a lagarta
HELICOVERPA
ARMIGERA
SEMEANDO O FUTURO
introdUÇÃo
SEMEANDO O FUTURO
Na última safra, um ataque severo
A lagarta de H. Virescens possui no
de lagartas do Gênero Helicoverpa
quarto segmento microcerdas ao redor
foi
de
das protuberâncias, enquanto que na
algodão, soja e milho na região Norte.
Helicoverpa zea essas microcerdas são
Inicialmente, várias suposições foram
ausentes (Fig. 1). Já a distinção entre H.
postas à prova antes de se ter certeza
armigera e H. zea é mais complicada,
sobre qual a verdadeira espécie que
sendo
atacava as lavouras. No início do ano,
H. armigera de algumas estruturas
foi então identificada pela Embrapa
escurecidas nas cerdas (pelos) em um
e pela Universidade Federal de Goiás
formato de cela no quarto segmento.
uma
Helicoverpa
Outra característica marcante da H.
armigera, que está preocupando todos
armigera é a grande quantidade de
os produtores do Brasil. Com o objetivo
cerdas brancas sobre o corpo, com
de conhecê-la melhor, apresentamos
aspecto coriáceo (endurecido) (Czepak
uma breve revisão da literatura desse
et al., 2013). Para se realizar a correta
inimigo, que tem tirado o sono de
identificação
muitos produtores.
recomendado que as amostras sejam
observado
nova
Lagartas
nas
lavouras
espécie,
do
pertencem
à
a
Gênero
Família
Helicoverpa
Noctuidae
e
realizada
enviadas
análise
entre
para
das
pela
as
presença
espécies,
laboratórios
estruturas
para
na
é
a
reprodutivas
Subfamília Heliothinae, que atacam
dos adultos, com base na genitália
diversas culturas, como milho, feijão,
masculina ou análise molecular através
soja, algodão e tomate, entre outras
de marcadores.
mais de 100 culturas (Embrapa, 2013)
A Helicoverpa armigera é uma espécie
Três espécies de Heliothinae têm sido
que até pouco tempo era uma praga
observadas no Brasil, causando danos
considerada quarentenária A1 no Brasil,
nessas culturas: Heliothis virescens,
mas que recentemente foi detectada
Helicoverpa
Helicoverpa
nos estados de Goiás, Bahia e Mato
armigera. As duas primeiras são velhas
Grosso, associada principalmente às
conhecidas dos produtores de algodão
culturas do algodão e da soja (Czepak
e milho no Brasil, mas, apesar disso,
et al., 2013). O primeiro registro dessa
a diferenciação das lagartas das duas
espécie nas Américas foi realizado pela
espécies ainda é um desafio e pode ser
Universidade Federal de Goiás e em
feita utilizando-se uma lupa de bolso.
seguida pela Embrapa (Embrapa, 2013).
zea
e
SEMEANDO O FUTURO
FIGURA 1 Heliothis virescens com a evidência de presença de microcerdas
à esquerda e ausência das mesmas na Helicoverpa spp. à direita. Foto de José
Ednilson Miranda (Embrapa, 2013).
Biologia e comportamento
da H. armigera
Os ovos de H. armigera são de
Conforme as lagartas vão crescendo,
coloração
com
podem adquirir diferentes colorações,
aspecto brilhante, tornando-se marrom-
variando de amarelo-palha a verde,
escuros próximo à eclosão. As laterais
dependendo do tipo de alimentação.
do ovo possuem nervuras longitudinais,
Após
similares às do ovo de Heliothis spp. O
apresentam
período de incubação do ovo é em média
escuros e bem visíveis na região dorsal
de três dias. As fêmeas ovipositam
do primeiro segmento abdominal (Fig.
preferencialmente no período da noite,
2) (Embrapa, 2013). Possuem aspecto
colocando seus ovos separadamente
levemente coriáceo, diferindo das demais
ou em pequenos agrupamentos na
espécies (Fig. 3). Essa característica
face abaxial das folhas ou órgãos
do tegumento pode conferir a essa
reprodutivos (Czepak et al., 2013).
lagarta
A lagarta de H. armigera passa por
inseticidas de contato, como piretroides,
seis distintos ínstares até completar
organofosforados e carbamatos, por isso
seu
do
branco-amarelada
desenvolvimento.
desenvolvimento,
o
quarto
ínstar,
tubérculos
maior
tolerância
as
lagartas
abdominais
a
alguns
No
início
a importância de sabermos diferenciar as
essas
larvas
espécies e fazermos boas recomendações
alimentam-se das partes mais tenras
agronômicas
aos
agricultores.
Outra
das plantas, onde são produzidas teias.
característica comportamental da larva
Esta é a fase mais fácil para o controle,
é se curvar, pondo a cápsula cefálica em
devido à exposição aos defensivos
direção à região ventral do primeiro par
químicos.
de falsas pernas (Fig. 3).
FIGURA 2
Desenho esquemático
ilustrando a presença de tubérculos
escuros no primeiro e no segundo
segmento abdominal da H. armigera.
Foto de Gabriela C. Gaston (Embrapa,
2013).
SEMEANDO O FUTURO
FIGURA 3 Lagarta de H. armigera, quarto ínstar, aspecto coriáceo.
A fase de pupa da H. armigera
alternativa de controle é o revolvimento
(Fig. 4) é no solo, a cerca de 10 cm
leve do solo, o que irá expor as pupas
de
ao calor e aos inimigos naturais.
profundidade.
Uma
estratégia
FIGURA 4 Pupa de H. armigera.
Os adultos de H. armigera são mariposas
11 dias para fêmeas (Embrapa, 2013).
que variam de amareladas, no caso
Os adultos de H. armigera são atraídos
das fêmeas, a cinza-esverdeadas com
por flores que produzem néctar, o que
uma banda mais escura (Fig. 5). A
interfere na seleção do hospedeiro. Cada
diferenciação da espécie deve ser feita
fêmea oviposita em média durante cinco
por um especialista devido à semelhança
dias e põe de 2.200 a 3.000 ovos (Naseri
com a H. zea. A longevidade dos adultos
et al., 2011).
varia em torno de 9 dias para machos e
FIGURA 5 Adultos de H. armigera.
MANEJO INTEGRADO DA H. ARMIGERA
O manejo dessa praga exótica tem sido
mais indicadas para a H. armigera e
fortemente discutido atualmente. É de
espécies do gênero.
extrema importância que o agricultor
É importante que o uso de inseticidas
faça o monitoramento da lavoura com
seja realizado com cautela e que o
frequência.
grandes
produtor fique atento à tecnologia
extensões de lavouras, o uso de
de aplicação e ao volume de calda
armadilhas luminosas e de feromônio
apropriado (pulverizando intensamente
para atrair o macho para a armadilha
a lavoura) e evite horários muito quentes
serve de alarme para o produtor. Estas
e baixa umidade relativa do ar.
Considerando
são as técnicas de monitoramento
SEMEANDO O FUTURO
Na cultura da soja, utilizar o pano de batida
lagartas pequenas (5 – 7 mm). Nesta fase,
e a observação das plantas, quantificar o
vários produtos comerciais têm mostrado
número de lagartas e separar as espécies
bons resultados de controle, porém em
é essencial. Posteriormente, é preciso
estádios maiores esse controle fica muito
fazer o controle com o produto e utilizar
prejudicado (Dra. Karina Abernaz, relato
a dose adequada às espécies presentes.
verbal). Os níveis de dano econômico
Para um controle mais eficiente, é
foram
recomendável que seja realizado com
Embrapa (Fig. 6).
recentemente
definidos
pela
FIGURA 6 Tabela de nível de controle para a cultura da soja (Embrapa, 2013).
No caso da cultura do milho, o
et al., 2013). O uso de tecnologia Bt
monitoramento deve ser realizado nas
deve ser feito de maneira apropriada,
espigas, pois a fêmea oviposita no
principalmente
estigma (cabelo) do milho. Se detectada
aspectos de manejo de resistência,
infestação da praga, é preciso fazer
com plantio de área de refúgio.
aplicação de produtos seletivos aos
É importante evitar o uso de inseticidas
inimigos naturais. Para o algodão,
não seletivos, como os piretroides,
intensificar as amostragens de ovos
carbamatos e organofosforados, no
e lagartas e fazer o manejo em fase
milho, na fase vegetativa da soja e
inicial do nível de controle (de 3 a 6
nos primeiros 70 a 80 dias após a
lagartas em 100 plantas).
emergência das plantas de algodão.
A utilização de plantas geneticamente
Além
modificadas, que conferem proteção
inseticidas
contra os insetos, auxilia no combate
distintos ao longo do ciclo da cultura,
a
permitindo que o risco de evolução de
essa
praga,
principalmente
em
casos de alta infestação (Thomazoni
disso,
com
com
relação
deve-se
grupos
resistência seja minimizado.
aos
rotacionar
químicos
SEMEANDO O FUTURO
Assim como para os produtos químicos
países e não agride outras espécies nem o
(Yang et al., 2013), existe o risco de
ambiente. Esse produto é formulado à base
evolução de resistência às proteínas
de um vírus específico cujo ingrediente
Bt presentes nas plantas transgênicas.
ativo é o nucleopolyhedrovirus natural.
Portanto, devemos continuar a monitorar
Como recomendação adicional, devemos
as culturas, sejam elas Bt ou não. Uma
estar atentos ao que vem sendo relatado
possível falha de controle das culturas
em algumas regiões. A presença dessa
com tecnologia Bt deve ser comunicada
praga em plantas daninhas como a buva
à Monsanto e as recomendações de
(Conyza spp.) (Fig. 7) reforça nosso
aplicação devem ser seguidas.
posicionamento
Ainda não existe estudo muito divulgado
antecipada, controle de plantas voluntárias
sobre inimigos naturais da H. armigera
e restos culturais. O monitoramento e
nas condições brasileiras. Mas, com base
o controle dessa espécie nas áreas de
em estudos realizados em outros países,
cultivos irrigados devem ser realizados
especialmente na Austrália, onde essa é
com muita efetividade, pois essa praga
uma das pragas mais importantes, são
pode estar se multiplicando nessas áreas
utilizadas vespas de Thricogramma spp.
na época da seca, aumentando ainda
e fungos entomopatogênicos. Existe
mais o nível de infestação. Essa espécie
também um biopesticida (baculovírus)
também foi identificada na cultura do
que vem sendo utilizado em outros
trigo, na região Sul do País (Fig. 8).
FIGURA 7 Lagarta de Helicoverpa spp.
FIGURA 8 Lagartas de Helicoverpa
atacando Conyza sp. em Dourados (MS).
spp. coletadas no trigo em Campo
Mourão (PR).
sobre
dessecação
Referências:
CZEPAK C., ALBERNAZ K. C., VIVAN L. M., GUIMARÃES
Acesso em agosto de 2013.
H. O., CARVALHAIS T. Primeiro registro de ocorrência
NASERI, B.; FATHIPOUR, Y.; MOHARRMIPOUR, S.;
de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera:
HOSSEININAVEH,
Noctuidae)
performance of Helicoverpa armigera (Hubner)
no
Brasil.
Pesquisa
Agropecuária
V.
Comparative
Tropical, 43 (1):110-113, 2013.
(Lepidoptera:
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
soybean varieties. Jornal of Agricultural Science and
(EMBRAPA). Folder - Helicoverpa armigera e outros
Technology, Tehran, v13, p. 17-26, 2011.
desafios do manejo de pragas na cultura da soja.
THOMAZONI
Embrapa Soja, Londrina PR, 2013.
DEGRANDE
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA
iminente aos cultivos de algodão, soja e milho do
(EMBRAPA). Nota técnica sobre resultado do trabalho
Estado de Mato Grosso. Circular Técnica ImaMT,
inicial de levantamento da lagarta do Gênero
Número 5, 2013.
Helicoverpa – detecção da espécie Helicoverpa
YANG Y., LI Y., WU Y. Current Status of Insecticide
armigera no Brasil. Nota técnica de 22 de março de
Resistance in Helicoverpa armigera After 15 Years
2013. Embrapa Cerrados, Planaltina DF, 2013, 2 p.
of Bt Cotton Planting in China. Journal of Economic
MAPA
Entomology, 106(1):375-381, 2013.
e
–
Ministério
Abastecimento.
da
Agricultura,
Disponível
em
Pecuária
Noctuidae)
D.,
P.E.
SORIA
reared
reproductive
M.F.,
Helicoverpa
on
PEREIRA
armigera:
thirteen
E.J.G.,
perigo
}http://
www.agricultura.gov.br/combatehelicoverpa.
Autores:
Altair Schneider
Carla Dutra
Revisores: Fabricio Francischini, João Oliveira e Everton Hiraoka
Editoração: Alicia Muñoz, Guy Tsumanuma e Wilson Neto
Em caso de dúvidas ou necessidade de mais informações
sobre o assunto, procure o TD mais próximo.
SEMEANDO O FUTURO
Documento desenvolvido pelo Grupo Monsanto e destinado exclusivamente a seus funcionários, não sendo permitida a reprodução
total ou parcial, e/ou de qualquer outra forma dar ao conhecimento de terceiros o conteúdo deste material.
Download

a lagarta HELICOVERPA ARMIGERA