O PROFESSOR E O (NÃO) USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Inês Astreia Almeida Marques Universidade Federal do Paraná Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Maria Cardoso Dalla Costa RESUMO O uso das novas tecnologias em sua relação com a educação tem se mostrado conflitante e, às vezes, distanciada. As novas exigências do século XXI, pressupõem que os indivíduos estejam suficientemente preparados para circular nessa sociedade que já é denominada, por alguns, como a Sociedade da Informação. Altamente mediatizada e tecnológica, , essa sociedade reivindica um novo modelo de educação, que deve ser desenhada à luz de novos conceitos e novas concepções, configurando-se numa nova forma de aproveitamento do espaço institucional escolar voltado para discussões acerca da utilização dos novos recursos tecnológicos aplicados à educação. Buscou-se refletir sobre a necessidade de uma educação voltada para a compreensão de que o uso adequado da tecnologia pode oportunizar ao indivíduo a construção de si mesmo enquanto ser histórico, que está inserido e interage com a sociedade . A pedagogia da comunicação ou a educação para os meios deve se constituir em ações concretas, na escola, para que se recupere sua função histórica, enquanto espaço de construção do conhecimento e espaço de formação de cidadãos críticos e reflexivos, inseridos em seu tempo, como a nova Lei de Diretrizes e Bases o pressupõe. PALAVRAS-CHAVE: educação; meios de comunicação de massa; tecnologias. novas 2 O PROFESSOR E O (NÃO) USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Inês Astreia Almeida Marques Universidade Federal do Paraná Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosa Maria Cardoso Dalla Costa 1. INTRODUÇÃO A inserção do uso de novas tecnologias aplicadas à educação e dos meios de comunicação de massa como aliados ao trabalho pedagógico é uma questão bastante controversa, que tem se constituído em temas de pesquisas e reflexões por parte de educadores e profissionais da área de comunicação. A revolução tecnológica trouxe mudanças profundas e radicais no modo de organização do trabalho e nas relações sociais. Na área do conhecimento essas mudanças, estimuladas pela incorporação de novas tecnologias, determinam transformações nas formas de se pensar e de se fazer educação e fazem emergir uma nova compreensão teórica sobre o papel da educação em sua relação com a comunicação. Percebe-se, nesse contexto, que as relações interpessoais são, cada vez mais, mediadas por relações simbólicas nas quais algum tipo de mídia se faz presente. O uso do telefone, as notícias de jornal, os noticiários apresentados pela TV, a correspondência que chega através do fax e a pesquisa que se faz pela Internet constituem-se em exemplos de comunicação que é mediada por algum aparato eletrônico. 3 O professor, considerado como o principal agente do processo educativo passa a assumir um novo papel e, diante da modificação do enfoque da aprendizagem precisam, segundo LIBANEO, “aprender a pensar e a praticar comunicações midiatizadas” (2001, p.71) bem como aprender novas maneiras de pensar e refletir, produzir conhecimentos mais compatíveis com as novas tecnologias da comunicação, como um dos requisitos para a formação da cidadania. Além disso, ele enfatiza a necessidade de que o conhecimento escolar seja dotado de significado, através do exercício de contextualização, evitando a fragmentação de conteúdos e, principalmente, busquem incentivar o raciocínio e a capacidade de aprender. O desenvolvimento desta pesquisa sobre a utilização das novas tecnologias e dos meios de comunicação no processo ensino-aprendizagem foi pensado em função da necessidade de que a inserção das novas tecnologias no espaço pedagógico, nessa fase de transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento, se constitua numa realidade que possa ser vivenciada de forma democrática e igualitária, no espaço educativo, e contribua efetivamente para a formação de cidadãos críticos e reflexivos. A partir desses conceitos, procurou-se verificar como está sendo efetivado o uso de novas tecnologias e dos meios de comunicação, pelos professores, em sala de aula. Isso porque muitos dos conceitos a respeito de meios de comunicação e novas tecnologias aplicadas à educação apresentam-se, ou de maneira reducionista, limitando seu uso apenas como recurso audiovisual, ou com um poder ampliado, sendo considerados, por si sós, como princípio, meio e fim da prática educativa (OROZCO-GÓMEZ, 1998, p.80). As mídias que integram o trabalho do professor, consequentemente a comunicação escolar, são componentes articulados ao conjunto comunicacional que integra e caracteriza a educação escolar, vinculados a uma proposta de ação educativa e assim devem ser compreendidos e utilizados, para que os pressupostos da educação se concretizem. Um outro objetivo para este trabalho foi constatar como é feita a articulação entre os diferentes saberes, isto é, o saber científico, o saber pedagógico e o saber comunicacional para que se efetive, na escola, a aproximação entre educação e comunicação. Saber científico é aqui entendido como o conhecimento proveniente das ciências que referendam as diferentes disciplinas escolares e que embasam o 4 discurso dos professores. Saber pedagógico, ou saber escolar, é aqui utilizado no sentido do saber que se constitui a partir das relações sociopedagógicas vividas pelos professores e alunos e que é resultante do diálogo entre os diferentes tipos de conhecimento, ou seja, os da ciência de referência da disciplina escolar, os conhecimentos didáticopedagógicos do professor, os conhecimentos do senso comum, de que todos, alunos e professores somos portadores, o conhecimento teórico e o conhecimento prático (o do saber e o do saber fazer), o conhecimento da cultura das mídias... (PENTEADO, 2002, p.33). 2. METODOLOGIA DO TRABALHO Após delineamento do campo teórico, foram selecionados e organizados os procedimentos para a realização da pesquisa, com o objetivo de obtenção de dados que possibilitassem mapear a utilização dos meios de comunicação e dos recursos tecnológicos, no Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Pilotto, bem como ofereceu subsídios para traçar o perfil dos profissionais que nele atuam, em relação à faixa etária, nível salarial, estado civil, formação profissional, hábitos de lazer, preferências culturais, hábitos de leitura e conhecimentos/capacitação sobre utilização das novas tecnologias em sala de aula. Foi aplicado um questionário composto de duas partes: na primeira parte, com 6 questões, foram solicitadas informações de caráter pessoal e funcional. Na segunda parte, com 19 questões, abertas e fechadas, foram solicitadas informações sobre as formas de utilização que o professor realiza/conhece/planeja em relação aos meios de comunicação de massa e recursos tecnológicos aplicados à educação. Também foram realizadas entrevistas, constituídas de 18 perguntas abertas, com 20 professores de disciplinas e nível de atuação diferentes, distribuídos pelas diferentes turmas e séries do estabelecimento de ensino. A efetivação do trabalho procurou dar conta das hipóteses iniciais, pertinentes ao objeto da pesquisa. A primeira delas consistiu em verificar se os recursos tecnológicos e os meios de comunicação estão sendo utilizados, pelo professor, mais como alternativas de lazer, em substituição a atividades pedagógicas dentro da escola, do 5 que como auxiliares para um melhor desenvolvimento da aprendizagem e, consequentemente, da construção do conhecimento pelo aluno. Outra hipótese a ser confirmada referia-se ao fato de que a formação pedagógica do professor interfere na sua maior ou menor resistência em relação à utilização dos recursos tecnológicos e dos meios de comunicação como participantes no processo educativo. A terceira hipótese relacionou-se ao fato de que os professores não se preocupam com os modelos de transmissão de conhecimento a partir da utilização dos recursos tecnológicos e meios de comunicação de massa, nem com a influência que os mesmos exercem na formação do imaginário do educando. 3. A EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI Os últimos anos que antecederam o início do século foram bastante pródigos em avanços em todos os setores da vida humana, inclusive no campo da tecnologia. Os avanços da técnica possibilitaram que as distâncias entre os países fossem diminuídas, a ponto de se pensar em um mundo sem fronteiras, uma vez que o espaço, agora, não é mais real, é virtual e, neste, as fronteiras cederam e deram lugar a novas configurações de pensamentos, de ações e de estruturas organizacionais. É para viver nesse mundo que se pretende preparar os jovens e as crianças de hoje. Torna-se evidente, então, que os modelos educacionais até então vigentes já não suprem mais as necessidades de um mundo que passa por tão rápidas e profundas transformações, mediadas pela tecnologia. O aluno do século XXI deve, então, participar de um novo modelo de educação, mais condizente com as necessidades de sua época e adequado aos avanços da tecnologia, fatos que não podem ser ignorados se o que se pretende é realmente a formação integral do ser humano, dentro de princípios e valores que contemplem a formação para a cidadania, conforme o Relatório Jacques Delors, para a UNESCO, que traz uma análise sobre as questões que afetam a educação, em nível mundial, e com propostas ou pistas de encaminhamento para a realização da educação do futuro, contemplando princípios éticos fundamentais para o desenvolvimento e convivência do ser humano, tanto com seus iguais como com os diferentes sistemas de comunicação e informação e com os aparelhos eletro- 6 eletrônicos, fruto dos avanços da tecnologia, que passam a compor o seu cotidiano (DELORS, 2000). Não se pode esquecer que essa composição passa a ser, ela também, altamente tecnológica, porque polissêmica, polifônica, policromática e muitos outros “poli”, que dão bem a medida da multiplicidade de linguagens e imagens a que as futuras gerações estarão submetidas. Somente com uma educação que privilegie o conhecimento dos mecanismos de funcionamento de todas as formas de expressão comunicacional é que se poderá garantir, efetivamente, a intenção de formar um indivíduo crítico, reflexivo e participante em todas as esferas da vida em sociedade. As novas tecnologias da informação, presentes na vida de todos os indivíduos, bem como outras inovações, são determinadas pela rapidez da evolução científica e tecnológica, e essa rapidez é apreendida pelas crianças e jovens, de forma direta ou indireta, através dos meios de comunicação, e “cada meio e cada tecnologia exercem uma mediação particular nas pessoas com as quais interatuam e na estruturação dos próprios conteúdos que transmitem” (OROZCO-GÓMEZ, 2002, p. 66). Complementando a idéia desse autor, MORAES (1997) afirma que um dos maiores desafios da modernidade é a produção do conhecimento, além de seu manejo crítico e criativo e, como é fundamental que os indivíduos tenham acesso à informação, caberá à educação desempenhar um importante papel para a concretização desse projeto. Isso porque, segundo essa mesma autora, não se conseguirá implementar um projeto de modernização da sociedade brasileira se não se pensar na democratização das novas tecnologias de informação. Outra questão a ser considerada é que essas novas tecnologias (NT) estão dando origem “a uma verdadeira revolução que afeta tanto as atividades ligadas à produção e ao trabalho como as ligadas à educação e formação” do ser humano (DELORS, 2000, p.186) . No entanto, a importância educacional dessas NT não está localizada apenas na sala de aula mas encontra-se, também, em sua aplicação fora dos muros da escola, na contribuição para resolução dos problemas do cotidiano. Isso porque não há sentido no desenvolvimento da criticidade se o pensamento crítico não puder ser aplicado em situações de vida real, que exijam reflexão, análise e seleção das informações mais relevantes para decisões do cotidiano (MORAES, 1997, p. 191). 7 A escola deve contribuir para que o indivíduo, então, possa procurar a melhor forma de adaptar-se a todas as novas situações que surgem e, o que é mais importante, sem negar-se a si mesmo, buscando a construção de sua autonomia. Esse processo de adaptação e de autoconstrução, permanentes, pressupõe o estabelecimento de relações dialéticas, tanto com as informações do mundo exterior como com os outros indivíduos, respeitando-se e respeitando a liberdade e a evolução do outro (FREIRE, 1983). O conhecimento e o domínio do progresso científico são decorrência desse processo, que permite ao homem enfrentar assumir e todos os desafios que as novas tecnologias da informação e da comunicação lhe apresentam e que lhe chegam pelos mais diversos meios. Mais recentemente, essas informações chegam on-line, através da conexão em redes com pessoas e textos geográfica e culturalmente bastante distanciados. Essa conexão – NET ou Internet – permite um contato em tempo real com fatos e acontecimentos em qualquer parte do mundo. É exatamente aí que se evidencia a preocupação com a utilização dos meios de comunicação e das novas tecnologias aplicadas à educação pelo professor, em sala de aula, buscando superar o distanciamento existente entre educação e meios de comunicação pois se, por um lado, temos os educadores que criticam os meios e, em especial, a televisão, por entender que esta impõe “uma espécie de mínimo denominador comum cultural, de reduzir o tempo dedicado à reflexão e à leitura” (...) vê-se, por outro lado, que os defensores dos meios de comunicação acusam o sistema escolar de imobilismo e passadismo, e de recorrer a métodos antiquados para transmitir saberes ultrapassados, provocando, assim, nos alunos, aborrecimento e até aversão à aprendizagem (id., ib., p. 115) A utilização adequada aos propósitos e à realidade educacional e social em que está inserido, dessas novas ferramentas de trabalho, representadas pelos MCM e NT (rádio, jornal, televisão e vídeo) pode contribuir para a elaboração de novos saberes, a partir das possibilidades de reflexão sobre o significado das informações veiculadas e do processo de construção dessa informações (PEREIRA, 2002), constituindo novas dimensões do fazer pedagógico provocando uma mudança na postura dos profissionais de educação em relação ao processo ensino- 8 aprendizagem, levando-os a compreender e a reconhecer o papel desempenhado pela comunicação e pela tecnologia no processo educativo. O objetivo da educação, no contexto dos avanços tecnológicos, deve ser a tomada de consciência sobre o funcionamento dos meios e das novas tecnologias, de seu conteúdo e, também, da colocação em perspectiva dos sistemas nos quais eles evoluem, uma vez que Os jovens se identificam com o vídeo, a televisão, o videogame e o computador. Os meios eletrônicos respondem à sensibilidade dos jovens: são dinâmicos, rápidos; tocam primeiro o sentimento, a afetividade, depois a razão. Os jovens lêem o que podem ver, precisam ver para compreender (os adultos precisam ler para compreender). (MORAN, 1993, p.21) 4. O Professor e o uso das Novas Tecnologias As entrevistas realizadas com os professores, durante a pesquisa realizada, nos mostram que não existe uma compreensão clara a respeito do sentido do termo “novas tecnologias” ou “tecnologias educacionais”, pois muitos professores consideram como tecnologias educacionais, ou novas tecnologias aplicadas à educação, apenas a televisão, o vídeo e a informática. Essa interpretação equivocada a respeito da definição de NT no âmbito da educação acarreta, consequentemente, equívocos em relação a sua utilização. Isso porque a prática de utilização de recursos tecnológicos e, principalmente, das NTCI precisa ser melhor trabalhada pelos professores para que estes possam entendêlas e entender-se como mediadores tecnológicos no espaço educacional. A mediação no espaço educativo possibilitaria a dinamização do processo ensinoaprendizagem, com a adoção de novos suportes de pesquisa para o conhecimento, e o desvendamento de novas e múltiplas linguagens oferecidas pelos meios. O uso das NTCI no espaço escolar, como atividade pedagógica, exige uma mudança no papel do professor que passa a motivador de situações de aprendizagem, a articulador e mediador, fazendo a mediação entre a multiplicidade de informações recebidas e a análise reflexiva sobre essas informações para que elas se transformem em conhecimentos. O professor, então, permanece como agente de informação, presença indispensável para a formação educativa do sujeito, interagindo com ele para facilitar 9 suas experiências e instigar sua curiosidade em busca de novas informações, auxiliando-o a refletir sobre elas, compará-las, numa linha de trabalho que privilegie a criatividade. Vídeo e outros recursos tecnológicos como o jornal, o rádio, a televisão e outros possibilitam ao aluno o contato com a informação em diferentes suportes e diferentes linguagens para que ele possa, efetivamente, construir o conhecimento a partir da decodificação de uma rede de significados. Percebeu-se que, para um grande número de professores, persiste a idéia de que as únicas ferramentas de que o professor dispõe para a realização de sua tarefa são a voz e o quadro de giz. Esses professores esquecem-se que seus alunos estão inseridos em um contexto social em que o apelo da mídia é bastante sedutor, com novas linguagens, sons, movimentos, cores e imagens, exercendo influências bastante fortes sobre jovens e crianças, além de interferir “nos valores e atitudes, no desenvolvimento de habilidades sensoriais e cognitivas, no provimento de informação mais rápida e eficiente” (LIBANEO, 2001, p. 16). Por isso, não é de se estranhar que a escola, de maneira geral, seja considerada “chata”, pois na verdade ela continua a reproduzir modelos já ultrapassados e, mesmo freqüentemente, apresenta-se como uma simples agência de transmissão de informações. A mídia tecnológica invadiu a escola, mas seu espaço na sala de aula ainda não está definido. Embora os alunos vivam, fora dos muros da escola, numa sociedade fortemente marcada pela presença dos MCM e de outras tecnologias, cada vez mais avançadas, com todos os seus apelos e seduções, possibilitando diferentes leituras e significações, na escola as atividades, desenvolvidas com o auxílio do rádio, jornal, TV, vídeo ou computador, são apresentadas de forma impessoal, não se constituindo esses meios, eles próprios, objetos de análise, reflexão, o que implica no domínio de um novo saber, que corresponde à produção social de comunicação, passível de gerar mudanças ou transformações. Alguns dos professores entrevistados informam que têm usado vídeo, retroprojetor, computador, porque acham que o aluno se interessa mais, fixa melhor o conteúdo, computador. não se dispersa tanto em sala, principalmente com o (uso do) 10 Um outro afirma que prefere mais a informática, porque esta facilita (o trabalho) e estimula o aluno quanto ao conteúdo (da disciplina). Ele faz uso semanal desse recurso. Já uma professora de Geografia, em sua entrevista, informa que a escola aqui tem um laboratório bom, só que enquanto softwares nós não temos ainda muitos. Muitos que existem aqui de Geografia, estão dentro de uma concepção de Geografia que não é o que eu trabalho com meus alunos, que é uma Geografia chamada tradicional, positivista. Então eu acabei não usando para software educativo. O que eu usei com meus alunos do noturno foi um trabalho de escrita de um roteiro de teatro, então eu usei o Word com eles, e foi uma experiência muito positiva, muito bacana”(sic). São citados, também, nas entrevistas, a TV e vídeo, som e CD, utilizados para ilustrar melhor os conteúdos de sala de aula, para fixação de algum conteúdo, embora o intervalo de uso seja bastante variável, às vezes com intervalo de 15 dias. A informática é citada nas entrevistas, por alguns professores, que afirmam utilizá-la porque está em evidência, é mais atual. Outros informam que utilizam bastante o vídeo, porque o acesso é mais fácil. Ocorre que, nessa escola onde se efetivou a pesquisa, o laboratório de informática é pequeno para comportar toda a demanda, o uso depende de agendamento e disponibilidade de tempo do professor responsável pelo setor. Já em relação ao uso do vídeo, há um bom número de salas equipadas, que dependem também de agendamento, mas não há necessidade de cumprimento de outros requisitos. No entanto, há professores que afirmam não utilizar nenhuma em seu trabalho pedagógico por falta de oportunidade e por não ter disponível (acha o acesso complicado) ou por desconhecimento. Outros professores, quando entrevistados, informaram que se acham preparados, presumem que têm “trabalhado direitinho” (sic), mas encontramos também aqueles que pensam “que a gente não está 100% preparado, a gente procura se adequar sempre. Não ocorreu no curso de formação de professor (essa preparação) , mas no desenrolar da vida profissional, de acordo com as necessidades”(sic). Encontramos, ainda, os que afirmam que há necessidade que se tenha clareza que os MCM não trabalham com o conhecimento científico, normalmente o 11 que apresentam são textos jornalísticos e, “por mais que eles possam ter assessoria de algum geógrafo, biólogo, ecologista, é um texto jornalístico” que apresenta “mais um caráter informativo do que de conhecimento científico, então eu acho que o que o professor tem que estar mais preparado e isso não está acontecendo no processo de formação de professores”(sic). Há, também, professores que informaram sobre algum tipo de preparação no curso de formação de professores, durante etapas de didática e metodologia, quando foram alertados, avaliação das aulas de durante leituras e análises de textos, para que tomassem cuidado com ambigüidades, presentes muitas vezes nas informações escritas. Um professor vai além em suas considerações sobre o uso das tecnologias, afirmando que essa utilização até poderia acontecer, ele se acredita competente para fazê-la, mas sabe que, para isso, terá que romper algumas barreiras pessoais, como a questão da organização do tempo, por exemplo. LIBÂNEO afirma que a escola continuará durante muito tempo dependendo da sala de aula, do quadro-negro, dos cadernos. Mas as mudanças tecnológicas terão um impacto cada vez maior na educação escolar e na vida cotidiana”(p.39-40). Ele acrescenta que os professores não poderão mais ignorar a existência das NTCI e dos MCM, uma vez que o professor e o livro didático não são os únicos detentores do conhecimento, como até há pouco tempo se pensava. Outra questão a ser considerada diz respeito ao fato de que os alunos já chegam à escola com um grande e variado conhecimento, adquirido pelos meios os mais diversos, mas principalmente através do rádio e da televisão. Dessa forma, os alunos conhecem, e sabem utilizar às vezes com mais competência que os adultos, os relógios digitais, calculadoras eletrônicas, aparelhos celulares, vídeo-games, jogos eletrônicos e outros dispositivos que a tecnologia disponibiliza ao mercado consumidor. Esses mesmos alunos estão, também, acostumados a aprender através das cores, sons e imagens, principalmente em movimento, como os programas, filmes e desenhos apresentados pela televisão, além dos vídeo-clips, produções que associam sons, cores e imagens num ritmo acelerado, bem ao gosto dos jovens. 12 A escola deve levar em consideração a existência desses conhecimentos pré-adquiridos, a existência dessa “educação pelas mídias”, mesmo que subliminar, e assumir a tecnologia midiática não apenas como “recurso didático”. Dessa forma, o vídeo e outros meios, segundo KENSKI, não devem ser usados apenas para veicular programas pedagógicos das diferentes disciplinas sem levar em conta que esta tecnologia tem linguagens próprias que são incorporadas nas mensagens dos discursos pedagógicos(...) mais do que incorporar estes recursos na escola é importante transformá-los em mídias didáticas, isto é, conhecer como as linguagens de cada meio se processam, como é o processo de edição das mensagens ... ( 2002, p.270). Os professores, na entrevista, atestam o pouco conhecimento que detêm sobre as NT e em função disso é que deixam de utilizá-las. Alguns, no entanto, confirmam que se pode aprender muito com os alunos porque eles já nascem “com o computador na mão, praticamente, então você tem que mudar a sua própria metodologia” (sic). Outros, utilizam pouco essas tecnologias devido à falta de tempo para buscar maiores informações, inclusive para participar de cursos de capacitação, porque não há horários disponíveis: o professor trabalha nos três períodos e, na escola, geralmente não há professores substitutos para suprir as ausências, mesmo quando o objetivo da falta é a busca de maiores conhecimentos a serem aplicados no próprio fazer pedagógico. 13 REFERÊNCIAS ALVES, L. R. G. & PRETTO, Nelson. Escola: espaço para a produção de conhecimento. Revista Comunicação e Educação. São Paulo: CCA-ECAUSP/Segmento, set./dez. 1999, p. 29-35. ______________________ . Televisão e educação: a escola e o livro. Revista Comunicação e educação. São Paulo: CCA- ECA-USP/Salesiana, n.º 24, mai./ago 2002, p. 7-14. BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma educacional emergente e a prática pedagógica. 2.ª ed. Curitiba: Champagnat, 2000. BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001. 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Como você avalia o seu conhecimento quanto às técnicas e possibilidades de utilização das novas tecnologias em seu trabalho diário? 17 7. que você entende por meios de comunicação de massa? 8. Quais os meios de comunicação de massa que você considera apropriados para a utilização na escola? Você os utiliza? Por quê? 9. Em que momento pedagógico essa utilização pode acontece - na apresentação de um conteúdo, como fixação de um conteúdo trabalhado, como recursos ilustrativo para algum assunto? Outros? Quais? 10. Você se considera preparado(a) para uma adequada utilização dos meios de comunicação de massa em suas aulas? Essa preparação ocorreu no curso de formação de professores ou em algum outro momento? Quando? 11. Você considera importante a utilização de novas tecnologias e dos meios de comunicação de massa como auxiliares no processo ensino-aprendizagem? Por quê? 12. Na sua opinião, as novas tecnologias e os meios de comunicação de massa, na escola, podem substituir o professor? Por quê? 13. Na sua opinião a escola ignora a contribuição ao trabalho pedagógico que as novas tecnologias e os meios podem oferecer? Em que circunstâncias? 14. Qual o comportamento apresentado pelos alunos, em relação à utilização de novas tecnologias e dos meios de comunicação de massa, na escola ? 15. Na sua opinião, o professor, realiza as intervenções necessárias, durante a atividade realizada ou programa assistido? Em que momento da atividade você considera que isso possa ser feito? 16. De que forma a equipe técnico-pedagógica tem ajudado na preparação dos professores para a utilização dos recursos tecnológicos e meios de comunicação de massa, em sala de aula? 17. De que forma a direção do estabelecimento ajuda na efetivação de um melhor trabalho com recursos tecnológicos e meios de comunicação de massa, em sala de aula? De que maneira? 18. Existe relação de disciplinas diferentes na realização de um trabalho, numa mesma turma, com a utilização dos recursos tecnológicos ou meios de comunicação de massa? Como? 19. Observações : PESQUISA - TABULAÇÂO DOS DADOS 01 - ENTRE OS RECURSOS RELACIONADOS, ASSINALE OS QUE VOCÊ UTILIZA EM SUAS AULAS, E COM QUE FREQÜÊNCIA 18 TV e vídeo Retroprojetor Radio Toca-fitas Toca CD Jornal Revistas Power Point M F M F M F M F M F M F M F M F Internet M F Textos, Apostila M Complementar F Em Em quase Às vezes Rara- Nun- Total todas as todas Mente ca aulas aulas 1 1 10 2 4 18 1 3 4 1 1 7 4 3 16 1 2 1 4 4 3 8 15 1 3 4 3 2 9 14 1 2 1 4 6 2 8 16 2 2 4 2 8 4 3 17 2 2 4 1 7 5 3 16 4 4 - 2 1 1 - 3 2 3 3 1 3 6 1 - 6 1 7 - 14 4 17 4 1 - - - - - - % 20,6 4,5 18,3 4,5 17,2 4,5 16,0 4,5 18,3 4,5 19,5 4,5 18,3 4,5 16,0 4,5 19,5 4,5 1,1 - FONTE: Pesquisa de campo 02 – ESSES RECURSOS SÃO UTILIZADOS COM O OBJETIVO DE M Despertar o interesse para determinados conteúdos Fixar conteúdos trabalhados Complementar conteúdos trabalhados Contribuir para a realização de atividades de avaliação Fonte: Pesquisa de campo F T n.º 12 % 66,6 n.º 57 % 82,6 n.º 69 % 79,3 13 15 9 72,2 83,3 50 58 60 35 84 86,9 50,7 71 75 44 81,6 86,2 50,5 03 - QUE DIFICULDADES ENCONTRA PARA A UTILIZAÇÃO DAS NT EM SALA DE AULA M F T % 19 Acesso ao material e/ou equipamento Desconhecimento de técnicas de manuseio Aparelhos defeituosos Espaço físico inadequado Conteúdos inadequados Linguagem inadequada Não foi preparado / orientado para a utilização Não existe dificuldade Não sabe utilizar FONTE: Pesquisa de campo 15 3 4 7 5 1 2 38 6 16 36 3 4 53 9 20 43 8 1 6 61 10,3 22,9 49,4 9,1 1,1 6,8 1 4 1 4 2 4,5 2,2 04 - VOCÊ CONSIDERA O USO DESSES RECURSOS, EM SALA DE AULA Necessários Importantes Dispensáveis FONTE: Pesquisa de campo M 11 12 2 % 61,1 66,6 11,1 F 23 57 2 % 33,3 82,6 2,8 T 34 69 4 % 39 79,3 4,5 05 – NA SUA OPINIÃO A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS EM SALA DE AULA M é vista como uma ferramenta auxiliar ao 15 trabalho do professor Substitui o papel do professor no trabalho com alguns conteúdos Complementa as explicações dadas pelo 12 professor é utilizada como uma forma de lazer e descontração Pode acontecer sem a presença do professor 1 Deve acontecer, obrigatoriamente, com a 6 presença do professor Pode acontecer com acompanhamento de 4 qualquer outra pessoa da cola (depende muito dos objetivos a serem alcançados : Professor auxiliar (em alguns casos, 1 como no uso do vídeo) FONTE: Pesquisa de campo % 83,3 F 59 % 85,5 T 74 % 85 - 2 2,8 2 2,2 66,6 53 76,8 65 74,7 - 6 8,6 6 6,8 5,5 33,3 5 31 7,2 44,9 6 37 6,8 42,5 22,2 7 10,1 11 12,6 5,5 - - 1 1,1 20 06 - EM RELAÇÃO AOS ALUNOS VOCÊ Informa com antecedência sobre o assunto/ técnica/ recurso a ser utilizado Nunca informa com antecedência M 14 % 77,7 % F 51 % 73,9 % T 65 % 74,7 % 4 22,2 % 12 17,3 % 16 23,1 % Fonte: Pesquisa de campo 07 - AO PREPARAR A AULA COM TECNOLÓGICOS VOCÊ Procura atividades interessantes e criativas para encerrar a aula Procura atividades que possibilitem / facilitem a participação ativa dos alunos durante o trabalho Cronometra a apresentação ( de fita de vídeo., áudio , ou outro recurso) para não haver perda de conteúdo Não programa nenhuma atividade, seja para início, meio ou término da apresentação FONTE: Pesquisa de campo UTILIZAÇÃO DE RECURSOS M 5 % F 27,7 37 % 53,6 T 42 % 48,2 15 83,3 50 72,4 65 74,7 8 44,4 38 55 46 52,8 - - - - - - 08 - DURANTE A AULA COM A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS, VOCÊ Permite interferências / questionamentos dos alunos M % F % T % 13 52 65 Interrompe a apresentação, em momentos previamente 13 definidos, para explicar / esclarecer / chamar a atenção para algum aspecto do assunto Exige silêncio total e concentração absoluta dos alunos 7 43 56 12 19 Preocupa-se em verificar relação existente entre trabalhados Aproveita para realizar planejamento de aulas, outras) se todos estão percebendo a 8 a atividade e os conteúdos 50 58 suas atividades rotineiras ( Correção de atividades e/ou 3 3 21 Fonte: Pesquisa de campo 09 – A AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS EM RELAÇÃO AOS ALUNOS M Durante provas / testes , em momentos previamente agendados Através da apresentação de trabalhos ( relatórios, resumos, resenhas) Através de instrumentos próprios, encaminhados como encarte, pelo distribuidor Através de atividades planejadas por você, durante a aula Através da participação dos alunos Através da percepção de que os conhecimentos trabalhados foram efetivamente assimilados pelos alunos Através do interesse demonstrado pelos alunos Através de atividades-surpresa, para ver se eles prestaram atenção ao conteúdo que foi trabalhado Não avalia % F % T % 5 27,4 16 23,1 21 24,1 14 77,7 25 36,2 39 44,8 1 5,5 4 22,2 6 8,6 7 8 33 47,8 37 42,5 12 6,6 47 68,1 59 67,8 9 50 46 66,6 54 5 27,7 37 53,6 42 48,2 62 1 5,5 2 2,8 3 3,4 0 0 0 0 0 0 FONTE: Pesquisa de campo 10 – A AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS, EM RELAÇÃO AO TRABALHO DO PROFESSOR Através da melhoria do desempenho dos alunos em outras situações escolares Através das mudanças de comportamento observadas nos alunos Através das críticas feitas pelos alunos em relação às técnicas/ assunto M % F % T % 13 72,2 42 60,8 55 63,2 6 33,3 37 53,6 43 49,4 9 50 37 53,6 46 66,6 22 Não avalia 0 0 0 0 0 0 FONTE: Pesquisa de campo 11 – A AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DAS NT E DOS MCM M % F % T % 9 50 38 43,6 47 68,1 12 66,6 59 85,5 71 81,6 13 72,2 32 46,3 45 51,7 Pela facilidade de manuseio - - 6 8,6 6 6,8 Pela possibilidade de freqüência de uso 1 5,5 5 7,2 6 6,8 Não avalia FONTE: Pesquisa de campo - - - - - - Considera válida a utilização Acredita que facilita a compreensão de determinados conteúdos Acredita que contribui para que os objetivos da escola / sociedade sejam alcançados 12 – EM RELAÇÃO À UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS, VOCÊ M % F % T % 18 100 49 71 67 77 - - - - - - 10 55,5 44 63,7 54 62 Aprova a utilização Não aprova. Por quê? Percebe mudanças no comportamento dos alunos em relação aos conteúdos programáticos trabalhados Percebe mudanças em relação 23 aos comentários / críticas 10 55,5 50 72,4 60 68,9 Não percebe mudanças de atitudes - - 1 1,4 1 1,1 Não respondeu 3 16,6 - - 3 3,4 acontecimentos sobre fatos / noticiados pelos meios de comunicação de massa FONTE: Pesquisa de campo