Vontade, livre-arbírtrio e responsabilidade na ética da psicanálise Tiago Rodrigues Macedo Iniciação Científica/ CNPq Orientador : Maurício José d'Escragnolle Cardoso A pesquisa visa investigar como a psicanálise articula os conceitos de sujeito, vontade, autonomia, moralidade e responsabilidade, além do modo com que tais conceitos se relacionam com a tradição do pensamento ocidental. Busca-se compreender algumas implicações éticas, jurídicas e políticas oriundas da teoria psicanalítica, bem como o significado da afirmação comum de que esta implicaria um descentramento do sujeito e um retorno a uma ética trágica. Método Revisao bibliografica de artigos e livros concernentes ao tema estudado. A noção de um sujeito como fundamento do conhecimento e do livre arbítrio é eminentemente moderna, conforme indicam autores como Heidegger e Foucault. Acreditamos que a psicanálise, ao atestar a impossibilidade de transparência do sujeito para consigo mesmo, uma vez que este ignoraria as determinações psíquicas que condicionariam o seu agir, descentra o ideal de autonomia e racionalidade do iluminismo. Isso, no entanto, coloca-nos problemas acerca da moralidade e da responsabilidade que os indivíduos teriam por seus atos. Buscamos investigar o modo com que os conceitos de liberdade, autonomia e responsabilidade se articularam em obras de alguns momentos representativos de nossa cultura , a saber: as tragédias gregas, através dos comentários de Pierre Vernant; Aristóteles, como representante da ética antiga; e Kant, autor central para a compreensão da modernidade. Após, comparamos os autores estudados com alguns textos de Freud e com o Seminário 7, de Lacan, a fim de problematizarmos as implicações ético-políticas que nos trazem a teoria psicanalítica. Concluimos que a psicanálise se aproxima de aspectos das tragédias gregas. Assim como certos personagens de Sofócles, o paciente submetido à análise irá se responsabilizar por atos que não Freud, S. (1981). Obras completas. Madrid:Ed. Biblioteca Nueva. compreende. E do mesmo modo que a tragédia grega surge Lacan, J. (1960) Seminário 7, A ética da psicanálise. Rio de Janeiro concomitante ao aparecimento dos primeiros tribunais gregos, Jorge Zahar Vernant, J.-P. & Vidal-Naquet, P. (2002). Mito e tragédia na Grécia trazendo em seu conteúdo contradições e conflitos jurídicos, a teoria Antiga. São Paulo: Ed. Perspectiva. psicanalítica problematizará as relações entre o moral e o jurídico.