^ Há- Jornal ANO 3 O CONSCI N03 OUTl CR$ 30,00 >/93 ASSEMBLÉIA DO GRUCON FOI SUCESSO Agora é trabalho e criatividade Esta é a nova Diretoria Executiva do GRUCON* RJ para os próximos dois anos conteceu no dia 25 de se/"^tembro, o mais im portante evento organizado pelo Grupo de União e Conciência Negra do Estado do Rio de Janeiro - Grucon -, este ano. Nessa data, das 9 às 18 horas, um grande número de Delegados, Militantes e convidados diversos, estiveram reunidos na sede da Federação das Associações de Moradores de São João de Meriti, em Vila dos Teles, na Baixada Fluminense, onde foi realizada a Assembléia Estadual do Grucon-RJ, que dividida em três momentos realizou: Um Estudo de Análise de Conjuntura, o Planejamento Bi-anual do Grucon e a eleição da nova Diretoria Executiva para os próximos dois anos. O evento foi testemunhando pela presença de várias personalidades e constou de credenciajseatD, abertura, leitura da"Ata e do Regimento Interno, prestação de contas. Análise de Conjuntura, apresentação cultural, almoço, avaliação, planejamento, plenária, iache, eleição e encerramento. Todo o acontecimento foi filmado e fotografado para compor o a cervo do GRUCON. A palesta Análise da Conjuntura, foi coordenada pelo historiador Flávio, Santos Gomes, autor de uma pesquisa sobre "Quilombos no Estado do Rio". Durante o encontro, houve a apresentação do grupo cultural Filhos DAfrica, que através de números de dança-afro, empolgou todos os presentes. Qs membros deste grupo musical, fazem parte do Grupo de União e Conciência Negra, atuando no Núcleo da cidade de Petrópolis. Outra apresentação artística que também agradou muito os presentes a apresentação bailarina Adriana de Souza, que fez apresentação solo de uma canção afro. Mais notícias sobre a Assembléia Estadual do GRUCON, na pág.03 Componentes da mesa de apuração orientando a eleitora EMBAIXADAS AFRICANAS Jucá Ribeiro, reeleito presidente do GRUCON-RJ está confiante ORÇAMENTO PÚBLICO Grupo de trabalho discutindo os caminhos do Consciência Negra LEIA NA PAG.04: O GRUCON tem como uma SEMINÁRIO PARA FORMAdas suas metas, executar estra- ÇÃO DE MILITANTES COLÉGIO ESTADUAL NÃO tégias de ação e acompanha- SABE DA PARTICIPAÇÃO DO mento no gerenciamento dos NEGRO NA CULTURA BRASIorçamentos públicos. O objeti- LEIRA. vo é exercer uma pressão ao LEMBRANDO JOÃO CÂNDIDO máximo e inflênciar em favor NEGROS E JUDEUS das comunidades menos ENDEREÇOS DOS NÚCLEOS DO GRUCON favorecidas. ASSEMBLÉIA NACIONAL Vai acontecer nos dias 10, 11 e 12 de dezembro deste ano, a Assembléia Nacional do GRUCON. O encontro será na cidade de Alvorada, no Rio Grande do sul, e terá como tema: Qual o Papel do Grupo de União e Consciência Negra na Sociedade? Seguindo orientação do então ministro Relações Exteriores e agora da Econonia Sr. Fernando Henrique, o governo brasileiro vai fechar embaixadas brasileiras na África. As orientações do mi- nistro, são no sentido do Brasil reabrir estas embaixadas na Ásia. Ao que parece o ministro está deslumbrado com os tigres asiáticos e obrigou o Brasil a virar as costas para nossos irmãos africanos. O NEGRO VENDE, E MUITO O casamento da deputada federal Benedita da Silva e do vereador Antônio Pitanga, ambos negros do PT-RJ, realizado no dia 23.10, fni noticia era todos os jornais do Rio e São Paulo. Colunas sociais crônicas c entrevistas, cora uma semana de antecedência traziam aos leitores ludo sobre a vida e os preparativos dos noivos, que eram apresentados em várias fotos coloridas. Mesmo após as cerimônias e festejos, o assunto continua sendo comentado nos jornais, rádios e tvs. Apesar da discrição dos noivos, não resta dúvida que o evento despertou grande interesse nos leitores. Graças ao acontecimento, os jornais aproveitaram para vender mais Página 02 Jornal o Consciência O MOVIMENTO NEGRO E A CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES O que se tem verificado nas mais variadas fontes de pesquisa, que analisam a socie dade brasileira sob o aspec to econômico e social, é a revelação de profundas desigualdades entre a população branca e a população não branca. Estes indicadores, de forma surpreendente, desmistificam a discussão e defesa da democracia racial brasileira, demostrando que ainda existem diferenças que separam o mundo dos brancos e o mundo dos negros. Do conjunto da população brasileira, quem são aqueles que têm os menores salários, as piores oportunidades de emprego (boa aparência), as piores condições de moradia, que sofrem a ação violenta do aparelho estatal e o maior índice de mulheres esterelizadas? Sem dúvida alguma, podemos dizer que é a população afro-brasileira. Mas como dar conta desta problemática complexa, num país com dimensões continentais como o Brasil? Como o movimento negro poderá interferir objetivamente no sentido de transformar a realidade do povo negro brasileiro? Como uma central dé movimentos populares de base poderá ajudar a formular propostas e ações que apontem a superação destas clivagens sociais e raciais? Uma das marcas que carcteriza o movimento negro de combate ao racismo, é a afirmação positiva da identidade negra e a denúncia sistemática ao racismo. Destas duas referências básicas, nascem estratégias que se multiplicam através de delimitações práticas. Estas estratégias estão associadas à atuações setorialmente definidas. As ações estão voltadas para a publicação de documentos variados, a organização e execução de seminários e cursos, o desenvolvimento de atividades comunitárias e, fundamentalmente, a articulação entre as organizações que atuam no combate ao racismo; é claro, sem contar com outras inúmeras iniciativas de caráter não institucional. Longe de pen- sar que estas ações não siguinificam em importância na luta de combate ao racismo, percebemos que ainda estamos limitados pela falta de direcionamento político, pela falta de nitidez quanto ao projeto estratégico e papel político das organizações negras. Ainda que estas ações tenham contribuído para a sobrevivência do combate ao racismo, mesmo tendo fortalecido e ampliado o espectro de seu combate na sociedade brasileira, ainda sentimos uma certa impotência diante do clamor do povo negro brasileiro. Se admitimos que a luta por transformções substantivas na sociedade, depende de esforços qualificados das organizações negras, e que se estes esforços estão correlacionados com a ampliação de novos parceiros e novas alianças, então não poderemos subtrair de nossas reflecções, a possibilidade de estarmos presentes na elabaração e construção de uma central de movimentos populares de base. Nós, membros da militância de combate ao racismo, sabemos que as lutas sociais urbanas e camponesas, estam intrínsecamente relacionadas com a história do povo negro. Estas lutas estão orientadas para o direito do exercício pleno da cidadania. Estão articuladas ao discurso de melhoria das condições de vida, a partir de uma gestão mais democrática das políticas públicas. O que os movimentos populares reivindicam, são ações governamentais compatíveis e ajustadas aos interesses das associações e grupos, que lutam por uma cidade mais digna. Habitação decente, saneamento básico, política de transporte coletivos, saúde, escola e lazer, têm sido parte significativa das pautas das lutas urbanas; e mesmo de forma particular, nas áreas rurais. Inegavelmente estas reivindicações, apesar de estarem desassociadas do discurso racial, não podem ser menosprezadas, principalmente pelo fato de beneficiarem exatamente a parcela que mais sofre pela falta destes recursos, que é majoritariamente a população não branca. Isto demonstra, de forma significativa, a importância estratégica que têm os movimentos de bairros, para a execução de tarefas que o próprio movimento negro não consegue incorporar de forma e conteúdo mais amplo, nas suas ações cotidianas. pelo caráter nacional que têm os movimentos de bairros nas lutas urbanas, e mesmo os grupos que atuam nas áreas rurais, nao podemos menosprezar uma articulação de parceria com estes sujeitos. Pois suas experiências interferindo nas políticas estatais, como também suas formas de estruturas orgânicas, podem nos indicar caminhos que qualifiquem tanto o nosso discurso como nossa prática permanente. Mas para articularmos esta parceria de forma mais ampla, significará que teremos que desenvolver a iniciativa de estarmos dentro das formas básicas de discussão, onde o conjunto dos movimentos populares estão presentes. Neste sentido, a Central de Movimentos Populares surge como espaço onde o diálogo e a parceria, podem ser práticas positivas para execução de novos rumos na luta contemporânea de combate ao racismo. Cabe às Organizações Negras, refletirem a possibilidade de incorporação ou não na construção da Central de Movimentos Populares. Esta discussão não acontecerá sem conflitos, sem indecisões e é claro, sem desproporcionalidades. Mas sem dúvida, só o ato de se refletir o papel, a concepção e a organização da CMP, poderá despertar uma fase necessária, para sobretudo no que diz respeito à um novo conteúdo programático, que supere nosso avanço na luta pela definição de nosso papel estratégico, e pela construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. JUCA RIBEIRO Membro da Comissão Provisória de Articulação da Centrai de Movimentos Populares R.J. e Presidente do GRUCON -RJ ORIGEM DA CENTRAL Em 1980, em João Monlevade - MG, surgia ANAMPOS (Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais), que deu origem à CUT (Central Única dos Trabalhadores). Ápos a fundação da CUT, a ANAMPOS dedicou-se ao fortalecimento de um polo combativo dos Movimentos Populares. Em 1984, inúmeros movimentos lutavam por transporte e moradia, contra discriminações e pelos direitos humanos, mas permaneciam organicamente isolados. Formula-se então, a partir de 1989, a proposta de se construir uma Central de Movimentos populares, pois somente articulados e desenvolvendo lutas conjuntas os movimentos teriam maiores conquistas e contribuiriam para transformar a sociedade. No período da Constituinte confirmou-se na prática essa idéia. Diversos movimentos articulavam-se para defender conjuntamente com outras entidades da sociedade civil algumas propostas como a da Reforma Urbana ou centradas na questão do transporte, da saúde, etc. Graças a essa articulação e à unificação de lutas, importantes conquistas foram alcançadas. Em 1989, em Belo Horizonte o encontro nacional de lideranças e assessores de movimentos populares, promovido pela ANAMPOS, elegeu uma comissão encarregada de convocar a Ia Plenária Nacional de Movimentos Populares, que ocorreu em Brasília em 1990, onde se decidiu construir a Central a partir das bases e realizar lutas concretas. Aos poucos, a proposta, encarnada pela Pró-Central, foi ganhando corpo. Realizou-se, em outubro de 1991, a 2a Plenária Nacional em São Bernardo, onde se definiu como eixos de luta pela cidadania e pela Reforma Urbana, e aprovou-se uma proposta de estrutura da Central, de encaminhamento de lutas e a realização do Congresso da Fundação da Central em 1993 Outubro/93 EDITORIAL QUAL E O NOSSO PAPEL? Ç\ uai será o papel de uma entidade que ^ após ter passado por várias crises cícllnas, tenta reformular os seus caminhos e seu pensamento? Para um pais que tem 22% da população em situação de fome permanente, que 52,9% de sua população economicamente ativa recebe até dois salários mínimos, e que cuja concentração de renda e de propriedade está figurada entre as primeiras do mundo, cabe a qualquer organização da sociedade, principalmente as ORGANIZAÇÕES DE COMBATE AO RACISMO, pensarem em estratégias reais que possam ser verdadeiramente fonte de Inspiração e luta. para inversão desta situação de miséria e excludência. Mas como combater o racismo e ao mesmo tempo combater os desníveis estruturais que aprofundam as clivagens sociais e econômicas da sociedade brasileira? A falta de um projeto transparente, que possa ser a base de atuação do conjunto dos membros do GRUPO DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA, tem sido uma das várias características que marcam a trajetória do GRUCON. A falta de uma definição programática Interferiu e interfere na definição do nosso papel, bem como também desorienta a atuação mais qualificada. Sem dúvida, a definição de linhas divisórias que demarquem os nossos campos de atuação, contribuem para o ajustamento de novos processos de intervenção na sociedade. Um conteúdo programático, além de dar nitidez ideológica, também aprofunda a reflexão sobre a atuação objetiva que se deve desenvolver na sociedade. Longe de se pensar que um PROGRAMA pode Interferir negativamente na liberdade ou na pluralidade de pensamento. Ao contrário, é a síntese da vontade coletiva orientada por um PROGRAMA que poderá ampliar os horizontes. Pois é através do programa que a ação individual e coletiva toma forma, conteúdo e valor estratégico. O GRUPO DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA não é um sonho, é uma realidade. É de base e não tem donos. Não é subordinado às tendências ortodoxas de nenhuma matriz Ideológica. É um grupo de base lalco, que pretende inaugurar uma nova fase para si mesmo. Portanto, seus desafios não se restringem as suas esferas orgânicas, mas vão para muito além de seus espaços, contribuindo para as transformações substantivas tão necessárias na desigual sociedade brasileira. GRUPO DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO-GRUCON-RJ CGC 36.059954/0001-17 Rua Rocha, 185 - Vale da Simpatia São João de Menti - RJ CEP-25565-160 DIRETORIA Presidente: Manoel Ribeiro de Marins (JUCA RIBEIRO) Vlce-presidente:Manoel Messias da Silva Primelro-secretário: Milton Silva Segunda-secretárla: Nádia Maria da Cunha Cardoso Primeiro-tesourelro: Jorge Luís dos Santos Segunda-tesoureira: Magalí Daniel Ferreira EXPEDIENTE Jornal o Consciência Editor responsável: Milton Silva Reg. 19.289-DRT-RJ Diretor Financeiro: Jorge Luísdos Santos Diagramação: Flávio Rosa Outubro Jornal o Consciência /93 Página 03 ELEIÇÃO E POSSE DA NOVA DIRETORIA DO GRUCON EM uma cerimônia que demonstrou unidade e democracia, a eleição da nova Diretoria Executiva do GRUCON transcorreu em um clima de total organiza ção e respeito. A chapa vencedora das eleições, foi eleita por unanimidade por todos os militantes presentes. Portanto, a diretoria Executiva do GRUCON para os próximos dois anos, fica assim constituída: Presidente: Manoel Ribeiro de Marins (JUCÁ), Vice-presidente: Manoel Messias da Silva, Primeiro-secretário: Nilton Silva, Segunda - secretária: Nádia Maria da Cunha Cardoso, Primeiro-tesoureiro:Jorge Luis dos Santos e Segundatesoureira: Magalí Daniel Ferreira. jji CM A Assembléia Estadual trouxe de volta antigos militantes O GRUCON E SEUS NÚCLEOS A paciência na contagem dos votos foi fundamental Magalí, a sabedoria no Grupo Manoel Messias diante da urna decide o seu voto A simpatia presente na recepção Um público atento participou de todos os momentos VIVA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA Em um cartaz feito por um aluno do curso normal (formação de professor) da Escola Estadual Carmela Dutra, em Madureira, está escrito:"A cultura brasileira recebeu influências de espanhóis, Italianos, Alemães, etc. Com isso fez com que inílusenciasse nossalingua, folclore, nas festaspopulares, religiossa, teatro, etc." Em tempo: O professor só esqueceu de dizer ao aluno que ele esqueceu de mencionar a participação do negro na formação da cultura brasilseira. Aliás, nessa mesma escola existe um cartaz no corredor, onde a figura de uma negra desenhada de forma pejorativa e com um pano amarrado na cabeça, indica o ponto exato onde está localizada a cantina naquele estabelecimento. Quando pensamos que é nesta escola que formamse os futuros professores dos nossos filhos, chegamos a conclusão que está quase tudo perdido. E apesar de tudo, o Rio de Janeiro tem um secretário de Educação, pasmem! Delegados discutem a eleição Militantes e convidados apontam a melhor estratégia 0 CONSCIÊNCIA NEGRA EM CACHOEIRAS DE MACACU O núcleo de GRUCON em Cachoeiras de Macaca, assim como os demais Núcleo da entidade, tem tuna atuação bastante destacada naquele município do Estado do Rio de Janeiro. No bairro Cidade Alta, comunidade carente e onde o núcleo foi fundado, o GRUCON esta partivipando da criação do Clube de Mães,cujo objetivo é o atendimento às carências daquela área: socialização,higiene, habilidades manuais e noções básicas de cidadania. Outra atividade desenvolvida pelo GRUCON em Cachoeiras de Macacu, é a participação no Comitê de Ação de Cidadania Contra a Fome, Miséria e pela Vida, através do contato com as famílias carentes. O núcleo também organizou naquele bairro uma Rua de Lazer, cujo objetivo foi a realização de atividades sociais e de aproximação com as famílias presentes. O Núcleo de base é a estrutura básica de articulação, elaboração e construção de mecanismos de conscientização do Grupo de União e Consciência Negra, para o combate do racismo. Pois é no núcleo que se estabelece o contato mais permanente e mais fiel com a população não branca. É com o núcleo que são engendradas as estratégias celulares de construção da identidade negra, e é pelo núcleo que se elabora atividades pedagógicas, que contribuem para a formação da militância e para a consolidação de novos modelos de ação. O Grupo de União e Consciência Negra, é uma entidade organizada através de núcleos e é através deles, que o GRUCON multiplica suas várias formas de expressar suas lutas. Mesmo acreditando que através do núcleo que podemos alcançar o maior número de pessoas para a conscientização, não podemos menosprezar a possibilidade de termos outras formas inovadoras que possam ampliar nosso arco de influência e ação política. Como por exemplo, poderíamos ter núcleos específicos de profissionais, isto é, núcleo de professores que aprofundem a discussão de processos pedagógicos mais democráticos e pluralistas; ou por exemplo, núcleo de pesquisadores da área de ciências sociais, que poderiam contribuir para elaboração e investigações sobre as relações raciais, como também poderíamos ter núcleos de aposentados que aprofundariam a discusão sobre as correlações sobre racismo/ mercado de trabalho/ aposentadoria. Estes exemplos podem enumerar uma série de possibilidades que poderíamos experimentar. Estas idéias, de certa forma, não apresentam muitas novidades, sobretudo porque já foram de alguma forma elaboradas e sonhadas por vários militantes fora da esfera do GRUCON. A diferença está exatamente no fato que nossa entidade já está organizadas em núcleos, o que de fato,nos dá uma visão mínima para mensuraimos a possibilidade de assumir ou não este desafio. Sem dúvida, a ampliação de novas formas de representação e articulação, só podem contribuir para a construção coletiva de nossa diversidade. A consolidação de novos condutos de base por mais difíceis que sejam, podem oxigenar estágios mais avançados para a capilarização da luta de combate ao racismo. Fortalecer os núcleos que existem e criar novas possibilidades de organização, é um desafio que o GRUCON poderá enfrentar sem medo. PARA REFLETIR EM GRUPO: 1) Que tipo de núcleo poderíamos criar? 2) Com quem podemos contar para organizá-lo? 3) De que forma podemos organizá-lo? OBS: Este texto serviu de reflexão para o estudo Projeto Estratégico, ocorrido durante a Assembléia Estadual do GRUCON. O bloco afro Filhos D'África trouxe descontração ao evento Outubro /93 Jornal o Consciência Página 04 A IMPORTÂNCIA DE UM CURSO DE FORMAÇÃO E comum entre as pessoas que militam nas entidades ligadas ao Movimento Negro, serem contrários à realização de cursos de formação. Estas mesma pessoas ainda não perceberam que os tempos são outros, e que agora os instrumentos de luta estão no campo das idéias,e na formação cultural e intelectual dos membros. E foi por estar preocupado em formar um novo perfil para o GRUCON, que a entidade lançou durante o primeiro semestre de 93, três seminários voltadas para o aperfeiçoamento e a formação dos seus militantes. E dando seqüência aos cursos de formação, no dia 27 de novembro, neste final de ano, o GRUCON, Núcleo de Duque de Caxias, vai realizarnasededoSINDIPETRO - Sindicato dos Petroleiro-, na Rua José de Alvarenga, em Duque de Caxias, um seminário voltado para os militantes. VEJA O PROGRAMA: PROGRAMA DE FORMAÇÃO O NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA SEMINÁRIOS Temas: 1° - A Economia no Estado Colonial e Mão de Obra Escrava: 2o - A Industrialização no Inicio do Século e Suas Implicações para a População Negra; 3o - A Visão do Estado Brasileiro em Relação a Problemática Racial; 4o - As Transformações Econômicas nos Últimos 30 Anos e seu Impacto sobre a População Negra Brasileira. 1° Tema: A Economia no Estado Colonial e a Mão de Obra Escrava Data: 27 de Novembro de 1993. Local: S1ND1PETRO - Sind. Trab. Ind. Ind. Dest. Refinaria D. de Caxias. Rua : José de Alvarenga, 553 - Centro - D. de Caxias - RJ. Horário: 8:00 às 16:00 Horas Organização: GRUCON - RJ Grupo de União e Consciência Negra do Est. do Rio de Janeiro Informações: Adm/Central tel: 771-7751 (Jorge Luis) Presidência tel: 756-1215 (Jucá Ribeiro) NÚCLEOS DO GRUCON Sede principal: Rua Rocha, 185, Vale da Simpatia - São João de Meriti - RJ -CEP-25565-160 Cubango Cordenadora: Luzilda Coelho da Silva Rua Retiro Saldoso, 40, Casa 09 Cubango - Niterói - RJ CEP 24140 Éden Cordenadora: Rosely Alves Machado Rua Grinaldino Moreiro, 731 - Éden - S.J. Meriti CEP 25535 São S. J. de Meriti (Centro) Igreja Matriz - Praça Getúlio Vargas, S/N (Salão Quilombo) CEP 25510-tel. 756-1215 (Jucá) Cachoeiras de Macacu Coordenador: Celeida de Souza Rua Antônio Valioso, 98 Cidade Alta - C. de Macacu - RJ CEP 28.680 Saracuruna Coordenador Selma Soares da Mata Rua da Estação, 190 Saracuruna - Duque de Caxias - RJ CEP 25215 Nova iguaçu Coordenadora: Elizabeth Samuel Rua Paraíba 522 - BI. 6 - Ap. 204 Bairro da Posse - Nova Iguaçu - RJ CEP 26.030 Duque de Caxias Coordenador: Jorge Basílio Rua Rio Grande do Sul, 516 c/6 Duque de Caxias - RJ CEP 25.070 Venda Velha Coordenador: Aldeir Max Rua Maria Alice, 31 QD 4 Venda velha - S. J. de Meriti CEP 25.580 Petrópolis Coordenadora: Vera Lúcia Rua Marechal Deodoro - Edifício - Monte Casteío,209 Petrópolis - RJ Cep 25.621 Vilar dos Teies Coordenadora: Neide Ferreira Rodrigues Rua Rocha, 185 - V. da Simpatia São João de Meriti - RJ Madureira Coordenadora: Nilton Silva Rua Clara Nunes, 50/506 Madureira - Rio - RJ CEP 21351-110 Membros GRUCON durante cursos de formação realizados no colégio Assunção, no centro do Rio. COLUNA CIENTE D TRISTE REALIDADE " Em 02 de setembro de 1850, um grupo de 17 imigrantes alemães desembargava na barra do Ribeirão da Velha, afluente do Rio Itajaí-Açu. os pioneiros chegavam para ocupar as terras que o Governo Imperial do Brasil concedeu ao Dr. Hermann Bruno Otto blumenau, nascido em Hassefeld, na Alemanha,". É por estas e outras, que os descendentes de alemães lá em Santa Catarina estão onde estão, e os negros, descendentes de escravos africanos no Brasil, estão onde estão... com certeza, se o governo brasileiro ao menos pagasse uma indenização aos escravos que construíram este país com sangue e suor, a realidade do negro barsíleíro seria outra. E hoje, nem uma reforma agrária a elite brasileira admite. OBS.: O texto acima que está entre aspas, foi retirado da revista Blumenau Estilo Europeu Made In Brasil D DESINFORMADOS, RISONHOS E TALENTOSOS Os velhos músicos negros dos Estados unidos continuam os mesmos. O tempo passa, o tempo voa, e eles continuam numa por fora. Um exemplo são as apresentações destes senhores em hotéis caríssimos da Zona Sul do Rio, como ocorreu agora no final do mês de setembro, quando vários deles se apresentaram durante o FREE JAZZ. Durante o show, o que se viu foi um artista negro no palco cantando para um público de brancos, platéia esta que setava ali menos pela sensibilidade musical do que por não ter onde gastar a rica herança. Já que os organizadores destes eventos não têm visão social, bem que estes músicos negros americanos, entre as suas exigências, poderiam pedir a distribuição gratuita de alguns convites para ao menos músicos brasileiros negros, este sim, com talento e sensibilidade par entender o solo de lamento criado pelos descendentes de africanos. D BARRACA O Núcleo do GRUCON de Duque de Caxias, conseguiu junto a Prefeitura daquele município, autorização para montar uma barraca da entidade, na esquina das Ruas José de Alvarenga e Nilo Peçanha, junto da estatua do busto de Zumbi dos Palmares. O responsável pela barraca é o coordenador do GRUCON, Núcleo de Duque de Caxias, Jorge Basílio. Está barraca vai funcionar como local de venda de produtos da entidade, além de ser também um ponto de encontro de membros e simpatizantes do GRUCON. D LEMBRANDO JOÃO CÂNDIDO Há 113 anos, na cidade de rio Pardo, no Rio Grande do Sul, nascia o negro mari- nheiro João Cândido. Depois de desafiar a marinha e daí mudar para melhor o tratamento por parte dos oficiais aos praças, João Cândido foi perseguido implacavelmente pelos comandantes da marinha brasileira. O vereador Edson Santos é autor de um projeto, já aprovado pela câmara, para construir um busto do João Cândido na Praça XV. Mas este projeto está preso nas mãos do prefeito César Maia, aguardando a sua sanção. D O NEGRO EM REVISTA O cineasta Spike Lee, diretor de vários filmes de sucesso, -Malcon X e Faça a Coisa Certa-, vai lançar nos Estados Unidos revistas em quadrinhos de autores negros, mais um projeto que pretende abrir as protas de novos mercados voltados para o emprego da mão-de-obra especializada. Enquanto isso, aqui no Brasil os negros que estão em condições de fazer alguma coisa pelos seus irmãos estão olhando a brisa.. D NEGROS E JUDEUS Os negros americanos já assumiram o poder na indústria cultural lá. Seja no cinema, na música, nas televisões e no teatro, só tem negros na produção e criação. Aliás, negros, e judeus dando o apoio. E assim, lá, eles já começaram a contar a verdadeira história através dos meios de comunicação. D DESCASO Até hoje as autoridades ainda não resolveram a situação dos moradores do bairro Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias. Como já estamos todos cansados de saber, naquele local estão enterradas toneladas do veneno BHC, mais conhecido como pó-de-broca. Sempre é bom lembrar que ali moram mais de 500 crianças e um grande número de adultos, que estão sendo contaminados diariamente. D MISSA CATÓLICA AFRO Como tem acontecido nestes últimos anos, a missa católica segundo a cultura afro, em homenagem ao líder ZUMBI DOS PALMARES, vai ser celebrada no dia 21 de novembro, na igreja matriz de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ás 15 horas. Este evento faz parte das novas exigências dos bispos da América Latina. D PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA O Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi para a escritora e professora negra, a americana Toni Morrison, de 62 anos de idade. Com vários livros já publicatos, Toni Morrison só escreve sobre os temas ligados à raça negra. Os livros da autora publicados na língua portuguesa são: " Amada " e o Outro é " A Canção de Solomon", todos da ed. Best Seller.