e comportamento perturbador 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Doenças, condições médicas ou físicas que podem afetar o comportamento da criança. Padrões de sono da criança. (Consideram que podem afetar sua conduta?) Rotinas alimentares e dieta da criança. (Consideram que podem afetar sua conduta?) Qual é a programação de atividades diárias da criança em um dia de semana? Que atividades diárias a criança gosta e quais não? Que atividades diárias estão mais associadas com a conduta problema ou perturbadora? A criança pode trocar ou escolher as atividades que realiza ao longo do dia? (Quais?) G) Fatos antecedentes específicos e imediatos Predizem quando é provável que as condutas perturbadoras ocorram ou não 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Quando é mais provável e menos provável que as condutas ocorram? Onde é mais provável e menos provável que as condutas ocorram? Com quem é mais provável e menos provável que as condutas ocorram? Que instruções ou ordens é mais provável e menos provável que as condutas gerem? Que exigências à criança tornam mais prováveis e menos prováveis as condutas? Durante que tarefas é mais provável e menos provável que as condutas ocorram? Que atividades mais e menos provavelmente causarão as condutas? Outras situações ou acontecimentos particulares ou idiossincrásicos não apontados antes que algumas vezes parecem produzir as condutas? Outras atividades dos pais que tornam mais provável o surgimento das condutas. H) Consequências ou resultados das condutas problema Para cada conduta perturbadora e problemática 1. Que consequências específicas ou resultados a criança consegue: a) O que consegue: b) O que evita: © Vicente E. Caballo 5 6 Manual para avaliação clínica dos transtornos psicológicos 2. 3. 4. 5. Em que situações as consegue ou evita? Com que frequência a criança obtém essas consequências específicas? Como os pais agem para tentar controlar as condutas específicas? Se isso não funciona e a conduta problemática continua, o que os pais fazem? I) Fatores disposicionais motivacionais Coisas, atividades, situações que a criança gosta, deseja ou são reforçadoras para ela 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Alimentos: Brinquedos e brincadeiras: Objetos: Atividades em casa: Atividades na vizinhança e comunidade: Atividades na escola: Tarefas escolares: Interação com outros (quem e que tipo de interação): Atividades de lazer: Sensações ou estimulação física: Outras: Coisas, atividades, situações que a criança não gosta, não deseja ou são aversivas para ela 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Alimentos: Brinquedos e brincadeiras: Objetos: Atividades em casa: Atividades na vizinhança e comunidade: Atividades na escola: Tarefas escolares: Interação com outros (quem e que tipo de interação): Atividades de lazer: Sensações ou estimulação física: Outras: © Vicente E. Caballo 7 Avaliação dos transtornos por deficit de atenção e comportamento perturbador Resumo de relações funcionais para cada conduta perturbadora FATORES DISPOSICIONAIS E CONTEXTUAIS DIAGNÓSTICO DSM © Vicente E. Caballo ANTECEDENTES IMEDIATOS CONDUTA DA CRIANÇA CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS