^ Há-
Jornal
ANO 3
O CONSCI
N03
OUTl
CR$ 30,00
>/93
ASSEMBLÉIA DO GRUCON FOI SUCESSO
Agora é trabalho e criatividade
Esta é a nova Diretoria Executiva do GRUCON* RJ para os próximos dois anos
conteceu no dia 25 de se/"^tembro, o mais im
portante evento organizado
pelo Grupo de União e
Conciência Negra do Estado
do Rio de Janeiro - Grucon -,
este ano. Nessa data, das 9 às
18 horas, um grande número
de Delegados, Militantes e convidados diversos, estiveram
reunidos na sede da Federação das Associações de Moradores de São João de Meriti,
em Vila dos Teles, na Baixada
Fluminense, onde foi realizada a Assembléia Estadual do
Grucon-RJ, que dividida em
três momentos realizou: Um
Estudo de Análise de Conjuntura, o Planejamento Bi-anual
do Grucon e a eleição da nova
Diretoria Executiva para os
próximos dois anos.
O evento foi testemunhando
pela presença de várias personalidades e constou de
credenciajseatD, abertura, leitura da"Ata e do Regimento
Interno, prestação de contas.
Análise de Conjuntura, apresentação cultural, almoço, avaliação, planejamento, plenária,
iache, eleição e encerramento.
Todo o acontecimento foi filmado e fotografado para compor o
a cervo do GRUCON.
A palesta Análise da Conjuntura, foi coordenada pelo historiador Flávio, Santos Gomes, autor de uma pesquisa sobre
"Quilombos no Estado do Rio".
Durante o encontro, houve a
apresentação do grupo cultural
Filhos DAfrica, que através de
números de dança-afro, empolgou todos os presentes. Qs membros deste grupo musical, fazem parte do Grupo de União e
Conciência Negra, atuando no
Núcleo da cidade de Petrópolis.
Outra apresentação artística que
também agradou muito os presentes a apresentação bailarina Adriana de Souza, que fez
apresentação solo de uma canção afro. Mais notícias sobre a
Assembléia Estadual do
GRUCON, na pág.03
Componentes da mesa de apuração orientando a eleitora
EMBAIXADAS AFRICANAS
Jucá Ribeiro, reeleito presidente do GRUCON-RJ
está confiante
ORÇAMENTO
PÚBLICO
Grupo de trabalho discutindo os caminhos do
Consciência Negra
LEIA NA
PAG.04:
O GRUCON tem como uma SEMINÁRIO PARA FORMAdas suas metas, executar estra- ÇÃO DE MILITANTES
COLÉGIO ESTADUAL NÃO
tégias de ação e acompanha- SABE
DA PARTICIPAÇÃO DO
mento no gerenciamento dos NEGRO
NA CULTURA BRASIorçamentos públicos. O objeti- LEIRA.
vo é exercer uma pressão ao LEMBRANDO JOÃO CÂNDIDO
máximo e inflênciar em favor NEGROS E JUDEUS
das comunidades menos ENDEREÇOS DOS NÚCLEOS
DO GRUCON
favorecidas.
ASSEMBLÉIA
NACIONAL
Vai acontecer nos dias 10,
11 e 12 de dezembro deste
ano, a Assembléia Nacional
do GRUCON. O encontro será
na cidade de Alvorada, no Rio
Grande do sul, e terá como
tema: Qual o Papel do Grupo
de União e Consciência Negra na Sociedade?
Seguindo orientação do
então ministro Relações
Exteriores e agora da
Econonia Sr. Fernando
Henrique, o governo brasileiro vai fechar embaixadas brasileiras na África. As orientações do mi-
nistro, são no sentido do
Brasil reabrir estas embaixadas na Ásia.
Ao que parece o ministro
está deslumbrado com os tigres asiáticos e obrigou o
Brasil a virar as costas para
nossos irmãos africanos.
O NEGRO VENDE, E MUITO
O casamento da deputada federal Benedita da Silva e do
vereador Antônio Pitanga, ambos negros do PT-RJ, realizado
no dia 23.10, fni noticia era todos
os jornais do Rio e São Paulo.
Colunas sociais crônicas c entrevistas, cora uma semana de
antecedência traziam aos leitores ludo sobre a vida e os preparativos dos noivos, que eram
apresentados em várias fotos
coloridas.
Mesmo após as cerimônias e
festejos, o assunto continua sendo comentado nos jornais, rádios
e tvs. Apesar da discrição dos
noivos, não resta dúvida que o
evento despertou grande interesse nos leitores. Graças ao acontecimento, os jornais aproveitaram
para vender mais
Página 02
Jornal o Consciência
O MOVIMENTO NEGRO E A CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES
O que se tem verificado nas
mais variadas fontes de pesquisa, que analisam a socie
dade brasileira sob o aspec
to econômico e social, é a revelação
de profundas desigualdades entre a
população branca e a população não
branca. Estes indicadores, de forma
surpreendente, desmistificam a discussão e defesa da democracia racial brasileira, demostrando que ainda
existem diferenças que separam o
mundo dos brancos e o mundo dos
negros.
Do conjunto da população brasileira, quem são aqueles que têm os
menores salários, as piores oportunidades de emprego (boa aparência), as piores condições de moradia, que sofrem a ação violenta do
aparelho estatal e o maior índice de
mulheres esterelizadas? Sem dúvida alguma, podemos dizer que é a
população afro-brasileira.
Mas como dar conta desta problemática complexa, num país com
dimensões continentais como o Brasil? Como o movimento negro poderá interferir objetivamente no sentido
de transformar a realidade do povo
negro brasileiro? Como uma central
dé movimentos populares de base
poderá ajudar a formular propostas
e ações que apontem a superação
destas clivagens sociais e raciais?
Uma das marcas que carcteriza
o movimento negro de combate ao
racismo, é a afirmação positiva da
identidade negra e a denúncia sistemática ao racismo. Destas duas referências básicas, nascem estratégias que se multiplicam através de
delimitações práticas. Estas estratégias estão associadas à atuações
setorialmente definidas. As ações estão voltadas para a publicação de
documentos variados, a organização e execução de seminários e cursos, o desenvolvimento de atividades comunitárias e, fundamentalmente, a articulação entre as organizações que atuam no combate ao
racismo; é claro, sem contar com
outras inúmeras iniciativas de caráter não institucional. Longe de pen-
sar que estas ações não siguinificam
em importância na luta de combate
ao racismo, percebemos que ainda
estamos limitados pela falta de direcionamento político, pela falta de nitidez quanto ao projeto estratégico e
papel político das organizações negras. Ainda que estas ações tenham
contribuído para a sobrevivência do
combate ao racismo, mesmo tendo
fortalecido e ampliado o espectro de
seu combate na sociedade brasileira, ainda sentimos uma certa impotência diante do clamor do povo negro brasileiro.
Se admitimos que a luta por transformções substantivas na sociedade, depende de esforços qualificados das organizações negras, e que
se estes esforços estão correlacionados com a ampliação de novos
parceiros e novas alianças, então
não poderemos subtrair de nossas
reflecções, a possibilidade de estarmos presentes na elabaração e construção de uma central de movimentos populares de base.
Nós, membros da militância de
combate ao racismo, sabemos que
as lutas sociais urbanas e camponesas, estam intrínsecamente relacionadas com a história do povo negro.
Estas lutas estão orientadas para o
direito do exercício pleno da cidadania. Estão articuladas ao discurso de
melhoria das condições de vida, a
partir de uma gestão mais democrática das políticas públicas. O que os
movimentos populares reivindicam,
são ações governamentais compatíveis e ajustadas aos interesses das
associações e grupos, que lutam por
uma cidade mais digna. Habitação
decente, saneamento básico, política de transporte coletivos, saúde,
escola e lazer, têm sido parte significativa das pautas das lutas urbanas;
e mesmo de forma particular, nas
áreas rurais. Inegavelmente estas
reivindicações, apesar de estarem
desassociadas do discurso racial,
não podem ser menosprezadas, principalmente pelo fato de beneficiarem exatamente a parcela que mais
sofre pela falta destes recursos, que
é majoritariamente a população não
branca. Isto demonstra, de forma
significativa, a importância estratégica que têm os movimentos de bairros, para a execução de tarefas que
o próprio movimento negro não consegue incorporar de forma e conteúdo mais amplo, nas suas ações cotidianas.
pelo caráter nacional que têm os
movimentos de bairros nas lutas urbanas, e mesmo os grupos que atuam nas áreas rurais, nao podemos
menosprezar uma articulação de parceria com estes sujeitos. Pois suas
experiências interferindo nas políticas estatais, como também suas formas de estruturas orgânicas, podem
nos indicar caminhos que qualifiquem
tanto o nosso discurso como nossa
prática permanente. Mas para articularmos esta parceria de forma mais
ampla, significará que teremos que
desenvolver a iniciativa de estarmos
dentro das formas básicas de discussão, onde o conjunto dos movimentos populares estão presentes.
Neste sentido, a Central de Movimentos Populares surge como espaço onde o diálogo e a parceria,
podem ser práticas positivas para
execução de novos rumos na luta
contemporânea de combate ao racismo.
Cabe às Organizações Negras,
refletirem a possibilidade de incorporação ou não na construção da
Central de Movimentos Populares.
Esta discussão não acontecerá sem
conflitos, sem indecisões e é claro,
sem desproporcionalidades. Mas
sem dúvida, só o ato de se refletir o
papel, a concepção e a organização
da CMP, poderá despertar uma fase
necessária, para sobretudo no que
diz respeito à um novo conteúdo programático, que supere nosso avanço na luta pela definição de nosso
papel estratégico, e pela construção
de uma sociedade verdadeiramente
democrática.
JUCA RIBEIRO
Membro da Comissão Provisória de Articulação da
Centrai de Movimentos Populares R.J. e Presidente do
GRUCON -RJ
ORIGEM DA CENTRAL
Em 1980, em João Monlevade - MG,
surgia ANAMPOS (Articulação Nacional
de Movimentos Populares e Sindicais),
que deu origem à CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
Ápos a fundação da CUT, a ANAMPOS
dedicou-se ao fortalecimento de um polo
combativo dos Movimentos Populares. Em
1984, inúmeros movimentos lutavam por
transporte e moradia, contra discriminações
e pelos direitos humanos, mas permaneciam
organicamente isolados. Formula-se então,
a partir de 1989, a proposta de se construir
uma Central de Movimentos populares, pois
somente articulados e desenvolvendo lutas
conjuntas os movimentos teriam maiores
conquistas e contribuiriam para transformar
a sociedade.
No período da Constituinte confirmou-se na prática essa idéia. Diversos
movimentos articulavam-se para defender
conjuntamente com outras entidades da
sociedade civil algumas propostas como a
da Reforma Urbana ou centradas na questão do transporte, da saúde, etc. Graças a
essa articulação e à unificação de lutas,
importantes conquistas foram alcançadas.
Em 1989, em Belo Horizonte o encontro nacional de lideranças e assessores de
movimentos populares, promovido pela
ANAMPOS, elegeu uma comissão encarregada de convocar a Ia Plenária Nacional
de Movimentos Populares, que ocorreu em
Brasília em 1990, onde se decidiu construir
a Central a partir das bases e realizar lutas
concretas. Aos poucos, a proposta, encarnada pela Pró-Central, foi ganhando corpo.
Realizou-se, em outubro de 1991, a 2a Plenária Nacional em São Bernardo, onde se
definiu como eixos de luta pela cidadania e
pela Reforma Urbana, e aprovou-se uma
proposta de estrutura da Central, de encaminhamento de lutas e a realização do
Congresso da Fundação da Central em
1993
Outubro/93
EDITORIAL
QUAL E O
NOSSO PAPEL?
Ç\ uai será o papel de uma entidade que
^ após ter passado por várias crises
cícllnas, tenta reformular os seus caminhos e seu pensamento? Para um pais
que tem 22% da população em situação de
fome permanente, que 52,9% de sua população economicamente ativa recebe até
dois salários mínimos, e que cuja concentração de renda e de propriedade está
figurada entre as primeiras do mundo,
cabe a qualquer organização da sociedade, principalmente as ORGANIZAÇÕES
DE COMBATE AO RACISMO, pensarem
em estratégias reais que possam ser verdadeiramente fonte de Inspiração e luta.
para inversão desta situação de miséria e
excludência.
Mas como combater o racismo e ao
mesmo tempo combater os desníveis estruturais que aprofundam as clivagens sociais e econômicas da sociedade brasileira? A falta de um projeto transparente, que
possa ser a base de atuação do conjunto
dos membros do GRUPO DE UNIÃO E
CONSCIÊNCIA NEGRA, tem sido uma
das várias características que marcam a
trajetória do GRUCON. A falta de uma
definição programática Interferiu e interfere na definição do nosso papel, bem como
também desorienta a atuação mais qualificada.
Sem dúvida, a definição de linhas
divisórias que demarquem os nossos campos de atuação, contribuem para o ajustamento de novos processos de intervenção
na sociedade.
Um conteúdo programático, além de
dar nitidez ideológica, também aprofunda
a reflexão sobre a atuação objetiva que se
deve desenvolver na sociedade.
Longe de se pensar que um PROGRAMA pode Interferir negativamente na
liberdade ou na pluralidade de pensamento. Ao contrário, é a síntese da vontade
coletiva orientada por um PROGRAMA
que poderá ampliar os horizontes. Pois é
através do programa que a ação individual
e coletiva toma forma, conteúdo e valor
estratégico.
O GRUPO DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA não é um sonho, é uma
realidade. É de base e não tem donos. Não
é subordinado às tendências ortodoxas de
nenhuma matriz Ideológica. É um grupo de
base lalco, que pretende inaugurar uma
nova fase para si mesmo. Portanto, seus
desafios não se restringem as suas esferas orgânicas, mas vão para muito além de
seus espaços, contribuindo para as transformações substantivas tão necessárias
na desigual sociedade brasileira.
GRUPO DE UNIÃO E
CONSCIÊNCIA NEGRA
DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO-GRUCON-RJ
CGC 36.059954/0001-17
Rua Rocha, 185 - Vale da Simpatia
São João de Menti - RJ
CEP-25565-160
DIRETORIA
Presidente: Manoel Ribeiro de Marins
(JUCA RIBEIRO)
Vlce-presidente:Manoel Messias da Silva
Primelro-secretário: Milton Silva
Segunda-secretárla: Nádia Maria da
Cunha Cardoso
Primeiro-tesourelro: Jorge Luís dos
Santos
Segunda-tesoureira: Magalí Daniel
Ferreira
EXPEDIENTE
Jornal o Consciência
Editor responsável: Milton Silva
Reg. 19.289-DRT-RJ
Diretor Financeiro: Jorge Luísdos Santos
Diagramação: Flávio Rosa
Outubro
Jornal o Consciência
/93
Página 03
ELEIÇÃO E POSSE DA NOVA DIRETORIA DO GRUCON
EM uma cerimônia que demonstrou unidade e democracia, a eleição da nova
Diretoria Executiva do GRUCON transcorreu em um clima de total organiza
ção e respeito. A chapa vencedora das eleições, foi eleita por unanimidade por
todos os militantes presentes. Portanto, a diretoria Executiva do GRUCON para
os próximos dois anos, fica assim constituída:
Presidente: Manoel Ribeiro de Marins (JUCÁ), Vice-presidente: Manoel Messias da Silva, Primeiro-secretário: Nilton Silva, Segunda - secretária: Nádia Maria
da Cunha Cardoso, Primeiro-tesoureiro:Jorge Luis dos Santos e Segundatesoureira: Magalí Daniel Ferreira.
jji
CM
A Assembléia Estadual trouxe de volta antigos militantes
O GRUCON E SEUS NÚCLEOS
A paciência na contagem dos votos foi fundamental
Magalí, a sabedoria no Grupo
Manoel Messias diante da urna decide o seu voto
A simpatia presente na recepção
Um público atento participou de todos os momentos
VIVA A EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Em um cartaz feito por um aluno do curso normal
(formação de professor) da Escola Estadual Carmela
Dutra, em Madureira, está escrito:"A cultura brasileira recebeu influências de espanhóis, Italianos,
Alemães, etc. Com isso fez com que inílusenciasse
nossalingua, folclore, nas festaspopulares, religiossa,
teatro, etc."
Em tempo: O professor só esqueceu de dizer ao
aluno que ele esqueceu de mencionar a participação
do negro na formação da cultura brasilseira. Aliás,
nessa mesma escola existe um cartaz no corredor,
onde a figura de uma negra desenhada de forma
pejorativa e com um pano amarrado na cabeça,
indica o ponto exato onde está localizada a cantina
naquele estabelecimento.
Quando pensamos que é nesta escola que formamse os futuros professores dos nossos filhos, chegamos a conclusão que está quase tudo perdido. E
apesar de tudo, o Rio de Janeiro tem um secretário de Educação, pasmem!
Delegados discutem a eleição
Militantes e convidados apontam a melhor estratégia
0 CONSCIÊNCIA NEGRA EM
CACHOEIRAS DE MACACU
O núcleo de GRUCON em Cachoeiras de
Macaca, assim como os demais Núcleo da
entidade, tem tuna atuação bastante destacada
naquele município do Estado do Rio de Janeiro.
No bairro Cidade Alta, comunidade carente e
onde o núcleo foi fundado, o GRUCON esta
partivipando da criação do Clube de Mães,cujo
objetivo é o atendimento às carências daquela
área: socialização,higiene, habilidades manuais
e noções básicas de cidadania.
Outra atividade desenvolvida pelo GRUCON
em Cachoeiras de Macacu, é a participação no
Comitê de Ação de Cidadania Contra a Fome,
Miséria e pela Vida, através do contato com as
famílias carentes. O núcleo também organizou
naquele bairro uma Rua de Lazer, cujo objetivo
foi a realização de atividades sociais e de aproximação com as famílias presentes.
O Núcleo de base é a estrutura
básica de articulação, elaboração e
construção de mecanismos de conscientização do Grupo de União e
Consciência Negra, para o combate
do racismo. Pois é no núcleo que se
estabelece o contato mais permanente e mais fiel com a população
não branca. É com o núcleo que são
engendradas as estratégias celulares de construção da identidade negra, e é pelo núcleo que se elabora
atividades pedagógicas, que contribuem para a formação da militância
e para a consolidação de novos modelos de ação.
O Grupo de União e Consciência
Negra, é uma entidade organizada
através de núcleos e é através deles,
que o GRUCON multiplica suas
várias formas de expressar suas lutas.
Mesmo acreditando que através
do núcleo que podemos alcançar o
maior número de pessoas para a
conscientização, não podemos menosprezar a possibilidade de termos
outras formas inovadoras que possam ampliar nosso arco de influência e ação política. Como por exemplo, poderíamos ter núcleos específicos de profissionais, isto é, núcleo
de professores que aprofundem a
discussão de processos pedagógicos
mais democráticos e pluralistas; ou
por exemplo, núcleo de pesquisadores da área de ciências sociais, que
poderiam contribuir para elaboração e investigações sobre as relações raciais, como também poderíamos ter núcleos de aposentados que
aprofundariam a discusão sobre as
correlações sobre racismo/ mercado
de trabalho/ aposentadoria.
Estes exemplos podem enumerar
uma série de possibilidades que
poderíamos experimentar. Estas idéias, de certa forma, não
apresentam muitas novidades,
sobretudo porque já foram de
alguma forma elaboradas e sonhadas por vários militantes
fora da esfera do GRUCON. A
diferença está exatamente no
fato que nossa entidade já está
organizadas em núcleos, o que
de fato,nos dá uma visão mínima para mensuraimos a possibilidade de assumir ou não este
desafio.
Sem dúvida, a ampliação de
novas formas de representação
e articulação, só podem contribuir para a construção coletiva
de nossa diversidade. A consolidação de novos condutos de
base por mais difíceis que sejam, podem oxigenar estágios
mais avançados para a capilarização da luta de combate ao
racismo.
Fortalecer os núcleos que
existem e criar novas possibilidades de organização, é um
desafio que o GRUCON poderá enfrentar sem medo.
PARA REFLETIR EM
GRUPO:
1) Que tipo de núcleo poderíamos criar?
2) Com quem podemos contar para organizá-lo?
3) De que forma podemos
organizá-lo?
OBS: Este texto serviu de
reflexão para o estudo Projeto
Estratégico, ocorrido durante
a Assembléia Estadual do GRUCON.
O bloco afro Filhos D'África trouxe descontração ao evento
Outubro /93
Jornal o Consciência
Página 04
A IMPORTÂNCIA DE UM CURSO DE FORMAÇÃO
E comum entre as pessoas que militam nas entidades ligadas ao Movimento Negro, serem contrários à
realização de cursos de formação. Estas
mesma pessoas ainda não perceberam
que os tempos são outros, e que agora os
instrumentos de luta estão no campo das
idéias,e na formação cultural e intelectual
dos membros.
E foi por estar preocupado em formar um
novo perfil para o GRUCON, que a entidade
lançou durante o primeiro semestre de 93,
três seminários voltadas para o aperfeiçoamento e a formação dos seus militantes.
E dando seqüência aos cursos de formação, no dia 27 de novembro, neste final de
ano, o GRUCON, Núcleo de Duque de
Caxias, vai realizarnasededoSINDIPETRO
- Sindicato dos Petroleiro-, na Rua José de
Alvarenga, em Duque de Caxias, um seminário voltado para os militantes. VEJA O
PROGRAMA:
PROGRAMA DE FORMAÇÃO
O NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
SEMINÁRIOS
Temas:
1° - A Economia no Estado Colonial e Mão de Obra Escrava:
2o - A Industrialização no Inicio do Século e Suas Implicações para a População Negra;
3o - A Visão do Estado Brasileiro em Relação a Problemática Racial;
4o - As Transformações Econômicas nos Últimos 30 Anos e seu Impacto sobre a População
Negra Brasileira.
1° Tema: A Economia no Estado Colonial e a Mão de Obra Escrava
Data: 27 de Novembro de 1993.
Local: S1ND1PETRO - Sind. Trab. Ind. Ind. Dest. Refinaria D. de Caxias.
Rua : José de Alvarenga, 553 - Centro - D. de Caxias - RJ.
Horário: 8:00 às 16:00 Horas
Organização: GRUCON - RJ
Grupo de União e Consciência Negra do Est. do Rio de Janeiro
Informações: Adm/Central tel: 771-7751 (Jorge Luis)
Presidência tel: 756-1215 (Jucá Ribeiro)
NÚCLEOS DO GRUCON
Sede principal: Rua Rocha, 185, Vale da Simpatia - São João de Meriti - RJ
-CEP-25565-160
Cubango
Cordenadora: Luzilda Coelho da Silva
Rua Retiro Saldoso, 40, Casa 09
Cubango - Niterói - RJ
CEP 24140
Éden
Cordenadora: Rosely Alves Machado
Rua Grinaldino Moreiro, 731 - Éden - S.J. Meriti
CEP 25535
São S. J. de Meriti (Centro)
Igreja Matriz - Praça Getúlio Vargas, S/N (Salão Quilombo)
CEP 25510-tel. 756-1215 (Jucá)
Cachoeiras de Macacu
Coordenador: Celeida de Souza
Rua Antônio Valioso, 98
Cidade Alta - C. de Macacu - RJ
CEP 28.680
Saracuruna
Coordenador Selma Soares da Mata
Rua da Estação, 190
Saracuruna - Duque de Caxias - RJ
CEP 25215
Nova iguaçu
Coordenadora: Elizabeth Samuel
Rua Paraíba 522 - BI. 6 - Ap. 204
Bairro da Posse - Nova Iguaçu - RJ
CEP 26.030
Duque de Caxias
Coordenador: Jorge Basílio
Rua Rio Grande do Sul, 516 c/6
Duque de Caxias - RJ
CEP 25.070
Venda Velha
Coordenador: Aldeir Max
Rua Maria Alice, 31 QD 4
Venda velha - S. J. de Meriti
CEP 25.580
Petrópolis
Coordenadora: Vera Lúcia
Rua Marechal Deodoro - Edifício - Monte Casteío,209
Petrópolis - RJ Cep 25.621
Vilar dos Teies
Coordenadora: Neide Ferreira Rodrigues
Rua Rocha, 185 - V. da Simpatia
São João de Meriti - RJ
Madureira
Coordenadora: Nilton Silva
Rua Clara Nunes, 50/506
Madureira - Rio - RJ
CEP 21351-110
Membros GRUCON durante cursos de formação realizados no colégio Assunção, no
centro do Rio.
COLUNA CIENTE
D
TRISTE REALIDADE
" Em 02 de setembro de 1850, um
grupo de 17 imigrantes alemães desembargava na barra do Ribeirão da Velha, afluente do Rio Itajaí-Açu. os pioneiros chegavam
para ocupar as terras que o Governo Imperial do Brasil concedeu ao Dr. Hermann
Bruno Otto blumenau, nascido em Hassefeld, na Alemanha,".
É por estas e outras, que os descendentes de alemães lá em Santa Catarina
estão onde estão, e os negros, descendentes
de escravos africanos no Brasil, estão onde
estão...
com certeza, se o governo brasileiro
ao menos pagasse uma indenização aos escravos que construíram este país com sangue e suor, a realidade do negro barsíleíro
seria outra. E hoje, nem uma reforma agrária a elite brasileira admite.
OBS.: O texto acima que está entre aspas,
foi retirado da revista Blumenau Estilo Europeu Made In Brasil
D DESINFORMADOS, RISONHOS E TALENTOSOS
Os velhos músicos negros dos Estados
unidos continuam os mesmos. O tempo passa, o tempo voa, e eles continuam numa por
fora. Um exemplo são as apresentações destes senhores em hotéis caríssimos da Zona
Sul do Rio, como ocorreu agora no final do
mês de setembro, quando vários deles se
apresentaram durante o FREE JAZZ.
Durante o show, o que se viu foi um
artista negro no palco cantando para um
público de brancos, platéia esta que setava
ali menos pela sensibilidade musical do
que por não ter onde gastar a rica herança.
Já que os organizadores destes eventos
não têm visão social, bem que estes músicos
negros americanos, entre as suas exigências,
poderiam pedir a distribuição gratuita de
alguns convites para ao menos músicos brasileiros negros, este sim, com talento e sensibilidade par entender o solo de lamento
criado pelos descendentes de africanos.
D BARRACA
O Núcleo do GRUCON de Duque de
Caxias, conseguiu junto a Prefeitura daquele município, autorização para montar uma
barraca da entidade, na esquina das Ruas
José de Alvarenga e Nilo Peçanha, junto da
estatua do busto de Zumbi dos Palmares.
O responsável pela barraca é o coordenador do GRUCON, Núcleo de Duque de
Caxias, Jorge Basílio. Está barraca vai funcionar como local de venda de produtos da
entidade, além de ser também um ponto de
encontro de membros e simpatizantes do
GRUCON.
D LEMBRANDO JOÃO
CÂNDIDO
Há 113 anos, na cidade de rio Pardo,
no Rio Grande do Sul, nascia o negro mari-
nheiro João Cândido. Depois de desafiar
a marinha e daí mudar para melhor o tratamento por parte dos oficiais aos praças,
João Cândido foi perseguido implacavelmente pelos comandantes da marinha brasileira.
O vereador Edson Santos é autor de
um projeto, já aprovado pela câmara, para
construir um busto do João Cândido na
Praça XV. Mas este projeto está preso nas
mãos do prefeito César Maia, aguardando a
sua sanção.
D O NEGRO EM REVISTA
O cineasta Spike Lee, diretor de vários filmes de sucesso, -Malcon X e Faça a
Coisa Certa-, vai lançar nos Estados Unidos
revistas em quadrinhos de autores negros,
mais um projeto que pretende abrir as protas de novos mercados voltados para o emprego da mão-de-obra especializada. Enquanto isso, aqui no Brasil os negros que
estão em condições de fazer alguma coisa
pelos seus irmãos estão olhando a brisa..
D NEGROS E JUDEUS
Os negros americanos já assumiram o
poder na indústria cultural lá. Seja no cinema, na música, nas televisões e no teatro, só
tem negros na produção e criação. Aliás,
negros, e judeus dando o apoio.
E assim, lá, eles já começaram a contar a verdadeira história através dos meios
de comunicação.
D DESCASO
Até hoje as autoridades ainda não
resolveram a situação dos moradores do
bairro Cidade dos Meninos, em Duque de
Caxias. Como já estamos todos cansados de
saber, naquele local estão enterradas toneladas do veneno BHC, mais conhecido como
pó-de-broca.
Sempre é bom lembrar que ali moram
mais de 500 crianças e um grande número
de adultos, que estão sendo contaminados
diariamente.
D MISSA CATÓLICA AFRO
Como tem acontecido nestes últimos
anos, a missa católica segundo a cultura afro,
em homenagem ao líder ZUMBI DOS PALMARES, vai ser celebrada no dia 21 de
novembro, na igreja matriz de São João de
Meriti, na Baixada Fluminense, ás 15 horas.
Este evento faz parte das novas exigências
dos bispos da América Latina.
D PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA
O Prêmio Nobel de Literatura deste
ano foi para a escritora e professora negra,
a americana Toni Morrison, de 62 anos de
idade. Com vários livros já publicatos, Toni
Morrison só escreve sobre os temas ligados
à raça negra.
Os livros da autora publicados na língua portuguesa são: " Amada " e o Outro é
" A Canção de Solomon", todos da ed. Best
Seller.
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Agora é trabalho e criatividade