VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
A PSICOSE NO HOSPITAL GERAL: OS EMBARAÇOS NO DIAGNÓSTICO
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PO - 193
Karine R. Sepúlveda, Paloma A. F. Bastos, Andressa M. Santana,
Sheyna C. Vasconcellos, Ana Paula B. de M. Brasiliano
Salvador, Hospital da Bahia (HBA)
INTRODUÇÃO Na prática clínica continuada temos observado um aumento considerável de internações
no hospital geral de pacientes com complicações clínicas secundárias ao uso abusivo de álcool. Em
consonância com esta observação clínica, a literatura demonstra estudos epidemiológicos sobre o
alcoolismo com altas taxas de prevalência no Brasil. Os agravos de saúde provocados pelo uso crônico do
álcool conferem a esta droga o status de relevante problema de saúde pública. Estima-se ainda que, em
algumas regiões do país, metade dos leitos psiquiátricos disponíveis tem sido ocupados por alcoolistas
crônicos. O alcoolismo recobre entidades conceptuais diversificadas no discurso médico-científico sendo
categorizado como comportamento, dependência ou síndrome. Em linhas gerais, alertam que o uso
nocivo do álcool promove efeitos lesivos ao Sistema Nervoso Central, problemas cardiovasculares,
colabora para o desenvolvimento de doenças crônicas diversas e produz impactos na vida social, familiar
e ocupacional. Na psicanálise encontramos leituras diversificadas sobre a relação do sujeito com a droga
enfatizando a correlação deste sintoma com o mal-estar da atualidade, questões sócio-culturais e com
a supremacia do particular, que remonta à história do sujeito que sofre. Considerando a complexidade
deste fenômeno na contemporaneidade e sua íntima relação com a saúde mental, este estudo marca uma
reflexão sobre esta realidade clínica e estabelece as bases consensuais e divergentes do diagnóstico e
tratamento multidisciplinar no hospital geral. MATERIAL E MÉTODO Para fundamentar esta discussão
foi utilizado o material clínico derivado de atendimentos psicológicos realizados com paciente admitido
com quadro de desnutrição grave e intoxicação alcoólica numa enfermaria de um hospital privado de
Salvador-BA. Foram realizadas 05 sessões com o paciente e os dados obtidos foram analisados sob a
perspectiva da psicanálise. RESULTADOS E DISCUSSÃO O caso clínico aponta presença de fenômenos
elementares como alucinações predominantemente visuais, bem como, delírios de grandeza, ciúme e
de conteúdo persecutório e levanta a problemática acerca do diagnóstico diferencial. Como conceber
um diálogo entre esses dois discursos (medicina x psicanálise) tão antagônicos? A complexidade
dos efeitos secundários e mórbidos produzidos pelo uso continuado de álcool é dificilmente esgotado
categoricamente. Intoxicação Aguda? Delirium Tremens? Síndrome de Abstinência? Psicose? Estado
permanente ou transitório? Na perspectiva psicanalítica estaríamos em conformidade com o diagnóstico
de psicose? O uso abusivo do álcool serviria como prótese imaginária que teria evitado até o momento
a entrada na psicose? A história pré-mórbida do sujeito não viabilizava dados clínicos que pudessem
clarificar nossas hipóteses. CONCLUSÕES Do geral ao particular, a psicanálise compreende que pensar
a partir de indicadores universais deve sempre ser balizado pelo entendimento da clínica. Dispomos como
técnica de investigação, a escuta e desse modo, diagnosticar deve se sustentar na análise do discurso do
paciente. O afã classificatório, no sentido de operar somente na evidência dos sinais específicos, exclui o
recurso da linguagem, aquilo que é próprio do sujeito. A prática clínica no hospital nos ensina ao diálogo
sempre ponderado com diferentes discursos, marcando assertivamente a impossibilidade de qualquer
posição absoluta sobre o sujeito e sua patologia.
Palavras-chave: Alcoolismo, Hospital Geral, Psicose, Subjetividade, Psicodiagnóstico.
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