Hantavirose na uti pediátrica Bárbara Lalinka de Bilbao Basilio, Alexandre Peixoto Serafim UTI Pediátrica, Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB) – Brasília (DF), Brasil Trata-se de um paciente do sexo masculino, 10 anos, 28,5kg, atendido no pronto-socorro com dois dias de febre, vômitos, cefaleia frontal, dor abdominal, diarreia e redução da diurese. Estava desidratado, febril, gemente, hipoativo, hipocorado, taquicárdico, taquidispneico, saturando 53% em ar ambiente com pulsos finos. Hemograma mostrou hematócrito de 45,7%, hemoglobina de 15,6 g/dL, 8.900 leucócitos/µL e 78.000 plaquetas. Foi intubado e colocado em ventilação mecânica (PIP: 27, Peep: 15, FiO2: 100%). Recebeu 2500 mL de cristaloide. Feito acesso central em veia subclávia e iniciada dobutamina (5mcg/kg/min), noradrenalina (0,6mcg/kg/min) e posteriormente adrenalina, além de antibióticos. Iniciada hidrocortisona. Ecocardiograma evidenciou derrame pericárdico, ventrículo direito rechaçado com dificuldade de enchimento, fração de ejeção de 66%, veia cava inferior dilatada e derrame pleural bilateral. Feita toracocentese com drenagem de 180 mL de líquido citrino, análise com características de exsudato. Foi admitido na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica 14 horas após a admissão hospitalar. Apresentava choque descompensado, em ventilação mecânica (PIP: 33, Peep: 16, FiO2: 100%) com saturação de 90%, insuficiência renal com clearance estimado de creatinina de 50 mL/min/1,73m2. Instalado cateter de Tenckhoff e iniciada diálise peritoneal. Cerca de de 24 h após o início da diálise foi possível a sua suspensão e a retirada da adrenalina contínua. Foi associada milrinona por discinesia do ventrículo direito. Extubado quatro dias após a internação na UTI Pediátrica. Uma semana após a internação foi suspensa a milrinona e a furosemida. Dez dias após a internação recebeu alta para a enfermaria. O diagnóstico de hantavirose foi confirmado no vigésimo dia de internação hospitalar, com o resultado da sorologia IgM positiva. Na síndrome cardiopulmonar da hantavirose, o quadro clínico pode ser indistinguível de um quadro de sepse ou choque de foco pulmonar. Há extravasamento capilar pulmonar difuso e a ressuscitação volêmica precisa ser realizada de forma mais comedida. Além disso, hipotensão refratária pode ocorrer por disfunção miocárdica, por vezes requerendo suporte inotrópico mais precocemente.