UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA BRENDA DE FIGUEIREDO PINHEIRO MARIANA BARBOSA TURIEL DO NASCIMENTO AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO BELÉM 2008 Brenda de Figueiredo Pinheiro Mariana Barbosa Turiel do Nascimento AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade da Amazônia para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia. Orientador: Prof. Ft. Paulo Eduardo Santos Ávila. Co-orientadora: Ft. Edilene Falcão BELÉM 2008 Pinheiro, Brenda; Nascimento, Mariana Avaliação Fisioterapêutica em Pacientes Portadores de Fibrose Cística no Hospital Universitário João de Barros Barreto/ Brenda Pinheiro; Mariana Nascimento. _Belém, 2008. 102 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação) – Universidade da Amazônia, 2008. Curso: Fisioterapia. Orientadora: Prof. Ft. Paulo Eduardo Santos Ávila. 1. Fibrose cística 2. Avaliação fisioterapêutica 3. Fisioterapia respiratória. I. Pinheiro, Brenda; Nascimento, Mariana II. Ávila, Paulo. III. Avaliação Fisioterapêutica em Pacientes Portadores de Fibrose Cística no Hospital Universitário João de Barros Barreto. Brenda de Figueiredo Pinheiro Mariana Barbosa Turiel do Nascimento AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da Amazônia como requisito para obtenção do titulo de Fisioterapeuta Banca Examinadora __________________________ Ft. Daniel Nunes __________________________ Ft. Mariléia Araújo Apresentado em: _____/_____/_____ Conceito: ______________________ BELÉM 2008 DEDICATÓRIA n À Deus, por jamais abandonar-me. Aos meus pais e irmão, aos quais devo tudo o que sou. Brenda de Figueiredo Pinheiro À Deus, por guiar-me sempre no caminho certo. Aos meus pais, meu porto seguro. Ao meu avô Rafael (in memorian) Mariana Barbosa Turiel do Nascimento AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por estar sempre no meu caminho, iluminando e me guiando às escolhas certas. Aos meus pais: Diva E. Figueiredo Pinheiro e Luiz Antônio Batista Pinheiro, por terem me proporcionado esta conquista. Ao meu irmão Raphael Pinheiro, agradeço pela companhia, infinita ajuda, carinho e momentos de descontração vividos a cada dia. Ao orientador Ft. Paulo Ávila, pelo apoio, pela confiança e incentivo. À nossa co-orientadora Edilene Falcão, pela imensa ajuda durante toda a pesquisa. À minha amiga Mariana Nascimento, por estar ao meu lado em qualquer situação durante esses quatro anos. Às minhas amigas de faculdade, o sexteto, por compartilharem de forma intensa e verdadeira todas as alegrias e dificuldades durante esses anos de faculdade. Aos meus amigos, pelo carinho, compreensão e companheirismo. À minha amiga Tatiana Martins, agradeço por todos esses anos de muito carinho, amizade, companheirismo e felicidade. Obrigada por tudo, você é demais! Ao amigo Juan Baioco, pela ajuda nas traduções, nas pesquisas e por sempre me botar no topo quando eu estou para baixo. A todos os pacientes que participaram desta pesquisa. Brenda de Figueiredo Pinheiro AGRADECIMENTOS À Deus, primeiramente, por ter me iluminado, me guiado e me dado forças em todos os momentos desta trajetória. Aos meus pais, Eduardo Turiel do Nascimento e Maria Silvia de Brito Barbosa, e à minha irmã, Ana Beatriz, por todo o amor, dedicação, apoio incondicional e carinho durante estes anos de graduação e toda minha vida. À eles, que me ensinaram que os obstáculos existem, não para que desistamos, mas sim para que possamos supera-los. Às minhas avós, Elisa Turiel e Yolanda Barbosa, por toda dedicação, por todos os mimos, amor incondicional e aprendizado passados durantes todos esses anos. À Sebastiana Rodrigues, ou simplesmente, Bá, que é, e sempre será, mesmo estando longe, uma segunda mãe pra mim, por todo amor, toda a dedicação, toda a paciência e todo o carinho em todos os momentos da minha vida. Aos meus amigos, pela companhia, força, ajuda e compreensão em todos os momentos. Ao nosso orientador Paulo Ávila, pelo apoio, pela paciência, confiança e incentivo durante toda esta pesquisa. À nossa co-orientadora Edilene Falcão, pela imensa ajuda durante toda a pesquisa. Às minhas amigas de faculdade, o sexteto, pelo carinho e por compartilharem todos os momentos de diversão e alegria, assim como também os momentos difíceis de cada etapa durante estes anos de faculdade. Sem vocês estes anos não teriam graça! À minha dupla e amiga, Brenda Pinheiro, com quem dividi as alegrias e estresses desta pesquisa e com quem pude contar em todas as situações nestes quatro anos. À todos os pacientes que participaram desta pesquisa. Mariana Barbosa Turiel do Nascimento EPÍGRAFE Não sabendo que era impossível, foi lá e fez. Jean Cocteau RESUMO O presente estudo procurou realizar uma avaliação fisioterapêutica em pacientes portadores de fibrose cística que atendem ao programa de assistência multidisciplinar aos pacientes com fibrose cística do Hospital Universitário João de Barros Barreto, que permita conhecer um pouco mais o perfil epidemiológico destes pacientes. A fibrose cística, também chamada de mucoviscidose, é uma doença sistêmica, hereditária, de evolução crônica e progressiva, caracterizada por uma disfunção generalizada das glândulas exócrinas. Na sua forma típica a doença se traduz por: doença pulmonar obstrutiva crônica, quadro de má absorção (desnutrição, distensão abdominal, fezes anormais) e alterações eletrolíticas do suor. Neste estudo, foram avaliados 26 pacientes portadores de fibrose cística com idade entre 6 e 46 anos, onde foram realizados testes de função pulmonar como: espirometria, peak flow e manovacuometria. Verificou-se também os sinais vitais e avaliamos a expansibilidade torácica dos pacientes. Palavras-chave: Fibrose Cística. Avaliação fisioterapêutica. Fisioterapia respiratória. ABSTRACT This study attempted to make a physiotherapeutic evaluation on patients with cystic fibrosis who attend the multidisciplinary assistance program for patients with cystic fibrosis at the Hospital Universitário João de Barros Barreto, which allows to get to know better those patients’ epidemiologic profile. Cystic fibrosis is a systemic disease, hereditary, with chronicle and progressive evolution, characterized by generalized dysfunction of exocrine glands. In its typical form, it is characterized by: chronic obstructive pulmonary disease, bad absorption and electrolytic disorders. In this research, were evaluated 26 patients with cystic fibrosis aged between 6 and 46 years old, where spirometry, peak flow and manovacuometry were practised in order to test pulmonary function. It was checked also the vital signs and evaluated the patients’ thoracic expansibility. Keywords: Cystic Fibrosis. Physiotherapeutic evaluation. Respiratory physiotherapy. LISTA DE FIGURAS Fig. 1: Movimento Ciliar .......................................................................................................... 20 Fig. 2: Herança recessiva .......................................................................................................... 23 Fig. 3: Localização do gene CFTR ........................................................................................... 24 Fig. 6: Íleo Meconial ................................................................................................................ 27 Fig. 7: Baqueteamento Digital .................................................................................................. 28 Fig. 8: Pulmão Normal e Pulmão com FC (brônquios obstruidos pelo muco) ........................ 31 Fig. 9: Realização do Teste do Suor ......................................................................................... 33 Fig. 10: Raio X de Portador de FC ........................................................................................... 35 Fig. 11: Tomografia Computadorizada de portador de FC ...................................................... 35 Fig. 12: Terapia Gênica ............................................................................................................ 39 Fig. 13: Drenagem Postural ...................................................................................................... 40 Fig. 14: Incentivadores Respiratórios ....................................................................................... 40 Fig. 15: Oximetria de Pulso ...................................................................................................... 44 Fig. 16: Espirometria ................................................................................................................ 45 Fig. 17: Manovacuômetro ........................................................................................................ 46 Fig. 18: Peak Flow .................................................................................................................... 47 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Período de Crescimento. ...... 52 Tabela 2: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Sexo...................................... 53 Tabela 3: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Idade do Diagnóstico. ........... 54 Tabela 4: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Número de Internações. ....... 55 Tabela 5: Distribuição dos pacientes com ................................................................................ 56 Tabela 6: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Tipo e o Grau do Distúrbio Ventilatório. .............................................................................................................................. 57 Tabela 7: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a resposta ao broncodilatador. . 58 Tabela 8: Média e desvio padrão da CVF, VEF, TFEF25-75 e Tiffenau (Relação entre VEF1/CVF) de pacientes com FC, n=26. ................................................................................. 59 Tabela 9: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com PImáx, PEmáx, Peak-Flow, SP02, FR e FC, n=26. ............................................................................................................... 62 Tabela 10: Média e desvio padrão do PImáx, PEmáx, Peak-flow, SPO2, FR e FC de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento................................................................... 66 Tabela 11: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Pressão Arterial Sistólica e Diastólica. ................................................................................................................................. 70 Tabela 12: Distribuição dos pacientes com fibrose cística de acordo com o Ritmo Respiratório. ............................................................................................................................. 71 Tabela 13: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Dispnéia. ............................. 72 Tabela 14: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Padrão Muscular Ventilatório.. ............................................................................................................................. 73 Tabela 15: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Tosse................................... 74 Tabela 16: Distribuição dos pacientes de acordo com o Aspecto da Expectoração. ................ 75 Tabela 17: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Cianose. .............................. 76 Tabela 18: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Tipo de Tórax. .................... 76 Tabela 19: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Baqueteamento Digital. ...... 77 Tabela 20: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Cirtometria, n=26. .............. 78 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Período de Crescimento. ..... 52 Gráfico 2: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Sexo. ................................... 53 Gráfico 3: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Idade do Diagnóstico. ......... 54 Gráfico 4: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Número de Internações. ...... 55 Gráfico 5: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Fisioterapia. ......................... 56 Gráfico 6: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o grau do distúrbio obstrutivo...... ............................................................................................................................ 58 Gráfico 7: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a resposta ao broncodilatador. 59 Gráfico 8: Média e desvio padrão do CVF de pacientes com FC, n=26. ................................. 60 Gráfico 9: Média e desvio padrão do VEF1 de pacientes com FC, n=26. ............................... 60 Gráfico 10: Média e desvio padrão do TFEF25-75 de pacientes com FC, n=26. .................... 61 Gráfico 11: Média e desvio padrão do Tiffenau (VEF1/CVF) de pacientes com FC, n=26..... 61 Gráfico 12: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o PImáx, n=26...................... 63 Gráfico 13: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o PEmáx, n=26. ................... 63 Gráfico 14: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Peak-Flow, n=26. .............. 64 Gráfico 15: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o SP02, n=26........................ 64 Gráfico 16: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Freqüência Respiratória, n=26. ......................................................................................................................................... 65 Gráfico 17: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Frequência Cardíaca, n=26..... ..................................................................................................................................... 66 Gráfico 18: Média e desvio padrão do PImáx de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ......................................................................................................................... 67 Gráfico 19: Média e desvio padrão do PEmáx de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ......................................................................................................................... 67 Gráfico 20: Média e desvio padrão do Peak-flow de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ............................................................................................................ 68 Gráfico 21: Média e desvio padrão do SPO2 de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ......................................................................................................................... 69 Gráfico 22: Média e desvio padrão da Frequência Respiratória de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ..................................................................................... 69 Gráfico 23: Média e desvio padrão da Frequência Cardíaca de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. ................................................................................................. 70 Gráfico 24: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Pressão Arterial Sistólica e Diastólica. ................................................................................................................................. 71 Gráfico 25: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Ritmo Respiratório............ 72 Gráfico 26: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Dispnéia. ........................... 73 Gráfico 27: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Padrão Muscular Ventilatório. .............................................................................................................................. 74 Gráfico 28: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Tosse. ................................ 75 Gráfico 29: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Aspecto da Expectoração. . 76 Gráfico 30: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Baqueteamento Digital. .... 77 Gráfico 31: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento Axilar, n=26. .... 78 Gráfico 32: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento Xifóide, n=26. .. 79 Gráfico 33: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento dos Últimos Arcos Costais, n=26. ........................................................................................................................... 80 LISTA DE SIGLAS FC – Fibrose Cística CFTR – Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator FR – Freqüência Respiratória FC – Freqüência Cardíaca PA – Pressão Arterial SpO2 – Saturação Periférica de Oxigênio PImáx – Pressão Inspiratória Máxima PEmáx – Pressão Expiratória Máxima PFE – Pico de Fluxo Expiratório VC – Volume Corrente CVF – Capacidade Vital Forçada CPT – Capacidade Pulmonar Total VEF1 – Volume Expiratório Forçado em 1 Segundo TFEF 25-75 – Fluxo Expiratório Forçado Médio de um Segmento da Manobra de CVF VVM – Ventilação Voluntária Máxima irpm – Incursões Respiratórias Por Minuto bpm – Batimentos Por Minuto mmHg- Milímetros de Mercúrio L/min – Litros Por Minuto cmH2O – Centímetros de Água SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO: ............................................................................................................... 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO:............................................................................................ 19 2.1- CONCEITO: ................................................................................................................. 19 2.2- EPIDEMIOLOGIA: ...................................................................................................... 22 2.3- GENÉTICA: .................................................................................................................. 23 2.4- FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA PULMONAR: ..................................................... 25 2.5- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ................................................................................. 26 2.6- DIAGNÓSTICO: .......................................................................................................... 32 2.7- TRATAMENTO: .......................................................................................................... 36 2.8- COMPLICAÇÕES: ....................................................................................................... 41 2.9- AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA:........................................................................ 42 3. METODOLOGIA: ........................................................................................................... 47 4. RESULTADOS: ............................................................................................................... 52 4.1. PERÍODO DE CRESCIMENTO: ................................................................................. 52 4.2. SEXO:............................................................................................................................ 53 4.3. IDADE DO DIAGNÓSTICO: ...................................................................................... 54 4.4. NÚMERO DE INTERNAÇÕES:.................................................................................. 55 4.5. REALIZAÇÃO DA FISIOTERAPIA: .......................................................................... 56 4.6. TIPO E GRAU DO DISTÚRBIO VENTILATÓRIO: .................................................. 57 4.7. RESPOSTA AO BRONCODILATADOR: .................................................................. 58 4.8. ESPIROMETRIA: ......................................................................................................... 59 4.9. VALORES DE PIMAX, PEMAX, PEAK-FLOW, FR E FC NA POPULAÇÃO EM GERAL: ................................................................................................................................ 62 4.10. VALORES DE PIMAX, PEMAX, PEAK-FLOW, SPO2, FR E FC DE ACORDO COM O PERÍODO DE CRESCIMENTO: .......................................................................... 66 4.11. PRESSÃO ARTERIAL: .............................................................................................. 70 4.12. RITMO RESPIRATÓRIO: ......................................................................................... 71 4.13. DISPNÉIA: .................................................................................................................. 72 4.14. PADRÃO MUSCULAR VENTILATÓRIO: .............................................................. 73 4.15. EM RELAÇÃO À TOSSE: ......................................................................................... 74 4.16. ASPECTO DA EXPECTORAÇÃO: .......................................................................... 75 4.17. CIANOSE: ................................................................................................................... 76 4.18. TIPO DE TÓRAX: ...................................................................................................... 76 4.19. BAQUETEAMENTO DIGITAL: ............................................................................... 77 4.21. EM RELAÇÃO À CIRTOMETRIA: .......................................................................... 78 5. DISCUSSÃO: ................................................................................................................... 81 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: .......................................................................................... 84 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ............................................................................ 85 ANEXOS .................................................................................................................................. 92 ANEXO 1 - TERMO DE APROVAÇÃO DO ORIENTADOR DA PESQUISA ............... 93 ANEXO 2: DECLARAÇÃO DE ACEITE DE ATENDIMENTO MÉDICO ..................... 94 ANEXO 3: DECLARAÇÃO DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO ......................................... 95 ANEXO 4: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ....................... 96 ANEXO 5: FICHA DE AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA ................................................. 99 17 1. INTRODUÇÃO: A Fibrose Cística (FC), também conhecida como mucoviscidose, é a mais freqüente das doenças autossômicas recessivas graves na população caucasiana (BIENVENU, 2003). Ela é responsável pela maioria dos casos de doença pulmonar crônica grave e bronquiectasia nas crianças. Reconhecida como uma doença específica apenas em 1936 por Fanconi e até os anos 50 as crianças mais atingidas morriam antes dos 5 anos de idade (IRWIN; TECKLIN, 2003). A FC é secundária a uma alteração na expressão do gene codificador da proteína CFTR (cystic fibrosis transmembrane conductance regulator). O gene CFTR, descoberto em 1989 pela tecnologia de clonagem posicional está situado em 7q31 (CORVOL et al, 2006). Cerca de 1 em cada 2500 recém nascidos é afetado, o que corresponde que um sujeito em cada 25 é portador assintomático de uma mutação no gene citado nesta patologia (BIENVENU, 2003). A glândula sudorípara normal produz um líquido isotônico graças ao conteúdo em cloro e sódio. Quando ocorre perda da função da CFTR, o cloro não pode entrar na célula, nem o sódio que está na sua dependência, originando um suor “salgado” (DAMAS; AMORIM, GOMES, 2008). Expressão e função defeituosa da proteína CFTR nas células epiteliais das vias aéreas na fibrose cística estão associadas com a hipersecreção de muco, inflamação e infecção que começam no inicio da vida e levam a um ciclo vicioso persistente com obstrução das vias aéreas e infecção responsável pela morbidade e mortalidade dos pacientes com fibrose cística (PUCHELLE et al, 2002). Nas glândulas exócrinas pulmonares o fluxo de cloro alterado gera um ambiente no interior dos canais exócrinos menos hidratado, pois secundariamente o fluxo de água através das células também se altera. As secreções produzidas são viscosas, aderentes e ionicamente diferentes, dificultando o transporte (clearance) mucociliar da via aérea e facilitando infecções persistentes, principalmente por germes como Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. Atualmente, acredita-se que a alteração iônica das secreções pulmonares iniba a função antimicrobiana peptídica e reduza a resistência a patógenos bacterianos, versão molecular mais aceita para justificar a colonização/infecção bacteriana crônica nos pulmões dos císticos (ANDRADE et al, 2001). As manifestações clínicas dependem do genótipo e resultam dos fenômenos obstrutivos pelas secreções muito espessas, caracterizando a FC pela doença pulmonar obstrutiva 18 supurativa crônica, insuficiência pancreática (má digestão e má-absorção) com desnutrição secundária, concentrações aumentadas de cloro e sódio no suor e infertilidade masculina na idade adulta (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). A presença de secreções espessas e infectadas leva à obstrução das pequenas vias aéreas e desencadeamento de um processo inflamatório crônico. A inflamação, presente inclusive em pulmões anatomicamente normais de recém-nascidos, leva à formação de bronquiectasias e lesão pulmonar com progressão, em última instância, para insuficiência respiratória e morte. Clinicamente, o comprometimento pulmonar pode manifestar-se por bronquiolite, bronquite, atelectasias, bronquiectasias, pneumotórax, hemoptise, pneumonias recorrentes, cor pulmonale e insuficiência respiratória (ANDRADE et al, 2001). O diagnóstico de fibrose cística é feito geralmente nos 6 primeiros meses de vida, mas ao longo da última década o diagnóstico de fibrose cística em adultos foi relatado com crescente freqüência. A disponibilidade generalizada de testes de mutações da CFTR e o uso geral de critérios de diagnóstico direto contribuíram para maiores números de diagnósticos de fibrose cística em adultos (NICK; RODMAN, 2005). O diagnóstico da mucoviscidose é essencialmente sugerido por sintomas clínicos e confirmado com uma taxa elevada de cloro e sódio contida no suor – teste do suor. Em 1953, Di Sant’Agnese et al publicaram a técnica de medida do cloro e do sódio e encontraram que a concentração de eletrólitos nesta última está aumentada no caso da mucoviscidose. O teste do suor permanece o teste de “primeira intenção” para o diagnóstico da mucoviscidose (STORNI et al, 2001). A progressão da doença é avaliada pelo estudo da função pulmonar através da capacidade vital forçada (CVF), do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e do fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da CVF (FEF 25-75) (FREIRE; SILVA; ARAÚJO, 2008). A expectativa de vida dos portadores de fibrose cística depende da gravidade e da evolução do comprometimento pulmonar, sendo as provas de função pulmonares importantes marcadores prognósticos (LIMA et al, 2004). Esta pesquisa se justifica pela dificuldade em se encontrar uma avaliação fisioterapêutica respiratória completa referente à fibrose cística. Patologia esta de incidência relativamente rara e de difícil tratamento, sendo necessário acompanhamento médico constante e tratamento fisioterapêutico de rotina. Após esta pesquisa, pretendemos conhecer melhor o perfil característico dos pacientes de fibrose cística atendidos pelo setor de fisioterapia no HUJBB, orientando e direcionando o tratamento desta patologia. 19 O presente trabalho tem como objetivo geral fazer uma avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibrose cística no Hospital Universitário João de Barros Barreto, no município de Belém – PA, e como objetivos específicos, traçar um perfil característico destes pacientes através da verificação de volumes pulmonares, como pressão inspiratória máxima, pressão expiratória máxima, pico de fluxo expiratório, capacidade vital forçada, VEF1, TFEF25-75, Tiffenau e VVM e verificar também os sinais vitais como: freqüência cardíaca, freqüência respiratória, SpO2 e pressão arterial. 2. REFERENCIAL TEÓRICO: 2.1- CONCEITO: A fibrose cística ou mucoviscidose é uma doença sistêmica, hereditária, de evolução crônica e progressiva, caracterizada por uma disfunção generalizada das glândulas exócrinas. Na sua forma típica a doença se traduz pela tríade: doença pulmonar obstrutiva crônica, quadro de má absorção (desnutrição, distensão abdominal, fezes anormais) e alterações eletrolíticas do suor (TARANTINO, 1997). A média de sobrevida, que era de 5 anos em 1963, aumentou consideravelmente e passa de 30 anos. Hoje, a fibrose cística não é mais uma doença exclusivamente pediátrica, já que 1/3 dos pacientes são adultos, justificando um enfoque específico para esse grupo (HUBERT, 2005). As glândulas exócrinas mais freqüentes e mais gravemente afetadas na FC são aquelas do pâncreas e da árvore traqueobrônquica. As secreções produzidas pelas glândulas apresentam viscosidade anormal, freqüentemente provocando obstrução (SHEPHERD, 1996). Muco é uma agregação de secreções advindas da árvore traqueobrônquica, boca, faringe (saliva), nariz e sinos. Em indivíduos saudáveis, a produção de muco diária é pequena e não dá margens a tosse ou expectoração; porém a regra geral é que qualquer produção de muco é anormal (AZEREDO, 2000). O muco nasal é uma complexa mistura de secreções provenientes das células caliciformes, glândulas submucosas, lacrimais e água. É ainda composto por células inflamatórias como macrófagos, basófilos, mastócitos e eosinófilos, cujas concentrações 20 variam nos diferentes estados patológicos. Também fazem parte da composição do muco nasal proteínas como a albumina, lactoferrina, glicoproteínas (mucinas de alto peso molecular), lisozimas e todas as principais imunoglobulinas. Em condições patológicas existe uma intensa modificação na composição do muco, afetando de forma direta e indireta a função mucociliar, principalmente devido a alterações nas propriedades viscoelásticas do muco respiratório (TRINDADE et al, 2007). O elevador mucociliar é um importante mecanismo de defesa para eliminação de material indesejável das vias aéreas. O termo “elevador mucociliar” descreve a inter-relação entre as secreções e os cílios que impelem o muco. As vias aéreas são recobertas por uma camada dulpa (sol-gel) de muco secretado pelas glândulas mucosas e células caliciformes. A camada externa é a camada viscosa (gel); a interna é a camada líquida (sol) na qual os cílios batem. Os cílios batem em uníssono, impelindo o muco e qualquer material nas vias aéreas para a laringe a uma velocidade de 1 a 2 cm por minuto. Aproximadamente 10 ml de muco é eliminado do trato respiratório diariamente (IRWIN; TECKLIN, 2003). Fig. 1: Movimento Ciliar Fonte: www. rarasdoencas.blogspot.com O aparelho mucociliar tem como principal função a remoção de partículas ou substâncias potencialmente agressivas ao trato respiratório através do transporte pelos cílios, ou alternativamente, pela tosse e espirro, nos quadros de hiperprodução de muco, como rinite alérgica, rinossinusites, bronquite crônica, fibrose cística, e asma (TRINDADE, 2007). A eficiência do aparelho mucociliar depende da integridade de seus componentes e da interação entre eles. O numero de cílios por células, a freqüência dos batimentos ciliares e sua coordenação, assim como a consistência das camadas sol e gel da secreção mucosa e suas características viscoelásticas, são fatores fundamentais para a manutenção do clearence mucociliar, podendo estar comprometidos numa série de situações clínicas, como na bronquite crônica, na asma, nas bronquiectasias e na fibrose cística (CARVALHO, 2005). 21 A depuração mucociliar é um dos meios pelos quais os pulmões e o corpo são protegidos de partículas inaladas para a mucosa traqueobronquial. Ela envolve dois processos: primeiro, as partículas são capturadas pelo revestimento mucoso de característica viscosa das vias aéreas, e segundo, elas são transportadas para fora dos pulmões pela ação ciliar. A depuração normal das vias aéreas requer vias aéreas patentes, uma escada mucociliar funcional e uma tosse eficaz, o mecanismo mucociliar de depuração funciona desde a laringe até os bronquíolos respiratórios. Embora seja essencialmente um mecanismo de depuração de reserva, a tosse é um de nossos reflexos protetor mais importantes (SERAFIM, 2006). Na FC, a depuração mucociliar está prejudicada, apesar da ultraestrutura e o batimento ciliar permanecerem normais. Vários fatores parecem contribuir para isso na FC. Em primeiro lugar, ocorre a alteração das propriedades viscoelásticas do muco. A colonização bacteriana, principalmente com Pseudomonas aeruginosa, que demonstra uma afinidade em particular para a mucosa respiratória dos pacientes, também parece estar envolvida na alteração da depuração mucociliar. Produtos bacterianos são liberados, incluindo homolisina e piocianina, cuja atividade in vitro resulta em diminuição do batimento ciliar, levando à cilioestase e ruptura epitelial. Além disso, a inflamação crônica secundária à infecção leva à hiperplasia de células caliciformes, metaplasia de células escamosas e perda de células ciliadas (PETRY; MARÓSTICA, 2007). A produção de secreção acontece porque o sistema respiratório é a maior interface entre o ambiente externo e interno, no qual o muco é uma das formas primárias de limpeza de partículas inaladas. A secreção extremamente espessa e tenaz pode ser produzida por pacientes com fibrose cística ou por aqueles que sofrem de desidratação. Na fibrose cística, a secreção é espessa, mucóide, tenaz e pode ser fétida. Há obstrução crônica dos brônquios em razão de grande quantidade de plugues de secreção secundários a infecções parenquimatosas (AZEREDO, 2000). Segundo Damas, Amorim e Gomes (2008), outros fatores possíveis que contribuirão para o aumento da viscosidade do muco são o aumento da sulfatação das mucinas e os produtos de degradação dos neutrófilos (moléculas de ADN e filamentos de actina), bem como a perda de células ciliadas secundária à inflamação crónica e infecção. A presença de secreções respiratórias excessivas na fibrose cística leva à infecção crônica e inflamação das mucosas, a retenção de secreções infectadas leva à broncoconstrição e a limpeza mucociliar pejudicada leva ao padrão de obstrução de vias aéreas, mucus plugging, atelectasia, instabilidade das vias aéreas e hiperinsuflação (ROGERS, 2005). 22 A expressão fenotípica extremamente diversa da FC provavelmente é influenciada por outros tratos genéticos separados do lócus CFTR. Muitos dos genes estudados atualmente como modificadores da FC, particularmente aqueles que influenciam na gravidade da doença pulmonar, são envolvidos no controle da infecção, imunidade e inflamação. Alguns desses incluem os antígenos HLA de classe II, mannose-binding lectin e alfa-1-antitripsina (A1AT) (FARIAS et aI, 2005). 2.2- EPIDEMIOLOGIA: Considerada inicialmente como doença exclusiva do grupo pediátrico, por causa do melhor conhecimento de seu quadro clínico, diagnóstico mais precoce e medidas terapêuticas mais efetivas para o seu controle, a fibrose cística vem sendo, cada vez mais, referida entre adolescentes e adultos jovens (TARANTINO, 1997). A cada 25 pessoas 1 é portadora, sã ou heterozigota (HUBERT, 2005). A prevalência que ocorre na população caucasóide é de 1:2.500 nascidos vivos numa freqüência de portadores de 1:25. A incidência da FC é muito baixa nas populações nãocaucasóides (indianos, árabes, asiáticos e entre judeus africanos), bem como entre os índios americanos, os negros africanos e americanos e os orientais. Apesar de dados pouco precisos, calcula-se uma incidência de 1:17.000 nos negros norte-americanos, enquanto são poucos os casos descritos em negros na África. Os dados sobre os povos orientais revelam uma incidência de 1:90.000 na população oriental do Hawai, de 1:100.000 na comunidade oriental da Grã-Bretanha e pouquíssimos casos descritos no Japão. Esta incidência pode variar muito. Nos Estados Unidos e na Europa é de 1:1.600 a 2.000 nascidos vivos. Já no Brasil, estados como o Paraná possuem uma incidência estimada de 1:6.800 nascidos vivos (KUHNL; FAUCZ, 2005). No Brasil, a incidência é variável, conforme região geográfica e grau de miscigenação das populações, estimada entre 1:1000 no Sul e até 1:10.000 em São Paulo (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006), no Rio de Janeiro, com elevado percentual de negros, é de 1:6.900 indivíduos (MILAGRES; GARCIA; CASTRO et al, 2008). Segundo Pryor e Webber (2002), os portadores do gene da fibrose cística não mostram sinais da doença, porém, se ambos os pais carregarem o gene anormal, cada criança nascida tem uma chance teórica de 1:4 de herdar a doença. 23 Fig. 2: Herança recessiva Fonte: www.rarasdoencas.blogspot.com/2008_01_01_archive.html 2.3- GENÉTICA: O gene da fibrose cística, localizado no braço longo do cromossomo 7, codifica uma proteína anormal designada pelas letras CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Regulation), que regula o transporte de íons através da membrana apical das células epiteliais (TARANTINO, 1997). É transmitida de forma recessiva, sendo necessário que ambos os pais sejam transmissores para que a criança venha a apresentar a doença (SHEPHERD, 1996). 24 Fig. 3: Localização do gene CFTR Fonte: www.paginas.terra.com.br Segundo Cabello et al (2002), o gene responsável pela fibrose cística possui 27 éxons, ao longo dos quais mais de mil diferentes mutações já foram identificadas, a maioria delas com freqüências muito baixas e próprias de determinadas populações. Ao todo, mais de 1300 mutações diferentes já foram identificadas no gene da FC. A freqüência das mutações varia com a região geográfica e o grupo étnico. No Brasil, considerando as regiões sul e sudeste, a freqüência de ∆F508 entre os fibrocísticos varia de 27 a 52%, segundo a amostra populacional avaliada (MILAGRES; GARCIA; CASTRO et al, 2008). O gene da FC foi clonado em 1989. Ele se situa no braço longo do cromossomo 7. Atualmente são conhecidas mais de 1000 mutações que levam à fibrose cística, sendo a mais freqüente a chamada ∆F508, que está presente em cerca de 70% dos portadores de FC no mundo, com variações geográficas, sendo menos freqüente (40%) nos pacientes FC brasileiros em razão da miscigenação racial. Nessa mutação há uma deleção (∆) de 3 pares de base, resultando na perda da fenilalanina (F) na posição 508 da proteína derivada desse gene, que é denominada CFTR (cystic fibrosis transmembrane conductance regulator) (RODRIGUES; ADDE; SILVA FILHO, 2008). Mais de 100 mutações em sítios do gene da FC formam o resto das mutações, mas as 4 mutações mais comuns formam 85%. Isto tem importantes implicações para o diagnóstico pré-natal e detecção do portador (GRAHAM; GEDDES, s/d). Existem hipóteses para a elevada freqüência das mutações da FC na população caucasóide, entre elas, a heterogeneidade genética, a taxa elevada de mutação (freqüência com 25 a qual genes de efeito deletério são introduzidos na população em cada geração), deriva gênica (variação aleatória das freqüências gênicas ao longo das gerações. Tanto pode haver a eliminação quanto a fixação de um ou mais genes, independentemente do valor adaptativo que esses genes conferem) e vantagem seletiva para os heterozigotos (neste estado, a resistência é aumentada para doenças infecciosas mantendo alelos mutantes de CFTR e níveis altos em populações selecionadas) (KUHNL; FAUCZ, 2005). 2.4- FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA PULMONAR: A doença pulmonar na fibrose cística tem o maior impacto na morbidade e mortalidade e tem sido o principal foco de pesquisa. Embora muitas coisas sobre a função da CFTR nos pulmões já seja conhecida, a ligação entre a CFTR defeituosa e a patologia clínica ainda não é completamente compreendida (HULL, 2003). As disfunções básicas são o aumento da viscosidade das secreções das glândulas mucosas com obstrução de ductos e canalículos, perdas funcionais, lesões inflamatórias e fibróticas progressivas nos órgãos de secreção exócrina, como resultado de fluxo alterado de íons transmembrana (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). A fisiopatologia da fibrose cística está quase totalmente relacionada com a obstrução mucosa das vias aéreas distais, seguida das vias mais proximais. Com o estabelecimento da infecção crônica associada com a FC, a obstrução torna-se mais generalizada, menos reversível e causa alterações fisiológicas mais óbvias. Essa obstrução comumente leva à atelectasia, ou perda da insuflação pulmonar, quando a obstrução é completa (IRWIN; TECKLIN, 2003). Nos portadores de FC, o fluxo de sódio e consequentemente o de água, para o interior da célula epitelial respiratória, é duas vezes maior que o normal, provocando uma desidratação do meio justacelular dentro da luz dos brônquios. Por outro lado, a membrana apical das células epiteliais é relativamente impermeável ao cloro pela não abertura do canal de cloro, fato que impede a reidratação adequada da camada “sol”. Esse desbalanço hidrossalino resulta em secreções brônquicas viscosas com persistência local dos microorganismos, sua aderência e colonização endobrônquica crônica (ROZOV, 1999). Na fibrose cística, há uma redução na secreção de cloreto das células epiteliais da mucosa respiratória. Isso resulta num excesso de absorção de sódio e movimento aumentado 26 do fluido do lúmem da via aérea para dentro das células, reduzindo o liquido da superfície da via aérea (camada mucosa), aumentando a viscosidade do muco e incapacitando a clearence mucociliar (PRYOR; WEBBER, 2002). É conhecido um notável desequilíbrio de proteinases-antiproteinases a favor de elastase de neutrófilos dentro dos pulmões. Essas proteinases têm efeitos deletérios, destruindo a elastina no pulmão, estimulando a produção de muco, clivando imunoglobulinas e fibronectina. Nos pacientes com FC e deficiência de alfa-1-antitripsina (DA1AT), esse desequilíbrio estaria exacerbado e o dano pulmonar seria ainda maior (FARIA et al, 2005). Em relação à colonização inicial do trato respiratório e infecção pulmonar posterior, é conhecido que, ao nascimento, o pulmão é histológica e anatomicamente normal. Progressivamente, ainda no primeiro ano de vida, vai ocorrer colonização endobrônquica, com o padrão bacteriológico se modificando, conforme a idade e a gravidade individual da doença pulmonar (ROZOV, 1999). A colonização bacteriana inicialmente é intermitente e limitada ao epitélio. Progressivamente, torna-se mais profunda, adquirindo um caráter persistente e, por fim, é crônica. Os germes são de difícil erradicação, determinando nas vias aéreas e no parênquima, lesões inflamatórias irreversíveis, tais como bronquiolectasias, bronquectasias, microabcessos, assim como áreas de supuração e de fibrose (ROZOV, 1999). 2.5- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: As manifestações clínicas na fibrose cística são: síndrome de má absorção devido à insuficiência pancreática exócrina, perda excessiva de eletrólitos no suor (fato que predispões as crianças menores a episódios de depleção salina, especialmente diante de vômitos e/ou diarréia e durante o verão), doença pulmonar obstrutiva crônica, dentre outras. Todas elas iniciam comumente no primeiro ano de vida, levando a um quadro de desnutrição, com crescimento pôndero-estatural e amadurecimento ósseo retardados (DORNELAS et al, 2000). O paciente com FC terá sibilos, crepitações em várias regiões do tórax e apresentará taquipnéia, dispnéia e pigarro. O hábito físico do paciente é tipicamente um de caquexia resultante da insuficiência pancreática e do extremo gasto de calorias na tosse e respiração. O paciente com FC tem uma aparência de tórax em barril devido à hiperinsuflação e é alérgico, muitas vezes anoréxico e cianótico quando a hipoxemia é severa (IRWIN; TECKLIN, 2003). 27 As hemoptises pequenas (laivos) com a tosse não são comuns, indicando infecção mal controlada. Sua freqüência aumenta com a idade. Hemorragia maciça (300ml/24 horas) ocorre em 2-7% de adultos e é de prognóstico grave com mortalidade até 30% (ROZOV, 1999). Nas glândulas sudoríparas dos indivíduos normais, o sódio da perspiração é paulatinamente reabsorvido nos dutos, junto com o íon cloro, resultando em suor com pouco sal. Entretanto, nos pacientes com mucoviscidose, desde que as células epiteliais são impermeáveis ao cloro, a reabsorção de sódio também não se efetua, resultando em eliminação do suor com alto conteúdo de sal (ROZOV, 1999). No neonato, o íleo meconial é o aspecto presente mais comum que ocorre em aproximadamente 10 - 15% dos casos. Sinais de obstrução podem ocorrer dentro de 48 horas do nascimento. O recém nascido não consegue eliminar o mecônio depois do nascimento porque o intestino está obstruído pelo conteúdo intestinal espessado viscoso, porém, em casos moderados, pode ser somente um atraso na passagem do mecônio (PRYOR; WEBBER, 2002). Fig. 4: Íleo Meconial Fonte: www.coursejournal_medicina.blogs.sapo.pt Em geral, os pacientes diagnosticados na vida adulta possuem formas não-clássicas de FC. Eles se apresentam com doença respiratória crônica, porém de menor gravidade, com menor freqüência de infecção por Pseudomonas aeruginosa e com menor freqüência de insuficiência pancreática do que os pacientes com FC diagnosticados na infância (DALCIN; SILVA, 2008). A insuficiência pancreática exócrina existe em 85% dos pacientes. Não tratada ela se manifesta por dores abdominais e esteatorréia. A dosagem da elastase pancreática fecal é bem relacionada ao quadro pancreático, diminuída em caso de insuficiência pancreática externa. O 28 refluxo gastroesofágico é freqüente e essencialmente secundário à broncopneumopatia crônica. (HUBERT, 2005). Anormalidade no transporte iônico no pâncreas leva à inflamação e posteriormente à fibrose da porção acinar da glândula e à hiposecreção das maiores enzimas digestivas secretadas pelo pâncreas. O sintoma presente é a seborréia, a passagem caracteristicamente gordurosa e fezes fétidas. A seborréia pancreática é, com freqüência, acompanhada pelo desconforto e distensão abdominal. Em alguns pacientes, a seborréia não é um aspecto presente ou pode ser moderado (PRYOR; WEBBER, 2002). Osteoartropatia hipertrófica pulmonar (OHP) consiste de artrite, baqueteamento dos dedos e periostite (neoformações subperiostais), associados a doença pulmonar grave. São acometidas grandes articulações, simetricamente, acompanhadas de rush, eritema nodoso, nódulos vasculares ou reumatóides e púrpuras (ROZOV, 1999). Fig. 5: Baqueteamento Digital Fonte: www.ligiabio12.blogspot.com A doença do refluxo gastresofágico (DRGE) é freqüente em pacientes com FC de todas as idades, e pode contribuir para piorar o quadro pulmonar e a redução na ingestão alimentar. Entre os fatores que favorecem a DRGE estão: medicações que diminuem o tônus muscular do esfíncter esofágico inferior (beta bloqueadores e metilxantinas), tosse persistente, esforço respiratório e uso da musculatura acessória, fisioterapia respiratória, esvaziamento gástrico mais lento devido a dietas ricas em lipídios (CARDOSO et al, 2007). Os seios da face também são afetados na FC. Em 99% dos pacientes, encontramos pansinusite crônica devido à hiperplasia das glândulas mucosas e colonização por bactérias. Em 6 a 40% dos casos, a doença é complicada pela presença de pólipos nasais (SILVEIRA, 2006). 29 A rinossinusite é uma característica comum em crianças e adultos com fibrose cística. A doença sinusal não afeta a expectativa de vida desses pacientes, porém aumenta a morbidade da doença, com a deterioração da qualidade de vida dos pacientes e pode até piorar o quadro pulmonar. A estase de muco viscoso é responsável pela retenção intraluminal, obstrução do óstio, inflamação sinusal crônica e infecção. A polipose nasal foi a primeira manifestação rinológica descrita. Outras manifestações, vistas principalmente em estudos radiológicos, incluem deformação do processo uncinado, sinusite crônica sem polipose, destruição de estruturas ósseas da parede lateral do nariz e formações de pseudomucocele (PORTES et al, 2007). Entre os sintomas otorrinolaringológicos da FC, descreve-se a produção de secreção salivar espessa ainda na infância, com dilatação e fibrose dos ductos glandulares. Contudo, a sialografia em crianças geralmente é normal, não sendo indicada a sua realização de rotina, exceto em casos de suspeita de sialolitíase (MONTEIRO; CUNHA, 2008). Além de distúrbios no transporte de cloro, sódio e água, são observadas na FC anormalidades na homeostase de cálcio. É descrito nível elevado de cálcio nos fibroblastos, na saliva da glândula submaxilar e nas lágrimas. Nefrocalcinose e hipercalciúria já foram documentadas, mesmo no período neonatal (ROZOV, 1999). O aumento da longevidade tem ocasionado maior incidência de complicações extrapulmonares, dentre as quais destaca-se o diabetes melito relacionado à fibrose cística (DMFC). Estima-se que o DMFC acometa aproximadamente 15-30% dos adultos com FC. Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento do DMFC são sexo feminino, insuficiência pancreática exógena, homozigoze para a mutação ∆F508, infecções pulmonares, corticoterapia, nutrição enteral ou parenteral, e gravidez (ALVES et al, 2007). O curso clínico é insidioso. Inicialmente ocorre hiperglicemia pós-prandial que evolui para hiperglicemia em jejum. Outras vezes a hiperglicemia só surge durante períodos de estresse. A cetoacidose é infreqüente. Além de poliúria, polidipsia e perda ponderal, sintomas clássicos do DM1, manifestações inespecíficas como redução da velocidade de crescimento, atraso no desenvolvimento puberal e declínio não explicado da função pulmonar sugerem o diagnóstico (ALVES et al, 2007). Segundo Fagundes et al (2002), com a melhora progressiva da sobrevida dos pacientes, houve aumento da prevalência da doença hepática entre os fibrocísticos e o tema adquiriu grande relevância entre os familiares e profissionais que cuidam de crianças com FC. A doença hepática inicia em idade precoce, mas, na infância, é geralmente assintomática. As complicações, como cirrose e hipertensão porta, ocorrem com maior freqüência nos 30 adolescentes e adultos jovens. Embora a principal causa de morte entre os fibrocísticos continue sendo a insuficiência respiratória, as complicações decorrentes da hepatopatia contribuem para o aumento da morbidade dos pacientes. A maioria dos homens com FC (97%) apresenta agenesia do ducto deferente (ADD) bilateral, de que resulta numa azoospermia obstrutiva, sem possibilidade de correção cirúrgica. Contudo, podem ser identificados múltiplos fenótipos que vão desde a normalidade, alterações das características do esperma, atrofia ou agenesia das vesículas seminais e encurtamento do epidídimo, até à ausência bilateral de ducto deferente (DAMAS; AMORIM; GOMES, 2008). A CFTR é encontrada em grande quantidade no colo uterino, sendo a sua expressão dependente da concentração hormonal. Um aspecto observado nestas mulheres é a inexistência de uma maior fluidez do muco uterino no período de ovulação. O restante trato genital, apesar de apresentar alguns receptores de CFTR, não mostra alterações que justifiquem uma redução da capacidade reprodutora. Frequentemente, as mulheres têm alterações menstruais (22% com amenorréia e 28% com irregularidade), principalmente se existirem alterações pulmonares graves, sendo que a incidência de infertilidade ronda os 20% (DAMAS; AMORIM; GOMES, 2008). As manifestações respiratórias dominam o quadro clinico na maioria dos casos e condicionam o prognóstico vital. Elas aparecem frequentemente na infância, em mais de 80% dos casos durante o primeiro ano de vida (HUBERT, 2005). Desde a primeira descrição de fibrose cística, mais de 50 anos atrás, é conhecido que esses pacientes eventualmente sucumbem à doença pulmonar severa associada à infecção crônica. Em portadores de FC existe extensa e progressiva bronquiectasia associada com o acumulo de grande quantidade de secreção purulenta (RUBIN, 2007). A possível debilidade do transporte mucociliar, a produção de copiosas secreções mucosas, a obstrução das vias aéreas periféricas com muco, infecções recorrentes e eventual destruição da parede brônquica contribuem para a doença pulmonar obstrutiva. Com a progressão do envolvimento pulmonar, a tosse habitual, a distribuição anormal da ventilação, a diminuição da função pulmonar e a perda de peso comprometem a tolerância ao exercício. A instabilidade das vias aéreas também parece ser um fator contribuinte (IRWIN; TECKLIN, 2003). 31 Fig. 6: Pulmão Normal e Pulmão com FC (brônquios obstruidos pelo muco) Fonte: www.coursejournal_medicina.blogs.sapo.pt A doença pulmonar evolui em praticamente 100% dos fibrocísticos para cor pulmonale na fase avançada. Em razão disso, os pacientes apresentam tórax enfisematoso, broncorréia purulenta, freqüência respiratória aumentada, dificuldade expiratória, cianose periungueal, baqueteamento digital aumentado e queixa de falta de ar (SILVA; PFEIFER, 2007). Os mecanismos que levam ao desenvolvimento de hipertensão pulmonar (HP) na FC incluem a hipoventilação e a hipoxemia crônica. A hipoxemia crônica é decorrente de intensa alteração na relação ventilação-perfusão, por obstrução crônica da via aérea, inflamação e infecção, levando à vasoconstrição pulmonar. A hipoventilação alveolar com hipercarbia e acidose respiratória poderão causar picos intermitentes na pressão da artéria pulmonar, levando ao remodelamento arterial pulmonar. Cerca de 70% dos pacientes com FC desenvolverão hipertensão pulmonar (HP) e hipertrofia do ventrículo direito (cor pulmonale), em diferentes graus de intensidade, em um período de anos. Aproximadamente 50% dos pacientes com FC apresentarão insuficiência cardíaca direita em sua fase final de doença (GÓES; BRESOLIN; FERNANDES, 2008). A evidência de hipertensão pulmonar em pacientes com fibrose cística é indicador de pior prognóstico. A avaliação da função cardíaca direita tem sido utilizada na avaliação prognóstica dos pacientes com fibrose cística que apresentam doença pulmonar avançada. Um estudo prévio mostrou que a infecção por Burkholderia cepacia na fibrose cística se associou de forma significativamente mais freqüente com hipertensão pulmonar, contribuindo para a maior mortalidade nesse grupo de pacientes (ROVEDDER et al, 2008). 32 A desnutrição está associada a uma progressão mais rápida da doença pulmonar por várias razões entre as quais o comprometimento da musculatura da caixa torácica, a diminuição da elasticidade pulmonar e o prejuízo no sistema imunológico (CASTRO; MARTINS, 2005). Muitos autores relatam a existência de aumento do gasto energético de repouso nos pacientes com FC, embora isso não obrigatoriamente aconteça naqueles que estão estáveis e com doença pulmonar moderada. Dentre os principais fatores responsáveis pelo maior gasto de energia estão a má absorção secundária à insuficiência pancreática, com conseqüente esteatorréia; processo inflamatório crônico; enorme perda protéica nas secreções pulmonares; esteatorréia não controlada pela reposição de enzimas; uso de medicações como salbutamol, que leva a um aumento do GE em até 10%, principalmente por ser utilizado em situações onde a exacerbação do processo inflamatório está presente; anorexia própria do paciente que está doente, com conseqüente menor ingestão de energia e proteínas (CARDOSO et al, 2007). 2.6- DIAGNÓSTICO: O primeiro passo para o diagnóstico da mucoviscidose é, naturalmente, a suspeita clínica. Levantada esta, para confirmar-se o diagnóstico lança-se mão do critério de Di Sant’Agnese, que consta de quatro itens: eletrólitos anormalmente elevados no suor; insuficiência pancreática; comprometimento pulmonar e história família. Com dois desses itens já se pode afirmar a doença (TARANTINO, 1997). O exame mais confiável e praticado para detectar a doença é a dosagem dos eletrólitos no suor. Este é colhido através da iontoforese, calculando-se em seguida os níveis de cloro e sódio. Os níveis de sódio acima de 60mmol/litro indicam doença fibrose cística (SHEPHERD, 1996). O teste do suor através da iontoforese quantitativa pela pilocarpina é o padrão-áureo para a confirmação do diagnóstico de FC. Os métodos de coleta são o procedimento de Gibson-Cooke e o sistema de coleta de suor Macroduct (Wescor, Logan, UT, USA). Em ambos, o suor é estimulado pela iontoforese pela pilocarpina e coletado em papel filtro ou gaze (Gibson-Cooke) ou em tubo microbore (Wescor). A amostra é, então, analisada para concentração de cloreto e sódio (DALCIN; SILVA, 2008). 33 Inicia-se o procedimento com a limpeza da pele do antebraço com água destilada e secagem com gaze. A seguir, fixam-se eletrodos de cobre à pele, sobre gaze embebida em solução de nitrato de pilocarpina (eletrodo positivo) e nitrato de sódio a 1% ou ácido sulfúrico 0,004 N (eletrodo negativo). Aplica-se uma corrente de 2mA durante cinco minutos, após a qual a pele é novamente limpa com água destilada e seca com gaze, para colocação de um papel filtro de cerca de 4cm de diâmetro, coberto com plástico e atadura de crepe. Aguardamse 30 minutos e o papel é retirado com pinça e pesado em balança química, para averiguação da massa do suor, sendo depois colocado em um vidro e vedado com plástico para ser encaminhado para análise laboratorial do sódio e cloro (RODRIGUES; ADDE; SILVA FILHO, 2008). Segundo Rodrigues, Adde e Silva Filho (2008), na interpretação do teste do suor devese considerar que algumas mutações mais raras do gene FC podem estar relacionadas a valores limítrofes ou negativos do teste do suor, como, por exemplo, nas mutações 3849 + 10 kb C > T, R117H, G551S, A455E, D1152H, IVS8 (5T), L206W e 2789 + 5 G > A. Fig. 7: Realização do Teste do Suor Fonte: www.cysticfibrosis.about.com Outro método para se fazer o diagnóstico, segundo Hull (2003), é a cultura de secreção da tosse (sputum/cough swab culture), que consta no isolamento de bactérias, comumente achadas no pulmão com fibrose cística Staphylococcus aureus, Haemophylus influenzae, e principalmente, Pseudomonas aeruginosa podem ser dicas importantes para o diagnóstico. A forma mucóide da bactéria Pseudomonas aeruginosa é raramente encontrada em indivíduos exceto os portadores de fibrose cística. 34 As anormalidades do transporte iônico no epitélio respiratório na FC estão associadas com um padrão alterado na Diferença de Potencial Nasal. Especificamente, três características distinguem a FC: uma DPN basal mais elevada; uma maior inibição da DPN, após a perfusão nasal com amilorida; pouca ou nenhuma alteração na DPN, após a perfusão do epitélio nasal com uma solução livre de Cl– em conjunção com isoproterenol. Uma DPN aumentada, em associação com quadro clínico ou história familiar positiva, fundamenta o diagnóstico de FC. Entretanto, a ausência de aumento na DPN não exclui o diagnóstico de FC, pois um resultado falso-negativo pode ocorrer na presença do epitélio inflamado. Entretanto, essa técnica só está disponível em centros altamente especializados e requer uma padronização rigorosa (DALCIN; ABREU E SILVA, 2008). Segundo Davies (2006), pode-se fazer também o teste da tripsina imunorreativa nas primeiras semanas de vida. A enzima, produzida pelo pâncreas, é incapaz de ser secretada no intestino devido obstrução dos dutos pancreáticos e ao invés disso, se lança na corrente sanguínea. Ela é 2 a 5 vezes maior em neonatos com fibrose cística e usada em programas de triagem neonatal. Atualmente, a dosagem da tripsina imunorreativa está incluída no Teste de Triagem Neonatal (Teste do Pezinho) (CASTRO; MARTINS, 2005). O teste de elastase fecal é uma medida sensível da função pancreática. Ela é anormalmente baixa em 99% das crianças com insuficiência pancreática devido FC. É também anormal em 30% dos pacientes portadores de FC com função pancreática normal e pode, portanto, ser útil no diagnóstico de crianças com forma mais branda da doença (HULL, 2003). O teste genético do DNA para estudo da presença de mutações de FC só é accessível a alguns Centros mais adiantados e se reserva a casos especiais com sintomatologia atípica ou eletrólitos no suor “bordeline” (40 a 60mmOl/l) ou normal (< 40mmOl/l) (CASTRO; MARTINS, 2005). A pesquisa das mutações do gene da FC constitui um elemento de prognóstico e de diagnóstico, em conjunto com o teste do suor. Para o diagnóstico de certeza da FC, é preciso a identificação de mutações nos 2 alelos do gene CFTR, já que a doença é autossômica recessiva. A pesquisa de mutações não deve ser solicitada como alternativa ao teste do suor, que continua sendo o teste diagnóstico primordial em aproximadamente 98% das situações (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). Com relação ao diagnóstico radiológico, nota-se que as imagens variam conforme a idade, a progressão e a gravidade da doença. As radiografias de tórax iniciais podem ser normais, o que não exclui o diagnóstico da FC. Apresentam-se como manifestações iniciais 35 áreas irregulares de hiperinsuflação e espessamento brônquico, e posteriormente manifestações avançadas como bronquiectasias, bolhas, lesões císticas e/ou fibróticas e até abscessos (SECCO, 2004). Fig. 8: Raio X de Portador de FC Fonte: www.farmacia.com.pt A tomografia computadorizada tem sido considerada o padrão de ouro para diagnosticar a bronquiectasia há pelo menos uma década. Sabendo-se que a bronquiectasia é uma das características chave da doença pulmonar na fibrose cística, parece lógico utilizar a tomografia computadorizada para monitorar a doença pulmonar na fibrose cística (TIDDENS; JONG, 2006). Fig. 9: Tomografia Computadorizada de portador de FC Fonte: www.scielo.br 36 Os testes de função pulmonar mostram, inicialmente, sinais de obstrução, porém, com o avanço da doença, um padrão restritivo pode ser sobreposto ao defeito obstrutivo e uma difusão da anormalidade também se torna aparente (PRYOR; WEBBER, 2002). A obstrução de vias aéreas periféricas e o aprisionamento de ar são fenômenos precoces, evidenciados por redução de fluxos (FEF25-75%) ou por medida do volume residual pela pletismografia. Com a progressão da obstrução de vias aéreas, há redução concomitante do VEF1 e, evolutivamente, da CVF. A redução anual do VEF1 é estimada em cerca de 1 a 2% (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). 2.7- TRATAMENTO: Em portadores de fibrose cística, a remoção eficiente de muco das vias aéreas é crucial para aumentar a expectativa de vida e diminuir a morbidade (DARBEE, 2004). Para ajudar na limpeza das vias aéreas, broncodilatadores em aerossol e mucolíticos são frequentemente utilizados para dilatar as passagens respiratórias e facilitar a expectoração de secreções. A fisioterapia respiratória convencional com auxílio de drenagem por gravidade tem sido por muito tempo o método preferido e mais utilizado para limpeza de vias aéreas em pacientes portadores de fibrose cística (MARKS, 2007). É importante lembrarmos, ao tratarmos lactentes e crianças pequenas que apresentam doenças do aparelho respiratório, que o número de alvéolos aumenta até à idade de 12 anos e que o crescimento normal e a remodelagem do aparelho respiratório prosseguem inclusive durante a vida adulta. A presença de doença ou a retenção das secreções são fatores capazes de levar a um desenvolvimento anormal, posto que, durante o período de crescimento e multiplicação dos alvéolos, qualquer processo de caráter destrutivo deve resultar em restrição do potencial para o desenvolvimento do número adulto de alvéolos pulmonares (SHEPHERD, 1996). A maioria dos pacientes com FC demonstram hiperreatividade brônquica pelo menos em algum tempo. Broncodilatadores tornaram-se, então, um componente padrão do regime terapêutico. Agonistas beta adrenérgicos nebulizados são os agentes mais comumente prescritos. Eles são geralmente utilizados para promover alivio sintomático e para facilitar a higiene das vias aéreas. A utilização de DNase humana recombinante (também conhecida 37 como α-dornase ou Pulmozyme) diminui a viscosidade da secreção da FC, catalizando o DNA extracelular em fragmentos menores (YANKASKAS et al, 2004). Segundo Hubert (2005), o transplante pulmonar pode ser proposto em último caso, quando o quadro respiratório é grave e evolutivo, não permitindo mais um funcionamento correto. Os critérios selecionados por diferentes equipes para inscrição de pacientes portadores de mucoviscidose em lista de espera de transplante pulmonar são: deterioração funcional respiratória evoluída, hipoxemia e hipecapnia severas, necessitando constantemente de suporte respiratório, aumento da freqüência e severidade das exacerbações infecciosas, antecedentes recentes de complicações pulmonares colocando em risco o prognóstico vital, alteração progressiva do estado geral e perda de peso que não melhoram com antibióticos ao longo da antibioticoterapia e alteração da qualidade de vida aliada à severidade da doença. Em virtude da natureza supurativa da FC, existe a necessidade de pneumonectomia bilateral para evitar infecção no pulmão enxertado. A técnica mais utilizada é o transplante pulmonar duplo, através de procedimento cirúrgico seqüencial bilateral, com doador cadavérico. O transplante lobar de doador vivo é uma alternativa, em especial, para os pacientes que não podem aguardar na lista por um doador cadavérico e requer pequena estatura do receptor e proporcionalidade de volume com os órgãos a serem enxertados (DALCIN; SILVA, 2008). Segundo Rodrigues, Adde e Silva Filho (2008), no tratamento das deficiências nutricionais, a dieta desses pacientes deve ser hipercalórica, hiperprotéica, normo ou hipergordurosa, para possibilitar uma ingestão energética que atinja 120 a 150% das necessidades diárias recomendadas (RDA), para suprir as necessidades aumentadas. Alguns pacientes precisam receber rotineiramente suplementos orais hipercalóricos e, em casos selecionados, com acometimento nutricional mais importante, pode haver indicação de gastrostomia, para a infusão de dieta hipercalórica no período noturno, em longo prazo, com o objetivo de se fazer uma reabilitação nutricional. Segundo Rozov (1999), deve ser feita a suplementação vitamínica e de micronutrientes. As vitaminas A e D devem ser administradas em doses diárias correspondentes ao dobro das necessidades usuais, o suplemento de vitamina K é recomendado na dose de 2,5 – 5mg, duas vezes por semana, no primeiro ano de vida, não sendo usado de rotina. Preparados de complexo B podem ser necessários em pacientes com quielite e nos submetidos à antibioticoterapia. Dentre os minerais mais utilizados estão o sódio, devido a desidratação aguda hiponatrêmica nas épocas de calor e depleção salina. Também são utilizados o cálcio, fósforo e magnésio. 38 A terapia de suplementação de enzimas pancreáticas é iniciada logo que a IP é diagnosticada. As enzimas são tomadas com todos os tipos de comida e derivados do leite incluindo leite materno. Os triglicerídeos de cadeia média necessitam de menor atividade de lípase do que gorduras de cadeia longa para uma absorção eficiente, embora a lípase ainda seja necessária. As enzimas têm melhor resultado quando tomada antes de cada lanche ou refeição (BOROWITZ; BAKER; STALLINGS, 2002). São administradas na forma de microesferas encapsuladas, recobertas por polímeros ácido-resistentes. A associação com inibidores da produção ácida gástrica melhora a ação das enzimas nos pacientes que necessitam de altas dosagens, para o controle da esteatorréia (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). No tratamento da doença hepática, o uso do ácido ursodesoxicólico, em altas doses (20 mg/kg/dia), parece exercer um efeito hepatoprotetor por ser um ácido biliar hidrofílico, repondo e aumentando o transporte dos ácidos biliares hidrofóbicos e tóxicos endógenos que se acumulam no fígado colestático, estimulando o fluxo biliar e inibindo a absorção intestinal dos ácidos biliares tóxicos. Também apresenta efeitos citoprotetor e imunomodulador no fígado (RODRIGUES; ADDE; SILVA FILHO, 2008). A terapia gênica se define pela modificação deliberada do material genético de certas células do organismo com finalidades terapêuticas. Ela poderia constituir o único tratamento curativo a longo prazo por corrigir as manifestações respiratórias da fibrose cística, transferindo por meio de um aerossol, um gene CFTR normal, acoplado a um vetor, nas células-alvo, isto é, todas aquelas que constituem o epitélio brônquico, para corrigir a secreção deficiente em cloro (POSTIAUX, 2004). Dois tipos de vetores têm se mostrado melhores para esse tipo de transferência: vírus recombinantes (adenovírus) e lipossomas (vesículas lipídicas artificiais que podem carregar DNA e fundir-se com as membranas celulares) (TARANTINO, 1997). Existem diversos obstáculos, como: a compreensão da regulação e expressão do gene, bem como o desenvolvimento de vetores e de métodos que introduzam a cópia de gene normal nas células doentes, tudo isso para que se alcance um resultado satisfatório com este tipo de tratamento. Têm sido pesquisados vírus respiratórios que poderiam conter o código genético correto da proteína para regulação da condutância iônica, atuando como vetores para a transmissão da informação às células do epitélio respiratório (KUHNL; FAUCZ, 2005). 39 Fig. 10: Terapia Gênica Fonte: www.bcscience.com Fisioterapia torácica é um termo ambíguo que se refere a uma variedade de modalidades fisioterapêuticas usadas no tratamento de pacientes com doenças cárdiorespiratórias. Isso inclui técnicas de limpeza das vias aéreas, exercícios, exercícios de mobilização torácica, posicionamento, exercícios respiratórios e inaloterapia. De forma errada, o termo fisioterapia torácica tem sido usado como sinônimo dos termos drenagem postural e percussão, sendo esta última o método tradicional de limpeza das vias aéreas usado para tratar pacientes com fibrose cística até os anos 90 (McILWAINE, 2007). A importância da fisioterapia respiratória no tratamento da fibrose cística foi reconhecida na década de 50, e é considerada desde então, como parte fundamental no tratamento diário desta enfermidade. Após o diagnóstico, um programa de fisioterapia respiratória já deve ser instituído, o qual permanecerá por toda a vida, inclusive naqueles pacientes clinicamente assintomáticos, já que existem evidências de que a obstrução e inflamação das pequenas vias aéreas existem mesmo antes do inicio dos sintomas (SECCO, 2004). 40 Fig. 11: Drenagem Postural Fonte: www.fisiorespirar.blogspot.com Existem cinco tipos gerais de terapia de higiene brônquica, os quais podem ser utilizados isoladamente ou em combinação. Essas abordagens incluem a terapia de drenagem postural (incluindo a rotação, a percussão e a vibração), a tosse e as técnicas relacionadas de expulsão, os acessórios de pressão positiva das vias aéreas (PEP, CPAP, EPAP), os métodos de compressão/oscilação de alta freqüência e a mobilização e exercícios (SCANLAN, 2000). Fig. 12: Incentivadores Respiratórios Fonte: www.gosites.com.br Em combinação com uma tosse eficaz, as técnicas fisioterapêuticas de limpeza das vias aéreas usadas no tratamento de fibrose cística pediátrica podem consistir em diferentes modalidades, incluindo: uso da gravidade para ajudar no transporte do muco – drenagem 41 postural; aplicação de forças externas contra o tórax – percussão, vibração, compressões de alta freqüência no tórax; técnicas de respiração – técnica do ciclo ativo da respiração e drenagem autogênica; aparelhos que introduzem pressão positiva ou oscilações nas vias aéreas – máscaras de PEEP, flutter, accapela; atividade física e prescrição de programas de exercícios sistêmicos (ROGERS, 2005). 2.8- COMPLICAÇÕES: A aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma complicação felizmente pouco freqüente em FC, e sua confirmação diagnóstica nesse grupo de pacientes permanece um desafio. Apesar dos esforços para estabelecer critérios adaptados a esse grupo de pacientes, ainda existem falhas diagnósticas. É uma doença pulmonar de hipersensibilidade mediada por uma resposta inflamatória alérgica de fase tardia a certos antígenos do Aspergillus fumigatus. A presença de atopia, hipersecreção brônquica e certa dificuldade em remover microorganismos da árvore respiratória podem ser apontadas como fatores facilitadores da colonização e eventual sensibilização ao A. fumigatus em pacientes com FC (ALMEIDA; BUSSAMRA, RODRIGUES, 2006). Segundo Almeida, Bussamra e Rodrigues (2006), nestes pacientes, há colonização brônquica pelo A. fumigatus em 12 a 57% dos pacientes, e a sensibilização ao fungo pode estar presente em 30 a 51% dos casos. A prevalência de ABPA é muito variável, de 1 a 15%, e aumenta com o decorrer da idade do paciente. A ABPA é um fator complicador da FC que pode determinar uma combinação devastadora na evolução da doença pulmonar e o diagnóstico precoce torna-se fundamental para prevenção do agravo pulmonar e da deterioração funcional. A síndrome da obstrução intestinal distal (DIOS) é o equivalente ao íleo meconial no paciente de maior faixa etária, sendo mais prevalente nos adolescentes e adultos. Há impactação de resíduo fecal no íleo terminal, ceco e colón ascendente. Não há consenso em relação à sua prevalência, com estudos demonstrando ocorrência de 3,5 a 24% nos pacientes com FC. É mais comum no sexo masculino e sua prevalência aumenta com a idade. São considerados fatores precipitantes a desidratação, uso de medicamentos que inibam a motilidade intestinal e uso inadequado da terapia de reposição enzimática (SCHOELLER et al, 2008). 42 As complicações decorrentes de uso de enzimas em altas doses como constipação intestinal, elevação de níveis séricos, de ácido úrico e aumento de excreção renal de uratos devem ser monitorizadas. Outra complicação relatada é a estenose do colo ascendente com dilatação do ceco, relacionada ao uso de preparados de enzimas de alta potência, nos últimos dois anos, precedendo o desenvolvimento da estenose (ROZOV, 1999). 2.9- AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA: Segundo Pryor e Webber (2002), o objetivo da avaliação é definir os problemas do paciente corretamente. Tem como base tanto uma avaliação subjetiva quanto uma avaliação objetiva do paciente. Sem uma avaliação correta, é impossível desenvolver um plano apropriado de tratamento. O examinador obtém informações dos sintomas apresentados pelo paciente e em algumas oportunidades, com a precisa coleta de dados e a ajuda do exame físico, pode estabelecer o diagnóstico da doença sem a necessidade de exames complementares (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). A avaliação respiratória segue a linha de uma anamnese, ou seja, ela deve seguir os passos de uma avaliação clínica que consta na identificação do paciente, queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa, história social, história familiar, exame físico e, se for necessário, exames complementares. Ela deve ser feita de forma criteriosa, pois os achados são muito semelhantes podendo confundir o fisiodiagnóstico e o diagnóstico (PRESTO; PRESTO, 2007). Segundo Scanlan (2000), inicia-se revendo o prontuário do paciente lendo sobre os problemas médicos atuais do mesmo. Essa informação é encontrada sob os títulos queixa principal (QP) e história da doença atual (HDA). Essa seção da anamnese representa um relato detalhado das principais queixas do paciente. O passo seguinte é revisar os antecedentes mórbidos pessoais do paciente (AMP), onde são descritas todas as principais doenças, lesões, cirurgias, hospitalizações, alergias do passado e os hábitos relacionados à saúde. Essas informações fornecem uma compreensão básica das experiências prévias do paciente com doenças e tratamentos (SCANLAN, 2000). Em seguida, revisa-se a história familiar e social / ambiental. Essa parte da anamnese investiga possíveis ligações genéticas ou ocupacionais com a doença e com a situação da vida 43 atual do paciente. Uma historia ocupacional detalhada é particularmente importante na avaliação de distúrbios pulmonares que podem ser resultantes da inalação de poeira no local de trabalho, seja ela orgânica (isto é, contendo proteínas) ou inorgânica (por exemplo, asbesto e sílica) (SCANLAN, 2000). A propedêutica física pulmonar permite avaliar o paciente de modo eficiente e econômico. Apesar de, em várias situações, o radiograma de tórax ter maior sensibilidade diagnóstica que a ausculta, em moléstias como a asma, DPOC e doença vascular pulmonar, o radiograma pode ser normal, tendo suas anormalidades eventualmente detectadas por meio do exame físico (NERY; FERNANDES; PERFEITO, 2006). Segundo Costa (2002), a ausculta pulmonar é um recurso semiológico destinado a detectar os sons normais e patológicos produzidos nos pulmões e nas vias aéreas. Na ausculta pulmonar o paciente deve estar preferencialmente com o tórax desnudo, a fim de evitar a captação de sons produzidos pelas vestes. Deve-se sempre auscultar o paciente no maior número de pontos possível, de forma simétrica e alternadamente, ou seja, superiormente, inferiormente, anteriormente, posteriormente e nas regiões subaxilares, comparando sempre uma região com a oposta. Segundo Nery, Fernandes e Perfeito (2006), o rendimento da ausculta é maior quando ela é efetuada por um estetoscópio, cuja função não é amplificação, mas sim a filtração de ruídos estranhos. O paciente deve ser orientado a respirar pela boca, para evitar contaminação com sons produzidos pelas fossas nasais, com inspirações profundas, tomando-se o cuidado de se evitar hiperventilação. Da mesma forma, o paciente deve ser instruído para não produzir ruídos como suspiros ou gemidos. A ausculta do aparelho respiratório evidencia dois sons distintos de acordo com a região examinada. Sobre a laringe e a traquéia temos um ruído de grande intensidade formado por vibrações de alta freqüência, com predominância da fase expiratória, denominado ruído laringotraqueal. Na superfície do tórax, temos um ruído mais suave, onde predomina a fase inspiratória, conhecido por murmúrio vesicular (EMMERICH, 2001). Segundo Azeredo (2000), murmúrio vesicular é o nome dado ao ruído pulmonar normal. Ele é produzido pela passagem do ar inspirado dos bronquíolos terminais para os alvéolos, e vice-versa, na expiração. Geralmente, o murmúrio vesicular é mais bem auscultado no ápice do que nas bases dos pulmões e em tórax, cuja parede é mais delgada (COSTA, 2002). 44 O aumento ou a diminuição da intensidade do murmúrio vesicular estão intimamente relacionados à livre circulação do ar nas vias aéreas e à expansibilidade do parênquima pulmonar, repercutindo alterações funcionais restritivas e obstrutivas (EMMERICH, 2001). Segundo Silva, Rubin e Silva (2000), a oximetria não invasiva (oximetria de pulso) permite a estimativa as SaO2 através da análise da absorção da luz pela hemoglobina durante sua passagem pelo leito capilar. É uma boa alternativa principalmente para a avaliação dos resultados terapêuticos. A técnica acessível, bem como o resultado obtido de maneira rápida, estimulam sua utilização quase como parte obrigatória do exame físico, trazendo informações importantes quanto ao estágio da doença e resposta às medidas terapêuticas empregadas. Fig. 13: Oximetria de Pulso Fonte: www.nonin.com.br Segundo Presto e Presto (2007), a saturação periférica de oxigênio consiste na avaliação da combinação do O2 com a hemoglobina que é verificada por meio de um aparelho chamado oxímetro de pulso. Em termos de segurança, deve-se considerar a variação de aproximadamente 4%, avaliando-se a curva, durante a medição da oximetria. A espirometria (do latim spirare = respirar + metrum = medida) é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. Pode ser realizada durante respiração lenta ou durante manobras expiratórias forçadas. A espirometria é um teste que auxilia na prevenção e permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios (PEREIRA, 2002). 45 Fig. 14: Espirometria Fonte: www.sppt.org.br Ela é, sem dúvida, o exame funcional pulmonar de maior importância, dada a sua extensa aplicabilidade clínica. Todos os volumes e capacidades contidos na capacidade vital são passíveis de mensuração por meio da espirometria. Esta consiste na realização de manobras inspiratórias e expiratórias que reproduzem a respiração corrente, seguidas de manobra de capacidade vital. O objetivo da mensuração de volumes e fluxos é a obtenção de informações sobre aspectos da mecânica respiratória, que pode ser modificada em relação ao normal na vigência de várias doenças (CARVALHO, 2005). Utilizando um registro gráfico, podemos obter tanto a curva de capacidade vital (CV), realizada com velocidade lenta do espirógrafo, quanto a curva de capacidade vital forçada, em que a pessoa, após inspirar lentamente até a capacidade pulmonar total, faz pequena pausa e, sob comando, expira de forma mais rápida e intensa possível, até o volume residual. Obtémse, assim, uma curva volume-tempo (V/T), de onde se calculam volumes e fluxos instantâneos (DIAS et al, 2000). As crianças maiores de 6 anos de idade costumam ter capacidade de compreensão suficiente para o exame, desde que sejam estimuladas e orientadas pelo examinador (RODRIGUES; ADDE; SILVA FILHO, 2008). A medida da função pulmonar deve ser realizada na confirmação ou elucidação de hipóteses diagnósticas, no acompanhamento de doenças pulmonares, na determinação do envolvimento pulmonar em determinadas doenças, na monitorização da resposta à terapêutica, na avaliação pré-operatória e em estudos epidemiológicos (RODRIGUES; ADDE; SILVA FILHO, 2008). A determinação da força muscular pode ser realizada por meio da manovacuometria, onde serão avaliadas a Pressão Inspiratória Máxima (PImax) e a pressão expiratória máxima (PEmax). Os pacientes ventilando em ar ambiente poderão realizar a técnica por meio de um bocal, preferencialmente de borracha, enquanto os pacientes ventilando com o tubo 46 orotraqueal (TOT) ou traqueostomia (TQT) realizarão o procedimento adaptando o manovacuômetro ao TOT ou TQT. Os valores obtidos por meio da manovacuometria variam em função do sexo e da idade (PRESTO; PRESTO, 2007). Fig. 15: Manovacuômetro Fonte: www.unimep.br A medida da pressão inspiratória é geralmente feita no nível do volume residual, ou seja, com a expiração máxima, que passa, que passa a ser indicada pela sigla PImáxVR. Por outro lado, a medida da pressão expiratória máxima é feita a partir da capacidade pulmonar total, com o pulmão totalmente cheio, em inspiração máxima, sendo designada PEmáxCPT. Como pode-se observar, estas aferições são feitas em limites de encurtamento e estiramento muscular voluntário, de modo a maximizar a força muscular. Naturalmente, estas aferições podem ser feitas em outros volumes pulmonares, como no nível da capacidade residual funcional (CRF), ponto de equilíbrio e repouso toracopulmonar, respectivamente, PImáxCRF ou PEmáxCRF (DIAS et al, 2000). Outra forma de se avaliar a função pulmonar é através da medida do pico de fluxo expiratório máximo (PEF), um método simples, não invasivo, econômico e rápido que serve para avaliar a força e a velocidade de saída do ar de dentro dos pulmões em L/min. Além disso, ele detecta o estreitamento das vias aéreas, determina tratamentos e desenvolve medidas ou ações para tal. Em resumo, ele tem a função de alertar sobre a diminuição da função respiratória, o que possibilita ao paciente uma melhor verificação do estado em que se encontra a sua doença (BOAVENTURA et al, 2007). Segundo Dias et al (2000), o mais importante, é que a medida do pico de fluxo expiratório (PFE) apresenta alta correlação com o VEF1, índice espirométrico mais reprodutível e de maior aplicabilidade clínica. O PFE está diretamente relacionado com a força muscular, volume pulmonar e área transversa das vias aéreas. 47 Fig. 16: Peak Flow Fonte: www.micromedical.ie A cirtometria, ou perimetria toracoabdominal, consiste em um conjunto de medidas das circunferências de tórax e abdômen durante os movimentos respiratórios. Sua finalidade é avaliar a expansibilidade torácica de forma simples e acessível e, para tal, apenas uma fita métrica é necessária. Mais recentemente, atribui-se grande aplicabilidade à cirtometria, a qual vem sendo referenciada como parâmetro de mensuração da 'expansibilidade pulmonar', além de ser utilizada com o objetivo de avaliar outros parâmetros como 'amplitude torácica', 'volumes e capacidades pulmonares', 'complacência pulmonar', 'mecânica toracoabdominal', 'função diafragmática', 'trabalho muscular' e 'dispnéia' (CALDEIRA, 2007). 3. METODOLOGIA: Este estudo, do tipo observacional transversal, foi realizado com base nos dados coletados por meio de questionários aplicados aos pacientes. Foi utilizada a técnica de amostragem aleatória simples, onde foram selecionados 26 pacientes de um universo de 84 portadores de fibrose cística. O estudo foi desenvolvido no Ambulatório de Fibrose Cística do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), localizado na Rua dos Mundurucus nº 4487, às terças e quintas-feiras, no turno matutino, no período compreendido de Maio a Outubro de 2008. Foram realizadas avaliações respiratórias de 26 indivíduos portadores de fibrose cística, com idade entre 6 e 46 anos, de ambos os sexos, sendo 11 indivíduos do sexo 48 feminino e 15 indivíduos do sexo masculino. Faziam parte da amostra utilizada pacientes portadores de fibrose cística atendidos no Ambulatório de Fibrose Cística do Hospital Universitário João de Barros Barreto e que realizavam acompanhamento com o médico do programa de fibrose cística uma vez a cada 3 meses, às terças e quintas-feiras pelo turno matutino. Todos os procedimentos para realização dos testes de função pulmonar propostos na avaliação foram realizados pela mesma pesquisadora, evitando, dessa forma, que ocorressem diferenças nas mensurações. O levantamento de dados foi realizado através de prontuários recolhidos no Departamento de Arquivo Médico (DAME) deste hospital e de uma ficha de avaliação fisioterapêutica respiratória previamente elaborada pelas pesquisadoras (anexo 5) realizada no ambulatório de Fibrose Cística deste hospital. O embasamento teórico foi realizado através de artigos publicados, acervos bibliográficos em revistas eletrônicas (Scielo, Bireme, etc.), através de artigos científicos disponíveis em meio eletrônico pelo portal PERIÓDICOS CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp), em livros nas bibliotecas da Universidade da Amazônia (UNAMA), do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) e da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Os dados obtidos através das fichas de avaliação dos pacientes foram armazenados em um banco de dados cuja ferramenta para construção foi o software Microsoft Office Access e em uma planilha de dados cuja ferramenta para construção foi o software Microsoft Office Excel, onde não foram identificados os pacientes. Todos os participantes desta pesquisa foram submetidos a um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido elaborado pelas pesquisadoras. A pesquisa teve início após a aprovação do orientador da pesquisa, dos pacientes, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, do Comitê de Ética e Pesquisa, Qualificação e do local onde serão realizadas as avaliações, Hospital Universitário João de Barros Barreto. Foram incluídos os pacientes com diagnóstico confirmado de Fibrose Cística, pacientes que possuíam prova de função pulmonar (espirometria) e pacientes com capacidade para realizar os testes de função pulmonar propostos. Foram excluídos desta pesquisa pacientes que não concordaram com o Termo de Consentimento livre e Esclarecido, pacientes com menos de 6 (seis) anos de idade, pacientes que não possuíam prova de função pulmonar (espirometria) e pacientes que não conseguiram realizar os testes de função pulmonar propostos. 49 As avaliações tiveram duração média de 30 minutos e foram realizadas da seguinte forma: Cada paciente foi avaliado uma vez apenas, onde foi verificada a freqüência respiratória do individuo, freqüência cardíaca, saturação de oxigênio no sangue e pressão arterial. Foram realizadas 3 mensurações de pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória máxima (PEmáx) e uma mensuração de pico de fluxo expiratório (Peak-Flow). A mensuração da pressão arterial (PA) foi realizada com o esfingmomanômetro da marca Premium® e com o estetoscópio da marca Premium® composto por duas olivas, por dois tubos de conexão e um diafragma. Para verificar a freqüência cardíaca (FC) e a saturação periférica de oxigênio (SpO2) foi utilizado o oxímetro de pulso portátil da marca Moriya®, modelo 1000. A manovacuometria foi realizada com o manovacuômetro da marca Gerar®, com graduação entre -300 a 300cmH2O e foi utilizado para verificar a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a pressão expiratória máxima (PEmáx) de cada paciente. Para a verificação do pico de fluxo expiratório (peak-flow) será utilizado o peak flow da marca Vitalograph®, modelo Asmaplan com graduação de 50 a 800 L/min. Para mensurar a amplitude torácica, através da cirtometria, foi utilizada uma fita métrica, escalonada em centímetros, da marca Correntes. A espirometria foi analisada através de dados colhidos do prontuário médico, recolhidos no Departamento de Arquivo Médico (DAME) deste hospital. Os materiais utilizados no procedimento avaliativo foram higienizados no ambulatório deste hospital, seguindo a rotina do próprio ambulatório. Os testes para esta pesquisa foram realizados da seguinte maneira: Para realizar a verificação da Freqüência Respiratória (FR) o paciente: o Sentava-se em posição de 90º; o Respirava normalmente durante 1 minuto; o Foram observados os ciclos respiratórios do paciente. Para aferir a Pressão Arterial foi realizado o seguinte procedimento: o O paciente permanecia sentado a 90º e permanecer por 15 minutos; o Mantinha o braço estendido e relaxado com a palma da mão para cima; o O local do braço onde o aparelho foi colocado estava sem vestuário; o O aparelho era colocado acima da dobra interna do cotovelo; o As olivas do estetoscópio eram posicionadas nos ouvidos e a campânula era apoiada na dobra interna do cotovelo; 50 o O manguito era inflado até 20mmHg acima da PA sistólica, estimada pelo desaparecimento do pulso radial; o Então, desinsuflávamos na velocidade de mais ou menos 3mmHg/seg, para auscultarmos os sons de Korotkoff, com auxílio da campânula do estetoscópio. Para verificar a freqüência cardíaca, bem como a saturação periférica de oxigênio, o individuo colocava o dedo indicador no sensor do oxímetro de pulso e este registrava os valores. Para mensurar as pressões inspiratória e expiratória máximas o paciente: o Sentava-se com a coluna ereta; o O bocal do aparelho era adaptado à boca do paciente, com o nariz ocluído através de um clipe nasal; o Ele expirarava, soltando o máximo de ar possível, procurando esvaziar ao máximo seus pulmões, e então a partir do volume residual (VR), era mensurada a Pressão Inspiratória Máxima; o Este teste era repetido três vezes, com intervalo de medida de uma pressão a outra de 1 minuto e sendo considerado o valor mais alto; o O bocal do aparelho era novamente adaptado a boca do paciente com o nariz ocluído por um clipe nasal; o Em seguida, o indivíduo era instruído a inspirar completamente procurando encher ao máximo seus pulmões, e então a partir da capacidade pulmonar total (CPT), era mensurada a Pressão Expiratória Máxima; o O paciente expirarava profundamente e rápido pela boca; o Este outro teste era repetido três vezes, com intervalo de medida de uma pressão a outra também de 1 minuto, sendo também considerado o valor mais alto. O pico de fluxo expiratório era verificado da seguinte forma: o O paciente sentava-se a 90º; o O nariz era ocluído com um clip nasal; o O paciente inspirava profundamente pela boca; o Em seguida o bocal do aparelho era adaptado à boca do paciente e este realizava uma expiração forte e curta. Para mensurar a amplitude torácica ao nível axilar, xifoideano e dos últimos arcos costais, o procedimento foi o seguinte: o O paciente mantinha-se em posição ortostática com os braços abertos; 51 o Colocava-se a fita métrica logo abaixo da prega axilar, em linha reta; o Pedia-se ao paciente que realizasse uma inspiração máxima; o Durante a manobra verificava-se a marcação na fita; o Em seguida, colocava-se a fita métrica logo abaixo da borda inferior do apêndice xifóide e novamente pedia-se ao paciente que realizasse uma inspiração e verificava-se a nova marcação na fita; o Por último, de forma parecida, tomava-se como ponto de referência o último arco costal. Durante as avaliações os pacientes não foram submetidos a nenhum risco, não apresentando mal estar, cansaço ou tontura. Caso isso viesse a acontecer, os procedimentos teriam sido interrompidos e o paciente teria sido encaminhado ao ambulatório médico do hospital. A identidade dos pacientes, descrita por meio da ficha de avaliação fisioterapêutica foi preservada, de modo que apenas o restante dos dados colhidos serão divulgados. Como benefícios, ao término desta pesquisa podemos conhecer melhor o perfil característico destes pacientes atendidos pelo Ambulatório de Fibrose Cística e também pelo setor de fisioterapia do HUJBB, podendo agora, melhorar o direcionamento do tratamento proposto a estes pacientes. Ao meio cientifico, podemos gerar mais conhecimentos sobre esta patologia, assim como o perfil epidemiológico dos pacientes acometidos pela mesma. Quanto ao método estatístico, para a análise estatística foram aplicados métodos descritivos e inferenciais. No método descritivo, foram determinadas as medidas de tendência central (média e mediana) e as de dispersão dos dados (Mínimo, Máximo e Desvio Padrão) e também as variáveis do estudo foram organizadas sob a forma de tabelas e gráficos. O método inferencial foi realizado aplicando os seguintes testes estatísticos: Teste t de Student (amostras pareadas) que analisa a diferença entre as médias; Teste Qui-Quadrado que compara as proporções na amostra e o Teste-G (Williams) semelhante ao teste Qui-Quadrado. Para testar as hipóteses foi previamente fixado o nível de significância alfa=0.05. Todo o processamento estatístico foi realizado sob o suporte computacional do pacote bioestatístico BioEstat versão 5. Foram assinalados por (*) os valores significantes. 52 4. RESULTADOS: 4.1. PERÍODO DE CRESCIMENTO: Tabela 1: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Período de Crescimento. Período de crescimento (n=26) % Infância 4 15.4 Adolescência 15 57.7 Adultos 7 26.9 p-valor 0.0240* Fonte: Protocolo de pesquisa. Nota: Infância: 6 a 10 anos; Adolescência: 11 a 19 anos; Adulto: 20 a 59 anos. *Teste Qui-Quadrado (Aderência) Considerando o p-valor=0.0240* (significativo) indica que há tendência dos pacientes com fibrose cística ser adolescente (57.5%), seguido dos adultos (26.9%) e em menor proporção os pacientes serem crianças com 15.4%. Gráfico 1: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Período de Crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. Nota: Infância: 6 a 10 anos; Adolescência: 11 a 19 anos; Adulto: 20 a 59 anos. 53 4.2. SEXO: Tabela 2: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Sexo. Sexo (n=26) Feminino 11 Masculino 15 p-valor 0.5563 Fonte: Protocolo de pesquisa. % 42.31 57.69 Teste Qui-Quadrado O p-valor >0.05 (não significativo) indica que os pacientes com fibrose cística distribuem-se igualmente quanto ao sexo. Gráfico 2: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Sexo. Fonte: Protocolo de pesquisa. 54 4.3. IDADE DO DIAGNÓSTICO: Tabela 3: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Idade do Diagnóstico. Idade do Diagnóstico (n=26) % Lactente 2 7.69 Infância 12 46.15 Adolescência 6 23.08 Adulto 6 23.08 p-valor 0.0493* Fonte: Protocolo de pesquisa. Nota: Infância: 6 a 10 anos; Adolescência: 11 a 19 anos; Adulto: 20 a 59 anos. *Teste Qui-Quadrado (Aderência) Na tabela acima se pode observar que 7.69% dos pacientes, o qual corresponde a dois pacientes, diagnosticaram a patologia quando tinham menos de 2 anos de idade. Entretanto o p-valor=0.0493* (muito significativo) indica que a fibrose cística foi, na maioria dos pacientes, diagnosticada na infância (6 a 10 anos) com 46.15%. Gráfico 3: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Idade do Diagnóstico. Fonte: Protocolo de pesquisa. Nota: Infância: 6 a 10 anos; Adolescência: 11 a 19 anos; Adulto: 20 a 59 anos. 55 4.4. NÚMERO DE INTERNAÇÕES: Tabela 4: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Número de Internações. Número de Internações (n=26) % 0 1 2 5 10 20 >10 p-valor Fonte: Protocolo de pesquisa. 7 7 5 1 2 1 3 0.0841 26.92 26.92 19.23 3.85 7.69 3.85 11.54 Teste G (Williams): Aderência Os resultados mostram que 73.08% dos pacientes com fibrose cística internaram até duas vezes e 11.54% (3 pacientes) mais de 10 (dez) vezes. Entretanto como o p-valor >0.05 (não significativo) indica que o número de pacientes distribui-se igualmente de acordo com o número de internações. Gráfico 4: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Número de Internações. Fonte: Protocolo de pesquisa. 56 4.5. REALIZAÇÃO DA FISIOTERAPIA: Tabela 5: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Fisioterapia. Realiza Fisioterapia Sim Não Fonte: Protocolo de pesquisa. (n=26) % 19 7 73.08 26.92 Os resultados mostram que 73.08% dos indivíduos realizam fisioterapia contra apenas 26.92% que não realizam. Gráfico 5: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Fisioterapia. Fonte: Protocolo de pesquisa. 57 4.6. TIPO E GRAU DO DISTÚRBIO VENTILATÓRIO: Tabela 6: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Tipo e o Grau do Distúrbio Ventilatório. Distúrbio Ventilatório Grau (n=26) % Normal Ausente 9 34.62 Obstrutiva Leve 11 42.31 Moderado 2 7.69 Severo 1 3.85 p-valor 0.0027* Restritiva Leve 1 3.85 Moderado 0 0.00 Severo 0 0.00 p-valor na Mista Leve 1 3.85 Moderado 1 3.85 Severo 0 0.00 p-valor na Fonte: Protocolo de pesquisa. *Teste-G (Williams): Aderência. na: Não se aplica o teste. A tabela mostra que 34.62% dos pacientes apresentam função ventilatória normal. Entre os que apresentaram distúrbio obstrutivo, o p-valor=0.0027* (muito significativo) indica que houve tendência dos pacientes apresentarem obstrução leve (42.31%). Em relação aos tipos de distúrbios pesquisados pode-se notar que houve somente um caso de distúrbio restritivo e leve e 2 (dois) pacientes com distúrbio misto, sendo 1 (um) leve e 1 (um) moderado. 58 Gráfico 6: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o grau do distúrbio obstrutivo. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.7. RESPOSTA AO BRONCODILATADOR: Tabela 7: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a resposta ao broncodilatador. Resposta ao broncodilatador (n=26) % Positivo Negativo Nada p-valor Fonte: Protocolo de pesquisa. 7 10 9 0.6276 26.92 38.46 34.62 Teste Qui-Quadrado O p-valor >0.6276 (não significativo) indica que as respostas ao broncodilatador ocorreram proporcionalmente entre os pacientes com fibrose cística. 59 Gráfico 7: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a resposta ao broncodilatador. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.8. ESPIROMETRIA: Tabela 8: Média e desvio padrão da CVF, VEF, TFEF25-75 e Tiffenau (Relação entre VEF1/CVF) de pacientes com FC, n=26. Pré CVF (84.86 ±19.92) VEF1 (75.68 ±26.36) TFEF25-75 (60.90 ±27.58) Tiffenau (88.66 ±10.96) Fonte: Protocolo de pesquisa. Pós (83.90 ±22.56) (76.85 ±24.26) (65.63 ±32.84) (90.94 ±11.23) p-valor 0.5729 0.4748 0.0543 0.0074* *Teste t de Student para amostras pareadas CVF Não houve alteração significativa (p-valor=0.5729) do CVF ( de 84.86 ±19.92 para 83.90 ±22.56) , ou seja, o CVF dos pacientes com fibrose cística após a utilização de broncodilatador não alterou em comparação com CVF medido antes da utilização de broncodilatador. 60 125 CVF 100 75 50 25 0 Pré Pós Gráfico 8: Média e desvio padrão do CVF de pacientes com FC, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. VEF1 Não houve alteração significativa (p-valor=0.4748) do VEF1 (de 75.68 ±26.36 para 76.85 ±24.26) , ou seja, o VEF1 dos pacientes com fibrose cística após a utilização de broncodilatador não alterou em comparação com VEF1 medido antes da utilização de broncodilatador. 125 VEF1 100 75 50 25 0 Pré Pós Gráfico 9: Média e desvio padrão do VEF1 de pacientes com FC, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. TFEF25-75 Não houve alteração significativa (p-valor=0.0543) do TFEF25-75 (de 60.90 ±27.58 para 65.63 ±32.84), ou seja, o TFEF25-75 dos pacientes com fibrose cística após a utilização de broncodilatador não alterou em comparação com TFEF25-75 medido antes da utilização de broncodilatador. 61 100 TFEF25-75 75 50 25 0 Pré Pós Gráfico 10: Média e desvio padrão do TFEF25-75 de pacientes com FC, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. Tiffenau (Relação entre VEF1/CVF) Houve alteração significativa (p-valor=0.00074*) do Tiffenau (de 88.66 ±10.96 para 90.94 ±11.23), ou seja, o Tiffenau dos pacientes com fibrose cística após a utilização de broncodilatador aumentou significativamente em comparação ao Tiffenau medido antes da utilização de broncodilatador, o aumento foi de 2.57%. 125 TIFFENAU 100 75 50 25 0 Pré Pós Gráfico 11: Média e desvio padrão do Tiffenau (VEF1/CVF) de pacientes com FC, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. 62 4.9. VALORES DE PIMAX, PEMAX, PEAK-FLOW, FR E FC NA POPULAÇÃO EM GERAL: Tabela 9: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com PImáx, PEmáx, Peak-Flow, SP02, FR e FC, n=26. PImáx PEmáx Peak-Flow SpO2 FR FC Estatísticas (cmH2O) (cmH2O) (L/min) (%) (irpm) (bpm) Mínimo 30 85 95 10 60 Máximo 120 670 99 41 120 P25 50 250 97 18.25 77 Mediana 60 285 98 20 82.5 P75 80 387.5 98 23.75 89.75 Média 60.77 335.58 97.38 21.31 84.27 Desvio-Padrão ±37.95 ±21.53 ±137.63 ±1.10 ±7.22 ±12.27 Fonte: Protocolo de pesquisa. Nota 1: PImáx: Pressão Inspiratória Máxima; PEmáx: Pressão Expiratória Máxima; PeakFlow: Pico de Fluxo Expiratório; SpO2: Saturação Periférica de Oxigênio; FR: Freqüência Respiratória; FC: Freqüência Cardíaca. Nota 2: A medição original do PImáx é negativa. Entretanto os dados foram postos em módulo para facilitar leitura dos mesmos. PImáx O PImáx mínimo entre os pacientes com fibrose cística foi de 30cmH2O e o máximo 160cmH2O. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram PImáx abaixo de 70cmH2O ,50% dos indivíduos obtiveram PImáx abaixo de 85cmH2O e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se PImáx abaixo de 120cmH2O. O PImáx médio foi 91.19 ±37.95cmH2O, ou seja, o PImáx variou entre 53.24 e 129.14cmH2O. 63 PImáx (cmH2O) 150 100 50 0 Gráfico 12: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o PImáx, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. PEmáx O PEmáx mínimo entre os pacientes com fibrose cística foi de 30cmH2O e o máximo 120cmH2O. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram PEmáx abaixo de 50cmH2O, 50% dos indivíduos obtiveram PEmáx abaixo de 60cmH2O e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se PEmáx abaixo de 80cmH2O. O PEmáx médio foi 60.77 ±21.53 cmH2O., ou PEmáx (cmH2O) seja, o PEmáx variou entre 39.24 e 82.30cmH2O. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 13: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o PEmáx, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. Peak-Flow O Peak-Flow mínimo entre os pacientes com fibrose cística foi de 85L/min e o máximo 670L/min. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram Peak-Flow abaixo de 64 250L/min, 50% dos indivíduos obtiveram Peak-Flow abaixo de 285L/min e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se Peak-Flow abaixo de 387.5L/min. O Peak-Flow médio foi 335.58 ±137.63L/min., ou seja, o Peak-Flow variou entre 197.95 e 473.21L/min. Peak-Flow (L/min) 500 400 300 200 100 0 Gráfico 14: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Peak-Flow, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. SpO2 O SpO2 mínimo entre os pacientes com fibrose cística foi de 95% e o máximo 99%. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram SpO2 abaixo de 97%, 50% dos indivíduos obtiveram SpO2 abaixo de 98% e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se SpO2 abaixo de 98%. O SpO2 médio foi 97.38 ±1.1%, ou seja, o SpO2 variou entre 96.28 e 98.48%. SPO2 (%) 100 90 80 70 Gráfico 15: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o SP02, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. 65 Freqüência Respiratória A freqüência respiratória mínima entre os pacientes com fibrose cística foi 10irpm e a máxima 41irpm. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram freqüência respiratória abaixo de 18.25irpm, 50% dos indivíduos obtiveram freqüência respiratória abaixo de 20irpm e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se freqüência respiratória abaixo de 23.75irpm. A freqüência respiratória média foi 21.31 ±7.22 irpm, ou seja, a freqüência respiratória variou Frequência Respiratória (irpm) entre 14.09 e 28.53irpm. 30 20 10 0 Gráfico 16: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Freqüência Respiratória, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. Freqüência Cardíaca A freqüência cardíaca mínima entre os pacientes com fibrose cística foi 60bpm e a máxima 120 bpm. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram freqüência cardíaca abaixo de 77 bpm, 50% dos indivíduos obtiveram freqüência cardíaca abaixo de 82.5 bpm e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se freqüência cardíaca abaixo de 89.75 bpm. A freqüência cardíaca média foi 84.27 ±12.27 bpm, ou seja, a freqüência cardíaca variou entre 72.0 e 96.54 bpm. Frequência Cardíaca (bpm) 66 100 75 50 25 0 Gráfico 17: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Frequência Cardíaca, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.10. VALORES DE PIMAX, PEMAX, PEAK-FLOW, SPO2, FR E FC DE ACORDO COM O PERÍODO DE CRESCIMENTO: Tabela 10: Média e desvio padrão do PImáx, PEmáx, Peak-flow, SPO2, FR e FC de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. PImáx Infância (n=4) -90 ±40.62 Adolescência (n=15) -98 ±34.06 Adulto (n=7) -80 ±43.97 PEmáx 45 ±11.18 66 ±18.05 58.57 ±29.11 193.75 ±64.36 359.33 ±142.05 365.71 ±114.87 SpO2 97.75 ±0.43 97.47 ±1.06 97.0 ±1.41 FR 23.5 ±3.28 20.20 ±7.79 22.43 ±7.76 83.13 ±10.87 81.57 ±11.03 Características Peak-flow FC 93.25 ±15.71 Fonte: Protocolo de pesquisa. PImáx O PImáx médio dos pacientes do grupo Infância foi de -90 ±40.62 cmH2O, ou seja, o PImáx variou entre -49.38 e -130.62 cmH2O; do grupo Adolescência -98 ±34.06cmH2O, 67 variando entre -63.94 e -132.06cmH2O e do Adulto (-80 ±43.97 cmH2O), variando entre 36.03 e -123.97cmH2O. PImáx (cmH2O) 150 100 50 0 Infância Adolescência Adulto Gráfico 18: Média e desvio padrão do PImáx de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. PEmáx O PEmáx médio dos pacientes do grupo Infância foi de 45 ±11.18 cmH2O, ou seja, o PEmáx variou entre 33.82 e 56.18cmH2O; do grupo Adolescência 66 ±18.05cmH2O, variando entre 47.95 e 84.05cmH2O e do Adulto (58.57 ±29.11 cmH2O), variando entre 29.46 e PEmáx (cmH2O) 87.68cmH2O. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Infância Adolescência Adulto Gráfico 19: Média e desvio padrão do PEmáx de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. 68 Peak-flow O Peak-flow médio dos pacientes do grupo Infância foi de 193.75 ±64.36L/min, ou seja, o Peak-flow variou entre 129.39 e 258.11 L/min; do grupo Adolescência 359.33 ±142.05cmH2O, variando entre 217.28 e 501.38L/min e do Adulto (365.71 ±114.87 L/min), variando entre 250.84 e 480.58L/min. Peak-Flow (L/min) 600 500 400 300 200 100 0 Infância Adolescência Adulto Gráfico 20: Média e desvio padrão do Peak-flow de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. SpO2 A SpO2 média dos pacientes do grupo Infância foi de 97.75 ±0.43%, ou seja, a SpO2 variou entre 97.32 e 98.18%; do grupo Adolescência 97.47 ±1.06%, variando entre 96.41 e 98.53% e do Adulto (97.0 ±1.41%), variando entre 95.59 e 98.41% . 69 SPO2 (%) 100 90 80 70 Infância Adolescência Adulto Gráfico 21: Média e desvio padrão do SPO2 de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. Frequência Respiratória A Frequência Respiratória média dos pacientes do grupo Infância foi de 23.5 ±3.28irpm, ou seja, a Frequência Respiratória variou entre 20.22 e 26.78irpm; do grupo Adolescência 20.20 ±7.79irpm, variando entre 12.41 e 27.99irpm e do Adulto (22.43 Frequência Respiratória (irpm) ±7.76irpm), variando entre 14.67 e 30.19irpm. 35 30 25 20 15 10 5 0 Infância Adolescência Adulto Gráfico 22: Média e desvio padrão da Frequência Respiratória de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. 70 Frequência Cardíaca A Frequência Cardíaca média dos pacientes do grupo Infância foi de 93.25 ±15.71bpm, ou seja, a Frequência Cardíaca variou entre 77.54 e 108.96bpm; do grupo Adolescência 83.13 ±10.87bpm, variando entre 72.26 e 94.0bpm e do Adulto (81.57 Frequência Cardíaca (bpm) ±11.03bpm), variando entre 70.54 e 92.60bpm. 125 100 75 50 25 0 Infância Adolescência Adulto Gráfico 23: Média e desvio padrão da Frequência Cardíaca de pacientes com FC, de acordo com o período de crescimento. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.11. PRESSÃO ARTERIAL: Tabela 11: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Pressão Arterial Sistólica e Diastólica. Pressão Arterial (mmHg) (n=26) % 10x6 2 7.69 10x7 3 11.54 10x8 1 3.85 11x6 3 11.54 11x7 9 34.62 11x8 1 3.85 12x7 2 7.69 12x8 1 3.85 13x7 2 7.69 13x8 1 3.85 14x10 1 3.85 p-valor 0.1268 Fonte: Protocolo de pesquisa. 71 Teste-G (Williams): Aderência Na tabela acima pode-se observar que 34.62% dos pacientes apresentaram pressão arterial 11x7mmHg, e igualmente, 11.54%, 10x7 e 11x6mmHg. Entretanto o p-valor <0.05 indica que não houve tendência significativa para alguma faixa de pressão arterial. Gráfico 24: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Pressão Arterial Sistólica e Diastólica. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.12. RITMO RESPIRATÓRIO: Tabela 12: Distribuição dos pacientes com fibrose cística de acordo com o Ritmo Respiratório. Ritmo Respiratório (n=26) % Bradipneico 1 3.85 Eupneico 18 69.23 Taquipneico 7 26.92 p-valor 0.0002* Fonte: Protocolo de pesquisa. *Teste Qui-Quadrado 72 O p-valor <0.05* indica que há uma tendência significativa dos pacientes serem eupneicos (69.23%), seguido do taquipneico (26.92%) e um percentual (3.85%) bastante pequeno bradipneico. Gráfico 25: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Ritmo Respiratório. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.13. DISPNÉIA: Tabela 13: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Dispnéia. Dispnéia (n=26) % Acentuada 1 3.85 Leve 5 19.23 Moderada 3 11.54 Nega 17 65.38 p-valor <0.0001* Fonte: Protocolo de pesquisa. *Teste Qui-Quadrado. Houve tendência significativa (p-valor <0.0001*) dos pacientes negarem dispnéia (65.38%), seguido de dispnéia leve (19.23%), dispnéia moderada (11.54%) e dispnéia acentuada (3.85%). 73 Gráfico 26: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Dispnéia. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.14. PADRÃO MUSCULAR VENTILATÓRIO: Tabela 14: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Padrão Muscular Ventilatório. Padrão Muscular Ventilatório (n=26) % Costal 9 34.62 Costo Diafragmático 12 46.15 Diafragmático 5 19.23 p-valor 0.2410 Fonte: Protocolo de pesquisa. Teste Qui-Quadrado (Aderência) Os resultados mostram que 46.15% dos pacientes apresentam padrão muscular ventilatório costo diafragmático, 34.62% padrão muscular ventilatório costal e 19.23% padrão muscular ventilatório diafragmático. Entretanto como o p-valor >0.05 indica que os pacientes distribuem-se igualmente de acordo com o padrão 74 Gráfico 27: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Padrão Muscular Ventilatório. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.15. EM RELAÇÃO À TOSSE: Tabela 15: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Tosse. Tosse (n=26) % Ineficaz 2 7.69 Eficaz 2 7.69 Nega 7 26.92 Seca 10 38.46 Úmida 5 19.23 p-valor 0.0611 Fonte: Protocolo de pesquisa. Teste Qui-Quadrado Os resultados mostram que 38.46% possuem tosse seca, 26.92% negaram ter tosse e, igualmente, 7.69% (Ineficaz e Eficaz). Entretanto o p-valor=0.0611 indica que não houve tendência significativa quanto ao tipo de tosse. 75 Gráfico 28: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Tosse. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.16. ASPECTO DA EXPECTORAÇÃO: Tabela 16: Distribuição dos pacientes de acordo com o Aspecto da Expectoração. Expectoração (n=26) % Hemoptóica 2 7.69 Mucóide 14 53.85 Mucopurulenta 2 7.69 Nega 7 26.92 Purulenta 1 3.85 p-valor 0.0001* Fonte: Protocolo de pesquisa. *Teste Qui-Quadrado Houve tendência significativa (p-valor=0.0001*) dos pacientes apresentarem expectoração mucóide (53.85%), negarem expectoração (26.92%). Em menor proporção, igualmente, expectoração hemoptóica e mucopurulenta (7.69%) e purulenta (3.85%). 76 Gráfico 29: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Aspecto da Expectoração. Fonte: Protocolo de pesquisa. 4.17. CIANOSE: Tabela 17: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Cianose. Cianose (n=26) % Ausente 26 100.0 Fonte: Protocolo de pesquisa. Cianose: Em todos os pacientes a cianose foi ausente, 100%. 4.18. TIPO DE TÓRAX: Tabela 18: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Tipo de Tórax. Tipo de Tórax (n=26) % Normal 26 100.0 Fonte: Protocolo de pesquisa. Tipo de Tórax: Em todos os pacientes o tipo de tórax diagnosticado foi normal (100%). 77 4.19. BAQUETEAMENTO DIGITAL: Tabela 19: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Baqueteamento Digital. Baqueteamento Digital Ausente Presente Fonte: Protocolo de pesquisa. (n=26) 24 2 % 92.31 7.69 A tabela acima indica 92.31% dos pacientes com fibrose cística apresentam baqueteamento digital ausente e somente em 7.69% o baqueteamento digital foi presente. Gráfico 30: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Baqueteamento Digital. Fonte: Protocolo de pesquisa. 78 4.21. EM RELAÇÃO À CIRTOMETRIA: Tabela 20: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com a Cirtometria, n=26. Segmento (cm) Axilar Xifóide Últimos arcos costais Mínimo 65 59 56 Máximo 100 106 98 P25 69.25 67.25 64 Mediana 77 73.5 68 P75 85.75 79.25 78.5 Média Aritmética 78.27 74.31 71.04 Desvio Padrão ±9.89 ±9.96 ±9.98 Fonte: Protocolo de pesquisa. Segmento Axilar O valor mínimo da medida do segmento axilar entre os pacientes com fibrose cística foi 65cm e o máximo 100cm. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram medida do segmento axilar abaixo de 69.25 cm, 50% dos indivíduos obtiveram medida do segmento axilar abaixo de 77cm e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se medida do segmento axilar abaixo de 85.75cm. O valor da medida do segmento axilar médio foi 78.27 Segmento Axilar (cm) ±9.89 cm, ou seja, a medida do segmento axilar variou entre 68.38 e 88.16cm. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 31: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento Axilar, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. 79 Segmento Xifóide O valor mínimo da medida do segmento xifóide entre os pacientes com fibrose cística foi 59cm e o valor máximo 106cm. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram medida do segmento xifóide abaixo de 67.25 cm, 50% dos indivíduos obtiveram medida do segmento xifóide abaixo de 73.5cm e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se medida do segmento xifóide abaixo de 79.25cm. O valor da medida do segmento xifóide médio foi 74.31 Segmento Xifóide (cm) ±9.96cm, ou seja, a medida do segmento xifóide variou entre 64.35 e 84.27cm. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 32: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento Xifóide, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. Segmento dos Últimos Arcos Costais O valor mínimo da medida do segmento dos últimos arcos costais entre os pacientes com fibrose cística foi 56.0cm e o valor máximo 98.0cm. Além disso, 25% dos pacientes apresentaram a medida do segmento dos últimos arcos costais abaixo de 64.0cm, 50% dos indivíduos obtiveram a medida do segmento dos últimos arcos costais abaixo de 68.0cm e outra metade acima desse valor e em 75% registrou-se a medida do segmento dos últimos arcos costais abaixo de 78.5cm. O valor da medida do segmento dos últimos arcos costais médio foi 71.04 ±9.98cm, ou seja, a medida do segmento dos últimos arcos costais variou entre 61.06 e 81.02cm. Segmento dos Últimos Arcos Costais (cm) 80 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Gráfico 33: Distribuição dos pacientes com FC de acordo com o Segmento dos Últimos Arcos Costais, n=26. Fonte: Protocolo de pesquisa. 81 5. DISCUSSÃO: Segundo Murahovschi (2006), o período da infância se divide em pré-escolar, de 2 a 7 anos de idade e escolar, de 7 a 10 anos de idade, o período da adolescência se divide em prépuberal, de 10 a 12-14 anos, puberal, de 12-14 a 14-16 anos e pós-puberal, de 14-16 a 18-20 anos de idade. A fase adulta compreende o período de 20 a 59 anos de idade. Segundo os resultados obtidos, observou-se que apesar de haverem alguns casos de fibrose cística em adultos, esta patologia ainda continua predominante em crianças e adolescentes, visto que 19 pacientes encontram-se no período da infância e adolescência, e apenas 7 pacientes encontram-se na idade adulta. Segundo Damasceno (2007), na maioria dos diagnósticos de FC, 70% ocorrem no 1º ano de vida, 8% após os 10 anos e há um número crescente de diagnósticos na idade adulta. Com isto e a melhora na expectativa de vida, em 2000 os dados da Fundação Americana de FC mostraram que 40% dos pacientes tinham idade superior a 18 anos. Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram que 14 pacientes foram diagnosticados na infância, 5 foram diagnosticados na adolescência, 6 foram diagnosticados na idade adulta e apenas 1 paciente foi diagnosticado no 1º ano de vida. A maioria dos pacientes avaliados em nosso estudo relatou realizar fisioterapia, alguns no próprio hospital e outros relataram terem sido ensinados, por profissionais deste hospital, técnicas desobstrutivas como tapotagem e vibração e também a utilização correta do flutter e então realizavam-nas em domicílio. Porém, estes relatos podem ser duvidosos, pois não temos como comprovar se eles realmente realizam ou não a fisioterapia, assim como também não temos como realizar o controle da freqüência com que eles a realizam. A maior parte dos pacientes (42,31%) apresentou distúrbio ventilatório obstrutivo leve, concordando com Kang et al (2004), onde, dos 39 pacientes portadores de FC avaliados, 14 apresentaram distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) ausente ou leve. Em um estudo realizado por Lemos et al (2004) foram analisados os dados espirométricos de 28 pacientes diagnosticados com FC, onde as médias e o desvio padrão dos porcentuais do previsto da CVF e do VEF1 foram de 58,9±21,9% e 44,1±23,0%, respectivamente e a resposta ao broncodilatador foi positiva em 8 pacientes (28,8%). Kang et al (2004) realizaram um estudo com 39 pacientes portadores de FC com idades entre 16 e 45 anos e obtiveram as médias da CVF 64,6% do valor previsto, VEF1 51,1% do previsto e Tiffenau (VEF1/CVF) igual a 67,9% do previsto. Dunnink et al, analisou 27 pacientes, adolescentes e adultos, portadores de FC, clinicamente estáveis e obteve média de desvio 82 padrão do VEF1 63 ±25% do previsto e do Tiffenau (VEF1/CVF) 65 ±13% do previsto. Em nosso estudo, as médias percentuais dos valores previstos obtidas da CVF foi 84,86% com desvio padrão de ±19,92%, a média do VEF1 foi 75,68% com desvio padrão de ±26,36, e a média do Tiffenau (VEF1/CVF) foi 88,66% com desvio padrão de ±10,96% e a resposta ao broncodilatador foi positiva em 7 pacientes, estando acima dos valores encontrados por Lemos et al, Kang et al, e também acima dos valores encontrados por Dunnink et al. Porém, nossos valores encontrados concordam com os de Zanchet et al (2006), que ao realizarem um estudo com 29 portadores de FC, de ambos os sexos, entre 7 e 28 anos de idade, obtiveram médias e desvios-padrões do VEF1 80,4 ±25,4% do previsto, CVF 84,5 ±19,7% do previsto e Tiffenau (VEF1/CVF) 83,7 ±12,7% do previsto. Segundo Almeida, Bertucci e Lima (2008), a força muscular inspiratória máxima (correspondente a Pimax), tem seu valor normal em um adulto jovem na faixa de -90 a -102 cmH2O e a força muscular expiratória máxima (correspondente a Pemax), tendo seu valor normal em um adulto jovem na faixa de aproximadamente +100 a +150 cmH2O. Em um estudo feito por Chatham et al em 1994, foi verificada a pressão inspiratória máxima em 17 indivíduos portadores de FC (10 mulheres e 7 homens), onde obtiveram o valor médio de PImax de -87,5 ± 22,7 cmH2O, estando próximo aos valores de normalidade. Dunnink et al (2008) realizou um estudo para verificar a força da musculatura respiratória de 27 adolescentes e adultos, sendo 14 mulheres e 13 homens, clinicamente estáveis, portadores de FC e obteve média e desvio padrão da PImáx igual a -113 ±30 cmH2O e da PEmáx igual a 129 ±43 cmH2O. Nosso estudo mostra que o valor da média da PImáx foi -91,92 cmH2O com desvio padrão igual ± 37,95 cmH2O, estando de acordo com Chatham et al e também de acordo com o valor de PImax em indivíduos saudáveis, porém discorda dos valores obtidos por Dunnink el al. Já o valor da média da PEmáx foi 60,77 cmH2O e desvio padrão igual ±21,53 cmH2O, estando abaixo dos valores considerados normais em indivíduos saudáveis e abaixo também dos valores encontrados por Dunnink et al. Em nosso estudo foi encontrado um valor médio de pico de fluxo expiratório de 335,58 L/min e desvio padrão de ±137,63 L/min, observando-se uma diminuição quando comparado à individuos sem afecções respiratórias. Em estudo escrito por Queiroz et al, onde compararam alterações de pico de fluxo expiratório no pré e pós operatório de colecistectomia, encontraram em avaliações pré-operatórias um valor médio de pico de fluxo expiratório de 436, 67 L/min, com um desvio padrão de ±58,91 L/min. Ao avaliarmos a SpO2, obtivemos o valor da média de 97,38% com desvio padrão de ± 1,1%, estando de acordo com Alvarez et al (2004), que realizaram um estudo com 104 83 pacientes portadores de FC e verificaram que os níveis da SpO2 em ar ambiente foi maior que 95% em 59,5%, entre 91 e 95% em 32,9%, e menor que 91% em 7,6% dos pacientes. Nosso resultado está também de acordo com Kang et al (2004) que realizou um estudo com 39 pacientes portadores de FC e obteve a média da saturação de O2 igual a 96,1%. Os valores preditos de normalidade para freqüência cardíaca segundo Scanlan, Wilkins e Stoller (2000) variam de 60 a 100 bpm, nosso estudo concorda com esses valores, visto que, o valor da média da freqüência cardíaca obtido foi 84,27 bpm e desvio padrão igual a ± 12,27 bpm. Segundo Gambarato (2006), a faixa de normalidade da freqüência respiratória vai de 12 a 22 irpm, estando de acordo com nosso estudo, onde obteve-se valor da média igual a 21,31 irpm. Porém, o valor do desvio padrão igual a ± 7,22 irpm indica que embora a maioria dos pacientes seja eupneico, alguns apresentaram taquipnéia. A maior parte dos pacientes avaliados em nosso estudo (34,62%), apresentam pressão arterial dentro dos valores normais (110x70 mmHg), estando de acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (2001), que aceita como valor normal para indivíduos adultos cifras inferiores a 85 mmHg de pressão diastólica e inferiores a 130 mmHg de pressão sistólica. Houve, nesta pesquisa, tendência significativa dos pacientes negarem sensação de dispnéia (65.38%), não estando de acordo com pesquisa realizada por Gonçalves e Meneghel (2003), onde 50% dos pesquisados relataram dispnéia a pequenos esforços. Isto deve-se, provavelmente, ao fato da grande maioria dos pacientes por nós avaliados receberem tratamento adequado regular, incluindo a fisioterapia. Nossos resultados mostram que a maior parte dos pacientes avaliados (38,46%) apresentou tosse seca, em seguida, 26,92% negaram apresentar tosse e 19,23% apresentaram tosse úmida. Quanto ao aspecto da expectoração, 53,85% dos pacientes apresentaram expectoração mucóide, 26,92% negaram expectoração e apenas 3,85% apresentou expectoração purulenta. Estes achados discordam de Behrman, Kliegman e Jenson (2002) que relatam que a tosse é seca e irritativa no ínicio, porém depois torna-se descontínua e produtiva, e relatam também que o muco expectorado costuma ser purulento. De acordo com o tipo de tórax, em nosso estudo 100% dos pacientes apresentavam tórax normal, discordando de estudo feito por Gonçalves e Meneghel (2003), onde encontraram que apenas 25% dos pacientes avaliados apresentavam tórax normal e 50% apresentavam tórax do tipo elevado. 84 Em nosso estudo, a grande maioria dos pacientes avaliados (92.31%) não apresentam baqueteamento digital e apenas 7.69% apresentaram baqueteamento digital presente. Estes dados discordam dos achados por Lemos et al, onde, dos 28 portadores de FC avaliados, 26 pacientes (93%) apresentavam baqueteamento digital. Em relação à cirtometria, obtivemos o valor da média do segmento axilar igual a 78,27 cm com desvio padrão de ±9,89 cm, do segmento xifóide igual a 74,31 cm com desvio padrão de ±9,96 cm e do segmento dos últimos arcos costais igual a 71,04 cm com desvio padrão de ±9,98 cm, estando um pouco abaixo dos valores encontrados por Borghi-Silva et al (2006), onde avaliaram as amplitudes tóraco abdominais em indivíduos jovens saudáveis e obtiveram os valores das médias dos segmentos axilar e xifóide, respectivamente, igual a 85,6 cm ±5,1 cm e 78,1 cm ±5,2 cm nas mulheres e 100,9 cm ±6,8 cm e 93,0 cm ±5,7 cm nos homens. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados do nosso estudo indicam que a grande maioria dos pacientes avaliados encontra-se em um quadro estável desta patologia, obtendo resultados nos testes de função pulmonar semelhantes a indivíduos saudáveis. Além disso, poucos pacientes apresentaram sinais considerados típicos nesta patologia, como dispnéia, tosse, expectoração purulenta e baqueteamento digital. Supomos que esta estabilidade no quadro destes pacientes deva-se ao tratamento regular recebido por eles no programa de assistência multidisciplinar aos pacientes com fibrose cística do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Devido ser uma patologia de incidência rara, sugerimos que outros estudos, com uma população maior, sejam realizados para aumentar o conhecimento acerca dos vários aspectos desta patologia. Sugere-se também que sejam realizados outros estudos com portadores de Fibrose Cística com estado clínico da doença agudizado, visto que, em nosso estudo a maioria dos pacientes se apresentava estável clinicamente. 85 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: - ALMEIDA, Isabela Parra; BERTUCCI, Natália Roldan; LIMA; Vanessa Pereira de. 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Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de outras pacientes, não sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação. Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________ , e inscrito no CPF_________________ nascido(a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário(a) do estudo “AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES PORTADORES DE FIBROSE CÍSTICA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO”. Estou ciente que: I) Este estudo se faz necessário para melhor avaliar as condições respiratórias dos pacientes atendidos neste hospital, com o objetivo de traçar um perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no ambulatório de Fibrose Cística do Hospital Universitário João de Barros Barreto; II) No primeiro momento, os voluntários terão seus dados coletados em uma ficha de avaliação previamente elaborada pelas pesquisadoras. Em seguida serão realizadas as verificações da saturação periférica de oxigênio no sangue, através de um oxímetro de pulso; freqüência respiratória, freqüência cardíaca e pressão arterial utilizando-se um esfingmomanômetro e um estetoscópio; assim como três mensurações de pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima, com o aparelho manovacuômetro e uma mensuração do pico de fluxo expiratório com o peak-flow; 97 III) Os dados serão coletados no Hospital Universitário João de Barros Barreto localizado na Rua Mundurucus nº 4487, Belém-PA, no turno matutino, através de questionário e exame físico sucinto para a caracterização da amostra; IV) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de avaliação; V) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos médico-clínicoterapêuticos efetuados com o estudo; VI) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; VII) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico; VIII) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não causará nenhum risco, podendo no máximo vir a sentir cansaço, mal-estar ou tontura. Caso isso aconteça, os procedimentos serão interrompidos e serei encaminhado ao ambulatório médico deste hospital; IX) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; X) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo; XI) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XII) Este trabalho será realizado com recursos próprios do autor, não tendo financiamento ou co-participação de nenhuma instituição de pesquisa; XIII) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. XIV) As principais investigadoras são as acadêmicas Brenda de Figueiredo Pinheiro e Mariana Barbosa Turiel do Nascimento, podendo ser contatadas pelos telefones 81550631 e 8177-7172; XV) Caso não sejam localizadas, poderá ainda ser contatado o fisioterapeuta Paulo Eduardo Santos Ávila, pelos telefone 8127-9498 98 Belém, de de 2008 Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. ( ) Paciente / ( ) Responsável ___________________________________________________________ Testemunha 1 : _______________________________________________ Nome / RG / Telefone Testemunha 2 : ___________________________________________________ Nome / RG / Telefone Responsável pelo Projeto: PESQUISADOR RESPONSÁVEL Telefone para contato: 99 ANEXO 5: FICHA DE AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA FICHA DE AVALIAÇÃO Identificação: Nome: End: Idade: Data de nascimento: Sexo: Peso: Altura: Diagnóstico: Tempo de diagnóstico confirmado: Médico responsável: Cidade: Estado: Estado Civil: Tel: Raça: Ocupação: Histórico: QP: HDA: HF: HPP: Já foi internado? S ( ) N ( ) – Quantas vezes? _____________ Faz uso de que medicações? _______________________________________________ Realiza fisioterapia de rotina? S ( ) N ( ) Qual tratamento fisioterapêutico realiza? _____________________________________ ___________________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Tabagismo: S( ) N( ) – cigarros/dia ( ) – anos/tabag ( ) – anos parado ( ) Atividade física: nega ( ) irregular ( ) regular ( ) qual? _________________________ Exames Complementares: RX: TC: Gasometria Arterial: Espirometria: tipo: __________ grau: ____________ PBD (-) ou (+) Data:__________ 100 Pré broncodilatador CV: ______ CVF: _____ VEF1: ______ TFEF25-75: ______ Tiffenau: _______ Pós broncodilatador CV: ______ CVF: _____ VEF1: ______ TFEF25-75: ______ Tiffenau: _______ Monitorização: Manovacuometria: Pimáx: _______ / _______ / _______ Pemáx:_______ /________ / ________ Peak-Flow: ________ SpO2: _______ AP: Sinais Vitais: FR: ________ FC: ________ PA: __________ Temp: _______ Exame Físico: Ritmo: eupneico ( ) taquipneico ( ) bradipneico ( ) Dispnéia: leve ( ) moderada ( ) acentuada ( ) Padrão: costal ( ) Tosse: eficaz ( ) costo diafragmático ( ) ineficaz ( ) Expectoração: mucóide ( ) Cianose: presente ( ) seca ( ) purulenta ( ) ausente ( ) Baqueteamento digital: presente ( ) Tipo de tórax: normal ( ) tonel ( ) diafragmático ( ) úmida ( ) mucopurulenta ( ) hemoptóico ( ) Localização: __________ ausente ( ) escavatum ( ) carinatum ( ) Cirtometria: Segmento axilar: ___________ Seguimento xifoide: ______________ Seguimento dos últimos arcos costais: ______________