ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR UMA SORVETERIA EM CASCAVEL-PR CALEGARI, Felipe.1 HONJO, Henrique A.2 PASINI, Andreia H.3 RESUMO O sistema de gestão ambiental pode ser definido como um conjunto de procedimentos para administrar ou gerir uma organização, tentando obter um melhor relacionamento com o meio ambiente, sendo assim este artigo buscou analisar qual maneira mais viável da empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente, em uma sorveteria em Cascavel - Pr, buscando identificar o componente de maior eficácia para a redução do alto consumo de papéis, plásticos, papelões, embalagens de diversos tipos não recicláveis. Conforme a NBR ISO 14001, utiliza-se de temas como: micro e pequenas empresas; questões globais na atualidade; controle de resíduos; sistema de gestão ambiental; a importância do SGA para a sociedade e ISO 14001. Para o desenvolvimento do projeto, utilizou-se uma abordagem qualitativa, com métodos de pesquisa do tipo descritiva, bibliográfica, documental e de campo, sendo desenvolvida através de um estudo de caso na sorveteria D’Itália, com coletas de dados primários e secundários, sendo realizada uma entrevista com o gestor da empresa como forma de compreender as praticas de gestão ambiental atual utilizada pela organização. O resultado obtido evidencia que a implantação da ISO 14001, é inviável para a empresa, devido aos custos e a falta de recursos para a organização. Desta forma, foram propostas alternativas para a redução dos impactos ambientais, tais como, a extinção de papéis de comanda, separação dos produtos e a destinação correta. PALAVRAS-CHAVE: Sistema de Gestão Ambiental, ISO 14001, Resíduos, Alternativas. ALTERNATIVES FOR REDUCTION ENVIRONMENTAL IMPACTS ON AN ICE CREAM SHOP IN CASCAVEL - PR ABSTRACT The environmental management system can be defined as a set of procedures to administer or manage an organization, trying to get a better relationship with the environment and therefore, this article seeks to analyze what the company more viable way to reduce the environmental impacts to the environment in an ice cream shop in Cascavel - Pr, aiming to identify the most effective component for reducing the high consumption of paper, plastics, cardboard, non-recyclable packaging of various types. According to NBR ISO 14001, are used themes such as: micro and small enterprises; global issues today; waste control; environmental management system; the importance to society of the EMS and ISO 14001 for project development, we used a qualitative approach to research methods of descriptive type, bibliographic, documental and field, being developed through a case study in the ice cream parlor D 'Itália, with collections of primary and secondary data, being held an interview with the manager of the company as a way to understand the current environmental management practices used by the organization. The result shows that the implementation of ISO 14001, it is infeasible for the company, due to costs and lack of resources for the organization. Thus, alternatives were proposed for the reduction of environmental impacts, such as the extinction of commanding roles, separation of the products and the correct destination. KEY WORDS: Environmental management system, ISO 14001, Waste, Alternatives. 1. INTRODUÇÃO Não é algo recente o pensamento sobre o gerenciamento dos aspectos que estão relacionados ao meio ambiente, já que o uso dos recursos naturais e a disposição dos resíduos da produção acontecem desde a instalação das primeiras fábricas. Neste sentido, a gestão ambiental empresarial e o desenvolvimento sustentável vêm ganhando cada vez mais relevância no mundo dos negócios. Assim, as organizações que apresentarem preocupação com o meio ambiente, e a destinação correta dos resíduos podem manter e conquistas novas clientes. Diante desse contexto as empresas estão aderindo ao movimento em busca de uma gestão ambiental eficiente, para apresentar a sociedade que existe a preocupação e a busca da manutenção dos recursos naturais por parte da empresa. Neste sentido, existe o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que tem por principio o uso de métodos e práticas que visam à máxima redução de matéria prima utilizada pelas empresas. Segundo Conceição et al (2011), os aspectos e impactos sobre o sistema de gestão ambiental de qualidade, é algo considerado de fundamental importância para as escolhas de compras dos clientes nos dias de hoje, dessa forma as empresas começaram a se preocupar com a questão ambiental. Com a sociedade cobrando uma melhor competência e ética das organizações, os riscos à natureza tendem a diminuir. Para Tocchetto (2005) o uso racional ou econômico de alguns recursos naturais, são algumas das melhores praticas para um sistema de gestão ambiental (SGA). Diante do contexto apresentado, observa-se que a empresa D’Itália sorvetes tem um alto consumo de produtos reciclados, e que apesar do grande consumo, não existe uma destinação apropriada buscando a redução dos impactos ambientais. Neste sentido, a pergunta que norteou essa pesquisa foi a seguinte: A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), seria a maneira mais viável da empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente? 1 Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected] Acadêmico do curso de Administração da Faculdade Assis Gurgacz.. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Professora da Faculdade Assis Gurgacz e Faculdade Dom Bosco. E-mail: [email protected] 2 Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 1 A empresa D’Itália foi fundada em 1983, na Cidade de Cascavel - PR. A empresa é sinônimo de tradição e de qualidade em sorvetes. Tem uma grande variedade de produtos para os clientes, contanto com mais de sessenta sabores, atendendo ainda um público diferenciado com sorvetes para intolerantes a lactose, sorvetes diet. Durante o inverno a empresa mantém seu faturamento oferecendo aos clientes um Buffet de sopas, contando com uma variedade de dez tipos e acompanhamentos. Observou-se que com o tempo a produção de resíduos aumentou consideravelmente sendo necessária uma destinação adequada. Neste mesmo sentido, a empresa deve se comprometer em diminuir o impacto ambiental gerado, conscientizando seus colaboradores e clientes. Portanto a pesquisa não é apenas um benefício para a empresa, mas também uma forma de reeducação ambiental. Assim, esse artigo justifica-se, pois buscou apresentar a empresa qual a maneira mais viável para a empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente. Os objetivos de pesquisa foram os seguintes: analisar qual maneira mais viável da empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente. Já os objetivos específicos foram: avaliar as práticas utilizadas na gestão ambiental da empresa; realizar um levantamento dos custos para implantação; e propor alternativas para a organização. Esse artigo está dividido cinco capítulos, além dessa introdução. O segundo capítulo apresenta o referencial teórico que serviu de base para esse estudo. O capítulo seguinte apresenta a metodologia utilizada. O quarto capítulo apresenta os procedimentos metodológicos. Já o quinto capítulo apresenta os resultados apresentados, seguidos das considerações finais no capítulo sexto. E finalmente são apresentadas as referências utilizadas. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esse capítulo é de grande importância para o estudo, uma vez que apresenta o referencial teórico que serviu de base para o conhecimento necessário para o levantamento de qual maneira seria mais viável para a empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente. Para tanto serão tratados de temas como, micro e pequenas empresas, questões globais na atualidade, controle de resíduos, sistema de gestão ambiental, a importância do SGA para a sociedade e ISO 14001. 2.1 MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Para que uma empresa seja considerada de micro ou pequeno porte, existem características que vão defini-las, segundo a Lei Federal n°123 de 2006, que regulamenta os valores limites para o enquadramento. • Microempresa: no caso das microempresas, o empresário, pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000 (duzentos e quarenta mil reais). • Empresa de pequeno porte: no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). Para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) a aplicação de porte da empresa é utilizada em todos os setores. Microempresa é aquela com receita operacional bruta anual menor ou igual a R$2.4 milhões; Pequena empresa é aquela com receita bruta anual maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões. Para Cezarino e Campomar (2006) a micro e a pequena empresa têm características particulares, como: baixo volume de capital para investir, elevadas taxas de mortalidade e natalidade, em grande maioria são empresas familiares, tem o poder de decisão centralizado, existe a grande falta dos registros contábeis, contratação da mão de obra é realizada diretamente, baixo investimento no sentido da inovação, e também dificuldade para conseguir financiamentos e falta de regulamentação. Já para Santos (2003) as micro e pequenas empresas têm características relacionadas ao baixo montante de capital, as relações de trabalho envolvem em quase todas a família, isso se dá pelo baixo número de funcionários. 2.2 QUESTÕES GLOBAIS NA ATUALIDADE Segundo Conceição et al (2011), a gestão ambiental ganhando grande importância nos dias de hoje, pois as empresas constataram que fazer uma demonstração de qualidade ambiental é um item considerado importante por seus clientes, que são hoje as pessoas mais informadas e motivadas para o assunto. Analisando o histórico ambiental as empresas passaram a ter uma preocupação com a questão ambiental, devido a problemas ocasionados ao meio ambiente a sociedade passou a cobrar mais competência e ética das organizações para diminuir os danos a natureza, que consequentemente afetava a coletividade. De acordo com Vinha (2002), quanto mais à empresa faz trabalhos práticos com seus funcionários e convive com sua comunidade, mais ela se compromete com o controle, e a minimização dos impactos ambientais de suas 2 Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2014 ISSN 1980-7406 atividades e se envolve e apoia projetos comunitários. Essa aproximação da empresa com seus funcionários aproxima a cultura empresarial da cultura popular e, consequentemente, harmoniza os respectivos interesses. De acordo com SEBRAE (2004), as mais importantes questões ambientais são o aumento da temperatura da Terra; a poluição e o desperdício da água doce; distribuição irregular da água doce no planeta; a fragmentação dos ecossistemas e a consequente diminuição da biodiversidade; a contaminação dos alimentos consumidos pelo homem e pelos animais; a contaminação dos oceanos e o esgotamento dos seus recursos; a perspectiva de esgotamento dos recursos naturais não renováveis; a desertificação; a degradação dos solos agricultáveis; a contaminação do solo e das águas subterrâneas por depósitos inadequados de resíduos; o aumento das doenças causadas pela contaminação do solo, do ar e da água; pelo desequilíbrio que o desmatamento gera na reprodução de vetores de doenças endêmicas (ratos, mosquitos); pela alta de saneamento básico e pelas habitações inadequadas; e os padrões insustentáveis de produção e consumo da sociedade. 2.3 CONTROLE DE RESÍDUOS Segundo Barbieri (2004), no ambiente natural o que sobra de um organismo é decomposto e devolve ao ambiente, elementos químicos que são absorvidos por outros organismos, já a atividade humana não totalmente. A poluição é o aspecto mais visível dos resíduos das atividades humanas, este problema se deu de forma gradativa através do tempo, primeiro de nível local, com o passar do tempo acabou se tornando um problema global. Para o autor poluir é sujar, corromper, contaminar, degradar e manchar, a permanência de um poluente no meio ambiente depende de suas características bem como das características do meio ambiente. Segundo Barbieri (2004), diversos processos foram e continuam sendo criados para tratar os poluentes e utilizar os recursos de forma mais eficiente, sem estes estudos a capacidade da terra de manter a vida já teria entrado em colapso, a ciência e tecnologia tem grande importância neste problema, porém, questões de ordem política, econômica, social e cultural estão na origem deste problema, utilizar estas questões para enfrentar os problemas ambientais é a grosso modo chamado de gestão ambiental. 2.4 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – SGA As empresas ultimamente têm sofrido uma maior pressão para administrar melhor a questão ambiental, e com isso verifica-se um movimento de implantação de SGA’s (FRYXELL; SZETO, 2002), que segundo Perotto et al., (2008), podem ser definidos como ferramentas que identificam problemas e soluções ambientais sempre em busca da melhoria contínua. O sistema de gestão ambiental, segundo Campos (2006), é um conjunto de políticas, programas e práticas tanto operacionais quanto administrativas, que visa a proteção do meio ambiente, diminuindo e consequentemente evitando os danos que podem ser causados pelos processos e produtos da empresa. Segundo Tocchetto (2005) o uso racional ou econômico de energia, água e matérias primas; enquadrar-se na legislação ambiental, são alguns das melhores práticas para um sistema de gestão ambiental. Gestão ambiental compreende em um bom planejamento, organização, e orientação da empresa para alcançar metas ambientais especificas. A introdução da gestão ambiental em uma empresa pede que suas decisões sejam de nível administrativo, tratando se assim, de um compromisso corporativo. Empresas que possuem esse tipo de gestão abrem uma grande porta para facilitar a relação com seus consumidores, o público em geral, companhias de seguro, agências governamentais, etc (NILSSON, 1998). Segundo Maimon (1999), gestão ambiental como é um conjunto de procedimentos para que são usados para administrar uma organização na sua relação com o meio ambiente. É a maneira que as empresas se mobilizam, interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. De acordo com ABNT (1996), certificar um sistema de gestão ambiental, significa provar para a sociedade e para o mercado que a empresa utiliza de técnicas que ajudem a diminuir os impactos que podem ser causados ao meio ambiente. Com isso, além de contribuir com a qualidade de vida de todos, as organizações também ganham um diferencial competitivo, tornando a empresa mais forte em relação aos seus concorrentes. Segundo FIESP (2007) o objetivo geral do SGA proposto na ISO 14001:2004 é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades econômicas das organizações. O sucesso do funcionamento de um SGA depende do entendimento e comprometimento de todos os níveis e funções na organização, em especial o nível hierárquico mais alto da administração. 2.5 A IMPORTÂNCIA DA SGA PARA SOCIEDADE Segundo Conceição et al (2011) com o sistema de gestão ganhado importância, as empresas identificaram a qualidade ambiental, também vem a ser um item importante para que os clientes adquiram seus produtos, com isso a Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 3 empresa passou a se preocupar com a questão ambiental e a sociedade passou a cobrar mais a competitividade e ética das organização para diminuir os danos a natureza. De acordo com Chan; Wong, (2006), além de contribuir com o cumprimento da legislação e com a responsabilidade social, esses sistemas identificam oportunidades de redução do uso de energias e materiais e causam melhorias na eficiência dos processos. A certificação proporciona muitos benefícios, que é possível relacionar com as principais motivações para a implantação da ISO 14001, que são (ZENG et al., 2005; FRYXELL; SZETO, 2002): • Abertura de mercado domésticos e internacionais; • Grande satisfação dos consumidores; • Melhoria na gestão • Resposta à legislação especifica de cada país; • Padronização dos procedimentos de gestão ambiental nas operações internas; • Melhora a imagem da empresa; • Redução de custos e de desperdício; • Aumento da consciência ambiental • Melhoria do desempenho ambiental como um todo. Complementando, Moreira (2006) trás mais alguns benefícios: • Boa reputação nos órgãos ambientais, na comunidade e ONG’s; • Prevenção de riscos (acidentes ambientais, ações judiciais, multas, etc.); • Possibilidade de reduzir custos de seguros; • Benefícios intangíveis, como melhoria de gerenciamento, através da cultura sistêmica, da padronização dos processos, rastreabilidade de informações, treinamento e capacitação de pessoal, etc. De acordo com Sambasivan; Fei, (2008), os benefícios serão alcançados se forem se houver gestão da mudança e monitoramento dos aspectos sociais, externos e técnicos, comprometimento da alta direção. Segundo Chan; Wong, (2006), as dificuldades da implantação ficam por conta da alta dependência dos empregados e a forma como foram e estão motivados para exercer a função, as distorções nas estruturas de poder e as falhas na comunicação. 2.6 ISO 14001 Segundo Conceição et al (2011), as empresas que buscam prevenir os danos que causam ao meio ambiente, devido a seus processos de produção vão em busca da certificação da norma ISO 14001, através de um SGA. De acordo com Grzebielucka et al (2007), a ISO 14001 foi criada pela Organização Internacional de Normatização, em 1996, e tem como objetivo aprimorar o SGA, permite que a organização mantenha seu desempenho ambiental e podendo ser potencialmente aperfeiçoado. A ISO 14001 é a única norma que obteve resultados positivos, onde certifica, organiza, padroniza e sistematiza o gerenciamento ambiental das empresas. A norma ISO 14001, de acordo com Silva et al (2003), é uma norma aceita internacionalmente com requisitos que fazem você operar e estabelecer um SGA. Segundo BSI Management Systems (2004), a norma reconhece que a empresa esta sempre pensando no lucro e também a respeito dos danos causados ao meio ambiente e o impacto que causara. A ISO 14001 integra esses dois aspectos e faz com que consiga ter um SGA efetivo, sem abrir mão do lucro, ou seja, ela requer um comprometimento de toda a empresa, onde é reconhecida mundialmente como um meio de controlar custos, melhorar o desempenho e reduzindo custos. De acordo com a ABNT (2004), a ISO 14001 visa à redução da poluição que é gerada por organizações, porque envolve a revisão de um processo produtivo, visando à melhoria continua no impacto ao ambiente, controlando matérias-primas que causem desperdícios de recursos naturais. Já na concepção de Nicolella (2004), empresas que querem ter o uso de recursos otimizados e se preocupa com o impacto causado ao meio ambiente, deve implantar um SGA, segundo as normas da Série ISO 14000, visando certificação. A Norma ISO 14000, foi lançada para experimento em 1992 e foi publicada definitivamente em 1994, lançando a Norma ISO 14001 (MOURA, 2008). A estrutura da norma ISO 14001 se dá da seguinte forma (ISO 14001): Introdução; Objetivo; Referências normativas; Termos e definições; 4 Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2014 ISSN 1980-7406 Requisitos do sistema de gestão ambiental (requisitos gerais, política ambiental, planejamento, implantação e operação, verificação e ação corretiva, e analise critica pela administração). Segundo Nicolella (2004), existem cinco princípios onde podem ser verificados os avanços de uma organização em relação com o meio ambiente, que são: 1) Política Ambiental; 2) Planejamento; 3) Implementação e operação; 4) Verificação e ação corretiva; 5) Análise crítica. Quadro 1 – Princípios do Sistema de Gestão Ambiental Princípio 1 Uma organização deve focar aquilo que deve ser feito, deve assegurar comprometimentos ao SGA e definir sua política ambiental. Princípio 2 A organização deve formular um plano onde cumpra com sua política ambiental. Princípio 3 Para uma efetiva implantação, uma organização deve apoiar os mecanismos que são necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas e desenvolver as capacidades. Princípio 4 A organização deve: medir, monitorar e avaliar seu desempenho ambiental. Princípio 5 A organização deve rever e sempre aperfeiçoar seu sistema de gestão ambiental, para aprimorar seu desempenho ambiental geral. Fonte: NICOLELLA (2004). Os cinco princípios apresentados por Nicolella (2004) apresentados no quadro 1 apresentam os avanços relacionados ao meio ambiente e a organização, pode ser verificado que o principio um está relacionado a definição de politicas ambientais, o segundo, que a organização formule um plano que cumpra a política ambiental, como terceiro tem-se que a organização deve apoiar os mecanismos para o alcance dos objetivos, o quarto a organização deve medir o desempenho organizacional e finalmente o principio cinco a organização deve aperfeiçoar o sistema de gestão ambiental. Segundo Souza (2011), para entender de forma simples, a lógica de um SGA e sua implantação, é necessária a analise do ciclo PDCA (PLAN-DO-CHECK-ACTION), constantes na própria norma ISO 14001. A figura 1 apresenta os conceitos do ciclo PDCA. Figura 1: Esquema da prática do ciclo PDCA, no Sistema de Gestão Ambiental. Fonte: LIMA (2006). De acordo com a figura 1 tem-se: Planejar: Estabelecer objetivos e processos que serão necessários para atingir os resultados. Fazer: Implementar os processos. Verificar: Monitorar e medir os processos e expor os resultados. Agir: Agir para melhorar o desempenho do SGA. Para LIMA (2006), o Ciclo PDCA evita erros lógicos nas análises, padroniza as informações do controle da qualidade e torna mais fácil de se entender as informações. O ciclo PDCA também é usado de forma que facilite a transição para o estilo de administração, sempre visando à melhoria contínua. Após o término do referencial teórico proposto para o estudo, o próximo capítulo apresentará o encaminhamento metodológico onde são apresentados os meios para que os objetivos do estudo sejam atingidos. Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 5 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento desse projeto, optou-se por uma metodologia qualitativa muito usada em pesquisas em ciências sociais, o estudo de caso (YIN, 2001). Com o problema e objetivo da pesquisa estabelecidos, elaborou-se um referencial teórico com a finalidade de se analisar e conhecer os pressupostos teóricos que pudessem nos auxiliar para a realização da pesquisa. Essa pesquisa teve a finalidade de analisar e estudar se a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) seria a maneira mais viável da empresa reduzir os impactos ambientais causados ao meio ambiente. Neste capítulo buscou-se descrever os procedimentos metodológicos que nortearam a pesquisa para que os objetivos propostos sejam respondidos. A pesquisa proposta nesse estudo apresenta abordagem qualitativa, com métodos de pesquisa do tipo descritiva, bibliográfica, documental e de campo, sendo desenvolvida através de um estudo de caso sorveteria D´Itália, com coleta de dados primários secundários. Além disso, o instrumento para coleta de dados foi uma entrevista com o gestor e proprietário da sorveteria, além do levantamento dos custos para implantação do sistema de gestão ambiental e da certificação. 4. ANÁLISES E DISCUSSÕES 4.1 ENTREVISTA REALIZADA COM O GESTOR DA EMPRESA A entrevista foi realizada com o gestor como forma de compreender as práticas de gestão ambiental atual utilizada pela organização, como forma de responder ao objetivo específico proposto. A entrevista realizada no dia 01/08/2014, teve a duração de cerca de uma hora, onde foram realizados os questionamentos para o gestor sobre as práticas de gestão ambiental realizadas pela empresa. O atual gestor tem 33 anos, e está a cinco anos como gestor da empresa, possui o segundo grau completo. Durante a entrevista, foi questionado sobre a percepção em relação à poluição ambiental que a empresa gera. Segundo ele, nos últimos anos, com o crescimento da cidade de Cascavel, com o aumento da população, observou-se um maior consumo, e consequentemente uma maior produção de resíduos. Essa maior produção de resíduos, fez com que a preocupação em uma destinação correta existisse, no entanto, não existiu nenhum tipo de orientação sobre o que deveria ser feito. Segundo ele: “sabemos que a empresa polui, e que não faz uma destinação correta dos resíduos, no entanto, não temos conhecimento da melhor prática para a empresa, que possa reunir custos não tão consideráveis para a empresa e melhorias significativas para o meio ambiente” (entrevistado). Segundo o gestor, a única coisa que a empresa executa para diminuir os impactos ambientais gerados é a separação correta das latinhas de refrigerante. As latas são separadas pelos colaboradores da empresa, que buscam a separação, pois a empresa revende as latas, repassando para a empresa que faz reciclagem, e com esse dinheiro da venda dos reciclados são realizadas confraternizações para os colaboradores. Como existe a contrapartida da empresa, em revender pensando no colaborador, percebe-se que eles fazem a separação, talvez nem tanto com o pensamento voltado ao meio ambiente, mas sim, as confraternizações que podem ocorrer com esse rendimento. Neste sentido, observou-se que a única prática de gestão ambiental realizada pela empresa é a separação das latinhas, todos os outros resíduos, como papéis, plásticos, papelões, embalagens de diversos tipos de materiais não tem destinação correta, sendo todos descartados em lixo comum. Ainda durante a entrevista, foi perguntado ao gestor se tinha conhecimento sobre algum sistema de gestão ambiental, sobre práticas que poderiam ser implantadas na empresa buscando a redução dos impactos ambientais. Segundo o gestor, até o momento não tem conhecimento de nenhum sistema de gestão ambiental, no entanto, se fosse possível gostaria de reduzir a poluição ambiental que a empresa traz ao meio ambiente, pois sabe que é necessário o cuidado ao meio ambiente para que a organização continue prosperando. Ainda segundo ele, gostaria que a empresa reduzisse ao máximo a poluição ambiental, conscientizando os colaboradores, os clientes e fazendo bem para a sociedade como um todo. Finalmente foi questionado sobre os custos para a implantação de um sistema de gestão ambiental, segundo o gestor, seria interessante inicialmente conhecer os valores para a implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA), para posteriormente realizarem o investimento, pensando na questão ambiental, na redução de impactos ambientais e contribuindo para a visão dos clientes da empresa. 4.2 CUSTOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) PARA A EMPRESA 6 Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2014 ISSN 1980-7406 Para o levantamento dos custos referente à implantação de um sistema de gestão ambiental, foi realizada uma entrevista por telefone no dia 04/09/2014, com duração de aproximadamente uma hora, com a empresa de Assessoria ambiental, que está localizada no estado do Rio Grande do Sul. O objetivo da entrevista era buscar informações referentes aos custos de implantação do SGA, para que fosse repassado ao gestor proprietário da empresa em estudo. Segundo informações repassadas, inicialmente é realizado um diagnóstico inicial da atividade da empresa, para identificar as potencialidades e as fragilidades da empresa. Esta fase de diagnóstico já tem um valor estimado de R$5.500,00 (sendo 50% de entrada + 50% na entrega do relatório). Neste relatório são elaboradas as diretrizes para de implantação de um SGA, onde são identificas nesse estudo os aspectos que devem ser considerados para as etapas seguintes, que são: 1 - Definição da Política Ambiental: a administração se compromete com a melhoria ambiental e estabelece a política ambiental da empresa. 2 - Planejamento das ações: a empresa conduz a revisão de suas operações, identifica os aspectos e impactos, os requisitos legais e ambientais, estabelece os objetivos, avalia as alternativas, define as metas e elabora o plano para alcançar as metas propostas. 3 - Implementação e Operação: a empresa inicia o desenvolvimento do plano de ação estabelecendo responsabilidades, desenvolvendo treinamentos, comunicação, procedimentos operacionais e o plano de emergência, verificando se as metas ambientais propostas estão sendo alcançadas. 4- Verificação da efetividade das medidas: a empresa avalia através do monitoramento das operações e de medições, se as metas estão sendo alcançadas. Se não estiverem sendo alcançadas, são realizadas as ações corretivas. 5 - Análise continuada: através da análise o SGA é modificado objetivando otimizar a sua efetividade. O estágio de análise do SGA cria um ciclo de melhoria contínua. Essa fase do programa leva de seis a doze meses para ser implementada. Uma vez efetivado o diagnóstico, se estabelecem as etapas seguintes. Até que o programa seja implementado, a empresa cobra um valor mensal, onde os podem variar de R$2.000,00 a R$3.500,00 mensais, dependendo de quais resultados foram encontrados no diagnóstico. Depois de realizado o diagnóstico, existem os custos que então relacionados a certificação e a manutenção da certificação. Para isso, foi realizada uma nova entrevista, com outra empresa responsável pela parte das certificações, essa empresa está localizada no estado de São Paulo – SP. Nesta entrevista o objetivo era além de levantar os custos para a certificação da ISSO 14001, era verificar sobre sua validade e para re-certificação e sua manutenção novas auditorias devem ser realizadas. Para a certificação da empresa, depois do diagnóstico e da primeira fase já estarem implantadas, vem às auditorias onde se começa com uma chamada de pré-auditoria que é opcional, sendo critério da empresa, realizá-la ou não. Nesta pré-auditoria é realizado um diagnóstico de como a empresa está em relação ao SGA, está pré-auditoria tem um custo de R$3.700,00. Após essa fase, vem à auditoria fase um: que consiste em uma análise documental. Sendo que essa fase é presencial, e tem um custo de R$4.700,00. Já na fase dois, se estiver tudo de acordo com a norma, é realizada a auditoria de certificação, que tem um novo custo de R$4.700,00. Após a certificação da empresa, a cada ano é realizada uma nova auditoria para a manutenção da certificação, onde a primeira auditoria de manutenção e a segunda possuem um custo de R$3.700,00 cada uma. Ainda como custo tem-se uma taxa de acreditação da ANAB (American National Accreditation Board) no valor de R$1.500,00, onde essa taxa significa que o certificado foi emitido de acordo com as normas internacionais reconhecidas. Ou seja, o custo total da certificação fica em média R$14.600,00, sendo está certificação válida para os três primeiros anos. 4.3 ALTERNATIVAS PARA A EMPRESA D’ITÁLIA SORVETES Observa-se que as pequenas empresas têm dificuldade para a implantação de um sistema de gestão ambiental, como apresentado por Ceruti (2009), pois tem pouco recurso disponível, falta de treinamento, estruturação dos setores da empresa. Depois que o levantamento sobre os custos para a implementação foram levantados, uma nova entrevista foi realizada com o gestor, como forma de repassar o que poderia ser realizado e quanto a empresa teria que dispor para a implantação da certificação. Devido ao alto custo, o gestor acredita que ainda não seja viável para a empresa a implantação do sistema, no entanto não descartou a possibilidade de que isso seja realizado. Havia grande expectativa para que essa certificação e ações pudessem melhorar a imagem da empresa, onde ela seria vista como uma organização que se compromete com o meio ambiente, fazendo com que a empresa se tornasse mais forte no mercado, seja com redução de custos ou pela associação da responsabilidade social adotada pela empresa, com a marca. “Estamos agora nos programando para realizar uma reforma no estabelecimento, depois que essa reforma for realizada, voltaremos a pensar na possibilidade de implantação da certificação, pois vejo que isso seja bem interessante para a empresa, pois poderia melhorar a nossa imagem perante os consumidores” (Gestor da empresa - entrevistado). Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 7 Para Silva (1998) as pequenas empresas não têm condições para ser investido em desenvolvimento, porque em relação às grandes empresas o potencial de acumulação de capital é baixo, fazendo com que gastos com normas e certificações não sejam prioridades. Outra dificuldade encontrada é que como a empresa é de pequeno porte, onde seus problemas organizacionais limitam seu crescimento, onde o gestor da empresa exerce diversas funções, como gerente financeiro, produtor, vendedor, gerente dos recursos humanos e de marketing (CAMPOS, 2006). O que pode ser observado na empresa em estudo, pois o gestor no momento é o responsável por todas essas funções, dificultando por esse motivo também a implantação. A maior duvida da empresa, é que não se sabe o quão será rentável o investimento que será realizado, onde pode ocorrer de levar muito tempo para conseguir o retorno desse investimento (BARBIERI, 2007). Neste sentido, como o gestor inicialmente achou o preço elevado para a implantação, foram propostas alternativas para a redução de acúmulo e descarte irregular dos resíduos, para que exista redução dos impactos ambientais causados pela empresa. Neste sentido, durante a entrevista observou-se que a empresa não tinha um sistema para emissão dos pedidos dos clientes, sendo todos realizados em papéis de comanda e depois descartados. Por esse motivo, foi indicado ao gestor que implantasse um sistema de comanda eletrônica, que teve um custo para implantação do R$3.000,00 que foi aceito e já implantado pelo gestor, que considerou uma alternativa viável para a empresa. Além disso, foi recomendado ao gestor a implantação de lixeiras seletivas que visam a destinação correta dos resíduos, onde os clientes também passam a ajudar na destinação correta, pois estaria disponível ao gestor. Essa lixeira tem um custo de R$ 600,00 e também foi uma recomendação aceita pelo gestor. Finalmente, foi ministrada uma palestra para os funcionários como forma de conscientizar e ensinar sobre a destinação correta dos resíduos, assim, todos podem auxiliar na redução dos impactos ambientais que são causados pela empresa. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo o objetivo específico foi o de analisar a alternativa que fosse mais viável para a empresa D´Itália reduzir os impactos ambientais que ela causa ao meio ambiente. Neste sentido, foram apresentados os princípios fundamentais para a implantação de um sistema de gestão ambiental que visa à redução dos impactos ambientais. Diante deste contexto, a ISO 14001 foi apresentada ao gestor da empresa D’Itália Sorvetes, como forma de solucionar a grande quantidade de papéis consumidos e dar uma destinação correta aos resíduos gerados pela empresa. Entretanto a implantação do SGA e sua certificação não foram implantadas pelo gestor, pois a principal dificuldade encontrada foi o custo que essa alternativa traria para a empresa. Mesmo que a implantação não seja realizada neste ano, o gestor ficou de avaliar se poderá ser implantada mais tarde. Como isso, foram propostas novas alternativas a fim de ajudar a empresa a reduzir os impactos ambientais, com um custo mais viável para a empresa, como a implantação de um sistema de comanda eletrônica, que já foi implantada pela empresa, seguindo a recomendação, e também implantação as lixeiras seletivas, para a destinação dos resíduos gerados pela empresa ser feita de forma correta. REFERÊNCIAS ABNT -ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996. ABNT -ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental – Requisitos com a orientação para uso. Rio de Janeiro, 2004. BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. BNDS. Porte de empresa. 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Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 ISSN 1980-7406 11